ISSN 1982-7644 SPAECE 2012 Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará Boletim Pedagógico Ensino Médio Ciências Naturais SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio SEÇÃO 2 Interpretação de resultados e análises pedagógicas SEÇÃO 3 Os resultados desta escola SEÇÃO 4 Desenvolvimento de habilidades EXPERIÊNCIA EM FOCO ISSN 1982-7644 Boletim Pedagógico Ciências da Natureza Ensino Médio Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará SP ECE GOVERNADOR CID FERREIRA GOMES VICE-GOVERNADOR DOMINGOS GOMES DE AGUIAR FILHO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃO MARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO SECRETÁRIO ADJUNTO DA EDUCAÇÃO MAURÍCIO HOLANDA MAIA SECRETÁRIO EXECUTIVO ANTÔNIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR COORDENADORA DO GABINETE CRISTIANE CARVALHO HOLANDA COORDENADORA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA EDUCAÇÃO BETÂNIA MARIA GOMES RAQUEL CÉLULA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ACADÊMICO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO ORIENTADORA CARMILVA SOUZA FLÔRES ASSESSORA TÉCNICA MARIA IACI CAVALCANTE PEQUENO ASSISTENTES TÉCNICAS FRANCISCA ELIANE DIAS DE CARVALHO ROSÂNGELA TEIXEIRA DE SOUSA EQUIPE TÉCNICA ELIZABETH DOS SANTOS CARNEIRO ESTEFÂNIA MARIA ALMEIDA MARTINS GEANNY DE HOLANDA OLIVEIRA LUZIA DE QUEIROZ HIPPOLYTO MARIA ASSUNÇÃO OLIVEIRA MONTEIRO MIRNA GURGEL CARLOS DA SILVA TERESA MÁRCIA ALMEIDA DA SILVEIRA REVISORES DO BOLETIM DE CIÊNCIAS DA NATUREZA CESAR NILTON MAIA CHAVES RAQUEL ALMEIDA DE CARVALHO KARLA MARIA ROCHA THALITA MONTORILL ANA PAULA PEQUENO MATOS TAMARA MACIEL PEREIRA FRANCISCO JONAS NOGUEIRA MAIA SARAH RODRIGUES FERREIRA MARCO AURÉLIO JARRETA MERICHELLI AOS EDUCADORES CEARENSES A Secretaria da Educação realizou em 2012 o décimo sexto ciclo do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará - SPAECE. O referido ciclo, que assinala 20 anos de implementação do SPAECE, introduziu importantes inovações na sua sistemática de avaliação. Dentre essas, destacam-se: a identificação dos Cadernos de Testes e Cartões de Respostas; os testes em versão ampliada para deficientes visuais e, no caso da 3ª série do Ensino Médio, os testes de Língua Portuguesa e Matemática, em convergência com a proposta da Matriz de Referência para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do Ministério da Educação (MEC), incluindo ainda prova de Redação, bem como testes para as áreas de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e de Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia). A operacionalização de uma avaliação dessa dimensão é uma conquista para nosso Estado. Os resultados são disponibilizados aos educadores e agregam elementos importantes que subsidiam e fundamentam as modificações que se fizerem necessárias nas práticas pedagógicas e de gestão. Além dos resultados presentes nos Boletins Pedagógicos (Alfa, 5º e 9º anos/Ensino Fundamental e Ensino Médio), a Coleção SPAECE 2012 traz ainda o Sumário Executivo, a Revista Contextual e os Boletins do Sistema de Avaliação e de Gestão Escolar. No que se refere aos Boletins Pedagógicos do Ensino Médio, é importante destacar que estes, além de auxiliar a comunidade escolar a entender e se apropriar dos resultados dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, avançam para outras áreas ainda pouco trabalhadas nas avaliações brasileiras, em especial: Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Produção de Texto. Nesta coleção, os resultados estão acompanhados de uma interpretação pedagógica cuidadosa, elencando aspectos importantes a respeito do desempenho dos estudantes e das escolas públicas cearenses. Trazem ainda textos extraídos de estudos realizados sobre as avaliações, depoimentos de pessoas envolvidas com a avaliação educacional e/ou que utilizam seus resultados para desenvolver ações voltadas para a qualidade da educação pública do nosso Estado. Continuamos acreditando que a reorganização do sistema escolar, na busca da educação de qualidade, requer o monitoramento e o acompanhamento permanente das atividades pedagógicas que se realizam no dia a dia da escola. Dessa forma, as avaliações em larga escala realimentam e qualificam esse processo de contínua melhoria. Esperamos que o conjunto de informações apresentadas nas diferentes publicações possa contribuir efetivamente para o trabalho de gestores e professores, no planejamento e desenvolvimento de ações mais eficazes e capazes de garantir a todos os estudantes cearenses o direito de aprender. Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, Secretária de Educação 1. AVALIAÇÃO: O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO DESAFIO PÁGINA 08 SUMÁRIO 2. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGÓGICAS PÁGINA 14 3. OS RESULTADOS DESTA ESCOLA PÁGINA 41 EXPERIÊNCIA EM FOCO PÁGINA 66 4. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES PÁGINA 43 1 AVALIAÇÃO: O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO DESAFIO Caro(a) Educador(a), o Boletim Pedagógico apresenta os fundamentos, a metodologia e os resultados da avaliação, com o objetivo de suscitar discussões para que as informações disponibilizadas possam ser debatidas e utilizadas no trabalho pedagógico. Um importante movimento em busca da qualidade da educação vem ganhando sustentação em paralelo às avaliações tradicionais: as avaliações externas, que são geralmente em larga escala e possuem objetivos e procedimentos diferenciados daquelas realizadas pelos professores nas salas de aula. Essas avaliações são, em geral, organizadas a partir de um sistema de avaliação cognitiva dos alunos e aplicadas, de forma padronizada, a um grande número de pessoas. Os resultados aferidos pela aplicação de testes padronizados têm como objetivo subsidiar medidas que visem ao progresso do sistema de ensino e atendam a dois propósitos principais: prestar contas à sociedade sobre a eficácia dos serviços educacionais oferecidos à população e implementar ações que promovam a equidade e a qualidade da educação. A avaliação em larga escala deve ser concebida como instrumento capaz de oferecer condições para o desenvolvimento dos alunos e só tem sentido quando é utilizada, na sala de aula, como uma ferramenta do professor para fazer com que os alunos avancem. O uso dessa avaliação de acordo com esse princípio demanda o 08 SPAECE 2012 seguinte raciocínio: por meio dos dados levantados, é possível que o professor obtenha uma medida da aprendizagem de seus alunos, contrapondo tais resultados àqueles alcançados no estado e até mesmo à sua própria avaliação em sala de aula. Verificar essas informações e compará-las amplia a visão do professor quanto ao seu aluno, identificando aspectos que, no dia a dia, possam ter passado despercebidos. Desta forma, os resultados da avaliação devem ser interpretados em um contexto específico, servindo para a reorientação do processo de ensino, confirmando quais as práticas bem-sucedidas em sala de aula e fazendo com que os docentes repensem suas ações e estratégias para enfrentar as dificuldades de aprendizagem detectadas. A articulação dessas informações possibilita consolidar a ideia de que os resultados de desempenho dos alunos, mesmo quando abaixo do esperado, sempre constituem uma oportunidade para o aprimoramento do trabalho docente, representando um desafio a ser superado em prol da qualidade e da equidade na educação. Revista Pedagógica 09 O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO CEARÁ O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará - SPAECE - foi criado em 1992 e tem seguido o propósito de fomentar mudanças em busca de uma educação de qualidade. Em 2012, os alunos das escolas municipais e estaduais do Ceará foram avaliados no 2º ano do Ensino Fundamental em Leitura, no 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª series e 1º e 2º períodos da EJA Ensino Médio, cujos alunos foram avaliados nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. O SPAECE avaliou, também, na 3ª série do Ensino Médio, as áreas do conhecimento de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Na linha do tempo a seguir, pode-se verificar a trajetória do SPAECE e, ainda, perceber como tem se consolidado diante das informações que apresenta sobre o desempenho dos alunos. TRAJETÓRIA 10 SPAECE 2012 2008 2009 614.566 546.951 SÉries AVALiADAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. SÉries AVALiADAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. DisciPLinAs enVoLViDAs: Língua Portuguesa e Matemática DisciPLinAs enVoLViDAs: Língua Portuguesa e Matemática REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS 2010 2011 2012 667.196 658.654 647.693 SÉries AVALiADAs:2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM. SÉries AVALiADAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM. SÉries AVALiADAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM. DisciPLinAs enVoLViDAs: Língua Portuguesa e Matemática DisciPLinAs enVoLViDAs: Língua Portuguesa e Matemática DisciPLinAs/ÁreAs enVoLViDAs: REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias. REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS N° De ALUnos PArticiPAntes Revista Pedagógica 11 A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL EM LARGA ESCALA O diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética, indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados. A educação apresenta um grande desafio: ensinar com qualidade e de forma equânime, respeitando a individualidade e a diversidade. A avaliação em larga escala surge como um importante instrumento para reflexão sobre como melhorar o ensino. Para realizar a avaliação, é necessário definir o conteúdo a ser avaliado. Isso é feito por especialistas, com base em um recorte do currículo e nas especialidades educacionais. Esse recorte se traduz em habilidades consideradas essenciais que formam a Matriz de Referência para avaliação. (Matriz de Referência) Página 16 Para ter acesso a toda a coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site www.spaece.caedufjf.net. 12 SPAECE 2012 (Composição dos cadernos) Página 19 Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os alunos realizem testes extensos. (Detalhamento das habilidades nos níveis de proficiência) Página 20 Com base nos objetivos e nas metas de aprendizagem estabelecidas, são definidos os níveis de desempenho. A análise dos itens que compõem os testes elucida as habilidades desenvolvidas pelos alunos que estão em determinado nível de proficiência. (Itens) Página 24 As informações disponíveis neste Boletim devem ser interpretadas e usadas como instrumento pedagógico. (Experiência em foco) Página 66 Os resultados da avaliação oferecem um diagnóstico do ensino e servem de subsídio para a melhoria da qualidade da educação. (Os resultados desta Escola) Página 41 Revista Pedagógica 13 2 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGÓGICAS Esta seção traz os fundamentos da metodologia de avaliação externa do SPAECE 2012, a Matriz de Referência e a Teoria de Resposta ao Item (TRI). MATRIZ DE REFERÊNCIA Para realizar uma avaliação, é necessário definir o Diante da autonomia garantida legalmente em conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação nosso país, as orientações curriculares do Ceará em larga escala, essa definição é dada pela apresentam construção de uma MATRIZ DE REFERÊNCIA, próprias, que é um recorte do currículo e apresenta as educacionais compartilhados. Desta forma, o habilidades definidas para serem avaliadas. No estado visa a desenvolver o processo de ensino- Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais aprendizagem em seu sistema educacional com (PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino qualidade, atendendo às particularidades de seus Médio, publicados, respectivamente, em 1997 e alunos. Pensando nisso, foi criada uma Matriz em 2000, visam à garantia de que todos tenham, de Referência específica para a realização da mesmo em lugares e condições diferentes, acesso avaliação em larga escala do SPAECE. conteúdos como com concepções características e objetivos a conhecimentos considerados essenciais para o 14 exercício da cidadania. Cada estado, município e A Matriz de Referência tem, entre seus fundamentos, escola têm autonomia para elaborar seu próprio os conceitos de competência e habilidade. A currículo, desde que atenda a essa premissa. COMPETÊNCIA corresponde a um grupo de SPAECE 2012 habilidades que operam em conjunto para a obtenção de escolaridade avaliado e por serem passíveis de um resultado, sendo cada HABILIDADE entendida de medição por meio de testes padronizados como um “saber fazer”. de desempenho, compostos, na maioria das vezes, apenas por itens de múltipla escolha. Há, Por exemplo, para adquirir a carteira de motorista também, outras habilidades necessárias ao pleno que habilita o condutor a dirigir automóveis é desenvolvimento do aluno que não se encontram na preciso demonstrar competência na prova escrita Matriz de Referência por não serem compatíveis com e competência na prova prática específica, o modelo de teste adotado. No exemplo acima, pode- sendo que cada uma delas requer uma série se perceber que a competência na prova escrita de habilidades. para habilitação de motorista inclui mais habilidades A competência na prova escrita demanda algumas habilidades, como: interpretação de texto, reconhecimento de sinais de trânsito, memorização, raciocínio lógico para perceber quais regras de trânsito se aplicam a uma determinada situação etc. que podem ser medidas em testes padronizados do que aquelas da prova prática. A avaliação em larga escala pretende obter informações gerais, importantes para se pensar a qualidade da educação, porém, ela só será uma ferramenta