MICOSES PUMONARES RECOMENDAÇÕES TERAPÊUTICAS Miguel Aidé-UFF 2008 COCCIDIODOMICOSE (GRANULOMA COCCIDIOÍDICO, FEBRE DO VALE DE SÃO JOAQUIM, DOENÇA DE POSADAS WERNICKE) Autor- Antonio de Deus Filho- PI Micose sistêmica → homens e animais (tatus) 1891- Alejandro Posadas Agentes: fungos dimórficos e geofílicos – Coccidiodes immitis e Coccidiodes posadasii Prevalência – EUA em regiões áridas e semi-áridas América do Sul e Central Brasil – regiões áridas e semi-áridas do Nordeste – Piauí- Ceará – Maranhão – Bahia 1978-1979 – primeiro caso descrito no Brasil 1991 – primeira microepidemia descrita no Brasil 1998 – Brasil incluído no mapa da distribuição geográfica mundial COCCIDIODOMICOSE Porta de entrada → via aérea → astroconídeos presentes no solo → pulmão → FORMAS CLÍNICAS FORMAS CLÍNICAS PULMONAR PRIMÁRIA PULMONAR PROGRESSIVA PULMONAR DISSEMINADA COCCIDIODOMICOSE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA PRIMÁRIA(AGUDA) Tratamento das formas agudas tipo ITR ? Manifestações de ITR(PAC) > 3 semanas Perda de peso > 10Kg Sudorese profusa Infiltrado pulmonar extenso ou difuso, linfonodomegalias hilares AcFc>1:16 Idade > 55 anos 200 – 400mg /dia do anti-fúngico 3 a 6 meses, com segmento por 1 a 3 meses Indicadores de Gravidade COCCIDIODOMICOSE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA PRIMÁRIA(AGUDA) Tratamento obrigatório: Doença Grave Anfotericina B seguida de Triazólicos por 6 a 24 meses Acidente de laboratório Caçadores de tatu Imunocomprometidos Pneumonia extensa e difusa Anfotericina B lipossomal: ►Gravidez ► Diabetes e doença cardiopulmonar tem pior prognóstico COCCIDIODOMICOSE Lesões cavitárias: tratar Doentes sintomáticos Doentes assintomáticos com crescimento da cavidade Ressecção cirúrgica nos não respondedores ►Pneumonia fibro-cavitária crônica progressiva: tratar com Azóis ou Azóis + Anfotericina B por 12 meses ►Ressecção cirúrgica – lesão localizada ou hemoptise COCCIDIODOMICOSE Infecção disseminada sem lesão do SNC Fluconazol/Itraconazol – 400mg/dia Anfotericina B como alternativa nos casos de agravamento rápido e de lesões vertebrais Doentes infectados pelo HIV-1 CD4+ <250 células/I com Coccidiodomicose ativa CD4+ >250 células/I e controle da infecção o tratamento pode ser suspenso ASPERGILOSE Autor- Penha Uchoa- CE Etiologia: Aspergillus – filamentoso, ubíquo, hifas hialinas septadas, ramificadas dicotomicamente, em ângulo de 45’, termotolerante, 200 espécies Aspergillus fumigatus Aspergillus flavus Aspergillus niger Aspergiluus nidulans Aspergillus terreus ASPERGILOSE Formas Clínicas: DETERMINADA PELO SISTEMA IMUNOLÓGICO DO INDIVÍDUO Aspergilose broncopulmonar alérgica Colonização intra-cavitária pulmonar aspergilar Aspergilose pulmonar necrozante crônica(semiinvasiva) Aspergilose invasiva aguda Traqueobronquite aspergilar ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR ALÉRGICA Recomendações terapêuticas: Tratamento habitual da asma Associação de Corticosteróide(CO) e Itraconazol via oral Corticosteróide melhora a função pulmonar e diminui os episódios de consolidações recorrentes ►Corticosteróide – 0,5mg/kg/dia – 2 sem dias alternados por 3 meses e depois retirar ►Itraconazol – 200mg 12/12 horas VO, 16 