Lesão pulmonar pós-transfusional na população neonatal Post transfusion lung injury in the neonatal population Journal of Perinatology 2013; 33: 292 – 296 N Rashid, F Al-Sufayan, MMK Seshia and RJ Baier Department of Paediatrics and Child Health, University of Manitoba, CS 408 Health Sciences Centre, Winnipeg, MB, Canada Apresentação: Rafael Pacelli Samy Sardinha Victor Ribeiro Cabral Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Brasília, 53 anos! 21/4/2013 Estádio Mané Garrincha Introdução TRALI : lesão pulmonar aguda associada a transfusão sanguínea ;tem sido reconhecida, inicialmente em adultos, como uma entidade clínica desde 1950. Hoje constitui uma complicação rara, porém importante em todos os grupos de idade, inclusive em crianças. No entanto é pouco conhecida e pouco relatada. Tradicionalmente o diagnóstico de TRALI é feita em pacientes com doença pulmonar pré-existente. Estes pacientes desenvolvem lesão pulmonar aguda (ALI), primariamente edema pulmonar não cardiogênico dentro de 6 horas após receber o produto sanguíneo O critério diagnóstico para TRALI: desconforto respiratório, cianose, hipotensão e febre TRALI resulta da lesão do endotélio pulmonar e subsequente aumento da permeabilidade capilar levando a edema pulmonar Fisiopatologia da TRALI Reação imunológica com os anticorpos leucocitário do plasma do doador que se ligam aos neutrófilos do receptor, havendo ativação, sequestro e degranulação de neutrófilos nos capilares pulmonares; A condição clínica pulmonar subjacente torna o paciente mais susceptível (segundo golpe). A via comum:ativação de granulócitos,degranulação e produção de mediadores inflamatórios e produção de mediadores inflamatórios que lesam o endotélio vascular pulmonar. Há poucas informações da ocorrência de TRALII nos recém-nascidos (RN), CONHECIDA COMO NPTLI: lesão ou doença pulmonar aguda pós-transfusional em neonatos. Os RN prematuros em cuidados intensivos apresentam fatores de risco para TRALI. como: infecção, asfixia perinatal, doença cardiopulmonar ou doença pulmonar induzida por ventilação. É bom provável que esta condição seja mascara pelas doenças subjacentes Objetivo Examinar as mudanças no nível de suporte ventilatório após transfusão sanguínea em neonatos que precisaram de cuidados intermediários e intensivos. Metodologia Os dados foram coletados retrospectivamente dos arquivos médicos do Health Sciences Centre, Winnipeg, Manitoba, Canada, entre junho de 2005 e maio de 2007; Foram coletados dados 6h antes, durante o procedimento transfusional, 6 h após transfusão e entre 6 e 18 h após transfusão; Para avaliar NPTLI foram levados em conta: 1. MAP (pressão media na via aérea), com um aumento maior ou igual a 2 cm de água FiO2: aumento maior que 15 % 2. Metodologia Critérios de inclusão: 1. 2. 3. os que receberam qualquer tipo de produto sanguíneo, os que receberam cuidados intensivos ou intermediários, Status cardiopulmonar não mudou drasticamente nas 6h antes da transfusão; Critérios de exclusão: crianças com doenças pulmonares graves (hipoplasia, hérnia diafragmática, hipertensão pulmonar persistente, cardiopatia congênita, anomalias congênitas) Análise dos dados 1. Mudanças no MAP e FiO2 seguindo as transfusões foram comparadas por meio do ANOVA; 2. Comparação entre transfusões com e sem NPTLI foram feitas com o quiquadrado; 3. Foi utilizado teste t não pareado; 4. Variáveis continuas e assimétricas foram comparados por meio do teste U Mann-Whitney; 5. 6. Regressões logísticas foram utilizadas para analisar múltiplas variáveis. Software usado: Spss19.9 7. Nível de significância: p < 0,05 Resultados Ocorreram 373 transfusões 9maioria concentrado de hemácias), de um total de 108 crianças, ou seja, algumas crianças receberam mais de uma transfusão. A maioria das transfusões ocorreram em RN de muito baixo peso (85%) em ventilação mecânica e que receberam terapia com surfactante exógeno Consulte a tabela 1 para as características das transfusões Nas primeiras 6 h após transfusão a FiO2 e MAP se elevaram em 47 (12.6%) ocasiões; Esta alterações persistiram das 6 às 