para esse fim se utilizada de maneira A competência na prova prática específica, por coerente, agregando novas informações às já sua vez, requer outras habilidades: visão espacial, obtidas por professores e gestores nas devidas leitura dos sinais de trânsito na rua, compreensão instâncias educacionais, em consonância com a do funcionamento de comandos de interação realidade local. com o veículo, tais como os pedais de freio e de CARTEIRA DE O HABILITAÇÃ acelerador etc. É importante ressaltar que a Matriz de Referência não abarca todo o currículo; portanto, não deve ser confundida com ele nem utilizada como ferramenta para a definição do conteúdo a ser ensinado em sala de aula. As habilidades selecionadas para AUTO ESCOLA a composição dos testes são escolhidas por serem consideradas essenciais para o período Revista Pedagógica 15 MATRIZ DE REFERÊNCIA DE CIENCIAS DA NATUREZA Ensino Médio A Matriz de Referência de Ciências da Natureza do SPAECE foi elaborada por especialistas do CAEd, os quais balizaram esse trabalho, além de em suas experiências com avaliação de competências científicas em outros estados brasileiros (Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro), nos documentos oficiais como as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Com o fim de estimular a participação de estudantes da rede pública do Ceará no Exame Nacional do Ensino Médio, bem como preparálos para tal, alguns descritores da Matriz desse exame também foram apropriados. Elementos que compõem a Matriz MATRIZ DE REFERÊNCIA CIÊNCIAS DA NATUREZA SPAECE – EM DOMÍNIO I - MATÉRIA E ENERGIA Domínio O domínio agrupa por afinidade um conjunto de habilidades indicadas pelos descritores. D1(B) Compreender o fluxo de energia e matéria nos ecossistemas. D2(B) Compreender os processos de fotossíntese e respiração celular. D03(Q) Caracterizar os modelos atômicos. D04(Q) Identificar o tipo predominante de ligações químicas ou interações intermoleculares nos materiais. D05(Q) Identificar os fatores que afetam a velocidade das transformações químicas. D6(Q) Reconhecer o conceito de entalpia. D7(Q) Analisar a energia envolvida nas transformações físicas e químicas. D08(Q) Interpretar dados de concentração de soluções. D09(Q) Classificar soluções de acordo com o coeficiente de solubilidade. D10(F) Identificar processos de transformação de energia. D11(F) Aplicar o Princípio da Conservação da Energia Mecânica envolvendo um corpo deslocando-se próximo à superfície da Terra. D12(F) Aplicar o conceito de energia cinética. D13(F) Aplicar o conceito de energia potencial. D14(F) Relacionar os conceitos de corrente, voltagem, resistência, potência e energia elétricas. D15(F) Aplicar as Leis da Termodinâmica. D16(F) Reconhecer os conceitos de calor e temperatura. D17(F) Reconhecer os conceitos de Capacidade Térmica, Calor Específico e Calor Latente. D18(F) Reconhecer conceitos e fenômenos de ondulatória. D19(F) Reconhecer conceitos e fenômenos de óptica. Descritores DOMÍNIO II – TERRA E UNIVERSO (B120124EX) D20(F) Operar com grandezas vetoriais. D21(F) Diferenciar massa e peso. D22(F) Aplicar as Leis de Newton. Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas, indicando as habilidades que serão avaliadas por meio de um item. Observe a imagem abaixo. . item Disponível em: <http://www.blogbocanotrombone.com/wp-content/uploads/2011/05/charge_madeira1.jpg>. Acesso em: 12 jul. 2011. Essa imagem faz referência a uma ação antrópica denominada A) desmatamento florestal. B) deslizamento de terra. C) erosão do solo. D) extinção de animais. E) queimadas. 16 SPAECE 2012 O item é uma questão utilizada nos testes de uma avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar uma única habilidade indicada por um descritor da Matriz de Referência. MATRIZ DE REFERÊNCIA CIÊNCIAS DA NATUREZA SPAECE – EM DOMÍNIO I - MATÉRIA E ENERGIA D1(B) D2(B) D3(Q) D4(Q) D5(Q) D6(Q) D7(Q) D8(Q) D9(Q) D10(F) D11(F) D12(F) D13(F) D14(F) D15(F) D16(F) D17(F) D18(F) D19(F) Compreender o fluxo de energia e matéria nos ecossistemas. Compreender os processos de fotossíntese e respiração celular. Caracterizar os modelos atômicos. Identificar o tipo predominante de ligações químicas ou interações intermoleculares nos materiais. Identificar os fatores que afetam a velocidade das transformações químicas. Reconhecer o conceito de entalpia. Analisar a energia envolvida nas transformações físicas e químicas. Interpretar dados de concentração de soluções. Classificar soluções de acordo com o coeficiente de solubilidade. Identificar processos de transformação de energia. Aplicar o Princípio da Conservação da Energia Mecânica envolvendo um corpo deslocando-se próximo à superfície da Terra. Aplicar o conceito de energia cinética. Aplicar o conceito de energia potencial. Relacionar os conceitos de corrente, voltagem, resistência, potência e energia elétricas. Aplicar as Leis da Termodinâmica. Reconhecer os conceitos de calor e temperatura. Reconhecer os conceitos de Capacidade Térmica, Calor Específico e Calor Latente. Reconhecer conceitos e fenômenos de ondulatória. Reconhecer conceitos e fenômenos de óptica. DOMÍNIO II – TERRA E UNIVERSO D20(F) D21(F) D22(F) D23(F) D24(Q) D25(Q) D26(B) D27(B) D28(B) Operar com grandezas vetoriais. Diferenciar massa e peso. Aplicar as Leis de Newton. Resolver problemas envolvendo movimentos retilíneos ou circulares. Reconhecer grupos funcionais de compostos orgânicos. Reconhecer os conceitos de acidez e basicidade. Reconhecer as teorias sobre origem e evolução da vida. Identificar evidências do processo de evolução biológica. Reconhecer os ciclos biogeoquímicos. DOMÍNIO III – VIDA E AMBIENTE D29(B) D30(B) D31(B) D32(B) D33(B) D34(B) D35(B) Classificar os seres vivos quanto à morfologia e à fisiologia. Reconhecer as principais características dos vírus. Reconhecer a importância econômica e ecológica de bactérias, fungos, algas, protozoários, plantas e animais. Reconhecer características adaptativas de grupos animais e vegetais. Reconhecer as relações ecológicas existente entre os seres vivos. Interpretar os processos de divisão celular. Reconhecer o processo de síntese proteica. DOMÍNIO IV – SER HUMANO E SAÚDE Identificar propostas e ações de alcance individual ou coletivo que visam à preservação e à promoção da saúde D36(B) individual, coletiva ou do ambiente. Caracterizar as principais doenças (infectocontagiosas, parasitárias, degenerativas, ocupacionais, carenciais, D37(B) sexualmente transmissíveis e as provocadas por toxinas ambientais) que afetam a população brasileira. D38(B) Relacionar células, tecidos, órgãos, sistemas e estruturas do organismo humano às suas funções. D39(B) Resolver problemas que envolvam conceitos da genética clássica. DOMÍNIO V – TECNOLOGIA E SOCIEDADE D40(F) D41(F) D42(F) D43(F) D44(B) D45(B) D46(B) D47(B) D48(B) D49(Q) D50(Q) Interpretar informações científicas. Reconhecer o funcionamento de uma máquina térmica. Compreender as aplicações do eletromagnetismo no cotidiano. Reconhecer o funcionamento de máquinas simples. Compreender o funcionamento de aparelhos modernos utilizando a física contemporânea. Reconhecer a importância dos testes de DNA. Reconhecer impactos da biotecnologia para o ambiente e a saúde humana. Relacionar causas e consequências de problemas ambientais. Reconhecer medidas que permitem o controle ou a minimização de problemas ambientais. Relacionar óxidos e ácidos à formação de chuva ácida e ao aquecimento global. Identificar a isomeria como uma propriedade que determina o comportamento de algumas substâncias orgânicas. *Legenda: (B) = A letra (B) indica os descritores da área de Biologia. Total de 21 descritores. (F) = A letra (F) indica os descritores da área de Física. Total de 18 descritores. (Q) = A letra (Q) indica os descritores da área de Química. Total de 11 descritores. Revista Pedagógica 17 TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar os resultados obtidos pelos alunos nos testes, levando em consideração as habilidades demonstradas e os graus de dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes realizados em diferentes anos. Ao realizarem os testes, os alunos obtêm um determinado nível de desempenho nas habilidades testadas. Esse nível de desempenho denomina-se PROFICIÊNCIA. A TRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico capaz de determinar um valor diferenciado para cada item que o aluno respondeu em um teste padronizado de múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros: • Parâmetro "A" A capacidade de um item de discriminar, entre os alunos avaliados, aqueles que desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram. • Parâmetro "B" O grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade. • Parâmetro "C" A análise das respostas do aluno para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de grau elevado – o que é estatisticamente improvável – o modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões. O SPAECE utiliza a TRI para o cálculo de acerto do aluno. No final, a proficiência não depende apenas do valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da capacidade de discriminação das questões que o aluno acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos permitiria, em tese, a atribuição do mesmo resultado de desempenho de um aluno, cujas respostas foram baseadas em suas próprias habilidades, a outro, que tenha respondido aleatoriamente aos itens do teste. O modelo da TRI evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cadernos e as habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos alunos ao longo do tempo e entre diferentes escolas. 18 SPAECE 2012 COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS PARA A AVALIAÇÃO = 1 item No Ensino Médio, em Ciências Humanas e Ciências da Natureza, são 112 itens/disciplina, divididos em 7 blocos/disciplina, com 16 itens cada, formados por 8 itens do CAEd (i) e 8 itens do ENEM (i) cada um. Ciências Humanas iiiii iiiii iii iii i ii iii i iiiiiiiiiii i i ii iii iii iiiiiii i i iii ii iiiiiiiiiiiiiiiiii iiiii i iiiii iiiii iii iii i ii iii i iiiiiiiiiii i i ii iii iii iiiiiii i i iii ii iiiiiiiiiiiiiiiiii iiiii i Ciências da Natureza iiiiiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiii 4 blocos formam um caderno, totalizando 64 itens, sendo 32 itens de Ciências Humanas (16 itens CAEd + 16 itens ENEM) e 32 itens de Ciências da Natureza (16 itens CAEd + 16 itens ENEM). i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i CAEd ENEM CAEd ENEM CADERNO Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos. Revista Pedagógica 19 DETALHAMENTO DAS HABILIDADES NOS NÍVEIS DE PROFICIÊNCIA Uma escala é a expressão da medida de uma são apresentadas as habilidades presentes, o grandeza. As Escalas de Proficiência permitem que é muito importante para o diagnóstico das ordenar os resultados de desempenho em um habilidades alcançadas e aquelas ainda não continuum, ou seja, do nível mais baixo ao mais consolidadas em cada etapa de escolaridade. alto. Assim, os alunos que alcançaram um nível de Com isso, os educadores têm acesso à descrição proficiência mais alto, por exemplo, mostram que das possuem o domínio das habilidades presentes correspondentes a cada nível e podem atuar com nos níveis anteriores. Isso significa que o aluno da mais precisão na identificação de dificuldades de última série do Ensino Médio deve, naturalmente, aprendizagens, bem como planejar e executar ser capaz de dominar habilidades em um nível ações de correção de rumos. São apresentados, a mais complexo do que as de um aluno do 5º seguir, exemplos de itens* característicos de cada ano do Ensino Fundamental. Para cada intervalo, disciplina avaliada. habilidades específicas dos intervalos *O percentual de respostas em branco e nulas não foi contemplado na análise. Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos níveis de proficiência não esgotam tudo aquilo que os alunos desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe aos docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras características apresentadas por seus alunos que não são contempladas nos níveis. Isso porque, a despeito dos traços comuns a alunos que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica 20 SPAECE 2012 INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA BIOLOGIA ATÉ 550 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 800 850 800 850 • Identificam hábitos alimentares voltados para a promoção da saúde; • Reconhecem a prática de exercícios físicos como uma atitude importante para a manutenção da saúde; • Identificam alimentos ricos em vitamina C; • Relacionam tecido epitelial à função de revestimento; • Reconhecem a eliminação de vetores como medida preventiva para a dengue e malária; • Identificam os principais sintomas da malária; • Reconhecem, em imagem, ações antrópicas que causam impactos negativos no meio ambiente; • Reconhecem, em imagem, a relação ecológica de competição entre espécies; • Reconhecem a proximidade genética do chimpanzé com o ser humano, a partir de evidências bioquímicas relacionadas em um quadro. DE 550 A 600 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Identificam, em cadeias e teias alimentares, os diferentes níveis tróficos; • Reconhecem a relação mutualística entre ruminantes e as bactérias que atuam na digestão de celulose; • Classificam grupos de vertebrados, a partir de suas características morfofisiológicas; • Reconhecem a vantagem da produção de algodão transgênico; • Interpretam o Código de Barras do DNA. DE 600 A 650 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Relacionam causas e consequências de doenças carenciais; • Reconhecem o modo de transmissão da Ascaridíase; • Concluem que indivíduos produzidos através de reprodução assexuada são geneticamente idênticos, a partir da análise de esquema representativo da técnica de cultura de tecidos; • Identificam, em gráficos, o ponto de compensação fótico; • Relacionam intervenções humanas no meio ambiente a padrões de produção e consumo; • Identificam a teoria evolucionista de Lamarck por meio de texto descritivo. Revista Pedagógica 21 DE 650 A 700 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Relacionam as funções desempenhadas pelos órgãos e sistemas envolvidos no processo de transformação, distribuição e liberação de energia para as células; • Relacionam o tecido muscular à função de peristaltismo; • Associam estruturas e funções de órgãos do sistema cardiovascular; • Associam a estrutura bioquímica da membrana plasmática à permeabilidade seletiva; • Diferenciam as moléculas de DNA e RNA quanto às bases nitrogenadas; • Reconhecem os objetivos da comparação de sequências do DNA entre pessoas; • Avaliam, a partir de esquema, a importância do crossing over para a variabilidade genética; • Compreendem o processo de divisão celular por meiose; • Reconhecem a teoria da Abiogênese; • Reconhecem, em árvore filogenética simples, a ancestralidade de diferentes espécies do gênero Homo; • Reconhecem as etapas do ciclo do nitrogênio; • Relacionam a atividade das bactérias fixadoras de nitrogênio presentes na raiz de leguminosas ao processo de fertilização do solo; • Identificam, por meio de esquemas, a relação entre respiração celular e fotossíntese. • Compreendem o fluxo de energia na cadeia alimentar, a partir da análise da pirâmide ecológica; • Resolvem problemas envolvendo a Primeira Lei de Mendel. DE 700 A 750 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Identificam as principais etapas do desenvolvimento embrionário; • Reconhecem que a reprodução assexuada em plantas diminui a variabilidade genética; • Reconhecem a relação mutualística existente nas micorrizas; • Reconhecem características gerais de organismos do Reino Protista; • Reconhecem as alterações nos regimes das chuvas como consequência do desmatamento. 22 SPAECE 2012 DE 750 A 800 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 800 850 • Reconhecem o principal sintoma da Ancilostomíase; • Interpretam uma pirâmide alimentar, reconhecendo que em sua base encontram-se alimentos energéticos; • Associam os organoides citoplasmáticos às suas funções; • Reconhecem características da fauna e da flora dos biomas mundiais por meio de descrição; • Identificam áreas onde se encontra o bioma Deserto em um mapa do mundo; • Reconhecem a aplicação dos testes de DNA na elucidação da autoria de crimes.; • Reconhecem os órgãos vestigiais como evidência da evolução; • Diferenciam as teorias evolucionistas de Darwin e Lamarck; • Aplicam a segunda lei de Mendel em situações-problema; • Relacionam a reprodução com a proliferação dos seres vivos e a variabilidade genética. ACIMA DE 800 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Reconhecem o processo de síntese proteica, distinguindo suas fases por meio de esquema representativo desse processo; • Identificam a mitocôndria por meio de imagem e a relacionam à função de fornecer energia para as células; • Relacionam o vacúolo citoplasmático e os plastos às suas funções; • Reconhecem a explicação da Teoria Endossimbiótica para o surgimento das mitocôndrias; • Reconhecem a Teoria Neodarwinista sobre a evolução das espécies; • Identificam uma célula procariota, a partir de imagem; • Reconhecem as microvilosidades por meio de imagem, associando-as à função de aumentar a superfície de absorção na célula; • Compreendem o ciclo do carbono; • Classificam um animal como molusco, a partir de suas características representadas em uma imagem; • Compreendem como é realizado o exame de DNA; • Comparam, a partir de imagens, o desenvolvimento embrionário de diferentes grupos de vertebrados. Revista Pedagógica 23 (B120124EX) Observe a imagem abaixo. . Disponível em: <http://www.blogbocanotrombone.com/wp-content/uploads/2011/05/charge_madeira1.jpg>. Acesso em: 12 jul. 2011. Essa imagem faz referência a uma ação antrópica denominada A) desmatamento florestal. B) deslizamento de terra. C) erosão do solo. D) extinção de animais. E) queimadas. Esse item avalia a habilidade de relacionar causas e consequências de problemas ambientais. Os alunos que marcaram a alternativa A (gabarito) acertaram o item. Esses alunos souberam interpretar charges e associá-las aos problemas ambientais que assolam o nosso país. Possivelmente, sabem o significado da palavra antrópica. Os alunos que marcaram a alternativa B provavelmente podem ter associado que o desmatamento provoca erosões no solo e que muitas vezes essas erosões vêm acompanhadas de deslizamentos de terra. Talvez, esses alunos tenham confundido a palavra “referência” do enunciado como “consequência” desse processo ilustrado na charge, e assim foram atraídos a marcar esse distrator. Os alunos que marcaram a alternativa C provavelmente pensaram como aqueles que marcaram a alternativa anterior. Eles consideraram as consequências de um desmatamento, ou seja, apresentaram dificuldades para interpretar enunciados. Os alunos que marcaram a alternativa D provavelmente consideraram as consequências 24 SPAECE 2012 que o desmatamento causa no ambiente. Seguindo esse raciocínio, esses alunos consideram que o desmatamento provoca a extinção de animais, o que está correto, mas não atende ao enunciado. Os alunos que marcaram a alternativa E provavelmente associam que as queimadas representam uma forma de desmatamento, o que está correto, mas tiveram dificuldade de interpretar a charge. Não perceberam que os troncos cortados estão sendo levados pelos caminhões. No caso das queimadas, esses troncos não estariam em forma de toras, como ilustrado na charge, mas sim em forma de carvão. A B C D E 90,3% 2,5% 2,5% 2,1% 2,3% 90+10 percentual de acerto 90,3% (B120011EX) A imagem abaixo mostra uma cadeia alimentar. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/materias/img/bio_eco_01.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2011. Adaptado. Nessa cadeia, qual ser vivo é o decompositor? A) Cobra. B) Fungo. C) Gavião. D) Milho. E) Rato. Este item avalia a habilidade de compreender o fluxo de energia e matéria nos ecossistemas. Os alunos que marcaram a alternativa A provavelmente desconhecem que os decompositores são formados por bactérias e fungos. Outra possibilidade é a de que esses alunos associaram decompositores a predadores. Na imagem, o predador mais comum é a cobra, por isso esse distrator pôde ter sido atrativo. Os alunos que marcaram a alternativa B, o gabarito, acertaram o item. Esses alunos identificaram, em uma cadeia alimentar, o nível trófico que cada ser vivo ocupa. Esses alunos também sabem fazer leitura de imagens e identificam a figura de um fungo com facilidade. Os alunos que marcaram a alternativa C provavelmente não são familiarizados com a imagem de uma cadeia alimentar. Esses alunos podem considerar que os decompositores são os animais que sempre ocupam o topo da cadeia, e por isso foram atraídos para o consumidor de terceira ordem. Os alunos que marcaram a alternativa D provavelmente confundem decompositores com predadores. Esses alunos apresentam dificuldade de identificar o papel dos decompositores e, consequentemente, de identificá-los. Os alunos que marcaram a alternativa E provavelmente associaram decompositores com herbívoros. Esses alunos desconhecem os conceitos de herbivoria e de produtores. Também apresentam dificuldades para fazer leitura de imagens. A 6,5% B C 60,2% 13,5% D E 11,8% 7,6% 60+40 percentual de acerto 60,2% Revista Pedagógica 25 (B110011E4) A imagem abaixo destaca um sistema do corpo humano. Disponível em: <http://corpohumanoturma42.pbworks.com/f/dente.jpg>. Acesso em: 8 jun. 2012. Nessa imagem, o órgão indicado pela seta é denominado A) brônquio. B) bronquíolo. C) epiglote. D) pulmão. E) traqueia. Este item avalia a habilidade de relacionar pulmões presentes na imagem, ou então fizeram células, tecidos, órgãos, sistemas e estruturas do uma leitura menos minuciosa da imagem e não organismo humano às suas funções. repararam para onde a seta apontava. Os alunos que marcaram a alternativa A Os alunos que marcaram a alternativa E (gabarito) provavelmente sabem que os brônquios são vias acertaram o item. Esses alunos sabem identificar de passagem formadas por anéis cartilaginosos, a traqueia como um órgão pertencente ao mas não conseguiram identificá-los na imagem ou sistema respiratório, formada por vários anéis não sabem ao certo sua localização. cartilaginosos dispostos por toda sua extensão. Eles também apresentam habilidade para fazer Os alunos que marcaram a alternativa B leitura de imagens, identificando no esquema o provavelmente associaram o fato de o bronquíolo sistema respiratório e, especificamente, a traqueia. ser anelar e a imagem apontada também ser anelar. Esses alunos não se apropriaram da A B C D E localização das estruturas que compõem o sistema 18,6% 7,8% 12,8% 4,5% 55,8% respiratório – apenas sabem suas características. Os alunos que provavelmente marcaram a desconhecem alternativa a C estrutura denominada epiglote e também a traqueia. Os alunos que marcaram a alternativa D provavelmente foram atraídos pelos grandes 26 SPAECE 2012 55+45 percentual de acerto 55,8% (B100009C2) A imagem abaixo mostra um processo que ocorre no interior das células. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_rViyympsWCY/TNbvOeeNyCI/AAAAAAAAACY/nBizIlBqh44/s1600/Sem+t%C3%ADtulo.png>. Acesso em: 5 ago. 2011. Adaptado. Esse processo resulta na A) absorção de aminoácidos. B) degradação de RNA. C) duplicação de DNA. D) formação de ribossomos. E) produção de proteínas. Este item avalia a habilidade de reconhecer o Os processo de síntese proteica. provavelmente desconhecem o processo e o alunos que marcaram a alternativa D significado da síntese proteica. Por causa do Os alunos que marcaram a alternativa A provável desconhecimento do processo, esses provavelmente confundiram a palavra “resulta” alunos interpretaram a imagem como sendo uma do enunciado com a palavra “necessita”. Esses construção de um ribossomo, talvez porque ele seja alunos podem ter reconhecido o processo de a parte maior e, portanto, mais evidente da imagem. síntese proteica na imagem e sabem que, para ela acontecer, é necessário que o organismo absorva os Os alunos que marcaram a alternativa E (gabarito) aminoácidos essenciais à formação das proteínas. acertaram o item. Esses alunos sabem que a síntese proteica tem a finalidade de produzir Os alunos que marcaram a alternativa B proteínas. Eles entendem o verdadeiro significado provavelmente consideraram o fato de o RNA se da expressão síntese proteica e reconhecem esse desfazer após a síntese da proteína transcrita por processo por meio de imagens. ele a partir da molécula de DNA. Os alunos que provavelmente marcaram confundem a o alternativa processo C de autoduplicação do DNA com síntese proteica, ou apresentam dificuldades para dissociar um processo do outro. Esses alunos apresentam dificuldades para fazer leitura de imagens e, por isso, não identificaram os RNAs nela. Há de se levar em conta também que, pelo fato de esses alunos confundirem ou não dissociarem ambos os processos, acabaram considerando que os RNAs fazem parte também da autoduplicação do DNA. A B 11% 21% C D 20,4% 30,6% E 16,6% 16+84 percentual de acerto 16,6% Revista Pedagógica 27 INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA FÍSICA ATÉ 550 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Desenvolvem apenas habilidades elementares para essa etapa de escolarização. DE 550 A 600 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Reconhecem a representação gráfica da velocidade em função do tempo para objetos em queda livre próximos à superfície da terra; • Aplicam as Leis da Termodinâmica em situações-problema; • Diferenciam os conceitos de calor e temperatura; • Reconhecem, a partir de representações gráficas, um movimento retilíneo uniforme. DE 600 A 650 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Aplicam a Segunda Lei de Newton em situações-problema; • Estabelecem relações entre corrente elétrica, voltagem, resistência e potência; • Relacionam energia potencial gravitacional e altura; • Identificam os processos de transformação de energia responsáveis pelo funcionamento de um motor e de um gerador; • Reconhecem o conceito de energia cinética em situações-problema; • Reconhecem que a transferência de calor se dá de um corpo com temperatura mais alta para outro com temperatura mais baixa; • Identificam os processos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. DE 650 A 700 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Operam valores de comprimento, tempo, velocidade e aceleração, utilizando unidades usuais de medidas; • Reconhecem que quanto maior o campo gravitacional de um astro maior seria o peso de uma pessoa sobre a sua superfície; 28 SPAECE 2012 • Reconhecem o conceito de massa, relacionando-a a lei da inércia, e suas unidades de medida; • Reconhecem que um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica cria um campo magnético a seu redor; • Reconhecem a evolução das ideias sobre a relação de força e movimento de um corpo; • Reconhecem características das ondas mecânicas; • Reconhecem que o Timbre é a característica da onda sonora que permite distinguir sons com mesmas frequências emitidos por fontes diferentes; • Reconhecem as aplicações práticas cotidianas dos processos de troca de calor; • Resolvem problemas que envolvem o conceito de força de atrito; • Reconhecem o vetor campo elétrico resultante, a partir de uma distribuição de cargas; • Reconhecem que o sentido do vetor campo elétrico afasta-se das cargas positivas e aproxima-se das cargas negativas; • Reconhecem, a partir