04 - Editorial:
João Aguiar Campos
06 - Foto da semana
07 - Citações
08 - Nacional
14 - Internacional
20 - Opinião
D. José Cordeiro
22 - Opinião:
Rita Figueiras
24 - Semana de..
Henrique Matos
26 - Dossier
Terra Santa
28 - Entrevista:
Luís Valença Pinto
56 - Multimédia
58 - Estante
60 - Vaticano II
62 - Agenda
64 - Por estes dias
66 - Por outras palavras
67 - YouCat
68 - Programação Religiosa
69 - Minuto Positivo
70 - Liturgia
72 - Família
74 - Ano da Vida Consagrada
78 - Fundação AIS
80 - Pastoral Juvenil
82 - Lusofonias
Napolitano por um
dia
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Cáritas: Por
um empenhamento
cívico
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Foto da capa: Fundação AIS
Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA
Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Luís Filipe Santos, Sónia Neves
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Terra Santa:
Ajudas para a paz
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Opinião
João Aguiar Campos | Rita Figueiras
Fernando Cassola Marques | Manuel
Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves |
Henrique Matos | Francolino
Gonçalves ! Johnny Freire
3
As minhas cruzes
João Aguiar Campos
Secretariado Nacional
das comunicações
Sociais
4
A senhora tinha um ar dorido e as mãos
enrolavam-se enquanto ouvia, naquela sala de
espera do consultório médico, a paciente
sentada a seu lado. Esta desfiava desventuras –
dores de alma e dores do corpo – umas atrás
das outras, não se percebendo bem qual delas a
tinha levado até ali.
A senhora do ar dorido intervinha na conversa
apenas com monossilábicas exclamações, ao
mesmo tempo que erguia os olhos para o relógio
onde o tempo de espera avançava na parede.
Quando a interlocutora fez uma pausa maior,
estendeu o seu comentário, sentenciando:
«Olhe, minha senhora, a vida é mesmo assim…
Todos temos as nossas cruzes!”
O comentário soou-me a ponto final. E o mesmo
deve ter sentido a queixosa, pois ficou em
silêncio, abanando a cabeça e fechando os
olhos, como se procurasse lá dentro o seu
calvário privativo.
Instintivamente fiz o mesmo, ouvindo, íntima, a
pergunta que me coloquei: quais são, João, as
tuas cruzes?
Pensei nelas então e repenso-as agora que as
confesso. Não as enumero todas, mas apenas as
que mais me têm doído…
Têm-me doído a cruz da renúncia. Dói-me cada
vez que não a vejo como oferta generosa e
alegre daquilo ou daqueles que tenho de deixar.
Sim; quando deixo sem dar, sofro o
despojamento, a expropriação e não a alegria da
prenda desprendida, amiga e amorosa.
Tem-me doído a cruz da própria dor. A dor
esmaga-me cada vez que a vejo como limite e
não
a compreendo como sinal; cada vez
que exclamo que está a dar cabo de
mim, sem a perceber como
recomeço, aviso, momento de
alicerce, ocasião para relativizar e,
paradoxalmente, valorizar a
fugacidade dos instantes.
Tem-me doído a cruz do orgulho.
Sinto-a quando me dou por
ofendido, ou quando não me perdoo
nem me deixo perdoar. É, então,
uma dor inventada, que nunca
existiria se a não criasse na proveta
da minha vaidade ou do meu amorpróprio.
Tem-me doído a cruz da
incompreensão. E esta abarca tanto
a mágoa de não ser compreendido
como a incapacidade de
compreender que há obstáculos no
caminho
e dias em que o sol, mesmo
nascendo, não se mostra.
Tem-me doído a cruz da
superficialidade. Nasce do vazio que
fica no fim de cada pressa, de cada
avareza que faz mesquinhos os
gestos e pensa que é possível ser
santos de serviços mínimos.
Tem-me doído – coisa estranha? – a
cruz dos dias em que nada me dói.
Porque descubro depois que fui eu
a não querer ver, a não querer
sentir, a não querer saber que há
choros na TV apagada, no rádio
desligado, ou na rua que escondi
nas persianas corridas e silenciei
nos vidros duplos.
Sim; tenho muitas outras dores que
ainda hei-de reconhecer, para as
ver remidas.
5
“O co-piloto está a controlar sozinho
o avião. Depois pressiona os botões
do sistema de controlo de voo para
pôr em curso a descida do aparelho.
Esta ação sobre o controlo de
altitude só pode ser deliberada”.
(Procurador de Marselha, Brice
Robin, Rádio Renascença, 26 de
março de 2015, admite que queda
do Airbus A320 nos Alpes franceses
pode não ter sido acidental)
“Temos uma enorme confiança
na administração tributária, na
Autoridade Tributaria e
Aduaneira (…) cujo valor e
reputação não pode e não deve
ficar prejudicado por um caso
que tem tido uma repercussão
pública provavelmente maior do
que o caso mereceria”
(Maria Luís Albuquerque, Ministra
das Finanças, Observador, 26 de
março de 2015, sobre caso «Lista
VIP»
6
7
Cáritas: Complexidade dos
problemas implica empenho cívico e
generosidade
Os participantes do Conselho Geral
da Cáritas pediram, este domingo,
no Porto, aos cristãos que levem o
“sonho realista” de um mundo” mais
justo e solidário” porque a
“complexidade dos problemas” pede
empenho cívico e a generosidade.
A família Cáritas deve traduzir “a
gramática e o quadro da Doutrina
Social da Igreja” sublinharam os
participantes do Conselho Geral da
Cáritas que estiveram reunidos, de
sexta-feira a domingo, na Casa de
Vilar, Porto.
Neste encontro estiveram
representantes de dezanove, das
vinte, Cáritas diocesanas que
aprofundaram o papel que estas
instituições devem “desenvolver em
caminho profético no intuito de
diminuir a crise que assola Portugal
e o mundo”, realça o comunicado
final.
O presidente da Cáritas Portuguesa
realçou também que os “decisores
políticos” devem encontrar um
caminho que permita “devolver
condições de rendimentos dignos à
população”.
Quem parte para eleições não pode
levar consigo apenas as
preocupações
8
partidárias e as convicções
pessoais”, alertou Eugénio Fonseca.
Uma sociedade "onde há pobreza
não poder ser nunca uma sociedade
desenvolvida”, disse o presidente da
Cáritas Portuguesa.
O presidente da Comissão
Episcopal da Pastoral Social e
Mobilidade Humana considera que
Portugal vive um período “complexo
e complicado” e a classe média
“está imbuída de muitas
interrogações”.
“Muitos portugueses estão a ser
vítimas da exclusão social”, referiu,
este domingo, D. Jorge Ortiga à
Agência ECCLESIA no decorrer do
Conselho Geral da Cáritas que
decorreu, de sexta-feira a domingo,
no Porto.
Os políticos “viajam pelo país” por
ocasião das “campanhas eleitorais”,
mas “não entram nas ruelas de
algumas aldeias perdidas no interior
do país”, alertou o presidente da
comissão.
Devido à “idade e ao isolamento
sociológico”, uma “grande parte”
dos portugueses estão a viver com
“muitas dificuldades”, denunciou o
presidente da comissão.
Na abertura do conselho geral das
Cáritas, Eugénio Fonseca apelou a
que se revejam as “condições de
pagamento” da dívida portuguesa,
porque elas “condicionam o atual
orçamento de Estado” que “continua
a penalizar as famílias portuguesas”
.
Com o aproximar das eleições
legislativas, o presidente da
organização católica exortou os
participantes desta assembleia a
enviarem a todos os partidos
políticos “um conjunto de propostas
de atuação para o desenvolvimento
de uma estratégia nacional de
combate à pobreza”.
A Cáritas e os organismos sociais
da Igreja têm o “dever e obrigação”
de “não ficarem dentro das igrejas,
nas estatísticas e burocracias” mas
“saírem e irem para o terreno” como
pede o Papa Francisco.
9
A liturgia é meio de educação
O presidente da Comissão
Episcopal da Liturgia e
Espiritualidade afirmou que “não só
se educa para a liturgia como a
própria liturgia educa a pessoa”, na
abertura do Encontro Nacional de
Catequese (ENC), esta terça-feira,
em Castelo Branco.
“Para muitos, a liturgia deixou de ser
fonte e passou a ser problema que
se passou a querer resolver. O
futuro do cristianismo na Europa
depende muito de fazer da liturgia a
fonte para os crentes”, disse D.
José Cordeiro, bispo de BragançaMiranda, que apresentou o tema
‘Liturgia, Escola de Fé’.
O prelado refletiu sobre a origem da
palavra ‘Liturgia’ apresentando-a
como um “serviço a favor do povo” e
questionou porque é que a Missa,
se é “fonte de onde brota a vida,
pode ser considerada uma seca”.
“A liturgia é a fé celebrada nos
diversos momentos e, mais, a
espiritualidade da Igreja: o vértice e
fonte da Igreja. A primeira escola da
fé”, sublinhou aos diretores e
equipas dos secretariados
diocesanos, na conferência
inaugural do ENC.
D. José Cordeiro disse que é
preciso prosseguir com a
“refontalização” que começou no
Concilio Vaticano II e definiu a
necessidade “da formação
10
do clero e do povo” para a liturgia.
“O centro da liturgia é a Páscoa de
Cristo e celebra o mistério de Cristo
como história da salvação”,
observou, explicando que com este
olhar sobre a liturgia, percebe-se
que ela “aparece como lugar da
catequese por excelência, do
encontro da comunidade com o seu
sentido e com o seu Senhor”.
Depois de alertar para a
necessidade de ir às origens, o
bispo da Diocese de BragançaMiranda frisou que a formação
litúrgica é de “capital importância”
hoje, porque é preciso “uma liturgia
séria, inteligível, capaz de narrar a
perene aliança de Deus com os
homens”.
Herberto Helder,
um poeta com uma obra imortal
O poeta madeirense Herberto
Helder, um dos maiores nomes da
literatura portuguesa
contemporânea, morreu esta
segunda-feira aos 84 anos na sua
casa em Cascais.
Em entrevista à Agência ECCLESIA,
o padre e também poeta José
Tolentino Mendonça, conterrâneo
do autor, destaca a “imortalidade da
sua obra e da sua experiência” de
vida.
Um legado que “permanecerá para
lá do desaparecimento do poeta e
que constitui um dos patrimónios
mais intensamente originais que a
cultura portuguesa de todos os
tempos produziu”, salientou o atual
vice-reitor da Universidade Católica
Portuguesa.
Natural do Funchal, Herberto Hélder
de Oliveira é considerado o maior
poeta português da segunda
metade do século XX e estreou-se
na literatura com a obra “O Amor em
Visita”, em 1958.
Durante quase 60 anos, a par de
outras ocupações profissionais,
inclusivamente como redator e
repórter, publicou dezenas de títulos
como a “Apresentação do Rosto”,
uma autobiografia apreendida pela
Censura em 1968; a “Vocação
Animal” em 1971; “A cabeça entre
as mãos” em 1982; “A faca não
corta o fogo”, em 2008 e
“Servidões” em 2013.
11
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados
emwww.agencia.ecclesia.pt
Portugal tem uma nova basílica em São Bento da Porta Aberta
Eugénia Costa Quaresma - Mobilidade Humana: O trabalho da Obra Católica
Portuguesa das Migrações
12
13
Napolitano por um dia…
O Papa Francisco visitou este
sábado a cidade de Nápoles, após
uma passagem por Pompeia,
condenando a ação da Máfia e
mostrando a sua preocupação com
o desemprego.
“Quem segue voluntariamente o
caminho do mal rouba um bocado
de esperança, pode ganhar alguma
coisinha, mas rouba a esperança a
si próprio, aos outros, à sociedade.
O caminho do mal é um caminho
que tira sempre a esperança,
também à gente honesta e
trabalhadora”, disse, perante
milhares de pessoas reunidas no
bairro de Scampia, dos subúrbios
da cidade italiana.
Visitou ainda o santuário mariano de
Pompeia, onde rezou em silêncio e
falou de improviso à multidão que o
aguardava. Francisco rezou a
‘pequena súplica’, a histórica oração
composta pelo Beato Bartolo Longo,
que em 1875 levou para Pompeia a
imagem da Virgem Maria do santo
Rosário.
