Gestão Integrada para Avaliação de Resultados no âmbito da SSPJ-GO1 Flávio Arana2 Kleber Martins Ferreira3 Diógenes Flávio Pires4 Introdução A presente pesquisa possui como temática a gestão integrada para otimizar a avaliação de resultados no âmbito da Secretaria de Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás. A informação bem gerida dentro de uma organização pode propiciar uma tomada de decisão mais rápida e eficaz, pois esta permanece conectada com as mudanças e acontecimentos que ocorrem na sociedade. Stewart (1998), Edvinson e Malone (1998) analisaram a gestão da informação como geradora de uma riqueza para a organização, o “Capital Intelectual”, sendo este resultado da soma das capacidades desenvolvidas pela organização para suprir as necessidades da sociedade. Entretanto, este recurso somente pode ser obtido na medida em que a organização tenha acesso ao produto composto por coleta de dados, análise de informações e transformação destas em conhecimento e estratégias que irão compor um plano de ação. Sabe-se que o conhecimento e a informação ganhou tamanha relevância nos últimos tempos, que a competência na sua gestão pode conduzir a organização ao sucesso ou ao fracasso, conforme ressaltaram Laudon e Laudon (2004). Diante disso, torna-se relevante esclarecer questões como obter uma gestão de segurança pública eficaz levando em consideração fatores como tempo, custos e gerenciamento de informações para a tomada de decisão. 1 - Artigo apresentado ao Curso de Análise Criminal como um dos pré-requisitos para conclusão do curso sob a orientação de conteúdo do Professor Nelson Gonçalves de Souza. 2 - Primeiro Tenente da Polícia Militar de Goiás. 3 - Primeiro Sargento da Polícia Militar de Goiás. 4 - Primeiro Sargento da Polícia Militar de Goiás. 151 Neste contexto, com o propósito de implantar uma metodologia sistêmica, moderna e eficiente para a gestão do sistema de segurança pública e justiça do Estado de Goiás, tem o presente artigo a finalidade de propor um sistema de Gestão Integrada para Avaliação de Resultados, dentro da estrutura organizacional da SSPJ-GO. A presente pesquisa estrutura-se em três seções: a primeira faz-se uma abordagem sobre a importância da gestão integrada de informações; a segunda propõe o estabelecimento de metas para a avaliação dos resultados; e, a terceira integra estratégias reais para a concretização de tais metas. Por último, segue-se as considerações finais sobre a proposta deste trabalho. 1- Gestão Integradas de Informações O uso da informação estatística possui um caráter estratégico porque permite dar significado aos dados pertinentes à administração pública. A sua importância não está apenas na divulgação da informação, mas na transformação do dado bruto em instrumento de orientação para ações futuras (SANTOS; SILVA FILHO, 2007). Na área de Segurança Pública, a produção e divulgação de dados estatísticos sobre crimes, violência e trabalho policial servem, em primeiro lugar, para orientar o governo quanto aos caminhos que se deve seguir no planejamento, execução e redirecionamento das ações policiais; em segundo, para a população conhecer o que está acontecendo ao seu redor a respeito da criminalidade; e terceiro, para que, conhecendo os fatos criminais e suas áreas de incidência, os diferentes setores da sociedade civil possam objetivar as demandas por providências do poder público e contribuir para o esforço comunitário contra a insegurança (SANTOS; SILVA FILHO, 2007). Desta forma, torna-se relevante promover a integração entre informações, recursos e planejamento das ações. Considera-se que a realização de diagnósticos, a definição de metas, critérios de avaliação e a elaboração de medidas de desempenho consistentes é um trabalho que pode proporcionar uma política pública de segurança mais eficaz. Para que seja possível a gestão integrada para avaliação de resultados, torna-se essencial a criação de um órgão colegiado de servidores da SSPJ-GO, com representantes de todas as instituições que compõem essa Secretaria, com o objetivo principal de implementar um modelo de gestão pró ativa e não reativa com a finalidade de alcançar resultados, através do acompanhamento diário dos índices 152 criminalidade, dos