de esquemas, as características básicas dos movimentos retilíneos uniformes; • Caracterizam movimentos retilíneos e movimentos circulares; • Aplicam a propagação retilínea da luz na formação de sombras e imagens; • Identificam entre as grandezas físicas, uma grandeza vetorial ou escalar, a partir de sua definição; • Reconhecem a partir do gráfico da voltagem em função da corrente elétrica, que em um resistor ôhmico, a voltagem e a corrente elétrica estão em relação de proporcionalidade direta; • Aplicam a primeira lei de Newton em uma situação problema que envolva o movimento de um corpo. DE 700 A 750 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Aplicam o Princípio da Conservação da Energia Mecânica; • Aplicam a propagação retilínea da luz ao funcionamento de uma câmara escura; • Reconhecem, a partir de representações gráficas, um movimento retilíneo uniformemente variado; • Reconhecem a unidade de medida de grandezas físicas no Sistema Internacional de Medidas; • Identificam medidas físicas usando notação científica. Revista Pedagógica 29 ACIMA DE 750 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Reconhecem que, em um movimento retilíneo uniformemente variado, a aceleração se mantém constante; • Aplicam o conceito de campo magnético associado ao funcionamento de ímãs e bússolas; • Reconhecem as representações vetoriais em um diagrama de forças que atuam sobre um objeto; • Aplicam o princípio da conservação da energia ao movimento de lançamento vertical; • Aplicam o conceito de energia potencial gravitacional a corpos próximos à superfície do planeta; • Reconhecem que o corpo com menor calor específico aquece mais facilmente; • Reconhecem o sentido da força elétrica atuante sobre uma carga elétrica imersa em um campo elétrico; • Reconhecem representações gráficas do movimento uniforme; • Reconhecem que a velocidade de propagação de uma onda sonora depende das características do meio de propagação; • Reconhecem que a altura é a característica da onda sonora que permite diferenciar som agudo de um som grave; • Reconhecem que a altura do som depende da frequência; • Reconhecem, a partir de uma tabela, a função horária do movimento de um corpo; • Diferenciam os conceitos de massa e peso; • Estabelecem relações entre a aceleração de dois corpos de massas diferentes sujeitos à força de mesma intensidade. 30 SPAECE 2012 O Pequeno Príncipe é um personagem de Saint-Exupéry que mora em um pequeno asteroide. Ele costuma fazer várias viagens para vários cantos do Universo. Numa de suas aventuras, o Pequeno Príncipe fez uma viagem com escalas na Lua, em Marte e na Terra, até chegar a Saturno. Nessa viagem, de acordo com os valores crescentes dos campos gravitacionais na superfície desses astros, o peso do Pequeno Príncipe A) foi maior em Saturno. B) foi maior na Terra. C) manteve-se constante. D) alterou-se apenas em Marte. E) alterou-se apenas na Lua. (F100032C2) A habilidade requerida é que o aluno relacione o peso do viajante com massa. Nos vários locais peso do personagem viajante interplanetário com visitados a massa é que permanece invariável, as acelerações gravitacionais observadas em cada sendo o peso proporcional à aceleração da planeta ou satélite, aceleração essa proporcional gravidade. às massas dos distintos planetas ou satélites. O peso do viajante será maior no planeta de maior Os alunos que marcaram a alternativa D e os massa, uma vez que quanto maior a massa do alunos que marcaram a alternativa E estavam planeta ou satélite, maior o peso observado para completamente equivocados, pois consideraram o viajante. que o peso do indivíduo se altera apenas em alguns lugares e em outros não. Os alunos que marcaram a alternativa A acertaram, pois sendo Saturno o planeta de maior massa entre todos os relacionados na viagem do Pequeno Príncipe, é lá que ele terá o maior peso. Já os alunos que optaram pela alternativa B consideraram que o peso do personagem será maior na Terra, talvez induzidos pelo fato de só conhecerem o valor da gravidade na Terra. Os alunos que escolheram a alternativa C consideraram que o peso se manteve constante nos locais da viagem, provavelmente confundido A B C 22,4% 28,9% 21,9% D E 8,5% 17,9% 22+78 percentual de acerto 22,4% Revista Pedagógica 31 (F120076C2) Uma pessoa, ao utilizar uma bússola para se orientar, verificou que, repentinamente, a agulha da bússola muda de posição quando se aproxima de um fio elétrico. Isso ocorre, porque quando um fio retilíneo é percorrido por uma corrente elétrica, ele gera ao seu redor um campo A) elétrico. B) eletrostático. C) gravitacional. D) magnético. E) permanente. Alunos que acertam este item adquiriram a habilidade de reconhecer que um fio retilínio de uma rede elétrica, percorrido por uma corrente, A B C D E 20,8% 16,1% 10,9% 48,7% 3,1% gera em seu entorno um campo magnético capaz de alterar o posicionamento da agulha de uma bússola. Os alunos que marcaram a alternativa D adquiriram a habilidade observada no item. Mesmo que outros campos possam existir de alguma maneira, eles não movimentam a agulha de uma bússola. Então, os alunos que optaram pela alternativa A, os que escolheram a letra B, os que optaram pela alternativa C e aqueles que marcaram a alternativa E erraram. 32 SPAECE 2012 48+52 percentual de acerto 48,7% (F120085C2) Quando uma bola de basquete é jogada para o alto a partir do solo ocorre transformação de um tipo de energia em outro, mas também ocorre, desconsiderando a resistência do ar, conservação de energia A) cinética. B) elástica. C) mecânica. D) potencial. E) química. O reconhecimento do princípio de conservação da energia mecânica e os processos de transformação de energia nos sistemas mecânicos A B C D E 35,6% 18% 14,7% 24,3% 6,9% é a habilidade requerida aos alunos por este item. Os alunos que optaram pela alternativa A consideraram que a energia cinética se conserva na situação descrita, equivocadamente. Ao ser lançada para o alto, a bola de basquete tem sua eneriga cinética diminuida enquanto sobe e aumentada enquanto desce, não se conservando. Os alunos que escolheram a alternativa B erraram, pois a energia elástica não é uma forma de energia considerada no movimento 14+86 percentual de acerto 14,7% da bola. Os alunos que marcaram a alternativa C reconhecem que a energia mecânica da bola de basquete se conserva no movimento. Os alunos que optaram pela alternativa D equivocaram-se, pois consideraram a energia potencial como a energia que se conserva no movimento. E os alunos que escolheram a alternativa E erraram ao considerar que a energia química da bola se conserva durante o movimento. Revista Pedagógica 33 (F110012E4) A irradiação térmica é uma forma de propagação do calor por meio das ondas eletromagnéticas. Ocorre irradiação térmica quando A) o ar frio, que sai do congelador na parte superior da geladeira, tende a descer resfriando os alimentos. B) o ar quente, que sai do aquecedor de ambiente colocado próximo do chão, tende a subir. C) o calor de uma fogueira aquece uma pessoa que está próxima a ela. D) uma caixa de isopor é usada para manter a temperatura dos objetos em seu interior. E) uma panela de alumínio tem cabo de plástico para minimizar a transferência de calor. O item requer do aluno a habilidade de reconhecer quando ocorre uma irradiação térmica, considerado diversas possibilidades dessa A B C 22,8% 21,3% 26,4% D E 14,7% 14,4 forma de propagação de calor por meio de ondas eletromagnéticas. Os alunos que optaram pela alternativa A, confundiram o processo de propagação de calor por convecção descrito na alternativa com o processo de propagação por irradiação térmica. Os alunos que escolheram pela alternativa B fizeram o mesmo tipo de confusão, uma vez que o processo descrito é também o de convecção. O calor de uma fogueira aquece uma pessoa por irradiação térmica. Os alunos que marcaram a alternativa C acertaram, demonstrando ter a habilidade requerida. Os alunos que optaram pela alternativa D erraram, pois a caixa de isopor é um isolante térmico que, de fato, mantém a temperatura dos objetos em seu interior, mas não responde a questão solicitada no suporte. E os alunos que escolheram a alternativa E confundiram o processo, pois o cabo de plástico da panela de alumínio diminui a propagação de calor por condução, não por irradiação. 34 SPAECE 2012 26+74 percentual de acerto 26,4% INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA QUÍMICA ATÉ 550 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 800 850 800 850 800 850 • Reconhecem a superfície de contato como um dos fatores que afetam a velocidade de uma reação química. DE 550 A 600 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Reconhecem que a utilização de fonte de energia limpa é uma medida para minimizar a emissão de dióxido de carbono; • Identificam materiais renováveis e biodegradáveis; • Reconhecem a temperatura como um dos fatores que afetam a velocidade de uma reação química. DE 600 A 650 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Classificam uma reação como endotérmica ou exotérmica, a partir da sua entalpia. • Reconhecem as características de uma ligação iônica. DE 650 A 700 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 • Reconhecem o conceito de isomeria; • Identificam um composto que apresenta isomeria óptica; • Calculam o valor de pH; • Identificam substâncias ácidas e básicas por meio do seu valor de pH; • Reconhecem a interação intermolecular predominante em um gás a partir da descrição de suas propriedades; • Reconhecem o modelo atômico de Bohr; • Relacionam solubilidade à polaridade de moléculas; • Reconhecem os processos de separação de misturas. Revista Pedagógica 35 DE 700 A 750 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Relacionam a aplicabilidade do mercúrio à sua propriedade de dilatação; • Identificam a transformação do estado físico da água que envolve absorção de energia; • Reconhecem o tipo de ligação química que forma um composto a partir da descrição de suas propriedades; • Reconhecem os símbolos utilizados para representar uma reação endotérmica. DE 750 A 800 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Reconhecem o grupo funcional de uma substância química a partir de sua fórmula estrutural; • Calculam quantidade de energia, utilizando dados tabelares. ACIMA DE 800 PONTOS 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 • Compreendem a evolução dos modelos atômicos; • Calculam o número de elétrons em íons diferentes.; • Reconhecem a estrutura do modelo atômico atual; • Identificam uma reação de neutralização a partir da equação química; • Identificam uma reação de combustão por meio da equação química; • Relacionam estados físicos da matéria à energia e movimentação de partículas; • Comparam as quantidades de energia dos reagentes e produtos em uma reação química; • Classificam uma solução como saturada, insaturada ou supersaturada a partir do seu coeficiente de solubilidade; • Reconhecem o composto SO3 como um dos responsáveis pela chuva ácida; • Reconhecem o equilíbrio de uma reação. 36 SPAECE 2012 (Q120095C2) A conservação de alimentos sempre foi um desafio para a humanidade. Produzir e estocar os alimentos de maneira que possam ser consumidos por períodos mais longos foi um dos grandes avanços tecnológicos do homem. Esses avanços se utilizam da diminuição da energia cinética média das moléculas, diminuindo a velocidade das reações de degradação, e do uso de catalisadores negativos, inibidores. Permitem essas medidas de conservação de alimentos o A) uso da geladeira e conservantes de alimentos. B) uso da geladeira e embalagens a vácuo. C) uso da geladeira e embalagens longa vida. D) uso de embalagens a vácuo e conservantes de alimentos. E) uso de embalagens longa vida e conservantes de alimentos. A habilidade é avaliar o efeito da temperatura na velocidade das reações, relacionando as técnicas de conservação de alimentos com A B C D E 45,8% 17,9% 12,8% 12,3% 11% a função e a importância dos aditivos alimentares. Para o aluno acertar esse item não basta saber quais fatores influenciam na conservação de alimentos. Precisa aliar este saber com a interpretação do enunciado. A alternativa correta, opção A, foi procurada pela maior parte dos alunos. É importante dizer que as alternativas apresentadas servem para conservar alimentos, mas o comando refere-se a dois tipos específicos, que são o abaixamento da energia cinética e o uso de catalisadores. 