Já em Nápoles o Papa apelou à
conversão dos criminosos e seus
cúmplices, para resgatar a cidade e
não deixar que lhes “roubem a
esperança”.
“Aos criminosos e a todos os seus
14
cúmplices, a Igreja repete:
convertei-vos ao amor e à justiça,
deixai-vos encontrar pela
misericórdia de Deus! Com a graça
de Deus, que tudo perdoa, é
possível voltar a uma vida honesta”,
disse Francisco na Eucaristia a que
presidiu.
A prisão de Poggioreale, em
Nápoles, esperava Francisco que se
sentiu feliz por conseguir visitar os
reclusos para levar o “amor de
Jesus” e lembrou que só o pecado
os pode separar de Deus.
"A única coisa que nos pode
separar d'Ele é o nosso pecado,
mas se nós o reconhecermos e
confessarmos com arrependimento
sincero, o pecado torna-se o lugar
do encontro com Ele, porque Ele é a
misericórdia", disse.
Eram muitos os membros do clero e
os religiosos que se encontraram
com Francisco na Catedral de
Nápoles
presenciando a liquefação do
sangue do padroeiro de Nápoles,
São Genaro, guardado numa
ampola.
O Papa falou de improviso e
renovou a sua preocupação com o
que denomina por "terrorismo da
bisbilhotice".
“A bisbilhotice destrói. As diferenças
existem, sim, e isso é cristão, mas
devem ser resolvidas face a face”,
afirmou, perante a catedral cheia.
O último encontro em Nápoles foi
com a juventude onde o Papa
chamou a atenção para a
afetividade e
desejou que encontrem uma nova
primavera.
Lembrou que numa “cultura do
descartável” em que os idosos
jamais devem ser descartados e
disse que “o afeto é o remédio mais
importante”.
Por fim Francisco pediu oração para
que os jovens encontrem saídas
para a crise do desemprego, que
encontrem uma nova primavera e
rematou: “é preciso cuidar dos
jovens, dar-lhes trabalho, e dos
idosos, que são guardiões da
memória”.
15
«Coesão» da Europa depende
«muito mais do que do futuro do
euro»
Os bispos que integram a Comissão
dos Episcopados da Comunidade
Europeia (COMECE) sublinharam,
num encontro com o presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude
Juncker, a urgência de zelar pela
"coesão" do Velho Continente.
Um factor que “muito mais do que
do futuro do euro”, depende da
preservação e partilha de "valores
comuns", salientou o cardeal
Reinhard Marx, presidente da
COMECE.
O diálogo com Juncker aconteceu
no decurso da última reunião
plenária dos bispos católicos
europeus em Bruxelas, que
decorreu entre quarta e esta sextafeira, e permitiu debater o programa
da Comissão Europeia para os
próximos anos.
No âmbito da cimeira que Bruxelas
dedicou sobretudo à crise na
Grécia, a COMECE teve
oportunidade de “levantar questões
acerca da situação atual da Europa,
do futuro da Zona Euro e da
unidade do território”, refere uma
nota enviada à Agência ECCLESIA.
Para o cardeal Reinhard Marx, o
"meeting" com os responsáveis da
Comissão Europeia representou
16
“um claro sinal do interesse que
aquele organismo tem em continuar
o seu diálogo com as Igrejas
cristãs”, como está consagrado o
Tratado de Funcionamento da União
Europeia.
O presidente da COMECE
assegurou que os bispos vão, por
sua vez, “continuar a acompanhar o
processo de integração europeia de
forma construtiva”.
Ao longo dos três dias de reunião
da COMECE, houve ainda
oportunidade para debater formas
novas de reforçar o diálogo e a paz
entre cristãos e muçulmanos,
através do contributo do cardeal
Jean-Louis Tauran.
Destaque depois para a
recondução, durante assembleia
plenária, do cardeal Reinhard Marx
à frente da COMECE.
Cardeal-patriarca de Lisboa e bispo
responsável pelo setor da Família
nomeados para o Sínodo
O cardeal-patriarca de Lisboa, D.
Manuel Clemente, e o bispo de
Portalegre-Castelo Branco,
responsável pela área pastoral da
Família, D. Antonino Dias, vão
representar Portugal no Sínodo dos
Bispos sobre a Família, entre 4 e 25
de outubro.
A informação é avançada hoje pela
sala de imprensa da Santa Sé, na
sequência da ratificação por parte
do Papa Francisco de uma lista de
55 delegados, e respetivos
substitutos, eleitos pelas
conferências episcopais dos
diversos continentes.
D. Manuel Clemente, presidente da
Conferência Episcopal Portuguesa,
e D. Antonino Dias, atualmente à
frente da Comissão Episcopal do
Laicado e Família, vão tomar parte
na segunda sessão do Sínodo dos
Bispos dedicada à Família, em
Roma.
Iniciativa que terá como tema “A
Vocação e a missão da família na
Igreja e no mundo contemporâneo”.
Do lado português, destaque ainda
para a nomeação do bispo de
Leiria-Fátima, e vice-presidente da
CEP, D. António Marto, como
substituto.
Quanto às restantes delegações,
realce para outro responsável
católico de um país de língua
portuguesa, D. Francisco Chimoio,
arcebispo de Maputo, que vai seguir
para Roma em representação de
Moçambique.
Em finais de janeiro, o Papa
Francisco já tinha ratificado uma
primeira lista com 48 delegados
eleitos para o Sínodo, provenientes
dos vários continentes.
17
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em
www.agencia.ecclesia.pt
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Papa «une-se ao luto dos familiares das vítimas» da queda do Airbus A320
Papa Francisco associa-se à celebração do Dia Mundial da Água
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Festejar
D. José Cordeiro
Bispo de
Bragança-Miranda
20
O Papa Francisco ao expor os cinco verbos que
caracterizam a Igreja “em saída” – primeirar,
envolver-se, acompanhar, frutificar – conclui
assim: «Por fim, a comunidade evangelizadora
jubilosa sabe sempre «festejar»: celebra e
festeja cada pequena vitória, cada passo em
frente na evangelização. No meio desta exigência
diária de fazer avançar o bem, a jubilosa tornase beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e se
evangeliza com a beleza da liturgia, que é
também celebração da actividade evangelizadora
e fonte dum renovado impulso para se dar».
A festa responde a uma necessidade vital do ser
humano e tem as suas raízes em Deus. Falo de
festa cristã e não apenas de um passatempo e
que hoje com é frequente fazer parte do circuito
comercial e que muitas comissões de festas
desvirtuam.
Fazemos festa porque é bom viver e alegrarmonos juntos. A festa traz em si mesma a afirmação
do valor da vida e da criação, tornando a nossa
vida mais humana e mais digna. Efectivamente,
como escreveu Maurice Zundel, no poema da
Sagrada Liturgia: «O cristianismo reside
essencialmente em Cristo e é mais a sua Pessoa
do que a sua doutrina».
O ponto central de todas as festas cristãs é a
celebração da Eucaristia, porque «as festas dos
Santos proclamam as grandes obras de Cristo
nos seus servos e oferecem aos fiéis os bons
exemplos a imitar» (Sacrosanctum Concilium
111).
O domingo é o principal dia de festa para os
cristãos, o dia de alegria e do repouso, no qual a
Igreja celebra o mistério pascal todos os oito
dias. Desde as origens do cristianismo que se
celebra o Domingo.
Mas o dia da festa de Nossa
Senhora ou do Santo ou da Santa
padroeira da Paróquia, da Unidade
pastoral, do Concelho, do
Santuário, da Confraria, da
Irmandade, enquanto manifestação
popular traz consigo valores
antropológicos e cristãos que têm
de ser considerados:
· O encontro da família e dos
amigos;
· A quebra da monotonia e celebrar
algum acontecimento com alegria,
felicidade e descanso;
· A experiência do dom e da
gratuidade e da liberdade que
remete para a transcendência;
· A novena ou tríduo de preparação
com a Eucaristia, a Reconciliação, a
escuta da Palavra, o rosário, a
reflexão, a oração comum;
· A procissão como acto público de
fé e de peregrinação;
· A esmola feita com dignidade
e discrição sem a ostentação do
dinheiro das notas de papel nas
fitas das imagens;
· A Liturgia, lugar da relação com
Cristo, na escuta da Palavra, na
experiência do mistério e na espera
da sua Glória.
A beleza da Liturgia é a arte de
rezar com nobre simplicidade nos
gestos e orações, na música, no
canto, na palavra, no silêncio, nas
procissões, na piedade popular, na
alegria do coração. A festa e as
festas são para dar sentido à vida,
ou como dizia Santo Atanásio no
séc. IV: «Cristo ressuscitado faz da
vida do ser humano uma contínua
festa».
Festejar é próprio de quem sente
que é amado por Deus. Deus ama e
chama no quotidiano e na festa a
participar do Seu Amor.
21
Os comentadores multimedia
Rita Figueiras
Universidade Católica
Portuguesa
22
Ao longo dos últimos anos, o mercado do
comentário em Portugal tem-se expandido,
refletindo a valorização dada à opinião, ao
debate e à discussão no quadro da sociedade
democrática, mas tem-se expandido também por
motivos comerciais, patentes nas estratégias de
recrutamento de rostos conhecidos do grande
público e na disputa desses mesmos rostos pelos
variados media.
O destaque crescente dado à opinião tem vindo
a consolidar algumas tendências no sector. Por
um lado, verificamos que há um conjunto
reduzido de comentadores que acumulam muitos
espaços de opinião nos mais variados meios,
para além de uma presença forte na blogosfera.
Vejamos alguns exemplos: Pedro Marques Lopes
é colunista no Diário de Notícias, na Bola, no
programa Bloco Central na rádio TSF e no Eixo
do Mal na SIC Notícias. Ricardo Araújo Pereira é
comentador na revista Visão e no Governo
Sombra, programa que é emitido na rádio TSF e
no canal de televisão por cabo TVI24. Daniel
Oliveira comenta no Expresso, no Record, no
Eixo do Mal na SIC Notícias e no Sem Moderação
do Canal Q. José Pacheco Pereira é,
simultaneamente, comentador no jornal Público,
da revista Sábado e na Quadratura do Círculo na
SIC Notícias.
É igualmente notória a crescente divisão do
espaço de opinião televisivo entre os partidos de
governo nos canais generalistas e dos partidos
com assento parlamentar nos canais de notícias
por cabo, verificando-se um processo de
lottizzazione
partidária do espaço de opinião.
Estes comentadores fazem também
parte da pool de porta-vozes dos
seus partidos no parlamento,
acumulam participações em
diferentes fóruns e circulam
abundantemente entre as várias
esferas de visibilidade, revelando
experiência mediática e capacidade
adaptativa aos novos palcos da
comunicação. São ainda exemplos
ilustrativos de uma dupla tendência
no espaço de opinião em Portugal:
por um lado, a figura do comentador
multimédia parece estar em franco
crescimento e, por outro, a
compartimentação do comentário
como manifestação de
uma partidocracia é uma
característica que se acentua.
A valorização da opinião é evidente
na crescente presença de espaços
de opinião nos mais variados media.
No entanto, esta diversidade parece
ser mais ilusória do que real. O
aumento do número de espaços de
opinião, mais do que ser um
indicador de debate plural, parece
antes demonstrar que poucas
individualidades e perspetivas têm é
continuamente mais lugares onde se
expressar.
23
“Ladrões de Esperança”
Francisco viajou por estes dias para uma região
italiana onde o Estado de Direito vive
amordaçado e se verga com frequência aos
interesses obscuros da Máfia e da Camorra. O
cordeiro foi ao encontro dos lobos? De forma
alguma. Nápoles é feita de gente honesta que
apenas deseja dignidade e reconhecimento.
Francisco foi ali falar da esperança que alguns
pretendem retirar aos muitos que fazem a cidade
e lhe dão rosto.