problemas de ordem (administrativa, operacional e social) enfrentados e com a realização de reuniões semanais e mensais de avaliações de desempenho dos gestores, chefes, diretores, titulares e comandantes de todas as unidades (PM, SPTC, SUSEP e BM) e delegacias pertencentes à estrutura da SSPJ. Para se estabelecer a metodologia de gestão por resultados, é necessário investir recursos e esforços nas ações de prevenção, na solução de problemas, na elaboração de diretrizes que possibilitam a aplicação de uma gestão integrada para planejar, coordenar e avaliar de forma efetiva as ações policiais (operacionais e administrativas) e sociais, com aplicação de técnicas modernas de reorganização espacial, gestão organizacional, mapeamento da mancha criminal, informatização dos dados estatísticos, aplicação da metodologia científica de análise de crimes, criminosos e vítimas de crimes, bem como de técnicas mais específicas de policiamento ostensivo preventivo, repressivo e de investigação, além da intensificação de programas de motivação dos agentes de segurança pública, criando para isto uma estrutura de identificação e controle dos pontos críticos e de interação com a comunidade, aumentando a eficiência na prevenção e inibição de comportamentos criminosos (desordens sociais e violência) com tendência à prática de crimes letais, promovendo ainda esforços para levar infratores da lei já identificados a serem processados e condenados a cumprir sua pena. A polícia tem um papel significativo na prevenção criminal, ainda que alguns fatores sociais (educação, infraestrutura, desemprego e desigualdade social) e psicológicos (moral) contribuam significativamente como causa da prática delituosa. Mesmo sabendo que a polícia não controla as causas das ações criminosas, esta deve atuar, pois existem motivos irrecusáveis para direcionar as atenções ao combate de crimes 153 contra a vida, principalmente o homicídio, o delito que atinge o maior bem jurídico tutelado – a vida – e de forma irreparável. O trabalho policial de base territorial, ao executar atividade de intenso relacionamento comunitário, atua numa faixa social mais profunda do que a habitual predisposição de guiar suas ações pela simples aplicação da lei aos que já cometeram o crime. Essa experiência é extremamente promissora para ampliar o papel da prevenção, pois: através de suas atividades junto da população, a atividade policial desenvolve um poderoso potencial de influência na comunidade em que atua, podendo agir mais diretamente nas condições e circunstâncias que favorecem as desordens e o cometimento de crimes, além de motivar a participação da sociedade local na resolução de problemas que promovam a violência. A adoção de um planejamento estratégico específico e do acompanhamento efetivo através da avaliação de resultados é indispensável, pois permite o direcionamento das tomadas de decisão por parte dos responsáveis pelas atividades do GGIPAR, tais como destacá-lo dentre outras ações de menor prioridade e direcionar recursos humanos, logísticos, programar operações policiais efetivas e específicas (policiamento ostensivo preventivo, repressivo, investigativo e técnico-científico) acompanhadas de uma avaliação de resultados, sendo esta a metodologia que vai alcançar resultados, estabelecer objetivos, definir metas, sintetizar o diagnóstico crítico do problema, definir áreas prioritárias e sugerir distribuição dos recursos necessários, estabelecendo as normas de conduta individual e atuação conjunta das polícias civil, militar e técnico-científica. A definição das diretrizes operacionais que orientem as decisões locais, prevendo ainda o apoio das unidades de policiamento especializadas, bem como orientações e instruções específicas para os policiais empregados nas operações caracterizam a macroproposta. 