Apendicite Neonatal
Vinícius Santana Pereira R2
Unidade de Pediatria HRAS/SES/DF
Orientadores: Carlos Zaconeta, Andersen O Rocha Fernandes,
Karinne Cardoso Muniz, Cleber Marinho, Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
História clínica

Antecedentes maternos
Mãe 28 anos de idade
 G2P1C0A0
 Pré-natal com 4 consultas
 Sorologias :VDRL, chagas, HIV, CMV, TOXO não
reagentes.
 TS mãe O +

História clínica

Condições de nascimento:
Nascido de parto normal, em 05/01/08 as 00:28h
 Peso: 2460
 Estatura:48,5 cm
 Perímetro cefálico: 31 cm
 APGAR 5/7/8 no primeiro, quinto e décimo
minuto, respectivamente.

História clínica
IG 39 semanas
 Classificação: PIG assimétrico IP= 2,15
 Apresentou desconforto respiratório leve.
 Presença de líquido meconial ++/4+
 Realizada reanimação com VPP.
 Dieta: LHB 15 ml 3/3h por SOG + HV com TIG
5,0

Evolução
05/01/08: Episódio convulsivo as 9:00h
 Dx 32mg/dl.
 CD:

Iniciado medicações anticonvulsivantes (fenobarbital e
hidantal).
 Aumentar dieta: sm livre+20 ml LHB 3/3h
 HV com TIG: 4,0

Evolução
Durante as 24 horas após a primeira crise houve
mais 5 episódios convulsivos.
 06/01/08: sem intercorrências. Eliminações
presentes
 07/01/08: sem intercorrências. Eliminações
presentes. Cd: aumentar dieta

Evolução
08/01/08: 15h30min vômitos
 08/01/08: 20h evacuação sanguinolenta
 08/01/08: iniciado Vancomicina e meropenem.
 09/01/08: piora clínica encaminhada ao HRAS

História clínica

HMA


RN de MCSC, Sexo Feminino, deu entrada neste serviço
procedente do HRP, em 09/01/2008. com quadro de
vômitos, distensão abdominal e enterorragia iniciados dia
08/01/08.
Ao exame não impressionava como séptico, estava vigil,
hidratado, ativo e reativo porém a palpação abdominal
evidenciava distensão e dor à palpação profunda.
História clínica

HMA
Na chegada ao HMIB apresentou também
evacuação com sangue “em geléia de morango”.
 Foi repassada SOG e prescrita sedoanalgesia

História clínica

HMA
No ingresso ao HMIB gasometria sem acidose
metabólica, Na e K normais, 6300 leucócitos (57%
seg, 2% bast, 35% linf).
 PCR: 16,9

Evolução

Após admissão:
10/01/08: intubado para a cirurgia.
 10/01/08 Encaminhado ao centro cirúrgico, sendo
realizada laparotomia exploradora.
 Cirurgia transcorreu sem intercorrências.
 11/01/08: colocado em Hood.

Evolução

11/01/08: paciente evolui estável, porém persiste
com distensão abdominal.
Evolução
Entre 11 e 16/01/08: estável, apesar de apresentar
persistência da distensão abdominal.
 16/01/08: realizada US de abdômen suspeita de
peritonite.Resultado normal.
 16/01/08: resgatado resultado de histopatológico 
apendicite aguda supurada.

Apêndice normal
Mucosa com revestimento epitelial preservado, folículos linfóides hiperplasiados
Mucosa com áreas de necrose, vasocongestão, hemorragia e ulceração
Denso exsudato fibrino purulento presente ao nível da mucosa e se estendendo a serosa
Áreas de hemorragia e vasocongestão acentuadas em serosa
Mucosa com áreas de necrose, vasocongestão, hemorragia e ulceração
Denso exsudato fibrino purulento presente ao nível da mucosa e se estendendo a serosa
Denso exsudato fibrino purulento presente ao nível da mucosa e se estendendo a serosa
Mucosa com áreas de necrose, vasocongestão, hemorragia e ulceração
Mucosa com áreas de necrose, vasocongestão, hemorragia e ulceração
Data
Cálcio
05/01
10/01
8,9
13/01
11
15/01 16/01
9,9
10,8
Sódio
Potássio
137
5,3
150
6,1
137
4,4
142
5,3
Cloretos
PCR
Leucs
Seg
Bast
Linf
111
16,9
6300
57
2
35
111
3,88
118
14100
66
01
30
10200
53
1
42
9700
38
6
52
Data
Mono
Eos
Hem
HG
Htc
Plq
NT
NI
NI/N
T
05/01
01
20,1
61,1
128
9702
147
0,015
10/01
1
05
4,57
16,6
50,4
120
13/01
04
01
5,07
18
53
210
5406
102
0,01
15/01
16/01
02
02
3,94
16,4
41,6
272
4268
582
0,13
Evolução
21/01/08: boa evolução clínica com boa aceitação
da dieta transferido para alcon patológico.
 23/01/08: suspenso antibióticos
 29/01/08 Alta médica