Henrique Matos
Agência ECCLESIA
24
“Quem segue voluntariamente o caminho do mal
rouba um bocado de esperança, pode ganhar
alguma coisinha, mas rouba a esperança a si
próprio, aos outros, à sociedade. O caminho do
mal é um caminho que tira sempre a esperança,
também à gente honesta e trabalhadora”. As
palavras são do Papa e foram proferidas perante
milhares de pessoas reunidas no bairro de
Scampia, dos subúrbios da cidade italiana. Mas
os ladrões de esperança estão hoje
disseminados por muitas latitudes e contaminam
as próprias instituições que nasceram para
assegurar os direitos e as expetativas dos
cidadãos. Se em Nápoles se chama crime
organizado, noutras paragens adquirem nomes
como "interesses do mercado",
"constrangimentos económicos", "flexibilização
laboral", “egoíosmo”, “sede de poder” e
poderíamos continuar. Francisco acrescentava,
“Isto é grave. O que faz um jovem sem trabalho,
que futuro tem, que caminho escolhe? Esta é
uma responsabilidade, não só da cidade ou do
país mas também do mundo.
Porquê? Porque há um sistema
económico que descarta as
pessoas”. A cultura do descartável
já tinha merecido a condenação
pontifícia em ocasiões anteriores, é
por demais evidente a forma como
penetrou no tempo e no
pensamento de cada um de nós.
Tudo é a prazo, e esse, mede-se na
proporção do interesse. Se já não
interessa deita-se fora. Esta bitola
não é só para futilidades, define
também a essência do mercado de
trabalho, até mesmo, a qualidade
dos relacionamentos. Voltamos às
palavras de Francisco: “Esta falta
de trabalho rouba-nos a dignidade.
Temos de lutar contra isto, temos de
defender a dignidade dos cidadãos,
dos homens, das mulheres, dos
jovens. Este é o drama do nosso
tempo”.
assumimos o outro com um
“próximo” mas como “concorrente”.
A Quaresma está a chegar ao seu
termo, espera-se que este tempo
propício à mudança dos corações
tenha produzido o seu fruto. Pedese uma atitude vigilante. Vivamos
da melhor forma estes últimos dias
de quaresma e entremos renovados
no Tríduo da nossa libertação.
É o caminho do mal o grande
ladrão de esperança, e
quem o trilha não são
apenas os que controlam
a máfia napolitana, é
também cada um de
nós... quando falhamos
as expetativas ou a
confiança que
depositaram em nós,
quebramos as promessas,
caímos na infidelidade aos
compromissos assumidos, não
25
O local onde nasceu uma mensagem de paz universal está
constantemente em guerra. No Médio Oriente, os locais da
Terra Santa, palco das narrativas do Antigo e do Novo
Testamento, a afirmação de identidades culturais e religiosas
motiva conflitos entre estados e entre etnias, que todos os
dias colocam em causa a dignidade de todas as pessoas,
nomeadamente os cristãos. Apesar de tudo, é nesses locais
que cristãos de todo o mundo se inspiram para viver a paz e
aprendem a linguagem do perdão que a cruz ensina. Os
acontecimentos da Páscoa recordam-na de forma plena.
26
27
Médio Oriente:
Uma região onde apenas é possível
controlar danos
Luís Valença Pinto, antigo chefe do Estado Maior General das Forças
Armadas de Portugal, analisa a situação geopolítica no Médio Oriente, que
está na origem da fuga dos cristãos da região e desafia os católicos de todo
o mundo a visitar a Terra Santa não como peregrinos, mas como “bandeiras”
do cristianismo.
Entrevista de Paulo Rocha
Agência Ecclesia – No berço de
uma mensagem de paz acontecem,
sucessivamente, conflitos. Estamos
diante da teoria de que os polos
opostos que atraem?
Luís Valença Pinto - Estamos
perante a consequência triste e
trágica de um conjunto de decisões
muito erradas que têm sido tomadas
nos últimos 100 anos.
No território sempre houve tensões.
A presença otomana foi geradora
de alguma paz, mas no sentido de
ausência de conflitos, não paz
profunda, baseada em critérios de
justiça e da não discriminação.
Depois disso, na sequência da
falência do
28
Império Otomano e das crises
do início do séc. XX, geraram-se
acontecimentos muito errados, que
têm como contexto profundo e
permanente as oposições entre
sunitas e xiitas. Das várias fações!
Nesse quadro de oposições
cavaram-se acontecimentos mais
trágicos.
29
O acordo com que o famoso
Lawrence da Arábia promoveu e
conseguiu juntos dos povos árabes
da região, com o acordo e
beneplácito das autoridades
britânicas, do Cairo de que ele
dependia diretamente e também de
Londres, era quase “clânica”, tinha
uma conceção organizada em
xeiques e emiratos. Aprovada em
1915, não impediu que no ano
seguinte, em 1916, as potencias
coloniais daquela região, franceses
e britânicos, tenham estabelecido o
famoso acordo de Sykes-Picot que
dividiu a região em estados,
completamente à revelia da matriz
familiar e religiosa que a
caraterizava.
Outro acontecimento foi a inclusão
de Israel, em 1948, pela forma
imposta como foi feita, sem
nenhuma atenção à realidade árabe
daquela região. Finalmente, o
enorme equívoco (sendo generoso)
que foi a invasão americana do
Iraque pelas consequências que
trouxe para aquele país e para toda
a região.
30
AE – Como se deveria ter
encontrado um Estado para Israel,
em 1948?
LVP – É completamente
compreensível que, no clima da
época e na sequência da II Guerra
Mundial e do que se passou com o
povo judeu, houvesse essa visão de
se encontrar mais do que um
estado, um “santuário”. Julgo que a
ideia era encontrar um santuário,
um sítio onde não aparecessem
perseguições, holocaustos e onde
os judeus pudessem definir a sua
própria segurança. Esta era a
grande linha condutora da política
israelita. Houve outras hipóteses,
nomeadamente Angola, Austrália e
outros locais extraordinários foram
considerados para esse efeito. Mas
é ali, naquela região, pelo menos!
Mas não poderia ser: chegar, impor
e tudo o resto se tem de acomodar.
Teria de haver um processo
negocial, o que não aconteceu.
AE – A matriz familiar e religiosa é,
recorrentemente, esquecida no
debate geopolítico sobre a região?
LVP – Muitos dos processos que lá
ocorrem convidam a um repensar
geopolítico da região. Não sei o que
é possível, porque não sou
favorável a arranjos geopolíticos do
tipo “cantonização”. Os povos, hoje,
podem e devem viver
conjuntamente
e a convivência é uma boa regra.
Está aberto o rearranjo geopolítico
da região. Não se pode voltar às
tribos, aos clãs, aos emires e aos
xeiques. O que não quer dizer que
não se repensem as definições dos
estados na região, com atenção à
dimensão da matriz familiar e
religiosa. Mas a motivação principal
deve ser a da convivência dos
povos da região.
31
AE – Com estados para cada um
deles?
LVP – Não. Sou absolutamente
contra a “cantonização” das
sociedades e dos povos atrás de
barreiras políticas porque não é
nem boa expressão de paz e
saudável convivência, no imediato,
como é potenciadora de conflitos no
médio prazo.
AE – Mas há identidades culturais
que se têm de rever em torno de um
Estado, nomeadamente Israel e
Palestina…
LVP – Com certeza que sim. Nesse
âmbito considero preocupantes os
resultados nas eleições israelitas e
as declarações que se seguiram.
Benjamin Netanyahu afirmou mais
uma vez o “estado único”. Só se
quiser dizer que, a prazo,
nomeadamente por causa da
demografia, haverá um “estado
único” de predominância árabe (o
que não creio que esteja no espírito
dele). O razoável é que venha a
haver: Israel redefinido nas suas
fronteiras, porque o que se passou
em 67 não pode definir as fronteiras
definitivas de Israel; e um estado
palestiniano. O que não desejaria é
que os palestinianos vivessem na
Palestina e os hebreus em Israel.
Acho que o saudável é que em
qualquer uma das entidades vivam
hebreus, árabes e cristãos. Porque
neste processo, que tenta opor
judeus e árabes, as comunidades
cristãs têm sido completamente
erodidas e de uma maneira
completamente infame. Pelas duas
partes, mas mais pelo lado israelita
do que pelo lado árabe.
Controlar danos: a única
possibilidade
AE – Podemos correr o risco de
potências extremistas da região
imponham novos estados, novas
fronteiras, pela força?
LVP – Pode haver esse “apetite”.
Não creio que a Comunidade
Internacional aceite uma coisa
dessas.
O exercício geopolítico da região é
muito completo, é um verdadeiro
32
puzzle. É mais do que xadrez. É um
puzzle em que cada peça tem mais
do que uma cabeça e ajusta-se em
mais do que um sítio, com mais do
que um promotor ou apoiante. Há
uma grande oposição de fundo
entre iranianos e sauditas, mas não
creio que possam ser livres de fazer
o que querem naquela região, nem
em qualquer outra. É importante a
paz de toda aquela gente.
Não sei o que é mais perigoso, do
ponto de vista dos israelitas: se o
Irão com os seus próximos, se a
Arábia Saudita com os outros
sunitas, o Egito, por exemplo. A
Irmandade Muçulmana não está
neste momento numa posição de
responsabilidade do estado egípcio,
mas fez declarações no sentido da
existência de uma onda sunita.
Uma situação que é dificultada
também porque em cada uma das
várias unidades geopolíticas que lá
estão constituídas acontece pelo
menos duas coisas: um processo
próprio e o eco do processo muito
complexo da região.
A minha visão é que é uma quimera
pretender resolver. O que é preciso
é encontrar uma maneira de “viver
com”. Os vários atores têm de ter a
preocupação de controlar a paz e
não impor a paz, de convencer e
não de vencer. Numa linguagem
mais técnica, a única coisa que se
pode aspirar na região é um
controlo de danos.
33
AE – Quer dizer que a paz não é
possível na região?
LVP – Não sei onde a paz é
possível…! Se falarmos da paz
nominal, a ausência de combates, é
certamente possível. Se falarmos na
paz verdadeira, assente na justiça,
na não discriminação no plano
económico, político, religioso, social,
etc, a paz é desejável, mas um
caminho difícil de percorrer e uma
meta difícil de alcançar.
AE – Qual o papel da comunidade
internacional nesse “controlo de
danos”?
LVP – Primeiro perceber o realismo
que há na ideia de “controlo de
danos”. Depois alguns extremismos
que encontramos na comunidade
internacional apoiantes de partes da
região tinham de ser muito
censurados. Por exemplo, o apoio
cego e ilimitado da comunidade
judaica dos Estados Unidos à
política mais extremista de Israel é
um fator de perturbação e não pode
ser determinado pelo facto da
comunidade judaica ser um
elemento muito importante nas
eleições norte-americanas.
34
Não pode haver mais duplicidade no
reconhecimento do direito aos
palestinianos de terem o seu estado
e das comunidades cristãs viverem
na região como cidadãos de pleno
direito.
A comunidade internacional não
pode aceitar “estados
confessionais”.
Cristãos são ignorados
AE - Qual o espaço para os
cristãos, em todo esse contexto?
LVP – Os cristãos são
completamente ignorados! Como
são uma parte fraca, são uma parte
abusada.
AE – Por serem minoria?
LVP – E por não estarem
politicamente organizados como
está Israel ou a Autoridade
Palestiniana, para não falarmos dos
estados árabes da região.
AE – Qual o papel da comunidade
internacional para estancar a fuga
dos cristãos? O Papa Francisco tem
repetido apelos nesse sentido…
LVP – O que o Papa tem feito e dito
é de uma grande clareza e
frontalidade e, do ponto de vista
político, de uma grande coragem.
Não tem tido o suficiente eco. Mas à
Igreja compete
também a pastoral e, nesse
domínio, está a fazer o que pode e
muito bem, com a expectativa de ter
resultados a prazo.
Há dois discursos: um que o Papa
faz em público, que nós sabemos, e
depois há com certeza outro,
diplomático, feito no segredo das
chancelarias, embaixadas e
encontros bilaterais.
Atribuindo todos nós ao Papa
Bergoglio uma dimensão de verdade
e frontalidade e de abertura
luminosa, não tenho nenhuma
dúvida que aquilo que ele diz em
público não deixará de dizer em
privado, e porventura com mais
veemência.