154 2 - Metas da Gestão Integrada para Avaliação de Resultados A implantação deste sistema de gestão integrada deve ser vigorosamente planejada, podendo ocasionar mudanças sensíveis na estrutura básica e ou complementar das instituições (como o deslocamento de recursos humanos e logísticos para as áreas de maior necessidade, criação ou extinção de unidades, funções, etc.), podendo com isso causar resistências internas e externas (políticas e sociais) baseadas no empirismo ou na ideologia classista, o que faz necessária a adoção de uma postura compromissada com a rejeição clara ao individualismo, pessoal e institucional, que muitas vezes permeiam a estrutura de órgãos públicos, causando com isto um desempenho ineficaz de suas atribuições. Portanto, torna-se relevante sistematizar as principais metas deste novo sistema de gestão de integrada na SSPJ-GO, de forma que o objetivo seja atingido de forma assertiva: 1. Definir como prioridade a redução dos índices de criminalidade, com foco nos crimes de homicídios e tráfico de drogas; 2. Criação de um programa eficiente para busca e cruzamento de dados entre as forças policiais; 3. Elaborar e implantar metodologia científica de análise de crimes, criminosos e vitimologia / vitimização (perfil das vítimas nos crimes de homicídios); 4. Mapear digitalmente (georeferenciar) as áreas de maior incidência dos crimes de homicídios e tráfico de drogas, dentro da circunscrição das unidades policiais; 5. Redefinir e padronizar as naturezas de ocorrências (Polícia Militar e Polícia Civil), de acordo com as tipificações existentes no Código Penal Brasileiro; 6. Implantação do Projeto Delfos (Pentaho BI Source) e SISP (Sistema Integrado de Segurança Pública) em todas as Delegacias de Polícia, Organizações Policiais Militares e Organizações Bombeiros Militares nos municípios com mais de 30 (trinta) mil habitantes; 7. Elaborar proposta para alinhar de forma estratégica as áreas regionais de atuação da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Técnico-Científica, criando áreas integradas de segurança pública; 8. Elaborar proposta de adequação das diversas unidades policiais existentes no estado com a região em que se encontram, estabelecendo regras para instalação de Centrais de Flagrantes, Batalhões BM e PM, Companhias Independentes e demais estruturas, de acordo com o Censo IBGE 2010; 9. Capacitação e treinamento dos diversos operadores da segurança pública nas técnicas de análise criminal e procedimentos iniciais (preservação de local crime) em locais de homicídio, policiamento comunitário, uso diferenciado da força e direitos humanos; 10. Elaborar, propor e programar métodos eficazes de motivação aos operadores de segurança pública, principalmente os que exercem atividade operacional, tornando esta atrativa; 11. Analisar e elaborar propostas para o serviço extraordinário remunerado, visando sua implementação nas áreas que não possuem tal serviço, bem como sua adequação à realidade funcional e desvinculação da folha de pagamento (em virtude do descumprimento da Lei Estadual 15.949/2006); 12. Planejar e programar ações específicas de cunho preventivo, repressivo, investigatório e técnico-científico; 13. Planejar, de acordo com as técnicas da análise criminal, o direcionamento e o emprego dos recursos humanos e logísticos de forma racional e estratégica; 14. Identificar, na área de atuação de cada unidade policial, ambientes que criam oportunidades para a prática de crimes, com base nos preceitos da Criminologia Ambiental; 15. Criar uma força tarefa para cumprimento de mandados de prisão contra homicidas, traficantes de armas, de drogas e outros criminosos definidos como alta prioridade; 16. Criar padrões para divulgação dos dados estatísticos das polícias militar, civil e técnico-científica; 17. Unificação dos bancos de dados estatísticos e boletins de ocorrências das polícias militar, civil e técnico-científica; 18. Reforçar os preceitos dos Direitos Humanos e do Uso Diferenciado da Força (Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 DEZ 2010); 19. Desenvolver um sistema de controle e monitoramento efetivo de reeducandos dos regimes semiaberto e aberto; 20. Desenvolver e divulgar um cronograma anual de ações policiais táticas (Operações em ferros-velhos, legalidade – bares e similares, etc.) e sociais de forma efetiva; 21. Implantação do Georeferenciamento em todos os municípios com mais de 100 (cem) mil habitantes; 22. Transferência da central de vídeomonitoramento da capital para o Centro Integrado de Atendimento de Emergências; 23. Reestruturação da Ouvidoria Geral de Polícia e dos Disque-denúncias, com acompanhamento