www.imi.pt [email protected] RM e o estudo do Pâncreas IM AG EM DO M Ê S IMI inicia exploração de TAC no Centro Hospitalar de Torres Vedras Na sequência do concurso lançado pelo Centro Hospitalar de Torres Vedras para exploração de uma unidade de TAC, com realização de obras, colocação de equipamento e afectação de recursos humanos e tecnológicos, de que foi declarado vencedor, o IMI iniciou já em Maio de 2011, a respectiva exploração, dando assim, mais um passo firme no nosso lema “Diagnosticamos Afectivamente”, colocando a tecnologia ao serviço da saúde de todos os portugueses, nomeadamente dos utentes do SNS – Serviço Nacional de Saúde. n.º 1 1 41 0 Maio/Jun 2 IMI/Centro Hospitalar de Torres Vedras NOTA DE ABERTURA A situação económico-financeira extremamente crítica em que o nosso país se encontra provocou, no passado mês de Maio, o recurso, bem conhecido de todos, a uma polémica quanto indispensável ajuda financeira externa; na sequência desta ajuda, seremos obrigados a uma série de medidas de “austeridade”, onde, naturalmente, a saúde e particularmente as empresas fornecedoras de MCDT’s, serão das mais atingidas, já que se prevê uma redução substancial dos gastos, essencialmente públicos, nesta actividade. Equipamento de TAC no Centro Hospitalar de Torres Vedras É nesta situação de dificuldades acrescidas para o sector que teremos de procurar soluções alternativas, bem como uma cada vez Composto por: Tomógrafo Computorizado GE BrightSpeed Elite Multi-Detector Helicoidal Volumétrico de altas prestações com 16 detectores sólidos HiLight Matrix II, desenhado com a plataforma informática multi-tarefa em tempo real Xtream FX com todas as aplicações clínicas avançadas correndo na mesma ou numa Estação de Trabalho Independente Advantage Windows 4.4, de que são exemplos: – Angio-TAC – estudos angiográficos centrais e periféricos, utilizando injector intravenoso de cabeça dupla e injecção sincronizada. – Uro-TAC – avaliação do Aparelho Urinário por TAC, permitindo reconstruções multiplanares e tridimensionais. – Colonografia Virtual – detecção de lesões endoluminais do cólon. – Dental CT – destinado ao planeamento imagiológico pré-implantes. maior rentabilização e “emagrecimento” das estruturas, para preservar a saúde das nossas empresas. Compatibilizar estes cortes com a necessidade de novos investimentos em tecnologias, que nem por isso vão ficando menos dispendiosas, antes pelo contrário, nomeadamente devido à subida do IVA, será um desafio à criatividade ou será uma missão impossível? Não podemos nem queremos ficar parados. Neste mês de Maio, o IMI iniciou, após obras de remodelação do espaço físico e colocação de adequado equipamento, no tempo recorde de 3 meses, a exploração de uma Unidade de Tomografia Axial Computorizada no Centro Hospitalar de Torres Vedras, no âmbito de um contrato celebrado, após concurso aberto para o efeito. A Unidade já se encontra em pleno funcionamento, dando o necessário apoio à urgência, ao internamento e à consulta externa daquele Hospital. Pretende-se que esta crise seja transitória e que os portugueses a consigam ultrapassar, à custa de muito trabalho e da necessária criatividade, de forma a não nos quedarmos, preguiçosamente instalados por muito tempo e pela segunda vez na História, na cauda da Europa. Esse é o risco que estamos a correr, é essa a meta que tudo faremos para ultrapassar vitoriosamente. Desejos de um bom Verão. LISBOA – CASCAIS – ALMADA LEIRIA (ressonância magnética) (unidade não certificada) IMI NEWS ANO VIII Fernando Torrinha Director Clínico A Importância da RM no estudo do Pâncreas A RM é o principal método de imagem no estudo do pâncreas pelas características inerentes à técnica, nomeadamente o excelente contraste tecidual, maior sensibilidade ao contraste endovenoso e pelo facto de b) várias fontes de contraste poderem ser interrogadas num único estudo. Uma das grandes vantagens da RM, apesar de não ser específica ao estudo da patologia do pâncreas, é o seu elevado perfil de segurança, que, por Fig.1: Axial (a) e coronal (b) T2 (Haste) sem supressão de um lado, advém da ausência gordura, da cabeça do pâncreas num doente com de radiação ionizante e, por