35
AE – A Páscoa recorda de forma
referencial os lugares santos. A
visita que é possível realizar a
alguns deles permanece como o
único meio para manter a ligação ao
cristianismo nascente, enquanto
mensagem de paz, na região?
LVP – A principal motivação para a
presença de cristãos de todo o
mundo na Terra Santa não deveria
ser apenas o turismo religioso. As
pessoas não podem lá ir apenas
para ver a basílica A, o túmulo B, o
Monte das Oliveiras… Têm de lá ir
como bandeiras, para evidenciar
que aquelas tímidas e frágeis
bandeiras que lá estão, os cristãos,
não estão sozinhos no mundo.
Representam uma parte muito
importante da consciência universal,
que tem para com eles sentimentos
de responsabilidade e de
solidariedade.
AE – E é uma forma do fator
religioso se envolver no
compromisso de procura de paz
para a região?
LVP – Mas sem se materializar em
cantão. Desejaria muito que
houvesse um estado de Israel com
árabes, israelitas e cristãos e um
estado palestiniano com
palestinianos, israelitas e cristãos. O
que implica esquecer ideias como
“povo eleito” ou “partido de Deus”.
37
36
No ambiente da Bíblia
A 13 de Outubro de 1969, cheguei a
Jerusalém para uma especialização
em estudos bíblicos na “Escola
Bíblica e Arqueológica Francesa”.
Em vez de regressar a Portugal ao
fim de dois anos, como previsto,
fiquei lá para prosseguir o estudo
da Bíblia nas terras onde o Antigo
Testamento foi escrito e Jesus
nasceu, viveu, exerceu a sua
actividade, foi morto e, finalmente,
se manifestou ressuscitado aos
primeiros discípulos. Além de lugar
de residência, a Terra Santa tem
sido objecto do meu estudo.
É óbvio que a Bíblia é uma obra
humana. Só a fé permite reconhecer
que ela é também palavra divina. O
acesso a esta passa pelo sentido
das palavras humanas, que
depende, em boa parte, das
circunstâncias em que elas foram
ditas ou escritas e ouvidas ou lidas
pela primeira vez.
O imaginário do Antigo Testamento
é essencialmente rural, tendo por
matriz, fonte e referente as
realidades da vida campestre, em
particular as suas duas actividades
principais: o
38
cultivo da terra e a pastorícia, que
eram os dois pilares da economia da
Palestina. Segundo Gn 2,4b3,24, Deus criou o homem agricultor.
Os trabalhos agrícolas dão os
nomes aos tempos do ano em que
se fazem. As colheitas são o objecto
de três das quatro grandes festas
anuais: Os Ázimos e as Semanas
celebram o começo e o fim das
ceifas; as Cabanas celebram o fim
do ano agrícola. A Páscoa, a outra
grande festa anual, estava ligada à
pastorícia. As relações entre Deus e
o povo expressam-se com metáforas
tomadas da agricultura, sobretudo
da viticultura, assim como do
pastoreio. Metáforas da mesma
origem expressam a felicidade e o
infortúnio.
O imaginário dos Evangelhos é
predominantemente rural, como o
do Antigo Testamento. Deste ponto
de vista, a novidade dos Evangelhos
é o lugar que neles ocupam o
chamado mar da Galileia, e as
populações ribeirinhas. A actividade
piscatória é fonte de algumas
imagens usadas por Jesus, por
exemplo, a metáfora
com que evoca a missão dos
primeiros discípulos, pescadores de
homens, assim como a parábola da
rede lançada ao mar.
A compreensão do sentido
originário dos textos bíblicos
pressupõe o conhecimento da
cultura, inclusivamente da cultura
material, dos seus autores, que se
situam entre o séc. VIII a.C. e os
começos do séc. II d.C. Ora, essa
cultura assenta na Geografia, no
clima, na flora e na fauna da
Palestina. A experiência mostrou-me
que a familiarização com a Terra
Santa é uma mais-valia inestimável
para compreender e sentir os textos
bíblicos.
Para os cristãos, a apreensão do
sentido originário da Bíblia não
pode ser senão uma primeira etapa.
Deve seguir-se a actualização
desse sentido, isto é, a sua
apropriação pelas comunidades
cristãs de todos os tempos e
lugares.
Frei Francolino J. Gonçalves, OP
39
Jerusalém, cidade bem construída,
harmoniosamente edificada. (Sl 122,
3)
Passaram já alguns anos desde que
cheguei a Jerusalém pela primeira
vez. Não são muitos mas os
suficientes para experimentar, por
exemplo e infelizmente, três guerras
de Gaza (2009, 2012 e 2014).
Cheguei em setembro de 2008 para
fazer estudos em Sagrada Escritura
e Arqueologia Bíblica no Studium
Biblicum Franciscanum que desde
os inícios do séc. XX, sob a guia da
Ordem dos Franciscanos Menores,
permite fazer estes mesmos estudos
em Jerusalém. O facto da
Associação religiosa, da qual sou
membro, Silenciosos Operários da
Cruz, possuir em Jerusalém uma
comunidade ajudou à escolha de
Jerusalém para poder realizar os
ditos estudos. Jerusalém é uma
cidade fascinante. Provavelmente é
melhor falar de três “cidades”, isto
é, três realidades na mesma cidade.
O centro desta é a «cidade velha»,
a cidade dentro das muralhas com
os seus diversos bairros
(muçulmano, judeu, cristão e
arménio) e depois as partes oriental
(de maioria árabe) e ocidental (de
maioria judaica). Dizia que o centro
40
é a «cidade velha» até porque aí se
situam três lugares lugares
importantes para as três religiões
monoteístas: o Muro das
Lamentações para a religião
judaica, o Monte das Mesquitas para
a religião muçulmana e a Basílica do
Santo Sepulcro (ou da
Ressurreição) para os cristãos de
todo o mundo. Portanto o primeiro
desafio é ser capaz de viver nesta
cidade respeitando a fé e os lugares
das diferentes religiões. Um
segundo desafio é aquele de ser
capaz de viver com pessoas com
culturas diferentes, penso
essencialmente na relação com a
população árabe, onde está inserida
a comunidade dos Silenciosos
Operários da Cruz. Um terceiro
desafio, este ao nível da
cristandade, é o de ser capaz de
viver e relacionar-se com pessoas
de outras Igrejas e comunidades
cristãs. Neste último desafio ajudou
muito a experiência académica pois
no Studium Biblicum
Franciscanum estudaram e estudam
pessoas de outras Igrejas,
especialmente das Igrejas
Ortodoxas Grega e Russa. Todas
estas relações e algumas amizades
deram-me
Uma judia, uma árabe muçulmana e uma portuguesa
41
a oportunidade de perceber que é
muito mais o que nos une do que
aquilo que nos separa, seja raça,
religião ou cultura. No capítulo da
relação com as outras Igrejas e
comunidades cristãs é também
muito significativa a vivência da
Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos (que por razões do
calendário de Natalício das
diferentes Igrejas celebra-se uma
semana mais tarde
42
em relação àquela “oficial”) onde
cada dia é vivido nas diversas
Igrejas com o seu respectivo rito e
onde se pode experimentar uma
união, em Cristo, ainda que na
diversidade de cada tradição.
Viver a Quaresma e a Páscoa em
Jerusalém é também uma vivência
única. Durante o Tempo de
Quaresma e o Tempo Pascal a
Custódia de Terra Santa dos
Franciscanos Menores,
que por aqui andam desde os
tempos de S. Francisco de Assis,
organiza diversas peregrinações
nos diferentes locais ligados aos
acontecimentos do Mistério Pascal
de Paixão, Morte e Ressurreição de
Jesus Cristo. Os pontos altos são as
Vigílias de Oração nas noites de
sábado para domingo em cada
semana da Quaresma, a procissão
de Domingo de Ramos que parte de
Betfagé e que segue o mesmo
caminho que, segundo a tradição,
percorreu o próprio Jesus até à sua
entrada messiânica em Jerusalém
(Mt 21,1-10; Mc 11,1-11; Lc 19,2940; Jo 12,12-19). Tudo culmina com
a celebração do Tríduo Pascal com
a celebração na Basílica do Santo
Sepulcro, sempre de manhã cedo
por causa do Status Quo que rege a
vida das diferentes comunidades
presentes ao interno da Basílica.
Quanto à experiência específica da
acção da Associação
dos Silenciosos Operários da
Cruz que é o viver e caminhar, na fé
cristã e na humanidade, com as
pessoas que sofrem, com as
pessoas “com
deficiência” e com os seus
familiares. Trata-se de uma vivência
que vale a pena, ainda que difícil,
seja pelo facto da língua (o árabe,
que é a língua dos cristãos locais,
não é uma das mais fáceis de
aprender) e o próprio facto da fé
cristã ser comum alguns pertencem
a outras Igrejas que não a Católica.
E até aqui, como dizia
anteriormente, é sempre mais o que
nos une do que o que nos separa.
Pois dor e sofrimento não creio que
conhecem raça ou religião, se bem
que estas condicionam a forma
como se vive o tempo da dor e do
sofrimento. Pois Jesus Cristo é o
mesmo para qualquer cristão e Ele
que não fez nenhum tratado sobre o
sofrimento mas mostrou-nos com a
sua vida e com a sua morte de que
forma somos chamados a viver o
tempo do sofrimento.
Desde Jerusalém desejo-vos uma
Santa Páscoa.
Padre Johnny Freire
43
A “via-sacra” dos cristãos
no Médio Oriente continua
A diretora da Fundação Ajuda à
Igreja que Sofre (AIS) alerta para a
Via-Sacra “difícil de ultrapassar” que
os cristãos no Médio Oriente têm
vivido nos últimos quatro anos e
considera que a Comunidade
Internacional não pode ser “cínica”.
“Têm de acabar os cinismos, não
podemos esquecer que existem
muitos países que continuam a fazer
muito dinheiro com venda de
armamentos, compras de petróleo a
baixo preço”, comenta Catarina
Martins, sobre a discussão à
situação específica dos cristãos que
vai começar esta sexta-feira nas
Nações Unidas.
À Agência ECCLESIA, a responsável
comenta que “é chocante ver a nãoreação” da Comunidade
Internacional, dos governos e das
organizações que “gerem o mundo”,
de não focarem nunca o problema
dos cristãos perseguidos e até
“evitam falar da palavra cristãos”.
“É tudo cinismo e hipocrisia do
mundo ocidental”, observou a
diretora da AIS que considera que a
sociedade civil
44
tem de “obrigar” os governos a
terem “posições mais fortes”.
Para Catarina Martins “todas as
minorias” têm o direito de estar no
seu lugar e “não podem fugir” só
porque há uma parte da população
que não concorda, como acontece
com o autoproclamado Estado
Islâmico e alerta para as
consequências do desaparecimento
da cultura cristã.
“Se a comunidade cristã desaparece
completamente há determinados
valores que vão desaparecer e
pode haver um desequilíbrio que
não sabemos ainda as
consequências para o resto do
mundo”, desenvolve, observando
que o planeta “é uma aldeia” e as
consequências não são só locais.
Neste contexto, Catarina Martins
afirma que nos últimos quatro anos
os cristãos no Médio Oriente vivem
uma contínua Via-Sacra e questiona
qual seria a reação de cada se
estivesse na mesma situação.
“Como é que nós reagiríamos se
fôssemos obrigados a sair da nossa
casa só com o que temos vestido e
com a nossa família. Muitas vezes a
família também ficou para trás,
alguns porque se perderam, outros
porque foram assassinados”,
contextualiza sobre a Via-Sacra
“difícil de ultrapassar”.
A entrevistada afirma que “muitas
vezes” não se fala da presença
cristã que está a ser ameaçada, “de
um genocídio”, com a
perseguição, morte e deslocação
dos cristãos e outras minorias,
raízes cristãs que “não podem
desaparecer” de “zonas bíblicas”.
“Nós temos de ajudar de facto que
estas pessoas possam regressar às
suas terras, recomeçar a sua vida e
ajudar a que a presença cristã se
mantenha nestas terras”,
acrescentou.
