Educação Sexual no Ensino Médio Técnico: A percepção docente. Sex education in secondary technical education: The perception of the teachers Kaciane Daniella de Almeida* Nanci Stanck da Luz** Resumo Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa, realizada em uma escola pública da cidade de Curitiba, cujo objetivo era analisar a percepção dos professores e professoras dos cursos de Secretariado e Informática - Ensino Médio técnico 1 Profissionalizante - sobre educação sexual e manifestações de sexualidade no espaço escolar. A metodologia adotada é de cunho qualitativo, adotando-se como técnica de pesquisa a entrevista semi-estruturada. Foram realizadas dezenove entrevistas com professores/as do núcleo básico e de disciplinas técnicas. Verificou-se que a discussão sobre educação sexual está presente na fala dos/as professores/as como um tema de fundamental relevância para a escola e para a formação dos/as alunos/as, no entanto observa-se resistência em relação a alguns temas. Palavras chave: educação sexual, gênero, ensino médio técnico. Abstract This article presents partial results of a survey, conducted in a public school in the city of Curitiba, whose goal was to analyze the perceptions of teachers of courses Secretariat and Hardware - 1Profissionalizante Technical High School - about sex education and expressions of sexuality in space school. The methodology adopted is qualitative character, embracing as research technique to semi-structured interview. Nineteen interviews were conducted with teachers / the core basics and technical disciplines. It was found that the discussion of sex education is present in the speech of teachers as an issue of fundamental importance for the school and the education of students, however there is strength in relation to some issues. Keywords: Sex education, gender, secondary technical education * Graduada em Ciências Sociais, Mestranda pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Membro do Grupo de Pesquisa e Estudo de gênero e Tecnologia (GETEC). E-mail: [email protected] ** Doutora em Política Científica e Tecnológica; professora do Programa de Pós-graduação em Tecnologia e do Departamento Acadêmico em Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná; pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Relações de Gênero e Tecnologia – GETEC. e-mail: [email protected]. 2 Introdução Os temas relacionados ao gênero e sexualidade cada vez mais ganham destaque na sociedade. Passam a serem vistos como desafios ou barreiras para a construção da responsabilidade de socializar os indivíduos, desenvolvendo-os plenamente. Dessa forma, espera-se que a educação contemple as discussões sobre gênero e sexualidade, temas relevantes na construção da autonomia e da cidadania de homens e mulheres. Mas a escola tem trabalhado as questões de gênero e sexualidade? Como se percebe a educação sexual é no contexto escolar? Esse trabalho buscar compreender como os/as professores/as do Ensino Médio Técnico dos cursos de Secretariado e Informática de uma escola pública estadual de Curitiba percebem a temática da educação sexual presente no ambiente escolar, e como é o trabalho desses profissionais em torno dessa questão. Com isso, pretende-se verificar qual abordagem a dada para a educação sexual, se há uma metodologia para se trabalhar o tema na escola e se as disciplinas do núcleo técnico apresentam percepções distintas sobre o tema do que os/as professores/as do núcleo comum1. A escolha dos cursos para a realização da investigação, fez-se por se tratar de dois cursos profissionalizantes que se diferenciam em relação à composição de gênero no corpo discente, possibilitando visualizar uma divisão sexual nos processos de formação profissional e que poderá também ser percebida no mercado de trabalho: secretariado, predominantemente feminino e informática, predominantemente masculino. Adota-se gênero como categoria de análise e a metodologia escolhida para essa abordagem é de cunho qualitativo concordando que ao utilizar “a pesquisa qualitativa explora as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente. O dado é frequentemente verbal e é coletado pela observação, descrição e gravação”. (MOREIRA; CALEFFE, 2008, p.73) 1 O núcleo comum de disciplinas é composto pelas mesmas matérias do ensino médio regular : Geografia, História, Matemática, Química, Sociologia, Português, Biologia, Inglês, física. As disciplinas técnicas para o curso de informática, são: Lógica de programação, linguagem de programação, internet, programação web, programação de dados, analise instrumental, arquitetura, suporte técnico, redes, sistema de programação. As disciplinas técnicas do curso de secretariado são: técnicas de secretariado, práticas de secretariado, cerimonial e protocolo, rotação empresarial, metodologia científica, marketing, empreendimento e marketing, eventos, administração, planejamento, sistemas e métodos. 