45+55 percentual de acerto 45,8% Os alunos que marcaram as alternativa B e C, podem ter associado à conservação de alimentos apenas ao conhecimento do senso comum. Os alunos que marcaram as alternativas D e E, não se atentaram para o fato de que o enunciado se referia a um processo de conservação de alimento associado ao conceito científico de abaixamento de energia cinética. Revista Pedagógica 37 (Q120071C2) Leia o texto abaixo. John Dalton (1766 – 1844), curiosamente, contribuiu para o estabelecimento da Química Moderna retomando uma ideia muito antiga, surgida na Grécia por volta do século V a.C, segundo a qual a matéria se apresenta na forma de partículas extremamente pequenas – os átomos. Por volta de 1800, Dalton formulou a hipótese atômica, marcando o início de uma longa caminhada em busca de explicações racionais para os fatos químicos. Um passo importante foi o estabelecimento do modelo atômico conhecido como “modelo de Dalton’’. Disponível em: <http://allchemy.iq.usp.br/metabolizando/beta/01/jdalton.htm>. Acesso em: 7 ago. 2011. Esse modelo é limitado para explicar a A) condutibilidade elétrica, pois ele não definiu os elétrons. B) dilatação térmica, pois ele não definiu os estados físicos. C) maleabilidade, pois ele não prevê a união dos átomos. D) reciclagem, pois ele não explica transformações físicas. E) substância composta, pois os átomos seriam todos iguais. A habilidade avaliada neste item é a de caracterizar os modelos atômicos e os modelos de ligações e usá-los para explicar o comportamento dos materiais. não conseguem diferenciar transformações físicas e químicas. Esse é um aspecto preocupante, pois é um assunto que é abordado desde o sexto ano nas aulas de ciências. A alternativa mais procurada foi a E. Isso parece indicar que os alunos não entenderam o comando do item, pois o modelo de Dalton fala em moléculas simples e compostas. A procura pela alternativa D foi baixa. Dalton explicou a formação de substâncias compostas no seu modelo, portanto isso não é uma limitação. Os alunos que marcaram essa alternativa podem ter tido dificuldade na interpretação do comando. As alternativas A e C também foram muito procuradas. A procura pela alternativa A indica que o aluno compreendeu que o modelo de Dalton considera o átomo uma esfera maciça e indivisível e não pode explicar a condutibilidade elétrica. O modelo de Dalton é o primeiro e o mais simples dos modelos. A pouca procura pela alternativa correta é um indicativo de que os alunos não conseguem compreender as limitações dos modelos. Talvez, eles até conhecem o modelo, mas não conseguem usá-lo em um contexto de aplicação. Os alunos que procuraram a alternativa C demonstraram desconhecer um aspecto importante desse modelo, que é o de afirmar que as reações ocorrem com rearranjo de átomos. A procura pela letra B também foi grande, pois Dalton propôs um modelo para o átomo baseado em transformações químicas. A busca por essa alternativa pode ser um indício de que esses alunos 38 SPAECE 2012 Esses resultados indicam um importante aspecto a considerar: a dificuldade de utilizar os modelos atômicos para explicar as propriedades dos materiais. A associação entre os modelos de átomos precisa ser mais explorada no ensino de química. A B 23,8% 21,6% C D E 18,9% 10% 25,5% 23+77 percentual de acerto 23,8% (Q120092C2) Atualmente existem muitas informações a respeito da ingestão de gordura trans e os problemas que esse tipo de gordura pode trazer à saúde. A denominação trans deriva de uma parte da química orgânica denominada estereoisomeria geométrica ou estereoisomeria cis-trans. Os isômeros originados são denominados cis e trans de acordo com a orientação espacial de sua estrutura e apresentam propriedades diferentes, por exemplo, os isômeros cis são mais solúveis em água de uma maneira geral. Uma estrutura que representa um isômero trans é A) B) H H H C C C H H C C OH OH H H C) H HOOC E) H HOOC C=C C=C COOH D) H H COOH Este item testa a habilidade de identificar a isomeria como uma propriedade que determina o comportamento de algumas substâncias orgânicas. A alternativa C, que é a correta, foi a opção de um baixo percentual de alunos. As alternativas D e E indicam que os alunos confundiram a representação de Cis com Trans. A busca pelas alternativas A e B demonstra a dificuldade de verificar esse tipo de isomeria em compostos de cadeia cíclica. A B C D 18,1% 21,7% 24,1% E 23,2% 12,6% 24+76 percentual de acerto 24,1% Revista Pedagógica 39 (Q120094C2) A poluição gerada pelos veículos automotores é a principal responsável pelo acúmulo de substâncias poluentes na atmosfera urbana. Fenômenos como a chuva ácida e o agravamento do efeito estufa poderiam ser minimizados, se a utilização de combustíveis fósseis a base de carbono fossem utilizados em menor escala. Um exemplo de substância diretamente responsável pela chuva ácida é o A) CH4 B) CH2O C) NH3 D) CO E) SO3 Este item avalia a habilidade de analisar medidas alta que desconhece dois assuntos bastante que permitem controlar e/ou minimizar problemas abordados na mídia. ambientais, tais como: intensificação do efeito estufa, destruição da camada de ozônio, extinção A procura pela letra C também pode ser e introdução de novas espécies, mudanças considerada alta, pois a substância amônia, NH3, climáticas, poluição ambiental. é uma substância básica e abordada em vários momentos no ensino de química. O baixo percentual de alunos que marcaram a alternativa correta (E) chama a atenção, pois A letra D tem como resposta o monóxido de este assunto é bastante comum nos meios de carbono, CO, que é um óxido neutro. Os alunos que comunicação. O fato de não reconhecerem marcaram esta alternativa demonstram completo que o SO³ é a única substância que apresenta desconhecimento sobre os dois assuntos tratados característica ácida dentre as alternativas também no enunciado do item. é preocupante. Os alunos que optaram pela alternativa A demonstraram não reconhecer uma substância ácida ou não compreenderam o enunciado. Podem A B C D E 16,4% 31% 16% 18,4% 17,9% também ter pensado apenas no agravamento do efeito estufa. Os alunos que marcaram a alternativa B demonstraram não reconhecer substância ácida e também não sabem quais são as substâncias responsáveis pela formação da chuva ácida e pelo agravamento do efeito estufa. É uma porcentagem 40 SPAECE 2012 17+83 percentual de acerto 17,9% 3 OS RESULTADOS DESTA ESCOLA Os resultados desta escola no SPAECE 2012 são apresentados sob seis aspectos, sendo que quatro deles estão impressos nesta revista. Os outros dois, que se referem aos resultados do percentual de acerto no teste, estão disponíveis no Portal da Avaliação, pelo endereço eletrônico www.spaece.caedufjf.net. O acesso aos resultados no Portal da Avaliação é realizado mediante senha enviada ao gestor da escola. Revista Pedagógica 41 RESULTADOS IMPRESSOS NESTE BOLETIM • Proficiência média Apresenta a proficiência média desta escola. É possível comparar a proficiência com as médias da rede de ensino e CREDE/município. O objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar sua escola em relação a essas médias. • Participação Informa o número estimado de alunos para a realização do teste e quantos, efetivamente, participaram da avaliação por rede de ensino, CREDE/município e escola. • Evolução da proficiência média Permite acompanhar o percentual de alunos distribuídos por Padrões de Desempenho na avaliação realizada. • Percentual de alunos por nível de proficiência e Padrão de Desempenho Apresenta a distribuição dos alunos ao longo dos intervalos de proficiência da rede de ensino, CREDE/município e escola. Os gráficos permitem identificar o percentual de alunos para cada nível de proficiência em cada um dos Padrões de Desempenho. Isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do processo de ensino e à promoção da equidade escolar. RESULTADOS DISPONÍVEIS NO PORTAL DA AVALIAÇÃO • Percentual de acerto por descritor: Apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma das habilidades avaliadas. Esses resultados são apresentados por CREDE/município, escola, turma e aluno. • Resultados por aluno: É possível ter acesso ao resultado de cada aluno na avaliação, sendo informado o Padrão de Desempenho alcançado e quais habilidades ele possui desenvolvidas em Ciências da Natureza para a 3ª série do Ensino Médio. Essas são informações importantes para o acompanhamento de seu desempenho escolar. 42 SPAECE 2012 4 DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES Os artigos a seguir apresentam uma sugestão para o trabalho de uma competência em sala de aula. A proposta é que o caminho percorrido nessas análises seja aplicado para outras competências e habilidades. Com isso, é possível adaptar as estratégias de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma ação focada nas necessidades dos alunos. Revista Pedagógica 43 VIDA E AMBIENTE: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO MÉDIO O domínio Vida e ambiente é um tema fundamental na Biologia, enquanto ciência que tem como objeto de estudo a vida em toda a sua diversidade de manifestações. Apesar de sua importância, as competências e habilidades relacionadas a ele apresentam desempenho abaixo do esperado para essa disciplina no Ensino Médio, conforme verificado nos resultados das diversas avaliações educacionais realizadas no Brasil. Este domínio abrange conhecimentos das diversas áreas da Biologia, como Zoologia, Botânica, Biologia Celular e Molecular, Fisiologia, Microbiologia, Ecologia, Evolução, Sistemática, entre outras, envolvendo uma ampla gama de conceitos científicos que, se não forem trabalhados de forma contextualizada e inter-relacionada, irão se constituir em um amontoado de termos sem significado para os alunos, contribuindo para desmotivá-los ao estudo da Biologia. Os conteúdos referentes ao domínio em questão devem possibilitar aos alunos a compreensão da vida como manifestação de processos organizados e integrados que se perpetuam por meio da reprodução e se modificam no tempo em função dos processos evolutivos – responsáveis pela enorme diversidade de organismos – e das intrincadas relações estabelecidas pelos seres vivos entre si e com o ambiente. Para além dessa compreensão sobre os processos biológicos, é essencial que o aluno também se reconheça como organismo que está sujeito aos mesmos processos e fenômenos que os demais, sendo, no entanto, capaz de modificar ativamente os ecossistemas, provocando desequilíbrios nas relações ecológicas e modificações na biodiversidade. Várias pesquisas têm relatado a excessiva quantidade de conteúdos trabalhados no Ensino Médio no âmbito da Biologia, assim como a forma fragmentada em que são abordados, apontando estes fatores como as principais causas dos problemas de aprendizagem manifestados pelos alunos. Tal concepção contribui para que os alunos apenas memorizem temporariamente os conceitos, que são apresentados aos milhares de alunos nos livros didáticos. Esse cenário mostra a necessidade de “enxugamento” dos conteúdos trabalhados, elegendo-se aqueles com maior relevância, considerando-se os objetivos do Ensino Médio, que, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei 9394/1996), são: i) 44 SPAECE 2012 possibilitar o prosseguimento dos estudos mediante o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; ii) a preparação para o trabalho e a cidadania; iii) a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; iv) compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria à prática. Tendo em vista estes objetivos, o maior desafio que se faz presente é (re) estabelecer o vínculo entre a Biologia e a vida dos alunos, possibilitandoos participar dos debates contemporâneos, nos quais os conhecimentos biológicos estão em pauta, e tomar decisões de cunho pessoal e social de forma consciente e socioambientalmente responsável. Atividades para serem trabalhadas em sala de aula O domínio Vida e ambiente envolve uma série de habilidades, as quais estão diretamente relacionadas entre si e também às presentes nos demais domínios da Matriz de Referência de Biologia. Destacaremos, a seguir, uma destas habilidades, sobre a qual faremos uma breve descrição, enfatizando o seu processo de desenvolvimento e dando algumas sugestões sobre como trabalhá-las na escola. Reconhecer a importância econômica e ecológica das bactérias, fungos, algas, protozoários, plantas e animais Esta habilidade está relacionada à compreensão de vários conceitos biológicos, como: células (procarióticas e eucarióticas), organismos unicelulares e pluricelulares, reprodução assexuada e sexuada, metabolismo celular, processos evolutivos, entre outros. No contexto do estudo da Biologia, é essencial reconhecer que todos os seres vivos são formados por “unidades básicas”, as células, onde ocorrem processos organizados e integrados. Através de uma abordagem evolutiva, as inter-relações entre os conceitos citados são explicitadas, fazendo mais sentido para os alunos e, portanto, favorecendo a construção de significados, em detrimento da memorização mecânica e arbitrária. Revista Pedagógica 45 Nesse contexto, o processo de desenvolvimento desta habilidade tem como ponto de partida o reconhecimento de que os seres vivos são formados por células, uma única, no caso dos seres unicelulares, ou trilhões, como nos seres humanos. A partir daí, poderão ser explorados os dois padrões celulares responsáveis pela distinção entre os organismos procarióticos e eucarióticos. Possibilitar a compreensão dos alunos sobre o metabolismo celular é um dos grandes desafios postos ao professor, uma vez que os "Possibilitar a alunos têm grande dificuldade em perceber as células como sistemas compreensão dos e que processos complexos ocorrem de forma interdependente. Nas bactérias, por exemplo, a aparente simplicidade metabólica envolve uma grande variedade de formas de nutrição, responsável pela importância ecológica desse grupo e por seu sucesso evolutivo. Vamos nos concentrar apenas nas bactérias. alunos sobre o metabolismo celular é um dos grandes desafios postos ao A compreensão do metabolismo da célula bacteriana (em sua professor, uma vez diversidade de fontes de carbono e de energia), de seu processo de reprodução, assim como os mecanismos de recombinação que os alunos têm genética – responsável pela resistência bacteriana aos antibióticos grande dificuldade em –, constitui, portanto, o “salto cognitivo” necessário a partir do desenvolvimento do conceito de célula procariótica. Dessa forma, é perceber as células desejável que os alunos não somente identifiquem as características como sistemas em que gerais dos organismos procariontes, mas consigam relacionar estas processos complexos características à sua importância ecológica e econômica. ocorrem de forma Uma sugestão para o desenvolvimento (e também para a avalição) desta habilidade em sala de aula é promover um debate simulado sobre um assunto de grande relevância para a saúde pública: o uso indevido de antibióticos. O debate é uma estratégia de ensino que possibilita a exposição de pontos de vista diferentes sobre uma mesma questão e que pode contribuir para desenvolver o poder de argumentação dos alunos. Por se tratar de uma atividade em que os alunos assumem papéis distintos e posicionamentos contrários acerca de determinada questão, sem que, necessariamente, concordem com o que estão defendendo, essa discussão denominase debate simulado. 