45
Quotidiano na Terra Santa
“Se o exército israelita conseguir o
que quer, irão tirar-me a terra e
construir um muro. Isso faz-me
sentir como se alguém perfurasse o
meu coração. Estas oliveiras
pertencem à minha família há muitos
anos. Elas sustentam-nos. Estão a
levar mais do que terra e rendas:
estão a tirar-nos a nossa
identidade”, relata Musa, 70 anos,
cristão ortodoxo de Beit Jala,
próximo de Jerusalém, perante a
expropriação iminente da sua terra.
Outras 50 famílias cristãs
encontram-se na mesma situação.
Direta ou indiretamente estão a ser
afetados pela confiscação de terras:
ou porque a construção de um muro
será feita nesses terrenos ou
porque deixarão de ter acesso a
elas.
“Rezamos para que haja uma
alternativa na rota que deixe as
terras para as comunidades cristãs
e suas famílias”, disse o bispo
Shomali, do Patriarcado latino,
responsável pelos territórios
palestinos. Durante semanas, os
fiéis juntavam-se a cada sexta-feira
no vale de oliveira do Cremisa, local
possivelmente afetado
46
pela barreira, para celebrar a
eucaristia e rezar.
“Ainda acreditamos na justiça e
esperamos o melhor”, afirma o
bispo, acrescentando um pedido ao
“benfeitores da Fundação Ajuda à
Igreja que Sofre” para rezarem pela
proteção dos direitos dos cristãos.
---“Tínhamos esperança que com a
visita do Papa em maio e depois do
encontro no Vaticano para rezar,
com o Presidente israelita Peres e o
nosso presidente Abbas, mas o que
aconteceu depois? Tudo piorou”,
recorda George Azenian, um cristão
ortodoxo arménio, comerciante na
Praça da Manjedoura, junta à Igreja
da Natividade, que vende cruzes e
rosários.
“A guerra em Gaza, depois a
violência em Jerusalém: as pessoas
têm medo e deixaram de vir.
Estamos a sofrer enormes perdas
em comparação com o ano
passado”, afirma queixando-se da
quebra de visitantes.
“Só em Israel é preciso uma
permissão para rezar. Por isso a
nossa organização está há anos a
chamar a comunidade internacional
à atenção para que faça pressão
com Israel, para mudar esta prática.
Os muçulmanos e os cristãos
palestinos deveriam poder visitar
sem dificuldades os lugares santos
em Jerusalém para rezar”, afirma
Rifat Kassis, um colaborador da
organização cristã
supraconfessional de direitos
humanos, Kairos Palestina.
Para entrar em Israel, os palestinos
da Cisjordânia e de Gaza têm que
pedir uma permissão à chamada
Administração Civil, organismo em
Israel que autoriza as entradas. Há
queixas por parte de alguns cristãos
que consideram que as autoridades
atuam de forma restrita nas
autorizações de entrada durante a
Semana Santa cristã, acontecendo
uma parte de uma família obter
autorização e outra ficar do outro
lado do muro.
À Ajuda à Igreja que Sofre a
administração civil de Israel deu
conta de 16 mil pedidos de
autorização de entrada em Israel,
tendo sido concedidos 14 mil,
estando os restantes a ser
analisados. O Patriarca Latino de
Jerusalém dispõe de números mais
baixos.
Por Ajuda à Igreja que Sofre
47
Razões para visitar a Terra Santa
A Ecclesia e a Faculdade de
Teologia promovem uma
peregrinação à Terra Santa. Alguns
peregrinos adiantam as razões para
esta peregrinação.
Era um sonho antigo este de estar
em imersão na terra calcorreada por
Jesus. Desejo ver a luminosidade,
sentir e cheirar os lugares por onde
Jesus foi tecendo as Suas relações.
Dou catequese há muitos anos e já
sonhei muito com todos estes
lugares. (Helena Presas)
No meio de tanto ruído, correria e
preocupações da alma, sou
interiormente desafiada a peregrinar
aos lugares onde Jesus viveu a sua
vida pública. Estou expectante, em
conseguir desfrutar nesta viagem,
de uma vivência de fé,
relacionamento e união mais
profunda com Deus, e
concomitantemente, rever a minha
vida à luz do Evangelho, ao visitar,
pisar e orar nos lugares por onde
Ele passou. (Maria Adelaide Ferreira
Cabral)
Peregrinar à Terra Santa é procurar
no espaço e na História a presença
do Filho de Deus que se fez
Homem. Mistério dos mistérios!
(Manuela Correia)
48
É para mim um sonho muito antigo
efetuar a peregrinação à Terra
Santa pois considero um grande
enriquecimento espiritual poder
seguir nesse lugar as passadas do
divino Mestre. Além disso também
me vou sentir culturalmente mais
rica devido ao acompanhamento de
um mestre na matéria como é o
Padre João Lourenço. (Maria
Manuela Leitão)
Conhecer a Terra Santa tem sido um
objetivo silencioso na minha Vida: o
desejo de conhecer os lugares
sagrados de que tanto ouvimos falar
e imaginar aquando das
celebrações litúrgicas. Nunca
planeei tal viagem, mas eis que bem
no final de um Curso de
Espiritualidade Cristã na Faculdade
de Teologia da UCP veio até mim o
anúncio desta Peregrinação. Então,
o ato de peregrinar percorrendo os
passos de Jesus por locais
contextualizados pela História, ainda
viva, e marcados pela Sua Vida
passou a ser um objetivo nada
silencioso e muito expectante. Na
companhia do meu marido dou
graças a Deus pela experiência de
fé e renovação que teremos a
oportunidade de vivenciar. (Maria
João Zilhão)
Poderei apresentar algumas
motivações para esta Viagem à
Terra Santa. Naturalmente que não
deixarei de me Centrar na Pessoa
de Jesus, mas procurarei melhorar o
meu conhecimento em vários
contextos relacionados com a sua
Pessoa, histórico, geográfico,
religioso, sociológico. Levo comigo
algumas dúvidas que procurarei
esclarecer. O porquê daquela Terra
ter sido ao longo dos séculos palco
constante de conflitos, como aquele
Povo se fidelizou/desfidelizou a um
Deus único, como o Cristianismo
influenciou toda a humanidade e
quais as dificuldades que se põem
às pessoas de hoje o entendimento
dessa mensagem. Um passeio que
pode ser útil e agradável, e espero
sentir que Jesus também por ali se
passeou nem sempre de maneira
agradável mas seguramente
necessária.
Rui César Gomes
Esta peregrinação era um sonho,
que acalentava há já algum tempo.
Sou uma cristã, católica praticante
que pretendo percorrer os caminhos
que JESUS percorreu, vivendo
intimamente a Sua vida e
especialmente a sua paixão, morte e
ressurreição. Sinto que a minha vida
espiritual vai ficar bem mais
enriquecida! Agradeço a Jesus esta
oportunidade que me deu. As
minhas cordiais saudações.
Zilda do Céu Pardal
49
50
51
Vaticano pede ajudas para os
cristãos perseguidos na Síria e
Iraque
O Vaticano apelou aos católicos de
todo o mundo que ajudem as
comunidades cristãs perseguidas na
Síria e Iraque, que vivem um
“momento dramático”.
O pedido foi apresentado pelo
cardeal Leonardo Sandri, prefeito
da Congregação para as Igrejas
Orientais (Santa Sé), na carta aos
episcopados de todo o mundo, por
ocasião da coleta anual de Sextafeira Santa (3 de abril, em 2015).
O documento, divulgado pela sala
de imprensa da Santa Sé, é
acompanhado por um relatório que
descreve a aplicação dos donativos
de 2014, em particular a ajuda de
emergência (cerca de 2 milhões de
euros) destinada à Síria e ao
Iraque.
“Há milhões de deslocados que
fogem da Síria e do Iraque, onde o
grito das armas não se cala e o
caminho do diálogo e da concórdia
parece completamente perdido, ao
mesmo tempo que parecem
prevalecer o ódio insensato de
quem mata e o desespero
desarmamento de quem perdeu
tudo e foi expulso da terra dos seus
pais”, alerta o cardeal Sandri.
52
Segundo o responsável da Santa
Sé, as comunidades católicas têm
de estar atentas a estes
acontecimentos, para evitar a “fuga”
dos cristãos da Terra Santa.
“Só na unidade de espírito e na
caridade fraterna de todos os
discípulos de Cristo, a Igreja, sua
esposa, poderá dar testemunho de
esperança aos seus filhos que
vivem todos os dias os mesmos
sofrimentos do Senhor humilhado e
abandonado”, escreve.
O cardeal Sandri deixa votos de que
a coleta anual seja acolhida por
parte de todas as dioceses, “para
que possa crescer a participação
solidária” em favor das populações
cristãs no Médio Oriente,
oferecendo-lhes “o apoio
necessário”.
A Igreja Católica promove
anualmente uma recolha de
donativos para as comunidades que
vivem na Terra Santa e para a
manutenção dos lugares ligados à
vida de Jesus e ao início do
Cristianismo.
O Papa Paulo V, com o documento
‘Cœlestis Regis’, de 22 de janeiro de
1618, foi o primeiro a determinar
a finalidade desta recolha de
donativos e Bento XIV confirmou-a
com o breve apostólico ‘In supremo
militantis Ecclesiæ’, de 7 de janeiro
de 1746.
A preservação da memória dos
chamados Lugares Santos, que
está confiada à Custódia
franciscana, passa pela
preservação dos vários
monumentos que assinalam a ligaçã
o
dos espaços a Jesus e os
apóstolos, mas sobretudo pelo
apoio às atuais comunidades cristãs
– uma minoria entre muçulmanos e
judeus na Palestina e Israel – que
vivem situações difíceis.
Os católicos da Terra Santa incluem
comunidades de rito latino, grecomelquita, copta, maronita, síria,
caldeia e arménia.
53
Fazer memória da vida de Jesus
a partir dos acontecimentos de hoje
As celebrações do Tríduo Pascal,
que os cristãos assinalam para fazer
memória dos últimos dias da vida de
Jesus, devem ser uma proposta que
leve as pessoas “ao encontro dos
acontecimentos reais dos dias de
hoje”.
“Olhar para a Semana Santa, para
quinta, sexta e sábado, tentar fazer
o exercício interior e exterior sobre o
que hoje significa uma quinta-feira,
uma sexta-feira e um sábado santo,
passa necessariamente por abrir os
olhos ao que acontece à nossa
volta”, afirma a Irmã Irene Guia,
Escrava do Sagrado Coração de
Jesus e comentadora da ECCLESIA.
A religiosa recusa o objetivo de
“fazer memória dos últimos
acontecimentos na vida de Jesus”
sem “atualizar hoje aquilo que
significou para Jesus e no seu
tempo a sua Paixão, morte e
Ressurreição”.
“Enquanto fizermos só memória
como se fosse apenas um
acontecimento de há 2000 anos, vai
ser muito difícil ler a Ressurreição”.
A comentadora da Ecclesia propõe
o exercício de “identificação” com
54
situações concretas e atuais que
“ajudem a perceber que hoje
continua a acontecer quinta-feira,
sexta-feira e o sábado santo”.
“Com quem é que hoje nos devemos
identificar para que Cristo continue
a viver a quinta-feira santa, para
que Cristo continue a padecer a
sexta-feira santa, para que Maria e
os seus amigos continuem a
experimentar o vazio e a
perplexidade perante Jesus morto?”
A irmã Irene Guia assinala o risco de
viver a fé “a partir de uma teoria, de
uma palavra” mas que “não é uma
palavra viva”, apontando os tempos
atuais como “de Ressurreição”.
“Há muitos acontecimentos na
História que nos parecem dizer que
isto acaba aqui, mas porque a fé é
um dom que recebemos e do qual
vivemos e nos alimentamos, há
qualquer coisa que diz que a morte
não pode ser a última palavra”.
“Temos tudo para poder perceber
Cristo hoje presente na História”.
A religiosa recorda a “indignação”
gerada nas populações a partir da
“perseguição e morte de cristãos”,
a memória desses “mártires e a
mudança que isso provoca em cada
pessoa”, também o testemunho de
quem “frágil morre nas mãos de
outros” como momentos de
Ressurreição.
“Se eu alterar a minha vida, o meu
coração, seu eu me abrir a esta
fraternidade, eu estou a deixar que
as suas vidas mudem a minha. E
isso é Ressurreição”.