3 Definindo gênero e Sexualidade O uso do gênero será adotado nesse trabalho como categoria de analise, entendendo que os estudos de gênero correspondem a um fator importante de analise, pois proporciona olhares e vivencias diferentes na sociedade. “gênero não é um conceito que apenas descreve as relações entre homens e mulheres, mas uma categoria teórica referida a um conjunto de significados e símbolos construídos sobre a base da percepção da diferença sexual”(CARVALHO, 2008, p. 36). Nesse artigo utiliza-se “gênero” como uma maneira de referir-se à organização social da relação entre os sexos. (SCOTT, 1995, p.72) O “conceito serve, assim, como uma ferramenta analítica que é, ao mesmo tempo, uma ferramenta política (LOURO, 1997, p.21)”. Ao adotar a categoria gênero como forma de análise também evidenciamos o conceito de sexualidade, que podem ser vistos como indissociáveis, pois “o campo da sexualidade mantém uma relação íntima com o de gênero, cujo desenvolvimento está estritamente ligado aos movimentos sociais feministas e o da liberação homossexual. (HEILBORN; BRANDÃO, 1999, p.8). Para Weeks (2001), o uso de gênero não é simples categoria analítica, mas uma relação de poder em que padrões de sexualidade feminina são inescapavelmente, um produto do poder dos homens para definir um poder enraizado. Nessa perspectiva educação sexual nesse trabalho deve ser entendida no âmbito da sexualidade, uma “dimensão do ser humano, que envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual, erotismo, envolvimento, pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, atividades, práticas, papéis e relacionamentos” (CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004, p. 29) . Educação Sexual A educação sexual embora apareça cercada de conflitos e questionamentos é algo que sempre esteve presente na escola, uma vez que a escola adota certos posicionamentos referentes ao exercício da sexualidade, tanto para homens como para mulheres. Mesmo que haja pouco espaço para essas questões no currículo formal, o 4 tema se apresenta na abordagem implícita, nos gestos, regras de comportamento e privação do sentir. A educação sexual tornou-se, pois, o lugar para trabalhar sobre os corpos das crianças, dos adolescentes e das professoras. A mudança para uma pedagogia da produção da normalidade e a idéia de que a normalidade era um efeito da pedagogia apropriada e não um estado a priori tornou-se, essencialmente, a base para o movimento higienista social chamado “educação sexual”. (BRITZMAN, 2001, p. 95) Nesse sentido a educação sexual destaca a possibilidade de se trabalhar o corpo como produtor de significados socialmente construído. Para César (2009), a educação sexual era preocupação de médicos, intelectuais, e docentes nos anos 20 e 30 do século XX, mas desde o final do século XIX, a sexualidade já era objeto de discussão dos que defendiam a presença de uma educação para a higiene dos jovens, servindo a propósitos higienistas. Tal propósito tinha forte influencia de ideias reproduzidas na Europa e Estados Unidos, inclusive na questão da eugenia, que se preocupava com “pureza da raça”, configurando um racismo com base cientifica. Essa concepção delimitou o campo de atuação da educação sexual, associando-a principalmente à Biologia. Contudo essa abordagem não é única, Furlani (2009) ressalta que, educação sexual não é só falar de aparelho reprodutor masculino e feminino, puberdade, menstruação, doenças sexualmente transmissíveis, HIV e Aids, gravidez na adolescência, virgindade e iniciação sexual. Para a autora existem oito abordagens presentes no universo pedagógico brasileiro e que são oriundas de diversas esferas de pensamento, são elas: 1. Educação sexual biológica-higienista: Confere ênfase à Biologia essencialista (baseada no determinismo biológico). É marcada pela centralidade do ensino como promoção da saúde, reprodução humana, das DSTs, da gravidez indesejada, do planejamento familiar, etc; 2. Educação sexual moral tradicionalista: Associada a princípios da moral tradicional, tem como principal lema a abstinência sexual, como forma de prevenção das DSTs, HIV e Aids, gravidez na adolescência; nessa abordagem a família seria principal responsável pela educação sexual; 3. Educação sexual terapêutica: Voltada ao caráter psicológico do sujeito, busca “causas” explicativas para a vivencia sexuais consideradas “anormais” ou para “problemas sexuais”, prometendo a “cura”; 5 4. Educação sexual religiosa radical: Caracteriza-se pelo apego às interpretações literais da bíblia. O discurso religioso é usado como “verdade incontestável” acerca de uma suposta sexualidade “normal”, prega a castidade; 5. Educação sexual dos direitos humanos: Problematiza, explicita e tenta destruir representações negativas socialmente impostas aos sujeitos e identidades excluídas (por classe, raça/etnia, sexo, orientação sexual, regionalidade); 6. Educação sexual dos direitos sexuais: A sexualidade e vista como parte integral de todo ser humano. Os Direitos Sexuais são considerados como direitos humanos fundamentais baseados na liberdade, dignidade e igualdade de todos os seres humanos. 