46 SPAECE 2012 " interdependente. Para tal atividade, é importante que o professor selecione e disponibilize aos alunos textos científicos e reportagens, ou então oriente uma pesquisa sobre o tema, por exemplo, na mídia especializada e não especializada sobre o tema considerado, de forma a embasar a construção de argumentos pelos alunos. A análise crítica das reportagens, tendo como base os conhecimentos científicos, é uma atividade de grande importância para a formação dos alunos. Para reconhecer a importância das bactérias, tanto ecológica como economicamente, os alunos devem ser capazes de relacionálas ao desenvolvimento da biotecnologia, que envolve desde técnicas milenares – utilizadas na produção de laticínios, vinagre e bebidas alcoólicas – como também conhecimentos relacionados à Engenharia Genética, que têm proporcionado o desenvolvimento de medicamentos, hormônios e até organismos transgênicos, por meio da técnica do DNA recombinante. Essa noção supera a visão equivocada de que as bactérias seriam exclusivamente causadoras de doenças. A habilidade considerada envolve também conhecimentos relacionados ao campo da Ecologia, fundamentais para a compreensão das interrelações entre as bactérias e os demais seres vivos como: cadeia alimentar, níveis tróficos, ciclos biogeoquímicos, fluxo de energia, bioremediação, entre outros. Para que esta habilidade seja desenvolvida, é necessário que os alunos compreendam a importância dos ciclos de matéria e do fluxo de energia para a existência e manutenção da vida no planeta Terra, para então perceberem a importância das bactérias e dos diferentes papéis que desempenham nos ecossistemas, enquanto decompositoras, fixadoras de Nitrogênio e de Carbono, podendo ocupar diferentes níveis tróficos dependendo de suas características metabólicas e do ambiente em que são encontradas. O salto cognitivo referente a esta habilidade consiste justamente em o aluno conseguir relacionar as características específicas de cada grupo de bactérias ao seu papel mais amplo nos ecossistemas, contribuindo para a homeostase do planeta Terra. A avaliação desta habilidade pode ser realizada de uma forma bem dinâmica (e também interdisciplinar) a partir da proposição aos Revista Pedagógica 47 alunos de criação de um roteiro para uma peça infantil, cujo foco seja a análise do papel das bactérias para o planeta, como por exemplo: “O julgamento das bactérias: vilãs ou mocinhas?” ou ainda, “Como seria o planeta Terra sem as bactérias?”. Além de estimular a criatividade, o desenvolvimento da escrita, das expressões verbal e corporal e das habilidades de pesquisa, as atividades lúdicas despertam grande interesse e motivação, contribuindo não só para o aprendizado, como também para a socialização e aumento da autoestima dos adolescentes. Desafios para a prática docente As habilidades do domínio Vida e Ambiente devem ser desenvolvidas de forma recursiva ao longo das três séries do Ensino Médio em graus crescentes de aprofundamento, tendo em vista o desenvolvimento cognitivo dos alunos, uma vez que os conteúdos e as habilidades envolvidas não são estanques, ao contrário, inter-relacionam-se de diversas maneiras ao longo do currículo, principalmente quando estes são abordados de forma contextualizada e relacionada ao cotidiano dos alunos. "É importante destacar que É importante destacar que o processo de construção de conceitos o processo de também não é estanque, sendo que muitos conceitos estão em construção de permanente processo de (re)construção na estrutura cognitiva dos alunos. Daí a importância da abordagem recursiva, uma vez que conceitos também favorece a (re)elaboração dos conceitos pré-existentes através da não é estanque, incorporação de novos significados. sendo que muitos Vista sob esta ótica, a abordagem recursiva implica não somente a organização dos conteúdos, mas também as estratégias didáticas utilizadas, de modo que, para favorecer a apreensão e construção de novos significados para os conceitos, fenômenos e processos que envolvem a Biologia, devam ser privilegiadas as estratégias que propiciem a reflexão, exposição, debate de ideias, resolução de problemas, assim como as atividades de caráter lúdico. 48 SPAECE 2012 conceitos estão em permanente processo de (re)construção na estrutura cognitiva dos " alunos. Tendo a construção de significados pelos alunos como o foco do ensino, é importante que, além de recursiva, a abordagem didática utilizada respeite a lógica da construção do pensamento biológico, o qual está atualmente estruturado em torno da Evolução e da Ecologia. Normalmente, os programas de ensino – assim como a maioria dos livros didáticos – contemplam a Evolução apenas enquanto um tópico ou capítulo, sendo, em geral, deixado para o fim (de preferência o último bimestre do último ano do Ensino Médio). É necessário, portanto, que a Evolução seja compreendida não como uma teoria específica, mas como um princípio organizador da Biologia, conforme as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Apesar de sua importância, o ensino da Evolução enfrenta desafios de várias naturezas, destacando-se as dificuldades na compreensão dos processos evolutivos (por alunos e também por professores) e os conflitos (de cunho filosófico, ideológico e político) entre as teorias evolutivas e as crenças pessoais, levando os professores, muitas vezes, a evitar o tema por não se sentirem preparados para trabalhá-lo. Tais desafios podem ser superados por meio de uma maior aproximação dos docentes com as pesquisas sobre o ensino de evolução, as quais têm descrito as concepções alternativas manifestadas por alunos e professores, apresentando alternativas de ensino que têm se mostrado exitosas, como a incorporação de um enfoque sociocultural sobre o desenvolvimento histórico das teorias evolucionistas e sobre a natureza da ciência. Nesta perspectiva, há vários filmes e livros de excelente qualidade que podem ser utilizados como recursos didáticos significativos para a abordagem do domínio Vida e ambiente em uma perspectiva evolutiva. Estes recursos, aliados a estratégias de ensino problematizadoras e que favoreçam a discussão em pequenos grupos, constituem-se em valiosos instrumentos para o desenvolvimento das habilidades que integram este domínio. Revista Pedagógica 49 AS PERSPECTIVAS DO ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO Na sociedade contemporânea, é inegável a crescente presença da ciência e da tecnologia nas atividades produtivas e nas relações sociais. O dinamismo e a rapidez do progresso científico e tecnológico têm provocado contínuas transformações no processo de produção, e o desenvolvimento das habilidades e competências cognitivas e culturais exigidas para o pleno desenvolvimento humano passa a coincidir com o esperado na esfera da produção. Com o objetivo de atender a essa sociedade em contínua transformação, o Ministério da Educação, a partir dos princípios definidos na LDB 9.394/96, propôs, há mais de uma década, um novo perfil de currículo para a Educação Básica, apoiado em competências básicas para a formação do cidadão. "[...] o ensino de Física na Educação Neste cenário, à escola foi delegada a função de desenvolver habilidades para o exercício da cidadania e atender às necessidades dos meios de produção, conferindo à educação o status de elemento fundamental de formação do cidadão e de desenvolvimento social. Nesta concepção, o ensino de Física na Educação Básica deve ser compreendido compreendido e desenvolvido e desenvolvido como um poderoso instrumento de inclusão, democratização e como um desenvolvimento social , extrapolando a função limitada e imediatista de ser apenas um poderoso dos componentes preparatórios para os exames de ingresso ao Ensino Superior. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN) apontam as competências a serem desenvolvidas em Física: representação e comunicação, investigação e compreensão, e contextualização sociocultural. De forma geral, as 50 Básica deve ser instrumento de inclusão, democratização e competências e as habilidades elencadas nos PCN consideram o conhecimento de desenvolvimento Física como um instrumento para a compreensão do mundo. social [...]. SPAECE 2012 " Entretanto, os programas de avaliação em larga escala, como o Enem, por exemplo, mostram que diversas habilidades relacionadas à área de Física para o Ensino Médio estão muito abaixo do esperado, e essa constatação deve ser utilizada para orientar os rumos das ações pedagógicas da família, dos estudantes, dos professores, dos gestores educacionais, enfim, da sociedade. Tentar apontar um elemento do contexto educacional responsável pelo baixo rendimento dos estudantes, a fim de investir na sua transformação e melhorar o ensino de Física da etapa em foco, é uma ideia limitada e até mesmo ingênua, pois os elementos que formam a “teia educacional” estão interligados e são interdependentes. No ensino tradicional de Física, ainda desenvolvido em muitas escolas, o conhecimento é fragmentado, descontextualizado e distante da sociedade que o gerou. Este cenário estimula uma postura passiva do estudante e suas ações ficam limitadas à memorização de fórmulas e resolução de grande quantidade de exercícios padronizados e desvinculados do cotidiano. A dificuldade do estudante em compreender que a Física está abordando coisas do mundo em que ele vive não é o único problema, mas é um obstáculo com o qual o professor deve se preocupar e pode, em suas ações pedagógicas, aproximar a Física da sala de aula do mundo vivido pelo estudante. A concepção de um ensino contextualizado O conceito de energia, por exemplo, é um dos pilares da Física, sendo considerado por muitos educadores como um tema fundamental e estruturante para o ensino de Física. Reconhecer os vários conceitos de energia, como a energia potencial gravitacional de um corpo próximo à superfície da Terra, a energia potencial elástica e a energia cinética de um corpo em movimento; identificar as diferentes fontes e processos de transformação de energia; reconhecer o conceito de potência e aplicar o princípio de conservação da energia para Revista Pedagógica 51 a compreensão de vários fenômenos naturais e produzidos pelo homem são habilidades fundamentais e necessárias para o cidadão contemporâneo compreender, participar, atuar e intervir na sociedade. Entretanto, o resultado das avaliações em larga escala indica que as habilidades elencadas acima têm um padrão de desempenho muito abaixo do mínimo desejado e, consequente e inevitavelmente, surge a pergunta: por quê? A Matriz de Referência de Ciências da Natureza, relativa à Física, fornece um rumo para o professor nortear o seu trabalho. Na descrição das habilidades da Matriz de Referência citada, o verbo mais utilizado é “reconhecer”. “Reconhecer” no sentido de conceber um significado contextualizado de um determinado conceito físico e não apenas reconhecer o conceito físico como uma palavra, representada por uma letra, pertencente a uma fórmula a ser substituída por um dado numérico. Do exposto, a habilidade de reconhecer a energia potencial gravitacional ou a energia cinética de um corpo, por exemplo, não "O professor pode pode ser abordada apenas através da substituição dos valores e deve utilizar o numéricos da massa, do campo gravitacional, da velocidade ou da conhecimento de altura nas fórmulas para a obtenção de resultados numéricos e sem significado. O professor pode e deve utilizar o conhecimento de mundo do estudante, obtido pelas suas experiências diárias, para construir o conceito de energia e a sua capacidade de transformação em várias modalidades . mundo do estudante, obtido pelas suas experiências diárias, para construir o Para promover a ligação mundo-vida do estudante com a sala de aula, conceito de energia há várias possibilidades, tais como relatos e descrições de eventos naturais ou produzidos pelo homem através de textos e filmes, e a sua capacidade utilização de simulações interativas existentes na Internet, atividades de transformação em experimentais, jogos e brincadeiras etc. 52 SPAECE 2012 " várias modalidades. A escolha da metodologia a ser utilizada pelo professor para promover o elo entre o que o estudante já sabe e o que ele precisa aprender vai depender de inúmeros fatores: o tema abordado, materiais disponíveis na escola, disponibilidade de tempo do professor desde a preparação da metodologia até a sua aplicação em sala de aula, dentre outros. Para o professor poder planejar e realizar ações que efetivamente proporcionem um ensino de Física contextualizado e significativo, é necessário mudar a sua concepção sobre a função do professor de Física no ensino contemporâneo. Essa mudança de concepção é iniciada e retroalimentada quando o professor, consciente da necessidade de melhorar a sua prática docente, substitui a pergunta que faz para si – o que ensinar de Física? – por outra muito mais inquietante: para que ensinar Física? A formulação desta pergunta e a busca pela sua resposta irão direcionar o professor no planejamento e na execução das suas ações pedagógicas, explicitando a preocupação de atribuir ao conhecimento um significado concreto, preparando o estudante para lidar com situações reais do seu mundo imediato ou próximo dele. Geralmente, quando se pergunta para que ensinar Física, a resposta dos professores aparece em coro: para compreender e interagir com o mundo no qual vivemos. Uma alternativa para atingir esse fim , é utilizar objetos do cotidiano, materiais de baixo custo ou mesmo sucata. Em