IPMN-side branch. Note-se a presença de imagens quisticas hiperintensa com comunicação com o ducto outro, da muito reduzida pancreático. No estudo pós contraste (não mostrado), não foi evidente qualquer estroma neoplásico. incidência de reacções adversas ao contraste endovenoso-gadolinio nas doses frequentemente utilizadas. No entanto, alguns contrastes endovenosos foram recentemente associados ao desenvolvimento de Fibrose Sistémica Nefrogénica (NSF-nephrogeic systemic fibrosis) em doentes com insuficiência renal grave. Esta condição é caracterizada pelo desenvolvimento progressivo de fibrose em vários tecidos, resultante da deposição de colagénio. A incidência de NSF varia com o tipo de contraste, tendo, provavelmente, relação também com a dose administrada, pelo que, quando considerado necessário um exame de RM (ou TC) com contraste endovenoso em doentes com insuficiência renal grave, deverão ser considerados os riscos e benefícios da administração de gadolínio, versus contraste iodado (associado à nefropatia do contraste iodado, com maior morbilidade e potencial mortalidade nesta população). Caso se decida por um exame de RM, deverá ser escolhido um contraste com maior perfil de segurança, preferencialmente macrocíclico. a) a) b) A avaliação do pâncreas é geralmente parte integrante de um protocolo de estudo abdominal, que permite avaliar, não só, o pâncreas, mas também os restantes órgãos abdominais. Este protocolo compreende sequências ponderadas em T1 e T2 com e sem supressão de gordura, para além de estudo dinâmico pós-gadolinio. As sequências em T2 permitem uma avaliação dos ductos pancreático (plano axial) e via biliar principal (plano coronal), sendo a avaliação com supressão de gordura útil na avaliação de metástases hepáticas ou de tumores neuroendócrinos dos ilhéus pancreáticos. A avaliação T2 também fornece informações sobre a complexidade do fluido em tumores mucinosos ou em pseudoquistos do pâncreas, o que pode As principais vantagens da RM na detecção e caracterização de adenocarcinoma do pâncreas são: 1) Detecção de tumores pequenos não deformantes; 2) Localização do tumor para biopsia guiada pela imagem, 3) Avaliação do envolvimento vascular; 4) Caracterização de lesões hepáticas (sendo que coexistem metástases hipovasculares e hipervasculares subcapsulares em 80% dos doentes, e até 20% dos doentes com apenas metástases hipervasculares subcapsulares); 5) Avaliação de metastases ganglionares e peritoneais. reflectir, neste último, a presença de complicações, tais como restos celulares de necrose ou infecção. O estudo pancreático engloba frequentemente ainda a avaliação dos ductos pancreático e biliares, quer através de avaliação dirigida (colangioRM ou CPRM) ou de uma “thick-slab” integrante do protocolo abdominal, para a avaliação de obstrução ou dilatação ductal e de eventuais variantes, como o pâncreas divisum. Esta avaliação pode ser útil na caracterização de massas quisticas pancreáticas, nomeadamente na demonstração de c) d) Fig.2: Imagens ponderadas em T1 (3D VIBE) em doente com dor abdominal e discreta hipointensidade de sinal do pâncreas na aquisição précontraste (a) e após administração de gadolinio (b). Estas alterações provavelmente reflectem alterações iniciais de pancreatite crónica, traduzindo a presença de fibrose. Compare-se com a normal intensidade de sinal do pâncreas antes (c) e após (d) administração de gadolinio num segundo doente sem alterações pancreáticas, do mesmo sexo e idade que o anterior. Neste último, o pâncreas apresenta uma normal variação de sinal antes e após administração de contraste endovenoso, com elevado sinal em (c) e blush arterial em (d). comunicação com o c) a) b) canal pancreático, típica do IPMN-side branch (Intraductal papillary mucinous neoplasms) (Fig.1). O pâncreas normal tem hipersinal T1, melhor apreciado na supressão de gordura. Em pacientes Fig.3: Imagens ponderadas em T1 (Vibe) após administração de contraste endovenoso, nas fases imediata (a) e portal (b) e MIP MRCP (c) em idosos, a intensidade do doente com adenocarcinoma do pâncreas. Note-se a presença de massa cefálica com hipo-realce com um “anel” parcial de maior realce que