ISSN 1984-8218 Um estudo sobre Polinômios Similares aos Ortogonais Fabricio Alves Oliveira Ana Carla Piantella Faculdade de Matemática, UFU 38400-902, Uberlândia, MG E-mail: [email protected], [email protected], ∗ RESUMO O estudo dos polinômios ortogonais está relacionado com vários ramos da Matemática e possui vasta aplicação em todos os tipos de problemas da Matemática Pura e Ciências Aplicadas. Tais polinômios são ferramentas essenciais para a solução de muitos problemas de interpolação, contribuem nos estudos relacionados a Equações Diferencias e Frações Contı́nuas e desempenham um papel importante como nós das fórmulas mais utilizadas de integração numérica, as fórmulas de quadratura Gaussiana. Além disso, suas raı́zes possuem um comportamento muito interessante: elas são reais, distintas, pertencem ao intervalo de definição dos mesmos e são entrelaçadas, ou seja, entre duas raı́zes consecutivas do polinômio de grau n − 1, existe uma única raiz do polinômio de grau n. Esse comportamento peculiar das raı́zes dos polinômios ortogonais nos leva ao seguinte questionamento: será que existem polinômios diferentes dos ortogonais que possuem propriedades semelhantes? Inspirados nesta questão, vamos apresentar neste trabalho os polinômios similares aos ortogonais e os polinômios associados aos similares. O objetivo principal deste trabalho é mostrar que os polinômios similares possuem propriedades análogas as dos polinômios ortogonais. Por exemplo, seus zeros também são reais, distintos, estão todos contidos no seu intervalo de definição e são tais que entre dois zeros consecutivos do polinômio de grau n − 1, existe um único zero do polinômio de grau n, ou seja, são entrelaçados. Apresentaremos também os polinômios associados aos similares, bem como algumas propriedades e relações que eles satisfazem. Da mesma forma que os polinômios ortogonais, os similares aos ortogonais e os associados aos similares também podem ser definidos recursivamente, pois cada um deles também satisfaz uma determinada relação de recorrência de três termos. Enfatizamos que estes resultados podem ser encontrados na referência [1]. Uma descrição mais detalhada dos conceitos e resultados que serão apresentados neste trabalho é dada a seguir. Definição 1 Seja ψ uma função real, não decrescente, definida em (a, b). Chamamos de ponto de aumento de ψ qualquer ponto ξ ∈ (a, b) tal que ψ não é constante em qualquer intervalo da forma [ξ − ε, ξ + ε], onde ε > 0. Definição 2 Seja ψ uma função definida em (a, b), não decrescente, limitada e com infinitos pontos de aumento. Quando as integrais de Riemann-Stieltjes ∫ b µk = tk dψ(t), (1) a existem, para k = 0, 1, 2, . . ., dizemos que ψ é uma distribuição em (a, b). Os valores µk são chamados de momentos da distribuição ψ. O número infinito de pontos de aumento na definição acima, nos garante que ∫ b f (t)2 dψ(t) > 0, a ∗ Agradecemos a FAPEMIG pelo apoio financeiro. 99 ISSN 1984-8218 para qualquer função contı́nua e não identicamente nula em (a, b). Quando dψ(t) = w(t)dt, temos que w(t) ≥ 0 em (a, b), mas não identicamente nula, e é chamada função peso. Definição 3 Dizemos que uma sequência de polinômios {Pn (x)}∞ n=0 é uma sequência de polinômios ortogonais com relação à função peso w(x) no intervalo (a, b) quando (i) Pn (x) é de grau exatamente n, n ≥ 0; { ∫ b 0, se n ̸= m (ii) ⟨Pn (x), Pm (x)⟩ = Pn (x)Pm (x)w(x)dx = . ρn > 0, se n = m a Quando os momentos definidos em (1) existem para k = 0, ±1, ±2, . . ., dψ(t) é dita uma distribuição forte em (a, b) e quando dψ(t) = w(t)dt, w(t) é chamada função peso forte. Além disso, quando (a, b) ⊆ (0, ∞), dψ(t) recebe o nome de distribuição forte de Stieltjes, e denotaremos por SS(a, b). Definição 4 Seja dψ(t) uma distribuição SS(a, b). Definimos os polinômios similares aos ortogonais, Bn (t), por (i) Bn (t) é de grau exatamente n, n ≥ 0; { ∫ b 0, se s = 0, 1, . . . , n − 1 −n+s (ii) t Bn (t)dψ(t) = . ρn > 0, se s = n a Definição 5 Os polinômios An (t), associados aos polinômios similares Bn (t), são definidos por ∫ b Bn (z) − Bn (t) An (t) = dψ(z). (2) z−t a Munidos dessas definições, mostraremos que os polinômios Bn (t) e An (t) safisfazem relações de recorrência de três termos semelhantes a dos polinômios ortogonais. Além disso, apresentaremos algumas propriedades a respeito do comportamento dos zeros de tais polinômios. Mais especificamente, vamos mostrar os seguintes resultados: Teorema 1 Os zeros do polinômio similar Bn (t), n ≥ 1, são reais, distintos e pertencem ao intervalo (a, b). Teorema 2 Se tn,i é um zero do polinômio similar Bn (t) para n ≥ 1, então ele é diferente dos zeros de An (t) e dos zeros de Bn−1 (t). Teorema 3 Os zeros dos polinômios similares aos ortogonais Bn−1 (t) e Bn (t) são entrelaçados, ou seja, entre dois zeros consecutivos de Bn−1 (t) existe um único zero do polinômio Bn (t). Mais detalhes sobre os polinômios ortogonais e suas propriedades podem ser encontrados nas referências [2] e [3]. Palavras-chave: Polinômios Ortogonais, Polinômios Similares, Polinômios Associados Referências [1] E. X. L. Andrade, C. F. Bracciali, “Polinômios Ortogonais e Similares - Propriedades e Aplicações”, UNESP, 2007. [2] T. S. Chihara, “An Introduction to Orthogonal Polynomial”, Mathematics and its Applications Series, Gordon and Breach, New York, 1978. [3] G. Szego, “Orthogonal Polynomials”, Amer. Math. Soc. Colloq. Publ., vol. 23, 4th ed., Providence, RI, 1975. 100