Ao longo da Semana Santa a
Ecclesia disponibiliza vídeos onde a
Irmã Irene Guia propõe “desafios
para viver e atualizar” os
acontecimentos da Paixão e morte
de Jesus.
A Igreja Católica, com o Domingo de
Ramos, assinala o início da Semana
Santa, um dos momentos centrais
do ano litúrgico, que evoca os
últimos dias de Jesus, com
celebrações na quinta-feira, sextafeira e sábado santos.
55
São Bento da Porta Aberta online
http://www.sbento.pt/
No passado sábado, 21 de março, o
Santuário de São Bento da Porta
Aberta recebeu o título de “basílica
menor”, numa cerimónia presidida
pelo arcebispo de Braga, D. Jorge
Ortiga. Assim esta semana
proponho uma visita ao sítio digital
do santuário localizado em Terras
do Bouro, distrito de Braga.
Ao digitarmos o endereço
www.sbento.pt encontramos um
espaço eminentemente informativo
com uma qualidade gráfica
interessante onde as imagens que
incorporam o santuário são o
elemento primordial e que nos
chama mais a atenção.
Na página principal podemos ler os
principais destaques, assinar a
newsletter para receber as notícias
referentes a S. Bento da Porta
Aberta e ainda aceder à opção
culto, que é aquela na qual me vou
debruçar.
Logo que entramos na opção “culto”
podemos estudar a história de vida
de São Bento, onde ficamos a saber
que ele “nasceu na cidade italiana
de Núrsia, em 24 de Março do ano
480, sendo filho de uma família
nobre e cristã, e que foi enviado
para Roma
56
para completar os estudos”.
Em “história” podemos ler um “artigo
fundamental sobre a verdadeira
data da fundação do Santuário” da
autoria do Cónego Prof. Doutor.
Avelino de Jesus da Costa publicado
no "Diário do Minho" a 7 de Agosto
de 1980.
No item “santuário”, somos
convidados a conhecer um pouco
melhor todo este espaço de culto a
S. Bento que “deve a sua origem à
influência dos monges de Santa
Maria de Bouro”.
Caso pretenda saber quais os
horários habituais das Eucaristias
(dominicais e vespertinas)
celebradas no Santuário dedicado
ao patrono da Europa, basta clicar
em “horários de culto”.
Como sabemos o título de “basílica”
é concedido pela Santa Sé a certas
igrejas pela sua antiguidade ou por
serem centros de peregrinações. No
caso do santuário de S. Bento da
Porta Aberta sabemos que “ao longo
dos tempos, muitos milhares de
peregrinos têm percorrido, a pé,
dezenas de quilómetros em direção
ao santuário”. Assim na opção
“peregrinações” fica a conhecer
melhor os verdadeiros caminhos da
Fé traçados pela região.
Em “casas”, são mostradas algumas
fotografias relativas aos quatro
espaços disponíveis no Santuário
para retiros, seminários, encontros.
Por último em “informações”,
dispomos de conteúdos de índole
mais prática. Nomeadamente
podemos consultar a agenda,
aceder ao jornal de São Bento em
versão digital, saber as datas de
realização
das festas e romarias, e perceber
um pouco da natureza envolvente
ao santuário dedicado ao fundador
da ordem Beneditina, que se
encontra “rodeado pelas montanhas
do Parque Nacional da PenedaGerês (PNPG) e a albufeira da
Caniçada”.
Fernando Cassola Marques
57
«O Evangelho da Nova Vida», um
apelo à renovação do Papa Francisco
A Nascente Editora apresenta o livro
“O Evangelho da Nova Vida”, onde
o Papa Francisco partilha uma
mensagem de “mudança e de
confiança”, o Evangelho é uma
“nova vida para todos” e um apelo à
renovação da Igreja.
Num comunicado enviado à Agência
ECCLESIA, a editora destaca que o
livro constitui uma “lição
extraordinária de liberdade e de fé
em Deus” através dos temas que
estão “mais presentes” nas
mensagens de Francisco: “A família
e a sociedade; os pobres e a
injustiça; a Igreja enquanto «mãe»”.
Neste contexto, a nova obra de 192
páginas é um convite à esperança e
à transformação, onde o Papa
continua o propósito de “anunciar o
Evangelho” aliado ao “empenho de
reforma da Igreja” e ao esforço de
dar uma orientação a um mundo
que “não salvaguarda a vida nem a
dignidade dos homens”.
“O Papa Francisco chama a Igreja a
um empenho mais intenso e
generoso, na
58
saída de si própria para ir ao
encontro do mundo. Aliás, viver a fé
não é ficar acomodado numa
poltrona a enunciar verdades
abstratas mas é experimentar aquilo
em que se crê, em contacto com as
realidades e as provas da vida”,
escreve o autor e crítico de
literatura religiosa, Giuliano Vigini,
no prefácio.
A Nascente Editora informa ainda
que disponibiliza
os primeiros capítulos do livro “O
Evangelho da Nova Vida” para
leitura imediata.
59
II Concílio do Vaticano: A primeira
missa concelebrada em Portugal
Em Portugal foi na arquidiocese de Évora, em Viana
do Alentejo, a 14 de janeiro de 1965 que pela primeira
uma missa foi concelebrada de acordo com as normas
do conselho para a execução da reforma litúrgica. A
celebração (na foto) foi presidida pelo padre
Wenceslau de Almeida Gil (pároco de Viana) que
festejava as bodas de prata sacerdotais.
Concelebraram com ele 12 padres.
A primeira fase da reforma litúrgica decidida pelo II
Concílio do Vaticano entrou em vigor a 07 de março
de 1965 (primeiro domingo da Quaresma desse ano).
Esta data foi fixada pelo Papa Paulo VI quando
aprovou a instrução de 26 de setembro de 1964
preparada pelo conselho para a execução da reforma
litúrgica de colaboração com a congregação dos ritos.
A concelebração em Viana do Alentejo foi autorizada
pelo conselho litúrgico e “uma completa
documentação fotográfica e cinematográfica de toda a
ação litúrgica seguiu para Roma para estudo e
arquivo” (In: Boletim de Informação Pastoral nº 37-38,
página 51). O mesmo órgão de comunicação social
revela que foi lhe foi enviado um “relato de toda a
concelebração acompanhada de judicioso comentário
crítico” que não é publicado “integralmente devido ao
caracter de certo modo experimental” da celebração.
Ao fazer o balanço desta primeira fase, o Boletim de
Informação Pastoral citado salienta que em Portugal
esta fase teve uma “aceitação dócil e uma preparação
fraca”. Ao fazer referência à leitura dos textos em
vernáculo,
60
a publicação conclui que de um
“modo geral os leitores não leem
bem”. Quando as leituras em feitas
em latim, “as deficiências passavam
mais ou menos despercebidas a
quem ignorava aquela língua”. Após
os primeiros tempos da reforma
litúrgica “todas as deficiências de
ritmo, entoação, expressão,
agravadas pelas deficiências das
próprias traduções, já não podem
passar despercebidas”.
Além disso, “não se leem os textos
litúrgicos como se lê alto qualquer
texto. E a leitura duma epístola ou
evangelho não se faz da mesma
maneira que a de uma oração ou de
um texto de uma antífona que em
princípio devia ser cantada”. Há
regras que “precisam de ser
formuladas, aprendidas e
respeitadas”. Neste domínio “pouco
ou nada se fez entre nós”, lamentase no Boletim de Informação
Pastoral nº 37-38, página 47.
61
Dia 28 março
Março 2015
Dia 27 de março
* Aveiro - Teatro Aveirense Exibição do musical «Godspell»
* Braga – Barcelos - Sessão do ciclo
de tertúlias do Colégio Teresiano de
Braga com a presença de Walter
Osswald.
* Bragança - Vila Boa de Ousilhão Lançamento da obra «D. Manuel
António Pires - história de vida de
um missionário (1915-2015)» da
autoria de Luis Vale.
* Beja - A Cáritas Diocesana de
Beja, ao abrigo de um projeto de
cooperação transfronteiriço,
apresenta o projeto «Horta - Nova
Esperança», que pretende dar
competências a pessoas em
situação de vulnerabilidade e
exclusão social.
* Lisboa – GRAAL - Tertúlia no
«Terraço» sobre «A Arte
Transforma?» com Lídia Jorge, Luís
Filipe Rocha e Manuel San-Payo
questionados por Isabel Allegro de
Magalhães e promovida pelo
Movimento GRAAL.
62
* Aveiro - Albergaria (Biblioteca
Municipal) - Debate sobre «Religião
e História» com a participação de
Fernando Rosas e José Eduardo
Franco
* Braga - Igreja do Hospital de São
Marcos - Concerto «O esplendor da
música sacra no barroco italiano»
pela orquestra Sine Nomine e pelo
Coro Polifónico da Lapa (Porto).
* Porto - Casa da Música (Sala
Suggia) - Concerto «Missa
Solemnis» de Beethoven pela
Orquestra Sinfónica do Porto e Coro
da Casa da Música
* Algarve - Vila Real de Santo
António - Jornada Diocesana da
Juventude (27 e 28)
* Évora - Colégio dos Salesianos Dia diocesano da Juventude (27 e
28).
* Lisboa - tenda do Centro Cultural
de Belém - A Associação Cultural
Meeting Lisboa (ACML) promove o
«Meeting Lisboa 2015» subordinado
ao tema "Se a felicidade não existe,
então o que é a vida?". (27 a 29)
* Aveiro – Albergaria - Celebração
do Dia Diocesano da Juventude.
* Beja - Odemira (Igreja de São
Salvador) - O segundo concerto do
festival de música sacra «Terras
Sem Sombra», promovido pela
Diocese de Beja, destaca a “escola
napolitana” com um espetáculo do
maestro Davide Perez, oriundo do
século XVIII.
* Porto - Casa de Vilar - Conferência
sobre «A dimensão humana e social
da Quaresma» pelo padre Lino Maia
e promovida pelo Movimento de
Educadores Católicos.
* Santarém – Seminário - Encontro
diocesano de Catequistas
* Beja – Almodôvar - Dia diocesano
da Juventude com o tema «Felizes
os puros de coração porque verão a
Deus»
* Braga - Igreja dos Congregados Celebração do Dia da juventude.
* Algarve - Patacão (Carmelo de
Nossa Senhora Rainha do Mundo) O Carmelo de Nossa Senhora
Rainha do Mundo abre as portas a
quem quiser rezar pela paz.
* Aveiro - Gafanha da Encarnação
(Largo da Igreja Matriz) - Encenação
da Paixão de Cristo «Jesus, eis o
Homem»
* Aveiro – Sé - Concerto «Ecce
Homo» pela Escola de Artes da
Bairrada. Do programa consta
também o ‘Stabat Mater’, de Luís
Cardoso, e ‘Requiem’, de Gabriel
Fauré.
* Braga - Igreja de Santa Cruz Exposição «Salve, Crux Sancta»
integrada nas solenidades da
Semana Santa de Braga
Dia 29 de março
* Porto - Santa Maria da Feira Encenação da «Entrada Triunfal de
Jesus em Jerusalém» pelo Grupo
Gólgota, ligado aos Missionários
Passionistas
* Coimbra - Ferreira do Zêzere
(Dornes) - Via-Sacra em Dornes
«Uma vela a Jesus».
* Açores - O Serviço Diocesano de
Apoio à Pastoral Juvenil (SDAPJ), de
Angra, lança o jornal «Juventude
Açores 15», no contexto do Dia
Mundial da Juventude.
63
A exposição «Memórias de Conventos Femininos de
Évora» foi inaugurada hoje na igreja do Salvador, em
Évora, e pode ser visitada até 15 de maio 2015.
Esta mostra centra-se em quatro conventos femininos,
dos oito que existiam em Évora, em 1834, e acabaram
por ser demolidos, total ou parcialmente, na sequência
da extinção das Ordens Religiosas. É organizada pela
Direção Regional de Cultura do Alentejo e Cabido da
Sé de Évora.
A Irmandade de Nossa Senhora do Monte do
Carmo organiza a Procissão do Triunfo, este
domingo a partir das 16h00, pelas ruas de Tavira,
começa na igreja do Carmo. Existem registos que
dão conta que esta manifestação religiosa
composta nove andores de talha dourada já se
realizava em 1789, pela Ordem Carmelita da
cidade de Tavira.