efetivo da apuração dos fatos denunciados; 24. Definição de novas políticas públicas estaduais de incentivo ao Desarmamento Voluntário; 25. Elaborar propostas de convênio 155 com universidades para desenvolvimento de projetos nas áreas de ensino (através de convênios com as Academias de polícia civil e militar para a formação, capacitação e especialização de servidores), informática, perícia, motivação e outros; 26. Fortalecer as ações de interação com a comunidade (Polícia Comunitária, Rede de Apoio à Segurança, PROERD, Escola sem drogas, Bombeiro Mirim e outros); 27. Utilizar o Portal de Defesa Social da SSPJ, como ferramenta de interação e informação para a sociedade; 28. Definir regras efetivas para o controle e o acompanhamento de fatos envolvendo letalidade policial e lesão corporal grave; 29. Definir e padronizar o acompanhamento semanal dos índices de criminalidade, dos resultados alcançados, das possibilidades de erro e dos problemas enfrentados por cada unidade da segurança pública estadual; 30. Verificar a estruturação das carreiras policiais e padronizar as formas de ingresso para os diversos cargos na área da segurança pública; 31. Elaborar um cronograma de reuniões semanais e mensais para a avaliação de resultados (feedback e controle); 32. Definir os tipos penais que serão considerados como crimes de alta prioridade; 33. Reorganização e adequação do Comitê de Gerenciamento de Crises. 3 - Estratégias para a Gestão Integrada para Avaliação de Resultados 3.1-Instalação do Gabinete de Gestão Integrada para avaliação de resultados O 156 Gabinete de Gabinete de Gestão Integrada para Avaliação de Resultados (GGIPAR) deverá ser composto por um integrante de cada uma das instituições de segurança pública estadual (SSP, PC, PM, BM, SPTC, Agência Prisional, Assessoria de Informática e Telecomunicações – AIT, Superintendência de Inteligência, Superintendência de Políticas de Segurança, Superintendência de Direitos Humanos, Ouvidoria e Corregedoria Geral de Polícia). Este Gabinete terá como função principal cumprir as diretrizes do Programa ora apresentado, com foco nas metas a serem alcançadas, coordenando os trabalhos, emitindo relatórios periódicos analíticos sobre o desempenho de cada uma das frentes de serviço. 3.2 - Definir como prioridade a redução dos índices de criminalidade A redução dos índices de criminalidade tem por finalidade alcançar uma maior eficácia na prevenção e no aumento da taxa de esclarecimentos dos crimes de homicídio e número de prisões, objetivando por consequência a redução de incidência desse ilícito penal. No tocante à Polícia Civil, os distritos policiais deverão ter pequenas unidades de investigação de homicídios, mesmo os de autoria desconhecida. Em cada equipe de plantão deverá haver pelo menos um investigador especialmente treinado pelo Departamento de Homicídios para comparecer imediatamente ao local de crime e fazer o levantamento técnico básico; além de coletar dados de testemunhas e suas informações essenciais, esse investigador deve portar também planilha padrão, tipo escolha forçada (objetiva) / recognição visuográfica do local de crime, para levantar detalhes sobre o local do crime, características dos suspeitos, motivação, veículos, armas e modus operandi. Nas áreas das delegacias regionais com maior concentração de distritos policiais e com alta incidência de homicídios, deverá haver uma subunidade especializada em investigação desses crimes para apoiar a investigação dos distritos, bem como cuidar dos casos de maior gravidade (principalmente “chacinas” e matadores contumazes) e dos autores identificados que atuam em vários distritos da área, além de contar com recursos básicos de perícia técnica. Nos locais de homicídio e/ou cadáver encontrado, deve haver imediato deslocamento de um Oficial ou graduado PM, comandante do policiamento ostensivo local, devidamente treinado em preservação de local de crime e coleta de indícios de autoria, para cooperar com a equipe de investigação. O papel das Polícias Civil e Militar na apreensão de armas de fogo, na condição de organização especializada em investigação e policiamento ostensivo, são as funções importantes nas etapas preventivas da redução de homicídios, como buscar, sem