18h após a transfusão em de 31(7.8%) ocasiões em 23 pacientes, fechando o diagnóstico de NPTLI no neonato. A NPTLI surgiu em RN mais prematuros e que possuíam menor peso ao nascimento (eram RN de menor idade gestacional e menor peso ao nascer- Veja a tabela 2). Tabela 1-Características das transfusões Concentrado de hemácias Plaquetas plasma fresco congelado Dados em mediana e intervalo interquartil e entre parênteses, percentagem Tabela 2-Características dos Episódios de NPTLI Os RN que apresentaram NPTLI apresentaram significativamente menores peso ao nascer e idade gestacional, assim como menor duração da transfusão em horas) NPTLI:lesão pulmonar neonatal após transfusão O grau de suporte respiratório foi semelhante nas 6 horas antes da transfusão entre os grupos que apresentaram NPTLI e os que não apresentaram (veja na tabela 3) No grupo NPTLI o uso de O2 foi maior no período prétransfusional, porém a necessidade de ventilação mecânica ou CPAP foi semelhante entre os grupos, assim, semelhança quanto a MAP Houve significativo aumento da FiO2 e MAP no grupo que apresentou NPTLI (vejam as figuras 1 e 2) Tabela 3. Suporte respiratório antes da transfusão Figura 1. Mudanças da FiO2 na lesão pulmonar neonatal após a transfusão (NPTLI). FiO2 máxima registrada durante 6-h antes da transfusão, durante a transfusão, e os períodos de 0-6 e 6-18 h após a conclusão de transfusão. NPTLI é mostrada em cinza e não NPTLI em preto. * P<0.05 comparação com transfusões NPTLI. p<0.001 comparado a pré-transfusão (análise de variância (ANOVA)-medidas repetidas medidas Os desfechos foram piores nos RN que desenvolveram NPTLI:menor probabilidade de sobrevivência na alta (14/23 versus 80/85-p<0,001), maior probabilidade de receber corticóide para doença pulmonar crônica (6/23 versus 6/85-p=0,007), mais prováveis de morrer dentro de 24 horas após a transfusão (5/23 versus 3/85 – p=0.003) A enterocolite necrosante (ECN) foi mais comum nos RN com NPTLI (6/23 versus 4/85-P=0.002) A ocorrência de displasia broncopulmonar não foi diferente entre os grupos (4/23 versos 8/85-p=0,374) Após controlar para ECN, gestação, peso de nascimento e uso de surfactante, a NPTLI, como definida neste estudo, permaneceu como um significante preditor negativo de sobrevivência na alta (veja na tabela 4) O desenvolvimento de ECN foi um significante preditor de morte dentro das 24 horas de transfusão Tabela 4-Fatores de risco para a mortalidade Odds ratio ajustada (95% IC) Sobrevivência na alta Morte dentro das 24 horas de transfusão NEC: enterocolite necrosante Discussão Neste estudo foi observado piora da função pulmonar e maior necessidade de suporte respiratório nos neonatos, após cerca de 8% das transfusões; A aparente piora da função pulmonar em neonatos (NPTLI) ocorreu em taxas maiores que em adultos (TRALI), nos que não tinham lesão pulmonar prévia; A incidência de lesão pulmonar é semelhante ao descrito em adultos criticamente enfermos. Nos adultos em estado crítico, ALI (lesão pulmonar aguda) ocorre em até 25% dos pacientes após a transfusão de sangue e está associada com um mortalidade de até 40%; NPTLI foi associada com um grau semelhante de mortalidade. Além disso, o desenvolvimento de ALI em doença grave pode ser adiada 672 h após a transfusão; Houve evidência de redução na incidência de ALI em nosso estudo, devido a um grande número de crianças terem MAP maior a 2 cm H2O, em 6 a 18 horas após a transfusão; Discussão TRALI é mais frequentemente diagnosticado após transfusão de produtos ricos em plasma do sangue, como plaquetas. No estudo, não foram observados casos de NPTLI após a transfusão de plaquetas ou plasma fresco congelado, devido ao número relativamente pequeno destes tipos de transfusões no estudo. O peso de nascimento e a idade gestacional do RN que desenvolveram NPTLI foi menor do que aqueles que não o fizeram. Vários fatores podem explicar este achado: 1. Primeiro, os lactentes mais prematuros são mais politransfundidos. A maioria das transfusões no estudo foram em bebês de muito baixo peso; 2. Lactentes mais prematuros são mais