relação ao conceito de energia, por exemplo, o professor pode propor para os seus estudantes a construção de uma máquina térmica utilizando uma lata de refrigerante vazia, vela de parafina, garrafa pet, parafusos, porcas, arame, cola etc. O processo de aprendizagem desenvolvido nessa atividade terá início com a proposição da construção da máquina térmica, pois a sala de aula se transformará em um ambiente de pesquisa, criação e idealização da máquina térmica mais simples e eficiente. Além disso, o processo de construção da máquina térmica produzirá um campo Revista Pedagógica 53 fértil de interações sociais entre professor e estudantes e entre os estudantes, proporcionando um ambiente onde a aprendizagem acontece por si só, sem a necessidade de imposições e autoritarismos. A colocação da máquina térmica em funcionamento provocará satisfação e elevação da autoestima dos participantes, motivandoos a desejarem saber sobre o seu funcionamento, proporcionando o desenvolvimento das habilidades de reconhecimento sobre as diferentes fontes e transformações de energia. Evidencia-se aqui que, para a realização da atividade proposta, foram necessários alguns materiais de fácil aquisição e encontrados no dia a dia, além da "O objetivo vontade e coragem do professor em tomar para si a responsabilidade das atividades de ser um agente de transformação na escola. experimentais É certo que, em muitos temas de Física, fica difícil desenvolver atividades experimentais para os estudantes realizarem no ambiente da sala de aula convencional. Entretanto, nestes casos, o professor poderá utilizar, por exemplo, atividades experimentais demonstrativas é proporcionar um ambiente educacional demonstrativas para abordar um determinado tema. O objetivo das onde o professor atividades experimentais demonstrativas é proporcionar um ambiente apresenta aos seus educacional onde o professor apresenta aos seus estudantes um conceito ou fenômeno físico através do verbo “observem” ao invés do estudantes um verbo “imaginem ”. conceito ou fenômeno Uma outra habilidade investigada nos processos de avaliação em larga escala e que apresentou um desempenho abaixo do esperado foi a habilidade de aplicar as Leis de Newton em situações-problema. Uma das formas de desenvolver tal habilidade com a utilização de uma atividade experimental demonstrativa é descrita a seguir: o professor, segurando um livro a uma certa altura do chão da sala, coloca uma folha de papel sobre a superfície superior do livro e pergunta aos seus estudantes: qual objeto chegará primeiro ao solo depois de largados, a folha ou o livro? Certamente, a maioria dos estudantes responderá 54 SPAECE 2012 físico através do verbo “observem” ao invés do verbo “imaginem”." que o livro chegará primeiro ao solo, pois pelo senso comum, o livro é mais pesado e a folha, mais leve, ficará para trás. Nesta atividade, o professor não responde verbalmente a questão proposta para os estudantes, mas a partir da realização da demonstração. Os estudantes observarão a folha de papel chegar ao solo no mesmo instante que o livro, pois caem juntos e, os estudantes, ao observarem algo contrário ao que haviam imaginado, serão motivados a procurar explicações para o evento. Portanto, com a realização da atividade experimental demonstrativa apresentada, gera-se um ambiente de surpresa, desconforto e necessidade de saber o porquê do ocorrido. A partir daí, o professor poderá utilizar as Leis de Newton para explicar o movimento dos corpos com e sem resistência do ar, desenvolvendo a habilidade em questão, dentre outras. Para realizar esta atividade experimental, é necessário apenas uma folha de papel e um livro, não sendo preciso muito tempo para o professor elaborar e executar a atividade em sala de aula. Porém, é fundamental a mudança da concepção do professor em relação a sua responsabilidade na formação do cidadão e em relação à necessidade de utilização de outras metodologias para um ensino de Física mais contextualizado e significativo. Para desenvolver a habilidade em foco na forma tradicional, o professor formularia a pergunta e, ao observar as respostas equivocadas de vários estudantes afirmando que o livro chegaria primeiro ao solo e a folha ficaria para trás, enunciaria categoricamente a explicação: se desprezarmos a resistência do ar, todos os corpos próximos à superfície da Terra caem com a mesma aceleração e, portanto, a folha chegará ao solo no mesmo instante que o livro. Também podem ser citadas outras habilidades relacionadas ao tema energia para serem desenvolvidas no Ensino Médio. São habilidades relacionadas à energia elétrica, tão presente em nosso cotidiano: a habilidade de relacionar os conceitos elétricos de corrente, diferença Revista Pedagógica 55 de potencial e resistência, a habilidade de aplicar o conceito de potência elétrica e suas unidades usuais de medida em situações do cotidiano, entre outras. Através de uma abordagem tradicional deste tema, a ação do professor se resume em apresentar as definições de corrente elétrica, resistência elétrica, diferença de potencial e potência elétrica, mostrando as equações que as relacionam para, finalmente, desenvolver exercícios de aplicação das fórmulas. Frente a essas ações do professor, tornase difícil desenvolver no estudante as habilidades de relacionamento dos conceitos físicos envolvidos e aplicações destes em situações do cotidiano, pois a ação do estudante resume-se apenas na resolução "A utilização de de exercícios padronizados de aplicação das fórmulas. Entretanto, com a utilização de atividades experimentais demonstrativas, o professor pode tornar-se senhor de sua prática docente e desenvolver as habilidades relacionadas ao tema. Para isto, basta que o professor disponha de algumas lâmpadas incandescentes, fios de cobre, entre outras coisas encontradas no dia a dia. Com esses materiais, o professor pode montar um circuito em série, ou em paralelo, de lâmpadas e mostrar aos estudantes as características de um circuito elétrico e discutir sobre as grandezas físicas envolvidas. materiais do dia a dia e de fácil aquisição para a realização das atividades experimentais demonstrativas aproxima a Física A utilização de materiais do dia a dia e de fácil aquisição para a realização das atividades experimentais demonstrativas aproxima a Física abordada na sala de abordada na sala de aula do cotidiano do estudante , o que permite aula do cotidiano do ao estudante expressar livremente suas ideias sobre um deteminado evento. Por exemplo, com a utilização do circuito de lâmpadas associadas em paralelo, quando é demonstrado que o fato de apagar uma lâmpada da associação não provoca nenhuma alteração no brilho das outras lâmpadas, geralmente, um ou mais estudantes relatam já terem observado a diminuição do brilho das lâmpadas quando se liga o chuveiro elétrico em uma residência e procuram compreender a situação, aparentemente contraditória, já que as lâmpadas e o 56 SPAECE 2012 estudante, " chuveiro elétrico também são ligados em paralelo em uma instalação elétrica residencial. A partir da participação dos estudantes, inicia-se a discussão sobre a importância do dimensionamento correto dos condutores que levam a energia elétrica a nossas residências e o risco de incêndio nas instalações elétricas mal dimensionadas. Observa-se, portanto, como uma atividade experimental demonstrativa simples pode desencadear um ambiente de aprendizagem repleto de significados para todos os sujeitos participantes. Para o desenvolvimento da habilidade de determinar o consumo mensal de energia elétrica em uma residência pela leitura da conta de luz e do “relógio de luz”, por exemplo, o professor pode motivar os estudantes a trazerem cada um a conta de luz de sua residência para verificar o consumo de energia elétrica e propor medidas para economia e utilização racional desta forma de energia. São inúmeras as possibilidades para desenvolver a Física no Ensino Médio a partir dos pressupostos dos PCN. Entretanto, os objetivos almejados ainda são bastante incipientes em decorrência das ações inexistentes ou inconsistentes de vários elementos constituintes da “teia educacional”. Nesse contexto, ao professor de Física, um dos elementos dessa teia, cabe a tarefa de utilizar sua capacidade de criação e de transformação para auxiliar na formação do cidadão contemporâneo através de suas ações e atitudes, pois dessas ações é que resultarão reações de mesma intensidade, mesma direção e sentidos opostos dos outros elementos da teia. Revista Pedagógica 57 TERMOQUÍMICA E A ENERGIA ENVOLVIDA NAS TRANSFORMAÇÕES: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO MÉDIO As Ciências da Natureza envolvem disciplinas que realizam um estudo sistemático da natureza. Entre elas, citam-se a Química, Física e Biologia, no âmbito do Ensino Médio. A Química, como uma dessas ciências, estuda desde a composição e estrutura da matéria até as transformações que ela sofre. Sabemos que a matéria é suscetível tanto às transformações físicas, que não alteram a identidade da substância, quanto às transformações químicas, mais significativas e fundamentais que as primeiras. Na Química, as substâncias podem sofrer dois tipos de transformações, isto é, serem degradadas ou serem sintetizadas. O estudo da energia envolvida nessas transformações é denominado Termoquímica. O estudo de Termoquímica envolve o desenvolvimento de uma série de habilidades que vão desde a energia e trocas de calor em processos químicos, incluindo conceitos de entalpia e variações em um sistema, até o conhecimento de equações termoquímicas e aspectos macro e microscópicos dos processos endo e exotérmicos, habilidades essas que compõem um domínio mais geral de Matéria e energia. A seguir, discutiremos uma importante habilidade do domínio mencionado, relativa ao reconhecimento do conceito de entalpia. Mas, para melhor compreender essa habilidade, outros conceitos são trabalhados anteriormente: o conceito de energia e de troca de calor. O conceito de energia Embora seja um conceito básico para o entendimento da maioria dos fenômenos que envolvam transformações químicas, não é tão simples definir energia. A definição clássica, de que a energia é a capacidade de realizar trabalho, envolve a compreensão de outros termos como calor e temperatura. No entanto, esses conceitos não possuem 58 SPAECE 2012 "Sabemos que o mesmo significado na ciência e na linguagem comum. Isso tem se a matéria é na maioria das vezes, o professor trabalha conceitos mais avançados, suscetível tanto às como calor de reação e lei de Hess, sem ter feito previamente tornado causa de dificuldades no ensino de Química, uma vez que, uma revisão de conceitos básicos, como calor, temperatura e a transformações físicas, própria energia. O resultado de tudo isso, muitas vezes, é a fusão que não alteram de uma série de conhecimentos básicos e científicos de maneira a identidade da indiferenciada, sem o principal aprendizado, que é a capacidade de aplicação de cada um desses conceitos. substância, quanto às transformações químicas, mais significativas e fundamentais que as " Diante desse contexto, fica clara a necessidade de um restabelecimento de conteúdos que devem ser trabalhados ao longo do Ensino Médio. O ideal é que, na 1ª série do Ensino Médio, o professor possa proporcionar ao aluno uma visão bem geral da Química, enquanto que os conteúdos complementares devem ser abordados ao longo da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. primeiras. Inicialmente, para o desenvolvimento dessa habilidade, o professor deve trabalhar o reconhecimento da ocorrência das transformações químicas, mostrando ao aluno a formação de novos materiais a partir de uma transformação química e cujas propriedades diferem dos reagentes, além de indícios de ocorrência de reações do cotidiano, comparando os sistemas inicial e final, como reações de decomposição por aquecimento e biodegradação. Após a apresentação desses conceitos iniciais, são inseridas noções acerca do reconhecimento e representação das transformações químicas por meio de equações químicas. Nessa etapa, o professor deve apresentar conceitos que vão desde o rearranjo atômico em uma transformação química até a invariabilidade, tanto dos elementos químicos, quanto do número de átomos envolvidos nessas transformações. Por fim, o professor deve mostrar que há energia envolvida em todas essas transformações químicas, inferindo, dessa forma, o conceito Revista Pedagógica 59 de energia. Com base em todo esse conhecimento obrigatório, os seguintes conteúdos complementares devem ser trabalhados ao longo da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio: compreensão dos aspectos da energia envolvida na dissolução de substâncias, nas transformações de estados físicos, nas reações de óxido-redução, reações de queima e combustão de combustíveis fósseis, relação entre alimentação e produção de energia, além da identificação e conhecimento de valor de energia associado às reações endo e exotérmicas. O conceito de trocas de calor Cientificamente, o conceito de calor está enraizado ao de temperatura, apesar de se tratarem de noções diferentes. O primeiro refere-se à energia térmica em trânsito e que flui de um corpo para o outro em razão da diferença de temperatura existente entre eles. Já a temperatura é a grandeza física associada a esse estado de movimento ou à agitação das partículas que compõem os corpos. No entanto, considera-se inviável querer extinguir as concepções cotidianas dos alunos sobre calor e temperatura, uma vez que essas já se encontram enraizadas no cotidiano. Sendo assim, o professor deve utilizar tanto o conceito de calor quanto de temperatura, expressos em uma linguagem cotidiana, a fim de conseguir se comunicar e passar o conhecimento dessa habilidade. Da