trégua, a prisão dos principais matadores e identificar homicidas em potencial, incluindo a vigilância de comprovados agressores que estejam em regime de prisão aberta ou liberdade condicional e que residam ou circulem pela área. Cerca de 90% (noventa) dos homicídios são cometidos com o uso de armas de fogo, a maioria em situação irregular. Tradicionalmente a polícia militar efetua revistas pessoais e veiculares para a verificação de porte ilegal de arma de fogo e conduz as pessoas aos distritos policiais, mas com a preocupação central de reduzir o número dessas armas. Deve ocorrer uma mudança de foco: o portador é mais importante que a arma ilegal que esteja portando, principalmente se há suspeita de que esteja usando o armamento para o cometimento de crimes. Não se trata de meramente desarmar as pessoas, até porque a reposição das armas, principalmente pelos criminosos, é relativamente fácil. Os portadores de armas ilegais devem ser vistos como agressores em potencial e suspeitos de cometimento de outros crimes e dessa forma conduzidos aos distritos para averiguação. Deverão ser feitas gestões junto às Corregedorias Civil e Militar, para que as mesmas intensifiquem as investigações dos casos em que policiais estejam envolvidos com a venda de armas. A criação de um controle informatizado de armas apreendidas pela Polícia Militar e/ou Civil poderia ajudar a inibir o extravio e facilitar o cruzamento de dados. 3.3 - Criação de um sistema de informação Para compor toda esta gestão torna-se extremamente necessária a implantação de um sistema eficiente para busca e cruzamento de dados entre as forças policiais. Desta forma, tornase essencial o desenvolvimento customizado ou adquirido de um sistema de informação que permita a agilidade na indexação e pesquisa de dados referentes aos registros de denúncias, dados de boletins de ocorrências, TCO, APF, internet e outros, facilitando a localização e a identificação de pessoas e pontos comerciais com associação entre crimes e modus operandi. 3.4 - Elaborar e implantar metodologia científica de análise de crimes, criminosos e vitimologia/ vitimização Torna-se importante a definição de um padrão para a consolidação dos dados acerca dos crimes de homicídios, identificando as características do crime, o perfil dos infratores, modus operandi, vítimas nos crimes de homicídios, identificando o perfil das mesmas, bem como os horários e as circunstâncias em que foram vitimadas, mapeando pontos quentes e/ou críticos, repassando os dados diretamente à Gerência de Análise de Informações da SSPJ-GO. 157 3.5 - Georeferenciar áreas de maior incidência dos crimes definidos como de alta prioridade Deve-se, também, definir um padrão para a consolidação dos dados acerca dos locais de crimes de homicídios e tráfico de drogas, com o objetivo claro e conciso de identificar seus padrões e tendências, os dias da semana e os horários com maior incidência, bem como as circunstâncias em que estes ocorrem, “modus operandi” mapeando pontos quentes e/ou críticos, proporcionando aos chefes e comandantes do policiamento ostensivo e investigatório subsídios para o direcionamento de recursos humanos, logísticos e ações policiais. 3.6 - Redefinir e padronizar as naturezas de ocorrências (Polícia Militar e Polícia Civil) É importante propor a elaboração de um estudo acerca da definição e padronização das naturezas das ocorrências (PM/BM/PC/PTC) registradas pelo CIAE e no SISP, de acordo com as tipificações existentes no Código Penal Brasileiro. 3.7 - Implantação do projeto Delfos (Pentaho bi Source) e SISP (Sistema Integrado de Segurança Pública) Devem-se fazer gestões, para a instalação dos programas Projeto Delfos e do SISP em todas as delegacias, unidades da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar dos municípios com mais de 30 (trinta) mil habitantes. 3.8 - Elaborar proposta para alinhamentos estrategicamente das áreas regionais Importante que se elabore, planeje e proponha o alinhamento (adequação, redistribuição, 158 manutenção) das áreas regionais de atuação das polícias militar, civil e técnico-científica e dos bombeiros, criando, desta forma, áreas integradas de segurança pública. 