susceptíveis a terem lesão pulmonar subjacente e podem ser mais vulneráveis a lesões adicionais da transfusão; Discussão Os lactentes classificados como NPTLI não tiveram alterações significativas na FiO2 e na MAP nas 6-h que antecederam a transfusão; Em adultos criticamente doentes, a transfusão foi independentemente associada com o desenvolvimento síndrome do desconforto respiratório agudo após controlar a severidade da doença Os autores chamam a atenção para a diferenciação entre TRALI e sobrecarga aguda de volume.Esta condição foi improvável nos casos relatados neste estudo, uma vez a presença de canal arterial pérvio e uso de furosemide foram similares aos controles. A associação de ECN tanto concomitante como após a transfusão foi de nota neste estudo e esta associação tem sido relatada em estudos recentes. O presente estudo foi iniciado antes destes relatórios e não foi projetado para procurar por esta associação Discussão A ECN ocorreu dentro de 48 h da transfusão em seis casos e metade foram associadas com NPTLI; Apenas um estudo prévio mencionou a necessidade de suporte respiratório antes do início da enterocolite necrosante associada a transfusão (TANEC) e nenhum comentou sobre as mudanças em suporte respiratório; A combinação da NEC com NPTLI parece ser associada à mortalidade dentro de 24 h. A baixa idade gestacional e peso ao nascimento de bebês com TANEC é semelhante ao observado para NPTLI e pode sugerir um mesmo caminho para a lesão em ambas as situações, sugerindo: lesão endotelial ao leito vascular induzida pela transfusão com lesão pré-existente. A lesão adicional pode manifestar-se tanto como TANEC como NPTLI ou ambas Discussão Embora o estudo seja limitado pelo seu desenho retrospectivo e pequeno tamanho da amostra, esta é a maior série de casos de lesão pulmonar aguda em recém-nascidos pós transfusão sanguínea ou hemoderivados; Os critérios utilizados para o diagnóstico de TRALI em adultos são muito restritivos para a maioria dos recém-nascidos que recebem hemoderivados. Assim, é necessário refinamento dos critérios para a definição de TRALI, para torná-lo mais aplicável a recém-nascidos; Para definir incidência, quadro clínico, identificar os fatores predisponentes e determinar a etiologia, será necessário proceder com estudos prospectivos em recém-nascidos a receber transfusões de hemoderivados; O presente estudo sugere que a transfusão dos produtos de sangue podem levar à deterioração pulmonar aguda em uma pequena proporção, porém significativa, de recém-nascidos, particularmente aqueles recebendo suporte respiratório Para uma melhor definição da incidência, curso clínico, identificação de fatores predisponentes e determinação da etiologia, seriam necessários estudos prospectivos de recém-nascidos recebendo transfusão de produtos de sangue Conclusão Nos neonatos que receberam cuidados intermediários e intensivos, a transfusão foi associada à necessidade aumentada de suporte ventilatório em um número significativo de casos.O desenvolvimento de NPTLI foi associado à prematuridade e baixo peso ao nascer. Referências Bibliográficas (com links!) Lanman JT, Bierman HR, Byron RL. Transfusion of leukemic leukocytes in man: hematologic and physiologic changes. Blood 1950; 5(12): 1099. | PubMed | Barnard RD. Indiscriminate transfusion: a critique of case reports illustrating hypersensitivity reactions. N Y State J Med 1951; 51(20): 2399– 2402. | PubMed | Citak EC, Kesik V, Atay AA, Sari E, Kismet E, Koseoglu V. Transfusion-related acute lung injury in a child with neuroblastoma during a late engraftment period of autologous stem cell transplantation. Pediatr Tranplant 2008; 12(2): 235– 237. | Article | Church GD, Price C, Sanchez R, Looney MR. Transfusion-related acute lung injury in the paediatric patient: Two case reports and a review of the literature. Transfus Med 2006; 16(5): 343–348. | Article | PubMed | Gauvin F, Lacroix J, Robillard P, Lapointe H, Hume H. Acute transfusion reactions in the pediatric intensive care unit. Transfusion 2006; 46(11): 1899– 1908. | Article | PubMed | Sanchez R, Toy