A Igreja Católica celebra no Domingo de Ramos 30
anos desde que o Papa São João Paulo II desafiou os
jovens a viverem o Dia Mundial da Juventude.
«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus»
é o título da mensagem do Papa Francisco.
Em Portugal, dioceses e movimentos mobilizam os
jovens para encontros de reflexão, oração, convívio e
partilha.
«Última Ceia, Getsémani e Sinédrio» vai ser
apresentada pelo Grupo Gólgota, ligado aos
Missionários Passionistas, que oferece
originalidade e fidelidade nas diversas
representações ao longo da Semana Santa.
A igreja Matriz de Santa Maria da Feira acolhe
esta encenação no dia 1 de abril, a partir das
13h30.
64
65
POR OUTRAS PALAVRAS
Domingo de Ramos
Podemos forçar alguém a crer em
Deus?
Deus e os homens abraçados no mesmo amor do Filho: um amor feito de
obediência ao Pai e de entrega sem limites, na dor e na solidão.
A Paixão é, por isso, ao mesmo tempo, amorosa obediência e sofrimento: o
Filho que não volta o rosto à dor é o mesmo que olha nos olhos cada
homem e o chama à vida.
Quem se entrega, total e gratuitamente, não fracassa. À quele que se
humilhou, Deus o exaltou: «Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai».
João Aguiar Campos
0
66
67
Programação religiosa nos media
RTP2, 11h18
Antena 1, 8h00
RTP1, 10h00
Transmissão da
missa dominical
Domingo, dia 29 - Madeira:
percursos de santidade em
500 anos de história.
RTP2, 15h30
Segunda-feira, dia 30 Entrevista a frei Miguel de
Castro Loureiro sobre a Terra
Santa;
11h00 Terça- feira, dia 31 Transmissão missa
Informação e entrevista a Ana
Vieira sobre a Via-Sacra
12h15 - Oitavo Dia
meditada pelas famílias da
Síria;
Quarta-feira, dia 01 - Informação e entrevista a frei
Filipe Rodrigues, sobre a Semana Santa;
Quinta-feira, dia 02 - Informação e entrevista ao padre
Domingo: 10h00 - O Nuno Ventura sobre o Ano da Vida Consagrada;
Dia do Senhor; 11h00 Sexta-feira, dia 03 - Entrevista a D. António Couto
- Eucaristia; 23h30 - sobre as narrativas das paixão de Cristo.
Ventos e Marés;
segunda a sexta-feira: Antena 1
6h57 - Sementes de
Domingo, dia 29 de março - 06h00 - Godspell: falar da
reflexão; 7h55 fé em linguagem jovem.
Oração da
Manhã; 12h00 Segunda a sexta-feira, 30 de março a 03 de abril Angelus; 18h30 22h45 - Quaresma: vivências da irmã Julieta Dias, do
Terço; 23h57Sagrado Coração de Maria (30, 31 e 1), Testemunhos
Meditando; sábado:
de consagrados sobre a importância de Quinta-feira
23h30 - Terra
Santa (dia 2) e Visita a doente, na paróquia do Campo
Prometida.
Grande, Lisboa (dia 3)
69
68
Ano B - Domingo de Ramos
na Paixão do Senhor
Contemplar a
Cruz, olhar o
irmão
70
O longo Evangelho deste Domingo de Ramos convidanos a contemplar a paixão e morte de Jesus. Na cruz,
revela-se o amor de Deus, esse amor que não guarda
nada para si, mas que se faz dom total.
Quantas vezes a multidão estava perto de Jesus! Para
O escutar, para beneficiar dos seus gestos, para
cruzar o seu olhar, para aprender a rezar…
A mesma multidão estende os mantos ou os ramos à
passagem de Jesus e grita: “Hossana! Bendito o que
vem em nome do Senhor!”
Estava esta gente pronta a reconhecer como Rei
aquele que teria como trono uma cruz e como coroa
uma coroa de espinhos?
O seu grito era uma aclamação, alguns dias mais
tarde o seu grito será uma condenação: “Crucifica-O!”
Chegou o tempo do silêncio que permite acolher o
mistério, o mistério do Amor de Deus. Celebrar a
paixão e morte de Jesus é abismar-se na
contemplação desse amor.
Por amor, Jesus veio ao nosso encontro, assumiu os
nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o
sono, o cansaço, conheceu as tentações,
experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e,
estendido no chão, esmagado contra a terra,
atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a
amar.
Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir
connosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais
espantosa história de amor que é possível contar, a
boa notícia que enche de alegria o coração dos
crentes.
Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude
que Jesus assumiu e solidarizar-se
com aqueles que são crucificados
neste mundo: os que sofrem
violência, os explorados e excluídos,
os que são privados de direitos e de
dignidade.
Olhar a cruz de Jesus significa
denunciar tudo o que gera ódio,
divisão, medo, em termos de
estruturas, valores, práticas,
ideologias; significa evitar que os
homens continuem a crucificar
outros homens; significa aprender
com Jesus a entregar a vida por
amor. Viver deste modo pode
conduzir à morte, mas o cristão
sabe que amar como Jesus é viver a
partir de uma dinâmica que a morte
não pode vencer: o amor gera vida
nova e introduz na nossa
carne os dinamismos da
ressurreição.
Que esta semana seja “santa”. Na
vida trepidante que levamos,
procuremos reservar na nossa
agenda alguns encontros precisos
que desejamos ter com o Senhor:
em cada dia, viver com Ele um
momento de oração, de meditação,
de adoração; fixar as celebrações
nas quais poderemos participar;
prever serviços a prestar, visitas a
fazer... Que a semana seja “santa”
nos momentos quotidianos de
encontro com Jesus Cristo, sempre
a contemplar a Cruz e a olhar o
irmão.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.pt
71
Papa apela à oração
pelo próximo Sínodo sobre a Família
O Papa apelou às comunidades
católicas de todo o mundo, na
audiência geral desta quarta-feira,
para que rezem pelo sucesso da
segunda assembleia do Sínodo dos
Bispos sobre a Família, que vai
decorrer em outubro deste ano.
“Por favor não se esqueçam da
vossa oração. Toda a Igreja, Papa,
cardeais, bispos, sacerdotes,
religiosos e religiosas, leigos, todos
somos chamados a rezar pelo
Sínodo”, exortou Francisco durante
o encontro com os peregrinos, na
Praça de São Pedro.
Num dia em que a Igreja Católica
celebrava a festa da Anunciação,
evento que deu “início ao Mistério
da Encarnação” de Cristo “não só
no ventre de sua mãe” Maria, “mas
no seio de uma verdadeira família”,
o Papa argentino lembrou todas as
famílias que precisam de apoio e
intercessão.
Pais, mães, filhos e filhas, avós e
netos, todas as pessoas que na sua
casa se encontram “aflitas e
desamparadas, como ovelhas sem
pastor”.
72
Francisco espera que a Igreja
Católica, “sustentada e animada
pela graça de Deus”, por intermédio
da oração de todos, “possa
empenhar-se ainda mais, e de forma
mais unida, no testemunho da
verdade do amor de Deus e da sua
misericórdia por todas as famílias do
mundo, sem exceção”.
Isto porque, recordou, “a ligação
entre a Igreja e a Família”, como
ficou expressa na Família de
Nazaré, de Jesus, Maria e José,
esse laço é “sagrado e inviolável”.
“A Igreja como mãe, nunca irá
abandonar as famílias, mesmo as
que caiam no pecado ou se afastem
da fé. Ela sempre fará tudo para as
curar, as guardar, as convidar à
conversão e à reconciliação com
Deus”, frisou o Papa.
Num encontro com milhares de
peregrinos, marcado pela chuva, o
Papa argentino recordou também os
20 anos da encíclica “Evangelho da
Vida”, publicada por João Paulo II a
25 de março de 1995.
Um documento onde, sublinhou
Francisco, “a família ocupa um lugar
central enquanto âmago da vida
humana”.
“As palavras do meu venerado
antecessor [São João Paulo II]
recordam que cada casal humano é,
desde o início, uma união
abençoada por Deus a fim de
formar uma comunidade de amor e
de vida, e de abraçar a missão da
procriação”, salientou.
O Papa Francisco concluiu a sua
reflexão acerca desta temática
reforçando o convite a todas
as pessoas, “mesmo as mais
afastadas da oração”, para que
intercedam “com amor pela família e
pela vida”.
“Que nesta jornada de oração todos
saibam alegrar-se com quem está
alegre e sofrer com aqueles que
sofrem”, complementou.
73
Ser carmelita
O padre Armindo Vaz, da Ordem dos
Padres Carmelitas Descalços,
explicou que seguiu o caminho da
vida consagrada e sacerdócio por
circunstâncias um “pouco fortuitas”,
num verão quente de 1955.
“Um padre carmelita foi à minha
aldeia a perguntar se havia alguém
que queria ir para o seminário. O
meu pai foi interpelado pelo pároco
e assim rapidamente como na
eleição do Rei David para a Eleição
do Povo de Israel, também fui
agarrado um bocadinho pelos
cabelos para ir para o seminário”,
recordou à Agência ECCLESIA.
Este sábado, dia 28 de março, a
Igreja, e em concreto a família
carmelita e teresiana, celebra o V
centenário de nascimento de Santa
Teresa de Jesus.
Para o padre Armindo Vaz a
herança mais rica que a fundadora
da ordem, também conhecida
74
como Teresa de Ávila, deixou foi o
“conjunto dos seus escritos” e
destaca três livros, “O livro da vida”;
“O caminho da perfeição” e “as
moradas do castelo interior”.
“São de riqueza humana e espiritual
que não tem comparação com obras
de outros fundadores de
congregações ou ordens religiosas”,
afirmou.
O sacerdote carmelita destaca ainda
que a mística espanhola foi “uma
grande mulher” do ponto de vista
religioso, cultural e profundamente
humana.
“Humana para com todas as
pessoas que sentiam-se bem por
contactar com ela. Lidava tanto com
as pessoas mais simples, como as
suas irmãs religiosas mas também
com o Rei D. Filipe II, a grande
nobreza e a fina flor da sociedade”,
desenvolve o padre Armindo Vaz.
Cajado de Santa Teresa de Ávila
em Portugal
Está a decorrer em Portugal o
“Caminho de Luz”, integrado nas
celebrações do V centenário do
nascimento de Santa Teresa de
Ávila, que consiste na possibilidade
de ver o cajado que a acompanhou
na fundação de 17 conventos em
Espanha, 15 femininos e dois
masculinos, está a percorrer alguns
locais de Portugal como sinal
Para o provincial da Ordem dos
Padres Carmelitas Descalços, padre
Joaquim Teixeira, o “caminho de luz
tem o objetivo de apresentar à
Igreja e ao mundo Santa Teresa de
Jesus como “mestra de luz”.
“A sua experiência intensa de Deus,
os seus ensinamentos, os seus
escritos são também uma luz para
os nossos dias”, começou por
explicar o padre Joaquim Teixeira
sobre “uma mulher que ensina os
mestres espirituais”, afirmou o
carmelita. O padre Joaquim Teixeira
observa que o símbolo do cajado
faz com que as pessoas possam
“tocar alguma coisa” porque às
vezes a fé “precisa destas
expressões mais visíveis, mais
encarnadas”.
A viagem nacional do ‘Caminho de
Luz’ começou no último domingo na
Basílica da Estrela, em Lisboa, vai
estar em Fátima, Porto, Braga e
Santo Tirso.
Para o padre Joaquim Teixeira esta
passagem por Portugal tem um
significado “muito rico” porque Santa
Teresa de Jesus “desejou imenso”
vir a Portugal fazer uma fundação.
“Teresa de Jesus teve uma relação
de profunda amizade e
correspondência epistolar com o
arcebispo de Évora, D. Teotónio de
Bragança. Houve grande amizade e
deu-lhe apoio para que a reforma
teresiana fosse implementada em
Portugal”, relembrou o sacerdote.