semanas, reduz a dose de CO, reduz eosinofilia e concentração de IgE, melhora a função pulmonar e qualidade de vida ASPERGILOSE INVASIVA Recomendações terapêuticas: TRATAMENTO PRECOCE – Voriconazol x Anfotericina B *Voriconazol – 6mg/Kg/peso, EV 12/12 horas 4mg/Kg/peso, EV 12/12 horas 200mg VO de 12/12 horas 6-12 semanas... Alternativas: Anfotericina B lipossomal *PosaconazoI *Itraconazol *A. terreus – resistência a AMB ASPERGILOSE INVASIVA Lembretes: A reversão da imunosupressão é fator importante para o sucesso terapêutico Neutropenia prolongada e risco de API – fator estimulador de colônia de granulócitos INF- como tratamento coadjuvante para imunodeprimido não neutropênico Monitorização de resposta: Sintomas, Radiologia, Antigenemia ASPERGILOSE PULMONAR NECROZANTE CRÔNICA (ANPC) Destruição progressiva de pulmão em doentes com leve grau de imunossupressão(Diabetes, DPOC, uso de corticosteróides) Tratamento com Itraconazol VO por 6-12 semanas Alternativas: AMB intracavitária; Voriconazol ASPERGILOMA = COLONIZAÇÃO INTRACAVITÁRIA PULMONAR ASPERGILAR(CIPA) = BOLA FÚNGICA Aspergiloma: Conglomerado de hifas de Aspergillus, muco, fibrina, sague e restos celulares no interior de cavidades pulmonares ou brônquios ectasiados Tosse produtiva com escarros de sangue, hemoptise Cavidades residuais, Cistos, Sequestro, Sarcoidose Tratamento: RESSECÇÃO CIRÚRGICA Itraconazol, Voriconazol, Posaconazol Instilação intracavitária de AMB Embolização da artéria brônquica ZIGOMICOSE Autores - Cecília B Severo, Luciana S Guazzelli, Luiz Carlos Severo-RS Infecção oportunista, incomum Agente: fungo da classe dos Zigomicetos, ordem Mucorales e Entomoftorales, gênero Rhizopus, Mucor... Doentes hematológicos (Leucemia, Linfoma, Mieloma), Diabéticos, Deferoxamina Forma rinocerebral (cetoacidose diabética) Pulmão → aspiração → disseminação hematogênica outros órgãos Curso clínico fulminante – 60-100% de mortalidade Indistinguível da Aspergilose invasiva → VASOTROPISMO ZIGOMICOSE TRATAMENTO Diagnóstico precose Revesão da neutropenia Anfotericina B – dose total de 2 à 4 gramas Azólicos não tem ação comprovada Posaconazol é uma promessa Oxigênio hiperbárico Ressecção cirúrgica: mortalidade cai de 60% para 11% Tratamento empírico – Clínica + TC ► VORICONAZOL É CONTRAINDICADO PACOCCIDIODOMICOSE Autores- Bodo Wanke, Miguel Aidé- RJ Adolf Lutz – 1908 Micose Pseudococcidica > Afonso Splendore – 1912 Zimonema brasilienses Floriano de Almeida – 1927 Paracoccidioides brasiliensis PARACOCCIDIOIDOMICOSE Considerações gerais: 1 – Medidas de suporte às complicações clínicas 2 – P. brasiliensis é fungo sensível a maioria dos anti-fúngicos, inclusive às sulfas 3 – Limitação de informações disponíveis em estudos comparativos com diferentes esquemas de tratamentos 4 – Itraconazol é a melhor opção nas formas leves/moderadas 5 – Sulfametoxazol-Trimetoprima é alternativa mais utilizada no tratamento ambulatorial da PCM PARACOCCIDIOIDOMICOSE Considerações gerais: 6 -Restrição do fumo e álcool 7 - Tratamento das parasitoses intestinais 8 - Tratamento de co-infecção – tuberculose 9 - Tratamento é de longa duração 10- Pacientes devem ser acompanhados até obterem critérios de cura PARACOCCIDIOIDOMICOSE