3.9 - Elaborar proposta de adequação das diversas unidades policiais As diretrizes e normas técnicas para a ativação, mudança e desativação de unidades policiais em todo o estado seguirão conceitos técnicos vinculados ao número de habitantes do município, espaço urbano e demanda da segurança pública. Neste caso, seriam instaladas Centrais de Flagrantes, Batalhões BM e PM, Companhias Independentes e demais estruturas, de acordo com o Censo IBGE 2010. 3.10 - Capacitação e treinamento dos operadores da segurança pública Em parceria com a SAESP, deve-se elaborar e propor cursos específicos em análise criminal e policiamento orientado para problemas, procedimentos iniciais (preservação de local crime) em locais de homicídio, policiamento comunitário, uso diferenciado da força e direitos humanos. À Delegacia de Investigação de Homicídios caberá: o treinamento dos policiais encarregados de investigação de homicídios nas unidades territoriais, acompanhamento e assistência técnica das investigações em andamento, investigação dos casos insolúveis, mesmo antigos, mas que ainda ofereçam indícios mínimos, das unidades territoriais e dos autores identificados, mas de difícil localização. A descentralização da investigação de homicídios baseia-se nos princípios de que os autores da maioria dos homicídios costumam ter vinculação com a área e que muitos desses assassinatos provavelmente estejam relacionados a outros crimes da região. 3.11 - Motivação dos operadores de segurança pública Vale ressaltar a importância da elaboração e implementação de métodos de motivação aos servidores da segurança pública, com o objetivo de tornar atrativo o serviço operacional das instituições. Motivação é insumo crítico para esse empreendimento, além de ter um custo-benefício compensador e proporcionar em curto prazo, o alcance de resultados significativos. 3.13 - Planejar e programar ações específicas de cunho preventivo, repressivo, investigatório e técnico-científico Importante propor o planejamento e a elaboração de propostas de ações policiais diversas e efetivas, de acordo com a análise criminal, o mapeamento da mancha criminal e as particularidades de cada instituição membro. 3.14 - Planejar a alocação e emprego dos recursos humanos e logísticos 3.12 - Analisar e elaborar propostas para o Serviço Extraordinário Remunerado - SER O Serviço Extraordinário Remunerado, nos moldes da Lei Estadual nº 15.949/2006, vem ao encontro das necessidades mais urgentes elencadas pelas polícias civil, militar e técnico-científica: falta de efetivo. Neste sentido é pertinente a elaboração de propostas específicas visando à adequação dos valores pagos pela hora extra trabalhada, bem como analisar a sua proporcionalidade dentro do valor máximo a ser pago ao policial civil, militar, técnicocientífico e bombeiro militar, definido em lei, hoje de R$1440,00 (um mil quatrocentos e quarenta reais) por 120 (cento e vinte) horas, apresentando propostas para adequação do valor pago pela hora trabalhada conforme a classe, o posto ou a graduação do policial (PC, PM e SPTC) e bombeiro militar, definição do limite ideal de horas trabalhadas no mês, verificando também a determinação legal de desvincular o pagamento do S.E.R. da folha de pagamento e a necessidade de adequação deste às necessidades de todo o estado. Pode-se, também, visar esta implementação nas áreas que não possuem tal serviço, bem como sua adequação à realidade funcional. De acordo com as técnicas de análise criminal, caberá a análise setorizada da demanda em segurança da região metropolitana e do entorno e propor a alocação racional de recursos humanos operacionais, administrativos e especializados de acordo com as necessidades detectadas. 3.15 - Identificar ambientes que oportunidades para a prática de crimes criam Com base nos preceitos da Criminologia Ambiental, o responsável pela área de atuação de cada unidade policial deverá elaborar relatório analítico descritivo contendo informações técnicas e visuais sobre os pontos críticos identificados na sua área de atuação, especificamente no ambiente e na estrutura física (lâmpadas queimadas nos postes públicos, lotes baldios, construções abandonadas, bares e casas de shows irregulares, etc.) que criam oportunidades para a prática de crimes diversos (estupro, roubo, furto, tráfico de drogas, uso de drogas e outros), enviando estes relatórios às autoridades e órgãos competentes no âmbito das esferas federal, estadual e municipal no sentido de viabilizar a solução dos problemas, reduzindo as oportunidades que o ambiente proporciona para a prática de crimes. 