mesma forma que foram traçados para o conceito de energia, aqui também são definidos conteúdos obrigatórios, básicos para o 1º ano do Ensino Médio e conteúdos complementares para a 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. Em primeiro lugar, o professor deve apresentar o conceito de calor como uma transferência de energia e não como uma substância, e como tal, admite-se um único processo de transferência, seja esta para aumentar ou reduzir a energia térmica daquele corpo. Concomitantemente, deve ser apresentado o conceito de 60 SPAECE 2012 temperatura como uma grandeza física que dimensiona a direção do fluxo de energia. Os conteúdos complementares envolvem conceitos macro e microscópicos, tais calor de reação, calor específico, equilíbrio térmico, além do conceito de temperatura envolvido na energia cinética média de um sistema. O conceito de entalpia A entalpia de um sistema é uma grandeza, expressa em unidade de energia, que dimensiona a quantidade de energia desse sistema que pode ser transformada em calor em um processo à pressão constante. Além de depender da pressão, a entalpia depende de outros fatores, como o estado de agregação dos componentes (sólido, líquido e gasoso), temperatura e natureza das transformações. Inicialmente, o professor deve desenvolver o conhecimento de conceitos de entalpia padrão de cada um dos estados físicos (sólido, líquido e gasoso), variação de entalpia padrão em cada uma das mudanças de estados físicos (vaporização, fusão e sublimação), além do conhecimento dos dois conceitos relacionados à variação de entalpia – reações endotérmicas e exotérmicas. Já o ensino dos conteúdos complementares abrange a abordagem de conceitos de variações de entalpia nas reações endotérmicas e exotérmicas que incluem o conhecimento das Leis da Termodinâmica, além da apresentação de equações termoquímicas e todos os parâmetros necessários ao conhecimento de cálculos variação de entalpia de tais reações. Atividades para serem trabalhadas em sala de aula Como mencionado anteriormente, é comum observar, entre os alunos do Ensino Médio, variados graus de dificuldades relacionados ao estudo de Termoquímica. Dúvidas relacionadas às variações de Revista Pedagógica 61 temperatura em processos endotérmicos e exotérmicos, e outras ligadas às energias cinética e potencial das partículas podem ser dificuldades recorrentes nesse contexto. Por isso, é importante que, ao final desta etapa de escolaridade, os alunos tenham desenvolvido habilidades relacionadas à variação de energia que envolvem não só o conceito propriamente dito de energia, como também o conceito e aplicação de entalpia. O conhecimento sobre o conceito de energia e suas formas é considerado uma habilidade essencial no aprendizado de Matéria "O conhecimento e energia. Dessa forma, alunos que se encontram em fase inicial de sobre o conceito de desenvolvimento são capazes de reconhecer que, em todo processo de transformação química, há troca de energia envolvida, sendo que o conhecimento sobre o tipo de energia específica envolvida em é considerado uma determinada transformação será desenvolvido posteriormente. Como habilidade essencial esses alunos ainda possuem uma notável dificuldade na distinção entre processos endotérmicos e exotérmicos, consideramos que o trabalho com eles deve abranger tanto aulas convencionais, como exemplos práticos que remetam ao cotidiano desses indivíduos (queimaduras na palma da mão por vapor de água, por exemplo), quanto a alternativa de aulas práticas que contemplem a realização de experimentos simples e ilustrativos. Após o desenvolvimento dessas habilidades, os alunos já são capazes de diferenciar uma reação exotérmica de uma reação endotérmica, porém sem identificar o tipo específico de energia interna de cada uma das substâncias envolvidas em uma reação. Neste momento, o desenvolvimento de aulas práticas e a utilização de exemplos que contemplem o cotidiano desses alunos também são alternativas indicadas para a consolidação e melhoria no aprendizado desse nível. Uma prática que pode ser desenvolvida em qualquer laboratório de Ciências, porque consiste em um experimento rápido e 62 energia e suas formas SPAECE 2012 no aprendizado de " Matéria e energia. simples, mostra de maneira bem clara a diferença entre uma reação endotérmica e outra exotérmica: três béqueres de mesma capacidade volumétrica, uma proveta e água destilada nas seguintes temperaturas: gelada, quente e à temperatura ambiente. Em uma proveta, o professor deve medir volumes iguais de água destilada gelada, quente e à temperatura ambiente. Transferir para os béqueres, respectivamente: A) água gelada; B) água quente; C) água à temperatura ambiente. O aluno deverá observar durante quinze minutos e anotar todas as observações. O professor deve fazer a seguinte discussão. Observa-se que a matéria possui determinada energia em seus estados físicos. No estado sólido, as moléculas são dotadas de alta agregação e pouco movimento, ou seja, de baixa energia cinética. No estado líquido, há agregação e movimentação medianas. Já no estado gasoso, observa-se uma grande movimentação das moléculas. Cada um desses sistemas possui sua energia respectiva e, quando essa energia se desloca de um sistema para o outro devido à diferença de temperatura, denomina-se calor, como mencionado no tópico inicial. No béquer contendo água fria, essa troca de calor ocorre com a liberação de energia, mostrando aos alunos um exemplo prático de uma reação exotérmica. Por isso, o béquer “sua”. No béquer com água quente, o calor transitará do béquer (região mais quente) para a mais fria (o ambiente), havendo uma troca térmica da água quente com os vapores de água formados por evaporação. Nesse béquer, o professor mostra um exemplo claro de uma reação endotérmica. Já o béquer que possui água à temperatura ambiente, não ocorre troca térmica, não sendo observada, portanto, nenhuma alteração. A partir desse béquer, o professor pode explicar que a ausência de troca térmica se deve ao fato de o sistema se encontrar nas mesmas condições ambientais. Para complementar, o professor pode solicitar ao aluno um relatório no qual, além de descrever o que foi observado durante a aula prática, ele explique o experimento e cite outros exemplos em que o mesmo pode ser observado no cotidiano. Revista Pedagógica 63 Desafios para a prática docente Conforme mencionado no tópico inicial, o ensino ministrado ao aluno da 1ª série do Ensino Médio deve possuir uma visão bem geral da Química. Já para a 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, conteúdos complementares devem ser abordados. Com base nisso, esse texto abordará o ensino da habilidade relativa à entalpia para alunos do 2º ano do Ensino Médio. O professor do 2º ano do Ensino Médio deve, inicialmente, relembrar conceitos de energia, calor e temperatura. Isso deve demandar não mais que uma aula, uma vez que tais conceitos devem ter sido ensinados, com detalhes, na 1ª série do Ensino Médio. Após uma aula de revisão, o professor deve inferir o ensino de conceitos de aspectos da energia envolvida na dissolução de substâncias, nas transformações de estados físicos e nas reações de óxido-redução, além da identificação e conhecimento de valor de energia associado às reações endo e exotérmicas. Nesse aspecto, recomenda-se a utilização de quatro aulas para cada um dos conteúdos citados. Os conteúdos complementares discutidos ao longo da 2ª série do Ensino Médio envolvem ainda a discussão de conceitos macro e microscópicos, tais calor de reação, calor específico, equilíbrio térmico, além do conceito de temperatura envolvido na energia cinética média de um sistema. Nesses conteúdos, recomenda-se a utilização de três aulas para cada um deles. Por fim, o ensino dos conteúdos complementares para a 2ª série do Ensino Médio deve abranger uma abordagem de conceitos de variações de entalpia nas reações endotérmicas e exotérmicas que incluem o conhecimento das Leis da Termodinâmica, além da apresentação de equações termoquímicas e todos os parâmetros necessários ao conhecimento de cálculos de variação de entalpia de tais reações. Para essas habilidades, o professor deve demandar 64 SPAECE 2012 um maior número de aulas; recomendando-se seis aulas para o conteúdo de variações de todos os tipos de reações endotérmicas e exotérmicas, além de duas aulas para o conhecimento das Leis da Termodinâmica, e três aulas para cada um dos demais conteúdos. "A realização de aulas Além disso, a realização de aulas práticas contribui para a práticas contribui para oportunidades de confirmar ou reestruturar suas ideias, auxiliando- a consolidação dos consolidação dos conceitos científicos, propiciando aos alunos os na compreensão de fenômenos e processos ensinados ao longo das aulas teóricas. A realização de aulas práticas proporcionou uma conceitos científicos, evolução no aprendizado, porque permitem ao aluno aprender com propiciando aos coerência, clareza e contextualização. Sendo assim, o professor, ao aliar as aulas teóricas com as experimentações práticas, auxiliará alunos oportunidades de confirmar ou no processo de ensino e aprendizagem de conceitos científicos relacionados às habilidades do domínio Matéria e energia. reestruturar suas ideias, auxiliando-os na compreensão de fenômenos e processos ensinados ao longo " das aulas teóricas Revista Pedagógica 65 EXPERIÊNCIA EM FOCO REFLEXO DO TRABALHO COLETIVO Resultados positivos traduzem a união de Escola Estadual organizado A professora acredita ainda que a escola em através de ações elaboradas a partir das reais período integral pode amenizar estes desafios, necessidades dos alunos” afirma a professora já que, o maior tempo na instituição possibilita Lilian Daniele Duarte de Sousa, que atua há cinco investimentos em atividades diversas, como: anos na Escola de Ensino Fundamental e Médio estudo Presidente Geisel – Polivalente. Com salas do 9° práticas laboratoriais. “No Polivalente o trabalho é orientado, aulas interdisciplinares e ano do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, a escola estadual conta com 50 professores para Para Lilian as avaliações externas são “reflexo do ensinar a 1.355 alunos. trabalho coletivo”, pois “premiam o aluno que está no caminho correto e mostram que ele ainda pode Mesmo tendo que enfrentar os desafios de melhorar”. A partir da análise dos resultados das “conseguir relacionar a teoria com a prática avaliações, a equipe de planejamento pedagógico e fazer com que as aulas sejam lúdicas e se elabora atitudes para ajudar o aluno a identificar e tornem mais interessantes para os alunos”, vencer suas dificuldades. Lilian escolheu a profissão “por acreditar que os professores desempenham um A superação vem através de aulas de reforço no papel fundamental no desenvolvimento da contra turno, aulas práticas e aplicação de projetos sociedade”. científicos que promovam a interação entre No Polivalente o trabalho é organizado através de ações elaboradas a partir das reais necessidades dos alunos 66 SPAECE 2012 as disciplinas. E em um processo contínuo, as e responsabilidade de todos possibilita qualidade avaliações ajudariam mais uma vez, agora “como nos resultados e modificações na sociedade um termômetro que mede se as ações realizadas como um todo”. A professora enfatiza que “essa estão tendo êxito”, afirma a professora. nova forma de trabalho obteve alto índice de • Semana Biomática: métodos lúdico e interativo Diante dos resultados das avaliações externas, a escola identificou que os alunos necessitavam de motivação para estudar Matemática e como forma de intervenção criou a Semana Biomática. Unindo aproveitamento por parte dos estudantes”. Outra experiência positiva desenvolvida pela escola é a prática constante de produções científicas. A instituição pode constatar que os alunos que realizaram essas produções e concluíram o Ensino Médio obtiveram êxito no Exame Nacional do o aprendizado de Matemática, Biologia e Ciências Ensino Médio (Enem) e também nos vestibulares da Natureza, a escola realizou oficinas, palestras e que se inscreveram. E em 2012, todos os alunos aulas práticas no laboratório das disciplinas. do 1° ano do Ensino Médio que participaram das produções científicas atingiram pontuação acima Lilian explica, através de métodos lúdicos e do perfil do Sistema Permanente de Avaliação interativos, que o objetivo era ensinar aos alunos da Educação Básica do Ceará (SPAECE), sendo que “o trabalho coletivo, mas com divisão de tarefas premiados por esse resultado. Revista Pedagógica 67 REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA HENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO COORDENAÇÃO GERAL DO CAEd LINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO TÉCNICA DO PROJETO MANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISA TUFI MACHADO SOARES COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕES WAGNER SILVEIRA REZENDE COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO RENATO CARNAÚBA MACEDO COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAIS WELLINGTON SILVA COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃO RAFAEL DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOS BENITO DELAGE COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃO HENRIQUE DE ABREU OLIVEIRA BEDETTI COORDENADORA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN EDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA CEARÁ. Secretaria da Educação. SPAECE – 2012/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 1 ( jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – Anual. ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita de; REZENDE, Wagner Silveira. Conteúdo: Boletim Pedagógico - Ensino Médio – Ciências da Natureza ISSN 1982-7644 CDU 373.3+373.5:371.26(05)