Sulfametoxazol-trimetoprima T- 160-240mg/ S – 800-1200mg Dose inicial 3 cp (80- 400) 12/12 horas 21 dias 2 cp 12/12 21 dias 1 cp 12/12 1 anos nas formas leves 18 – 24 meses nas formas moderas Crianças: 8-10mg/kg de trimetoprima ou 40-50mg/kg de sulfametoxazol de 12/12 horas > 80% de cura PARACOCCIDIOIDOMICOSE Azóis anti-fúngicos: Cetoconazol: cápsulas de 200mg Altera a permeabilidade da membrana citoplasmática do fungo, inibindo o citocromo P-450 responsável pela síntese de esteróides endógenos da célula É ácido dependente Interfere na síntese de testosterona e hormônios da Adrenal Formas leves/moderadas E.C.: TGE; ginecomastia; libido; hepatopatia 400mg/dia 200mg mais 9 meses PARACOCCIDIOIDOMICOSE Itraconazol Mais seletivo para o citocromo P-450 10 x mais ativo no fungo do que o cetoconazol Formas leves/moderadas E.C.: TGE; Teratogênico Uso com os alimentos PARACOCCIDIOIDOMICOSE Itraconazol: cápsulas de 100mg • Dose = 200mg/dia almoço/ jantar 6 -9 meses formas leves • formas moderadas 12- 18 meses • 93% de cura • Crianças: < 30Kg ou > 5 anos 5- 10mg/kg/dia PARACOCCIDIOIDOMICOSE Anfotericina B Indicações – Formas graves; alergia , resistência e intolerância às sulfas. Dose = 1mg/kg/dia – total de 25-35mg/kg = 1-2g Manutenção = Sulfa 1 a 3 anos Cuidados: retenção azotada, K+, anemia E.C: febre; calafrios; flebite HISTOPLASMOSE Autor- Miguel Aidé-RJ ( Doença de Darling; Doença das Cavernas Histoplasmose Capsulata; Reticuloendoteliose ) Doença granulomatosa sistêmica (micose sistêmica) com predileção pelo pulmão e órgãos do sistema imunológico, causada por um pequeno fungo, o Histoplasma capsulatum var capsulatum. microconídeos porta de entrada Via aérea HISTOPLASMOSE FORMAS CLÍNICAS: Histoplasmose pulmonar assintomática/ pouco sintomática Histoplasmose pulmonar aguda ( influenza símile ) pouca exposição aos microconídeos Histoplasmose pulmonar aguda difusa = ITR grande exposição aos microconídeos Histoplasmose Crônica Histoplasmose Disseminada HISTOPLASMOSE Tratamento: I- Histoplasmose pulmonar assintomática/ pouco sintomática II- Histoplasmose pulmonar aguda ( influenza símile ) Doença auto-limitada, não tratar III- Histoplasmose pulmonar aguda difusa > 30 dias de evolução e/ou > três semanas de febre HISTOPLASMOSE III- Histoplasmose pulmonar aguda difusa > 30 dias de evolução e/ou > três semanas de febre* 1 - Itraconazol 200mg 3x/dia, 3 dias...200mg, 1 ou 2x/dia por 6-12 semanas em doentes ambulatoriais Na doença moderada/ grave, doente hospitalizado 1- AMB – 0,7- 1mg/Kg/dia ou 3mg- 5mg/Kg/dia lipídica – 1 a 2 semanas, seguindo... ► Itraconazol 200mg, 3x/dia durante 3 dias e... 200mg, 1 ou 2x/dia por 12 semanas ► Metilprednisolona 0,5-1mg/kg/peso 1-2 semanas HISTOPLASMOSE Tratamento: IV- Histoplasmose Crônica – 50% de morte sem tratamento 1- AMB- 0,7 à 1mg/kg/dia na doença grave – total de 35mg/Kg ► AMB 50mg 3x/semana ou Itra 200mg 1 ou 2x/dia 2- Itraconazol- 200mg 3x/dia... 200mg, 1 ou 2x/dia por 12 meses 18 à 24 meses 3- Fluconazol- 200-400mg/dia nos não habilitados ao Itra e Cetoconazol AMB 59-100% efetiva Itraconazol e Cetonazol 75-85% efetivos Fluconazol 64% efetivo Avaliar concentração do itraconazol no sangue após 2 semanas Tratamento: VIII- Imunocompetentes e Imunoincompetentes sem AIDS DOENÇA GRAVE DISSEMINADA 1- AMB- 0,7mg - 1mg/Kg/dia em doentes internados, total de 35mg/Kg sem nefropatia ou... *AMB liposomal 3,0mg/Kg/dia ou formulação lipídica 5,0mg/Kg/dia ► Itraconazol 200mg 3x/dia por 3 dias ... 