Apendicite Neonatal



É um distúrbio extremamente raro.
Primeiro caso relatado: 1905 ( paciente de um
mês que faleceu de peritonite)
Primeiro relato de sobrevivente: 1908 (menor de
3 semanas, que teve apendicite em uma hérnia
escrotal)
Apendicite neonatal


Incidência geral: entre 1901 e 2000, foram
relatados 148 casos.
Mais freqüente em homens (3:1) e em
prematuros.
Por que é tão raro

Snyder and Chaffin propuseram fatores para
explicar a raridade do quadro:
1) o apêndice nesse período é
extremamente fino

Esse dado torna bem mais incomum e difícil a
impactação de possíveis causadores nesse
período.
2) a dieta é extremamente leve

Freqüentemente nesse período a dieta é
composta somente por leite, que é uma dieta
leve e que facilita o trânsito intestinal.
3) fatores posturais

O paciente nessa idade fica quase todo o tempo
na posição deitada.
4) infecções respiratórias e
intestinais pouco freqüentes

Esse dado contribui para o fato de que a criança
dificilmente apresentará hiperplasia linfóide, que
é uma causa de obstrução do apêndice.

Localização:
Em três quartos dos casos é intra abdominal
 Em um quarto dos casos está dentro de uma hérnia
inguinal.


Taxa de sobrevivência:
Alta mortalidade: cerca de 70%
 Claramente relacionado a um diagnóstico e
intervenção precoces.


Alta taxa de perfuração (cerca de 75%)



Parede apendicular fina e pouco distensível.
Perfuração é um significante fator no
prognóstico pois freqüentemente resulta em
peritonite.
Principal responsável por mortalidade: atraso no
diagnóstico
Por que o diagnóstico atrasa?

Sintomas inespecíficos:
Distensão abdominal;
 Vômitos biliosos;
 Induração ou edema abdominal;
 Massa em quadrante inferior direito (sinal incomum).


“EM RN COM ABDÔMEN AGUDO,
APENDICITE DEVE SER SUSPEITADA”
Doenças associadas



Doença de Hirschsprung (aganglionose
intestinal).
Fibrose cística.
Enterocolite necrosante.
Prognóstico

Como anteriormente citado, relacionados com
atraso ou não de diagnóstico.

E por falar em relação entre diagnóstico precoce
e prognóstico, como será que ficou nosso
paciente...
Consultem:



Karaman A et al. Seven cases of neonatal appendicitis
with a review of the Englihs literature of the last
century. Pediatr Surg Int 2003;19:707-709
Fowkes GL. Neonatal appendicitis. Br Med J. 1976
Apr 24;1(6016):997-8
Managoli S, Chaturvedi P, Vilhekar KY, Gupta D,
Ghosh S. Perforated acute appendicitis in a term
neonate.Indian J Pediatr. 2004 Apr;71(4):357-8. Review.


Karunakara BP, Ananda Babu MN, Maiya PP,
Rijwani A, Sunil I. Appendicitis with
perforartion in a neonate. Indian J Pediatr. 2004
Apr;71(4):355-6
Martin LW, Perrin EV. Neonatal perforation of
the appendix in association with Hirschsprung's
disease. Ann Surg. 1967 Nov;166(5):799-802. No
abstract available.

CREERY RD. Acute appendicitis in the
newborn. Br Med J. 1953 Apr 18;1(4815):871.
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Apendicite Neonatal - Paulo Roberto Margotto