159 3.16 - Criar uma força tarefa para cumprimento de mandados de prisão em aberto 3.19 - Reforçar os preceitos dos direitos humanos e do uso diferenciado da força Deve-se estruturar uma força-tarefa mista destinada ao cumprimento dos mandados em abertos contra homicidas, traficantes de armas, de drogas e criminosos definidos como alta prioridade e que venham a ser emitidos pela autoridade competente, de acordo com o entendimento e as particularidades de cada instituição membro. Torna-se importante a criação de diretrizes para reforçar os preceitos dos Direitos Humanos e do Uso Diferenciado da Força (Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 DEZ 2010), junto às academias de ensino da PM e PC, bem como junto às unidades e delegacias operacionais e especializadas das instituições que compõem à SSPJ. 3.17 - Criar padrões para divulgação dos índices de criminalidade 3.20 - Sistema de controle e monitoramento efetivo de reeducandos Deve-se propor, juntamente com as Assessorias de Comunicação Social das forças de segurança pública estadual, o desenvolvimento de uma maneira prática de divulgação de índices de criminalidade que não se contradigam, evitando assim que a integridade e confiabilidade dos dados sejam questionadas. Devido ao alto índice de reincidência dos reeducandos dos regimes semiaberto e aberto, na prática de crimes, deve-se elaborar um planejamento para monitorar e controlar esses cumpridores do regime penal, com o objetivo de inibir desvio de conduta, podendo para isto contar com a parceria da sociedade organizada, empresas de segurança privada e comunidades locais (Portal da Defesa Social). 3.18 - Unificação dos bancos de dados estatísticos e Boletins de Ocorrências 3.21 - Planejar ações policiais táticas Juntamente com a AIT, deve-se elaborar plano de adequação do SISP, visando à unificação dos bancos de dados estatísticos e boletins de ocorrência, das polícias militar, civil, técnico-científica e bombeiro militar, no sentido de evitar que um mesmo procedimento seja registrado mais de uma vez e contribuir diretamente para a economia processual e para a formação de um banco de dados único com integridade e confiabilidade. A unificação e a padronização contribuirão ainda para a coleta de informações essenciais para a análise criminal, facilitando a identificação de padrões e “modus operandi” dos crimes. 160 Está constatado que ações policiais isoladas e sem continuidade são apenas medidas paliativas, por isto é necessário implementar um planejamento com cronograma anual e efetivo de ações policiais táticas (operações em ferros-velhos, legalidade – bares e similares, etc...) e sociais de forma efetiva, transformando, desta forma, as forças policiais em polícia proativa ao invés de reativa. 3.22 - Transferência da central de vídeomonitoramento da capital Elaborar estudo acerca da viabilidade da instalação da central de vídeo-monitoramento (atualmente em funcionamento no QAG – PMGO) dentro das instalações do COPOM / CIAE para o Centro Integrado de Atendimento de Emergências, apresentando propostas sobre a ampliação do atual sistema nos municípios com população com mais de 60 (sessenta) mil habitantes e com alto índice de criminalidade. Considerações Finais Para os fins do presente estudo, informação integrada de segurança pública e justiça se refere à habilidade de acessar eletronicamente e compartilhar informações críticas, até pontos chave de decisão através do sistema de segurança pública e justiça criminal (ROBERTS, 2001). Nesta pesquisa foi proposta a integração da gestão de informações entre órgãos da polícia e outros órgãos da segurança pública, de modo geral, de forma que seja possível o estabelecimento de uma comunicação eficaz entre si. No que diz respeito aos órgãos da Secretaria de Segurança Pública, Epper, Taylor e Tolman (1998) afirmaram que a diversidade de equipamentos de comunicação, diferenças entre plataformas de