P. Transfusion related acute lung injury: a pediatric perspective. Pediatr Blood Cancer 2005; 45(3): 248– 255. | Article | PubMed | ISI | Holness L, Knippen M, Simmons L, Lachenbruch P. Fatalities caused by TRALI. Transfus Med Rev 2004; 18(3): 184–188. | Article | PubMed | Kopko PM, Marshall CS, Mackenzie MR, Holland PV, Popovsky MA, Page P. Transfusion-related acute lung injury report of a clinical look-back investigation. JAMA 2002; 287(15): 1968–1971. | Article | PubMed | Toy P, Popovsky MA, Abraham E, Ambruso DR, Holness LG, Kopko PM et al. Transfusion-related acute lung injury: definition and review. Crit Care Med2005; 33(4): 721–726. | Article | PubMed | ISI | Wallis JP. Transfusion-realated acute lung injury (TRALI)-under-diagnosed and under-reported. Br J Anaesth 2003; 90(5): 573–576. | Article | PubMed | Goldman M, Webert KE, Arnold DM, Freedman J, Hannon J, Blajchman MA. Proceedings of a consensus conference: towards an understanding of TRALI. Transfus Med Rev 2005; 19(1): 2–31. | Article | PubMed | Kleinman S, Caulfield T, Chan P, Davenport R, McFarland J, McPhedran S et al. Toward an understanding of transfusion-related acute lung injury: statement of a consensus panel. Transfusion 2004; 44(12): 1774–1789. | Article | PubMed | Zilberberg MD, Carter C, Lefebvre P, Raut M, Vekeman F, Duh MS et al. Red blood cell transfusions and the risk of acute respiratory distress syndrome among the critically ill: a cohort study. Critical care (London, England)2007; 11(3): R63. | Article | PubMed | Higgins S, Fowler R, Callum J, Cartotto R. Transfusion-related acute lung injury in patients with burns. J Burn Care Res 2005; 28(1): 56–64. | Article | Bux J, Becker F, Seeger W, Kilpatrick D, Chapman J. Waters a. Transfusionrelated acute lung injury due to HLA-A2-specific antibodies in recipient and NB1specific antibodies in donor blood. Br J Haematol 1996; 93(3): 707– 713. | Article | PubMed | Kopko PM. Leukocyte antibodies and biologically active mediators in the pathogenesis of transfusion-related acute lung injury. Curr Hematol Rep2004; 3(6): 456–461. | PubMed | Nicollea L, Chapman CE, Carter V, Wallis JP. Transfusion-related acute lung injury caused by two donors with anti-human leucocyte antigen class II antibodies: a look-back investigation. Transfus Med (Oxford, England) 2004;14(3): 225–230. | Article | Sachs U, Hattar K, Weissmann N, Bohle RM, Weiss T, Sibelius U et al. Antibodyinduced neutrophil activation as a trigger for transfusion-related acute lung injury in an ex vivo rat lung model. Blood 2006; 107(3): 1217. | Article | PubMed | Nishimura M, Hashimoto S, Takanashi M, Okazaki H, Satake M, Nakajima K. Role of anti-human leucocyte antigen class II alloantibody and monocytes in development of transfusion-related acute lung injury. Transfus Med (Oxford, England) 2007; 17(2): 129–134. | Article | Nishimura M, Ishikawa Y, Satake M. Activation of polymorphonuclear neutrophils by immune complex: possible involvement in development of transfusionrelated acute lung injury. Transfus Med (Oxford, England) 2004;14(5): 359– 367. | Article | Nishimura M, Mitsunaga S, Ishikawa Y, Satake M. Possible mechanisms underlying development of transfusion-related acute lung injury: roles of antimajor histocompatibility complex class II DR antibody. Transfus Med (Oxford, England) 2003; 13(3): 141–147. | Article | Nishimura M, Takanashi M, Okazaki H, Satake M. Lung microvascular endothelial cell injury caused by treatment with polymorphonuclear neutrophils and low-IgM serum: a model of transfusion-related acute lung injury. Lung 2006; 184(1): 25–32. | Article | PubMed | Silliman CC. The two-event model of transfusion-related acute lung injury.Crit Care Med 2006; 34(5 Suppl): S124–S131. | Article | PubMed | Silliman CC, Bjornsena J, Wyman TH, Kelher M, Allard J, Bieber S et al. Plasma and lipids from stored platelets cause acute lung injury in an animal model. Transfusion 2003; 43(5): 633–640. | Article | PubMed | Silliman CC, Paterson AJ, Dickey WO, Stroncek DF, Popovsky MA, Caldwell SA et al. The association of biologically active