200mg 2x/dia por 12 meses 2- Itraconazol- 200mg 3x/dia por 3 dias... 200mg 1 ou 2x/dia – 12 meses em doença leve/moderada ►Segmento com Ag H. capsulatum no sangue e na urina a cada 3- 6 meses, e até 6-12 meses após tratamento Doentes com AIDS: I- Etapa de indução II- Prevenção de recaída I- Indução- doença grave AMB liposomal 3mg/Kg/dia por 1-2 semanas ► Itraconazol 200mg 2x/dia por 12 meses ►Itraconazol 200mg/dia para tratamento supressivo... 1- Doença leve/moderada Itraconazol- 200mg 3x/dia ► passa para 2x/dia 12 meses Fluconazol- 800mg/dia para os que não podem usar Itraconazol Segmento com Ag do H. capsulatum Tratamento II- Prevenção de recaída: manutenção 1- Itraconazol- 200mg 1ou 2x/dia ... ► pesquisa do Ag do H. capsulatum no sangue/urina ►AMB- 50mg/semana frente intolerância ao itraconazol 2- Fluconazol- 400-800mg/dia para os que não podem usar o Itra/AMB ►pesquisa do Ag do H. capsulatum no sangue/urina Profilaxia para os portadores de AIDS: Itraconazol 200mg/dia: CD4<150células/mm3 em locais com > 10 casos de histoplasmose/100 doentes /ano(Evidência A) CRIPTOCOCOSE PULMONAR Autores: Cecília B Severo, Alexandra F Gazzoni, Luiz carlos Severo- RS Áreas Tropicais e subtropicais C. neo. var. grubii(A) e neoformans(D) – solo – fezes de Pombos e oco de árvores C. neo. var. gattii(BeC) – folhas de eucalipto 90% dos doentes var. neoformans - imunidade C. var. gattii imunocompetente/ Criptococomas incidência com a AIDS – 1985 5000/ano nos EUA 80% relacionada à AIDS – CD4 100/ mm3 10-29% em não AIDS Homens 11: 1 mulheres CRIPTOCOCOSE PULMONAR Objetivo do tratamento: cura, prevenção de disseminação para o SNC I - IMUNOCOMPETENTES 1- Assintomáticos com cultura (+) de espécimes pulmonares devem ser observados atentamente ou tratamento com Fluconazol 200-400mg por 3-6 meses 2- Sintomáticos leve/moderado ►Fluconazol 200-400mg/dia 6-12 semanas ► Itraconazol – 200mg-400mg/dia 6-12 semanas ► AMB – não é desejável nesses doentes ► AMB – doença progressiva, intolerância azólico – dose : 0,40,7mg/Kg/dia – total 1000 a 2000mg CRIPTOCOCOSE PULMONAR II- IMUNOCOMPROMETIDO não HIV(+) 1- Doentes com lesão pulmonar e extrapulmonar sem lesão em SNC deve ser tratado como Meningite: ► AMB 0,5-1mg/Kg/dia + Fluocitosina 100mg/kg/dia VO → 6 semanas ► AMB 0,5-1mg/Kg/dia + Fluocitosina 100mg/kg/dia VO → 2 semanas, seguido de Fluconazol 400mg/dia → 8-10 semanas 2- Tratamento para: doentes com criptococcemia – título de 1:8 para Ag criptocócico, sem evidências clínicas de doença ou urinocultura negativa e sem doença na próstata CRIPTOCOCOSE PULMONAR III- Em pacientes HIV(+) ►Todo paciente deve ser tratado para prevenir disseminação para SNC 1- Doença leve/moderada / assintomático com cultura (+): Fluconazol - 200-400mg ...tempo de tratamento na era HAART... Itraconazol- 400mg/dia... Fuconazol 400mg/dia + Fluocitosina 100mg/Kg/dia 2- Doença grave: Anfotericina B até resolução dos sintomas → Fluconazol OBRIGADO