operação, obsolescência de tecnologia, falta de investimentos e disputas de poder são fatores chave para que não se alcance um nível mínimo de integração e interoperabilidade entre órgãos que, em tese, deveriam operar juntos de forma complementar e suplementar. Este panorama traçado da realidade dos órgãos de segurança pública retrata a lentidão da tomada de decisões, além de que implica em estratégias avulsas que funcionam sem integração, mas que diz respeito a um único escopo: o bem estar da sociedade. Visto isso, torna-se preponderante, a adoção de estratégias com ações concretas propostas nesta pesquisa com o fim da realização de uma integração e de uma interoperabilidade, respaldadas na percepção de dois níveis importantes de estrutura, político e estratégico. Deve-se, também, inserir, neste contexto de integração, a comunidade, buscando seu apoio e contribuição no que diz respeito às suas áreas de interesse, como fonte de informação sobre crimes que foram ou estão para serem cometidos, sobre os criminosos, os pontos críticos frequentados por delinquentes, traficantes de entorpecentes, vendedores de armas ilegais, etc. Obter a colaboração e, principalmente suas informações, vai depender de se conquistar a confiança da comunidade servida pela polícia, seja pela eficiência na prisão dos bandidos que ameaçam o local, seja pelo tratamento respeitoso aos moradores, mesmo quando abordam suspeitos ou até mesmo das facilidades para a entrega de denúncias anônimas e das possibilidades de oferecer proteção a testemunhas. Encontros regulares com a comunidade constituem ainda oportunidade para se esclarecer possibilidades de participação na prevenção de crimes e de homicídios, através de programas de redução de consumo de bebidas alcoólicas e drogas, comportamentos adequados para a resolução de conflitos do cotidiano, etc. Sendo assim, a integração para a segurança pública perfaz uma direção segura a ser seguida pela cúpula administrativa e, no que diz respeito ao nível técnico e tático, melhorias substanciais nas condições de oferecimento de qualidade e oportunidades eficazes nas informações produzidas. Neste sentido, observa-se uma necessidade real desta integração de informações e da interoperabilidade entre os órgãos de segurança pública. Embora seja compreendido que esta integração constitui um processo intrinsecamente complexo no que diz respeito à questão tecnológica 161 envolvida como também a cultura, história e idiossincrasias de cada uma das instituições envolvidas, sendo estes últimos vistos como os óbices extremamente resistentes. Percebe-se que existe, ao menos, um escopo comum, que é a prestação de um serviço chamado ‘segurança pública’ e é com base neste escopo que todos os órgãos envolvidos devem buscar a quebra dos paradigmas impeditivos de uma prestação de serviços eficaz e concretizar a integração da gestão de informações garantindo, desta forma, avaliações e tomadas de decisões únicas e eficazes. Referências Bibliográficas EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital intelectual. São Paulo: Makron Books, 1998. EPPER, R. C.; TAYLOR, M. J.; TOLMAN, T. K. State and local law enforcement wireless communications and interoperability: a quantitative analysis. Washington, DC, U.S. Departament of Justice, 1998. LAUDON, K. C., LAUDON; J. P. Sistemas de informação gerenciais. Person Prentice Hall: S Paulo, 2004. MIRANDA, Ana Paula Mendes de. Gestão da informação, análise criminal e sentimento de (in) segurança: considerações para a construção de políticas públicas de segurança. VIII Congresso Luso-Afro Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra, 2004. 162 ROBERTS, D. J. Planning the Integration of Justice Information Systems: Developing Justice Information Exchange Points. Sramento, CA – USA, Search – The National Consortium for Justice Information and Statistics, 2001. SANTOS, Franklim Harrison Moreira dos; SILVA FILHO, Luiz Alberto da. Utilização de sistemas de informação para apoiar a tomada de decisão na Segurança Pública do Estado do Pará. 2007. Monografia (Bacharelado em Ciência da Computação) Universidade do Pará. Belém. STEWART, T. A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. 7ª ed., Rio de Janeiro: Campus, 1998.