lipids with the development of transfusion-related acute lung injury: a retrospective study. Transfusion1997; 37(7): 719–726. | Article | PubMed | CAS | Wu TJ, Teng RJ, Tsou Yau KI. Transfusion-related acute lung injury treated with surfactant in a neonate. Eur J Pediatr 1996; 155(7): 589– 591. | Article | PubMed | O’Connor JC, Strauss RG, Goeken NE, Knox LB. A near-fatal reaction during granulocyte transfusion of a neonate. Transfusion 1988; 28(2): 173– 176. | Article | PubMed | Greenhouse SW, Geisser S. On methods in the analysis of profile data.Psychometrika 1959; 24(2): 95–111. | Article | Hébert PC, Wells G, Blajchman MA, Arshall JM, Martin CL, Pagliarello GI et al. A multicenter, randomized, controlled clinical trial of transfusion requirements in critical care. N Engl J Med 1999; 340(13): 1056– 1056. | Article | PubMed | ISI | Croce M a., Tolley E a., Claridge J a., Fabian TC. Transfusions result in pulmonary morbidity and death after a moderate degree of injury. J Trauma2005; 59(1): 19–24. | Article | PubMed | Marik PE, Corwin HL. Acute lung injury following blood transfusion: expanding the definition. Crit Care Med 2008; 36(11): 3080–3084. | Article | PubMed | Khan H, Belsher J, Yilmaz M, Afessa B, Winters JL, Moore SB et al. Fresh-frozen plasma and platelet transfusions are associated with development of acute lung injury in critically ill medical patients. Chest 2007; 131(5): 1308– 1314. | Article | PubMed | Popovsky MA. The Emily Cooley Lecture 2009 To breathe or not to breathe-that is the question. Transfusion 2010; 50: 2057–2062. | Article | Popovsky MA. Pulmonary consequences of transfusion: TRALI and TACO.Transfus Apheresis Sci 2006; 34(3): 243–244. | Article | Paul D a, Mackley A, Novitsky A, Zhao Y, Brooks A, Locke RG. Increased odds of necrotizing enterocolitis after transfusion of red blood cells in premature infants. Pediatrics 2011; 127(4): 635–641. | Article | PubMed | ISI | Christensen RD, Lambert DK, Henry E, Wiedmeier SE, Snow GL, Baer VL et al. Is “transfusion-associated necrotizing enterocolitis” an authentic pathogenic entity? Transfusion 2009; 50(5): 1106–1112. | Article | PubMed | Nota: Dr.Paulo R. Margotto Consultem também Transfusão relacionada a lesão aguda pulmonar em um recémnascido A TRALI é uma complicação potencialmente mortal e potencialmente fatal de transfusão de componentes do sangue , que em grande parte continua a ser subdiagnostica e subtratada, principalmente em recém-nascidos. Gupta e cl relataram um caso com esta condição (RN com 27 semanas;847g;recebeu 4 transfusões sanguíenas). Seis horas após a última transfusão, o RN desenvolveu severo desconforto respiratório, requerendo intubação e ventilação mecânica; anteriormente, estava em ventilação não invasiva; havia sido extubado aos 14 dias de vida). O Rx de tórax mostrou total opacificação pulmonar, com melhora em 36 horas.O RN manteve-se hemodinamicamente estável, ecocardiografia mostrou contratilidade do ventrículo esquerdo normal. O screening para sepse foi negativo.. O RN foi extubado com 42 dias de vida. Os autores relataram este caso com o objetivo de enfatizar que TRALI deve ser mantida como um diagnóstico diferencial em todos os grupos de pacientes, incluindo os neonatos, que desenvolvem insuficiência respiratória aguda e o RX de tórax mostra infiltrados dentro de 6 h após a transfusão dos componentes do sangue (às vezes, 2horas!) na ausência de evidência de sobrecarga de volume ou disfunção cardíaca. O tratamento consiste de suporte ventilatório e hemodinâmico.Diuréticos não são úteis, assim como corticosteróide, prostaglandina E1.O seu reconhecimento é importante tendo em vista a doença e morte associada, para instituir o correta manuseio e eliminação de doadores implicados a partir de painéis de doadores. Vejam os Rx de tórax deste paciente: Gupta S, Som,T, Iyer L, Agarwal R.Transfusion related acute lung Injury in a neonate. Indian J Pediatr 2012;79:1363-1365 Gupta et al,2012 Em (a) radiografia de tórax um dia antes concentrado de hemácias mostrando os campos pulmonares bilateralmente claros. Em (b) radiografia