75
Teresa de Ávila ajuda a fazer
da mística um «tema de rua»
Eugénia Magalhães considera que a
celebração do V centenário de
nascimento de Santa Teresa de
Ávila, este sábado, é uma
oportunidade para descobrir uma
“mulher inconformada” e fazer da
mística “um tema de rua”.
Doutoranda em História e Cultura
das Religiões, Eugénia Magalhães
investiga percursos e textos da
mística e afirma a necessidade de
“mostrar” os místicos para não
serem esquecidos nem tomados
como “algo estranho”.
“O meu projeto de vida é tornar a
mística um tema de rua, um tema de
paróquia, um tema da teologia, do
nosso dia-a-dia, de amigos no café
e não algo estranho e misterioso
com o qual não temos nada a ver”,
referiu Eugénia Magalhães.
Para a investigadora é fundamental
ler os textos místicos, mesmo que
“só um bocadinho”, para contactar
com a atualidade do que
escreveram e perceber que está
relacionado com o quotidiano.
"A mística empurra-nos
inevitavelmente para sermos
76
inconformados com o que vivemos
no dia-a-dia. Porque a mística é um
discurso terrivelmente transparente
e profundo”, referiu.
Eugénia Magalhães considera que
as grandes figuras da história são
as que “fazem uma grande reflexão
sobre si próprias e sobre aquilo que
as rodeia”.
“Não podemos dizer ‘eu acredito’
sem fazermos uma reflexão sobre
nós próprios e o mundo que nos
rodeia”, sublinhou, acrescentando
que esse foi o grande legado de
Teresa de Ávila.
“É uma mulher muito inconformada
com o seu tempo. De uma grande
fidelidade à Igreja, grande amor a
Cristo e olha à sua volta e pensa no
que tem de fazer”, afirmou Eugénia
Magalhães.
Para a investigadora, a mística de
Ávila viveu “tempos difíceis” e,
diante de “algo que parecia estável”,
resolve “descalçar-se e pôr-se a
caminho”, porque “percebeu que o
conformismo não leva a lado
nenhum”.
Eugénia Magalhães, que estuda os
místicos na investigação académica
para o doutoramento, considera
Santa Teresa de Ávila uma mulher
de ação, que a leva “às raízes do
Evangelho” para “começar tudo de
novo”, o que resultou na fundação
de 17 conventos.
Santa Teresa de Ávila nasceu a 28
de março de 1515 e o V centenário
de nascimento está a ser assinalado
pelas congregações teresianas e
carmelitas.
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A difícil tarefa da reconciliação
na República Centro-Africana
Guerra a preço de saldo
No país onde uma granada custa
menos do que uma lata de cocacola, a paz continua ameaçada
por bandos rivais que se
escondem atrás de um falso
conflito religioso. O país está a
saque, as pessoas em fuga, as
igrejas cheias de refugiados. Só
a reconciliação pode trazer a
esperança do fim da guerra.
Deste país em lágrimas chegamnos pedidos de ajuda.
República Centro-Africana. Em
Março de 2013, o presidente
François Bozizé, um cristão, foi
afastado do poder por uma milícia
predominantemente muçulmana: os
Séléka. Desde então, começaram a
surgir bandos armados, os antiBalaka, que a Igreja tem denunciado
como sendo “ladrões que estão a
lucrar com a revolta contra os
muçulmanos. Para as populações,
pouco importa quem segura os
machados sedentos de sangue ou
arrasa casas, igrejas, mesquitas,
deixando um rasto de loucura e
destruição. Desde o início dos
tumultos, milhares de pessoas já
perderam a vida e há mais de 1
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milhão de refugiados. O caos está
instalado. Só na capital, Bangui,
pelo menos 30 mil pessoas vivem
em condições miseráveis no
aeroporto, em igrejas e mesquitas.
O arcebispo, D. Dieudonné
Nzapalaiga, confessou à Fundação
AIS o seu desespero. “No seminário
estão 8 mil pessoas, nos carmelitas,
umas 4 mil… Vivem em condições
terríveis, estão traumatizados e
cheios de medo. As suas casas
foram destruídas e ninguém tem
trabalho…”
Armas a preço de saldo
Mas de onde vêm as armas que têm
sequestrado este país? As granadas
são da China e da Bulgária. Os
morteiros do Sudão. Os foguetes do
Irão. As balas do Reino Unido e
Bélgica. Espanha e Camarões
fornecem os cartuchos para as
espingardas. As granadas podem
ser compradas a 50 cêntimos,
menos do que o preço de uma
garrafa de coca-cola no mercado…
Quando as armas estão assim, a
preço de saldo, a paz tem um custo
elevadíssimo. Diz o bispo: “enquanto
as armas continuaram escondidas,
não será possível cortar com este
ciclo vicioso de violência. A solução
está apenas no diálogo”.
O Arcebispo de Bangui não se
refugia em palavras. Há dias, visitou
na cadeia um dos líderes das
milícias anti-balaka. “Deus odeia o
pecado mas ama o pecador”, disse
então. Foi assim, cheio de
misericórdia, que entrou na cadeia e
escutou, durante horas, um dos
responsáveis pela onda de violência
que paralisou o país. Antes de sair
da cela, ele virou-se para o
arcebispo e confessou: “até agora
ninguém tinha vindo visitar-me”.
Para D. Dieudonné Nzapalainga não
se pode desistir da esperança.
“Como bispo, sou uma sentinela que
se ocupa do seu rebanho – o povo
de Deus – e procura infundir-lhe
esperança. Mas o povo de Deus é
composto por todos os homens, não
apenas pelos cristãos”.
A República Centro-Africana está a
viver um enorme pesadelo. Falta
tudo mas, para este prelado, a
maior ajuda que podemos dar é
“espiritual”. “Rezem por nós, isso é o
mais importante”.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt
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30 anos de uma cascata de Luz
e de Esperança
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O slogan “Luz de Cristo no coração
da Igreja” atrai o meu olhar.
Somos testemunhas de quanto essa
luz brilhou com S. João Paulo II e de
como essa luz brilhou nas novas
gerações.
A uma distância de 30 anos do I
Encontro do Papa com os jovens na
diocese de Roma, no Domingo de
Ramos, percebemos que ali
encontramos o núcleo original do
projeto pastoral das Jornadas
Mundiais da Juventude (JMJ). Um
sonho profético de João Paulo II, um
impulso vital para que, neste novo
milénio, a Igreja se descubra e se
cerque de juventude, e seja pleno
de Esperança e da Alegria do
entusiasmo da Fé.
“Vós sois o futuro do mundo, a
esperança da Igreja! Vós sois a
minha Esperança” disse aos jovens
logo em 22 de outubro de 1978, nas
palavras com que iniciou o seu
pontificado.
As JMJ não são apenas números,
mas são expressão de uma Igreja
jovem convocada por Cristo,
principio de unidade, um ícone de
Igreja universal. São os jovens que
melhor vivem a fé em diáspora, no
contexto de uma sociedade que
relega a religião para o âmbito
estritamente privado. O Papa sabia
que a Fé (sobretudo a dos jovens)
tem necessidade de fazer uma
experiência concreta de comunidade
e de comunhão, e isto é ser igreja.
Os jovens precisam de saber que
não caminham sós na experiência
de acreditar.
Celebrar o Dia Diocesano da
Juventude é pois dar continuidade a
uma história que continua hoje, com
novos protagonistas, onde o
Mistério é a realidade que vem ao
nosso encontro, que se nos revela,
pois é Deus que toma a iniciativa de
se revelar.
A beleza da Fé, a Alegria de ser
Cristão, a descoberta da vocação...
fervilham neste “Laboratório de Fé”
em que se tornaram as JMJ.
Se com João Paulo II e nestes 30
anos fomos convidados a descobrir
o Amor, a Alegria que brota do
Evangelho, bem como com Bento
XVI a afirmar a nossa fé,
concretamente este ano, já em
peregrinação espiritual para
Cracóvia, o Papa Francisco
escancara o forte apelo de Jesus
para nos lançarmos, com coragem,
na aventura da busca da felicidade
…
Propõe como guia para o caminho
as Bem-aventuranças. No ano
passado, refletimos sobre a Bemaventurança dos pobres em
espírito, este ano refletimos sobre a
sexta Bem-aventurança: «Felizes os
puros de coração, porque verão a
Deus» (Mt 5, 8), para no próximo
ano refletirmos sobre a Misericórdia.
Como nos recordava D. Rino
Fisichella, “é a verdade sobre Deus
e é a verdade que Deus quis fazer
conhecer. A misericórdia é a palavra
síntese do Evangelho. A
misericórdia é o rosto de Jesus;
é aquele rosto que nós
conhecemos, quando se encontra
com todos, quando cura os doentes,
quando se senta à mesa com os
pecadores públicos e sobretudo
quando o pregam na cruz e perdoa:
ali encontramos o rosto da
misericórdia divina”.
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Ares do campo
Tony Neves
Espiritano
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Nasci, cresci e volto à aldeia sempre que posso.
Lá estão as minhas raízes, as gentes da minha
infância, a Igreja onde fui batizado, a Capela
onde celebrei vezes sem fim, o campo de cultivo
onde fui ordenado Padre, os campos onde
trabalhei, os rios onde tomei banho... Aí me sinto
sempre em casa.
A minha família é de agricultores, quer do lado
do pai, quer do lado da mãe. Na minha casa
sempre houve gado e foi dos campos que
tiramos o pão de cada dia e condições mínimas
para todos estudarmos.
Os tempos passaram e a agricultura deixou de
dar condições para uma família sobreviver.
Mantemos os campos, mas são os salários dos
meus irmãos quem aguenta as despesas que
são maiores que os rendimentos. Resta-nos a
alegria de ver que os campos estão cultivados,
que as galinhas, os coelhos e os cordeiros que
comemos são da nossa quinta, que as alfaces,
batatas, cebolas, couves, laranjas, tangerinas,
maçãs, peras, ameixas e uvas chegam á nossa
mesa idos diretamente dos nossos campos e
pomar. É a única alegria que nos resta, mas sai
cara aos meus irmãos.
Hoje, a agricultura que permite viver exige
grandes espaços e muitos investimentos,
havendo garantia, à partida, de que o mercado
vai absorver os produtos da colheita. Sim, esse é
talvez o maior problema dos agricultores. São
muitos os produtos que vão apodrecer no campo
ou nos armazéns, pois ninguém compra ou só
aparecem as grandes superfícies a oferecer uma
ninharia pelas colheitas, ainda com a
desvantagem de só pagar uns meses
depois. Em muitos casos, o
agricultor paga mais para produzir
que o dinheiro que lhe prometem
pagar no fim de tanto investimento e
canseira.
Não tenho soluções para a
agricultura. É verdade que é
necessária criatividade na escolha
dos produtos a cultivar e na busca
de mercados que os absorvam. Mas
há decisões, a este nível, que só
podem ser tomadas pelos governos,
quer para apoiar a
produção, quer para regulamentar
os mercados. Enquanto tal não
acontecer, o país vai continuar a
mostrar a quem passa campos
abandonados, florestas queimadas
e o povo a abandonar o mundo rural
para se refugiar nas cidades que
pouco ou nada têm a oferecer de
bom a quem chega fugido dos
campos.
É tão bom viver no campo. Há que
criar condições para que as
pessoas ali vivam com dignidade.
“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou
em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –
Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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#tudoaocontrario
Seis mil novos casos de traumatismos cranianos por ano em Portugal
De 22 a 29 deste mês, a Novamente terá a decorrer uma acção de
sensibilização e angariação de fundos, desafiando figuras públicas,
associados e familiares a inverterem peças de roupa e fotografias nas redes
sociais, colocando o astag #tudoaocontrario para que tudo culmine no
facebook e site tudoaocontrario.com
Existem 200 mil casos de traumatismo craniano em Portugal, metade
dos quais são de vítimas de acidentes rodoviários. O traumatismo
crânio-encefálico (TCE) é a maior causa de morte e incapacidade em
jovens adultos de todo o mundo, sendo considerado como a
epidemia silenciosa pela Organização Mundial de Saúde. A
Associação Novamente aposta na sensibilização para uma melhor
compreensão destes casos, pois um dos maiores danos que o TCE
causa é a reintegração na vida social e ativa.
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PDF - Agência Ecclesia