representa o normal parenquima pancreático (a). Estas características são ainda evidentes na aquisição mais tardia (b), sendo que aqui se sinal do pâncreas pode nota ainda um progressivo realce da massa neoplásica. Note-se ainda a dilatação do canal pancreático a montante da massa, com atrofia do corpo e cauda, aspectos decorrentes de alterações de pancreatite crónica causada pela oclusão do ducto pancreático pelo tumor cefálico diminuir e ser menor do (b). Em (c), são evidentes a dilatação dos ductos biliar principal e pancreático, com interrupção abrupta na topografia da massa cefálica. que a do fígado, provavelmente reflectindo mudanças de fibrose imediato, o adenocarcinoma do pâncreas surge como uma lesão secundária ao processo de envelhecimento. Após a administração de hipointensa num fundo de glândula hiperintensa. Nas fases mais gadolinio, o pâncreas demonstra um “blush” capilar uniforme nas tardias, os adenocarcinomas do pâncreas apresentam alguma imagens pós-contraste imediato (fig2). Ao fim de cerca de um minuto, variabilidade na forma de apresentação, consoante o tamanho. Em o pâncreas apresenta um realce moderadamente superior à gordura geral, pequenos tumores podem variar desde hiposinal a hipersinal, adjacente. enquanto grandes tumores tendem a manter-se hipointensos em A ausência do normal sinal do pâncreas na avaliação T1 pré contraste relação ao parenquima pancreático envolvente. Estas diferenças e o menor realce na fase pós contraste imediato poderão representar reflectem a quantidade de espaço extracelular e a drenagem venosa menor índice proteico nos ácinos pancreáticos e a presença de fibrose, dos tumores comparativamente a do tecido pancreático envolvente. caracterizável enquanto tal na RM mas não na TC. Estes aspectos A RM é particularmente útil na avaliação de potenciais tumores podem ser encontrados nas fases iniciais de pancreatite crónica, antes neuroendocrinos, caracteristicamente hiperintensos em T2, em oposição do aparecimento de alterações morfológicas da glândula (Fig.2). ao adenocarcinoma; com realce hipervascular homogéneo, em anel Outra vantagem associada à capacidade de avaliação tecidual encontra(Fig.4) ou difusamente heterogéneo no pós-gadolinio imediato. se na avaliação da pancreatite aguda, embora neste caso, a RM Neste trabalho não pretendemos efectuar uma revisão exaustiva e tenha, na prática, clínica um papel secundário. Neste contexto, a RM sistematizada da semiologia RM do pâncreas, antes valorizamos os não só permite a avaliação das vias biliares, sendo um método sensível tópicos que tornam a RM, através da combinação de sequências para e especifico na determinação de coledocolitiase, mas também permite caracterização tecidual e da CPRM, numa ferramenta que permite a caracterização das alterações pancreáticas e órgãos envolventes, uma avaliação exaustiva da patologia pancreática. como por exemplo a avaliação de eventual necrose parenquimatosa, envolvimento vascular, derrame exsudativo associado. Uma das principais indicações da RM no a) b) estudo do pâncreas é na avaliação de potencial adenocarcinoma do pâncreas, a quarta neoplasia em termos de mortalidade. Um dos principais achados encontrados nesta patologia é o sinal do “duplo ducto”, que corresponde à dilatação dos ductos pancreático e via biliar principal, frequentemente encontrado nos tumores Fig.4: Imagens ponderadas em T2 (Haste) com supressão de gordura (a) e T1 (Vibe) após administração de contraste endovenoso (b) em doente com tumor neuroendócrino (gastrinoma) da cabeça do pâncreas. localizados na cabeça do pâncreas. Destaca-se o característico moderado hipersinal em T2 (a), contrário ao encontrado no adenocarcinoma Frequentemente co-existe atrofia do do pâncreas e o realce em anel na fase imediata após contraste endovenoso (b). Note-se que este realce é superior ao do normal parenquima pancreático circundante, definindo esta massa como pâncreas a jusante da massa pancreática hipervascular, contrariamente ao adenocarcinoma do pâncreas, que se apresenta como uma massa de hipointensidade relativa ao pâncreas normal. (Fig.3). Pela elevada resolução de contraste das ponderações em T1 pré e pós contraste