de tórax logo após concentrado de hemácias mostrando o 0pacificação dos campos pulmonares. Em (c), RX 36 horas após, mostrando o clareamento do pulmão seguindo o tratamento de suporte Consulta à hemoterapia O que é TRALI? TRALI (Transfusion related acute lung injury) é traduzida como lesão aguda pulmonar relacionada á transfusão ou edema pulmonar agudo não cardiogênico, ocasionada por diversos mecanismos: transfusão de anticorpos dirigidos contra o sistema HLA ou antígenos neutrofílicos que reagem com leucócitos e plaquetas do receptor levando a uma sequela de eventos que aumentam a permeabilidade da microcurculação pulmonar, permitindo a passagem de líquidos para os alvéolos. A incidência de TRALI é desconhecida; acredita-se que seja em torno de 1:5000 transfusões. Guias de Condutas hemoterápicas 2ª Edição, 2010 9Hospital Sírio-Libanês Quadro Clínico Deve-se suspeitar desta reação em qualquer quadro de insuficiência respiratória aguda que ocorra até 6 horas após a transfusão de sangue. A definição de TRALI refere-se a presença de: -ALI (lesão pulmonar aguda) com hipoxemia, PaO2/FiO2 <300 ou SatO2 em ar ambiente -ausência de ALI prévia à transfusão -Início dos sintomas 6 horas após a transfusão -ausência de outros fatores de risco para ALI Havendo outro fator de risco para ALI, o quadro passa a ser classificado como possível TRALI Guias de Condutas hemoterápicas 2ª Edição, 2010 9Hospital Sírio-Libanês Tratamento Reversão da hipoxia com oxigenoterapia e se necessário, assistência ventilatória Corticosteróide: é discutível A maioria dos pacientes recupera a função respiratória em 2-4 dias Guias de Condutas hemoterápicas 2ª Edição, 2010 9Hospital Sírio-Libanês Prevenção Se o anticorpo do doador é demonstrável como causador da reação pulmonar aguda, seu sangue não deve ser utilizado para produção de componentes que contenhm plasma Se o anticorpo for demonstrado como sendo do receptor, este deverá receber componentes celulares filtrados (leucodepletados) Guias de Condutas hemoterápicas 2ª Edição, 2010 9Hospital Sírio-Libanês Transfusão relacionada a lesão aguda pulmonar em um recémnascido A TRALI é uma complicação potencialmente mortal e potencialmente fatal de transfusão de componentes do sangue , que em grande parte continua a ser subdiagnostica e subtratada, principalmente em recém-nascidos. Gupta e cl relataram um caso com esta condição (RN com 27 semanas;847g;recebeu 4 transfusões sanguíenas). Seis horas após a última transfusão, o RN desenvolveu severo desconforto respiratório, requerendo intubação e ventilação mecânica; anteriormente, estava em ventilação não invasiva; havia sido extubado aos 14 dias de vida). O Rx de tórax mostrou total opacificação pulmonar, com melhora em 36 horas.O RN manteve-se hemodinamicamente estável, Ecocardiografia mostrou contratilidade do ventrículo esquerdo normal. O screening para sepse foi negativo.. O RN foi extubado com 42 dias de vida. Os autores relataram este caso com o objetivo de enfatizar que TRALI deve ser mantida como um diagnóstico diferencial em todos os grupos de pacientes, incluindo os neonatos, que desenvolvem insuficiência respiratória aguda e o RX de tórax mostra infiltrados dentro de 6 h após a transfusão dos componentes do sangue (às vezes, 2horas!) na ausência de evidência de sobrecarga de volume ou disfunção cardíaca. O seu reconhecimento é importante tendo em vista a doença e morte associada, para instituir o correta manuseio e eliminação de doadores implicados a partir de painéis de doadores. Vejam os Rx de tórax deste paciente: Gupta S, Som,T, Iyer L, Agarwal R.Transfusion related acute lung Injury in a neonate. Indian J Pediatr 2012;79:1363-1365 Em (a) radiografia de tórax um dia antes concentrado de hemácias mostrando os campos pulmonares bilateralmente claros. Em (b) radiografia de tórax logo após concentrado de hemácias mostrando o 0pacificação dos campos pulmonares. Em (c), RX 36 horas após, mostrando o clareamento do pulmão seguindo o tratamento de suporte OBRIGADO! Ddo Rafael Pacelli, Ddo Victor Cabral, Dr. Paulo R. Margotto e Ddo Samy Sardinha