7. Educação sexual emancipatória: Prevê os meios para que os sujeitos criem seus próprios mecanismos emancipatórios, associado ao conhecimento do “eu” e ao esclarecimento (consciência) que remeterá à liberdade de escolha; 8. Educação sexual segundo a teoria queer: remete a uma corrente de estudos mais recente que tem como pressupostos o rompimentos com modelos que buscam definir e legitimar uma única identidade homossexual questionando o caráter fixo dessa suposta identidade, limites e fronteiras. Essas abordagens podem ser encontradas na escola de forma implícita ou explicita. Não há consenso por parte da comunidade escolar de trazer (ou não) a tona a educação sexual, abrindo-se possibilidades de inserção de conhecimentos pautados em valores decorrentes da vivência pessoal dos/as envolvidos/as. A seguir veremos um pouco da realidade dos/as docentes envolvidos que são sujeitos dessa pesquisa. A Pesquisa Durante o primeiro semestre do ano de 2011, realizou-se uma pesquisa em uma escola pública estadual da região de Curitiba, entrevistando-se 19 docentes, cujo perfil é apresentado na tabela 1. 6 Tabela 1. Perfil dos professores/as pesquisados/as Sexo Masculino Feminino 05 14 Raça/etnia Brancos Negros 18 1 Orientação sexual 0 19 Estado civil Casados 14 Disciplina que Núcleo comum leciona 14 Fonte: pesquisa de campo Total 19 19 19 Solteiros/divorciados 19 05 Técnico 19 05 Observamos que a maioria dos/as entrevistados era do sexo feminino. A predominância quanto à raça/etnia (auto declarada) foi branca, e todos se declararam heterossexuais, verificando-se ainda uma predominância de casados/as entre os/as entrevistados/as. No que se refere a religião, a maioria era católico 10 (dentre esses 1homem), 2 ateus (homem), 2 evangélicos (1 homem e 1 mulher), 2 espíritas (mulher), dois que declaram não seguir religião (1 mulher e 1 homem). Em relação à faixa etária houve uma distribuição “equilibrada”2: a) 5 pessoas tinham de 21 à 30 anos ; b) 4 pessoas tinham de 31 à 40 anos; c) 5 pessoas tinham de 41 à 50 anos; d) 3pessoas tinham mais de 5 anos; No perfil dos/as docentes destacamos ainda que apenas um/a docente não tinha feito ou não havia começado alguma pós-graduação e 5 deles/as tinha mais de um curso superior. Quanto ao tempo de atuação no magistério 11 deles/as tinham de 10 a 30 anos de trabalho docente. A seguir apresentamos um quadro com nome3 disciplina que leciona e a modalidade do ensino. Nome Disciplina Modalidade de Ensino Ana Matemática Ensino médio Lucas Física Ensino médio Pedro Técnica informática Ensino médio técnico Maria Português Ensino médio técnico 2 3 Uma pessoa fez a opção de não revelar a idade. Os nomes dos professores/as são fictícios, preservando assim a identidade dos entrevistados. 7 Ester Geografia Ensino médio técnico Helen Historia Ensino médio técnico João Química Ensino médio técnico Nadir Química Ensino médio Marta Português Ensino médio Gilda Técnica informática Ensino médio técnico Daniel Técnica informática Ensino médio técnico Bela Apoio pedagógico Ensino médio (técnico) Silvia Técnica secretariado Ensino médio técnico Vera Biologia Ensino médio Carol Técnica secretariado Ensino médio técnico Lurdes Inglês Ensino médio técnico Lais Biologia Ensino médio técnico Rita Sociologia Ensino médio técnico Tiago Matemática Ensino médio técnico Educação sexual: desconfortos do cotidiano escolar Falar da educação sexual implica em um primeiro momento romper com algumas resistências em falar sobre temas polêmicos em certa medida que estão muito ligados ao ambiente privado. O que tornou visível em alguns/as docentes ao responderem às questões da entrevista. Chamou atenção a discussão sobre orientação sexual, pois embora os termos heterossexuais e homossexuais estejam sempre sendo usados pelos veículos de comunicação, ainda assim verificou-se que os docentes entrevistados não estão familiarizados com a discussão e demonstram não ter domínio sobre o significado do termo. Existe uma “confusão” com o significado dos termos, atribuída, primeiro ao desconhecimento sobre essa questão. Destaco que os professores/as mais jovens são os que falaram com mais naturalidade do tema responderam mais prontamente essa questão, sem “medo de errar”. Isso vale para alguns professores/as que nas respostas trouxeram dados de conteúdo formativo maior que os/as outros/as, com assuntos polêmicos, casos. Enquanto que uma parte responde heterossexual como se a pergunta fosse descabida, ou seja, estava nítido. 8 Segundo ponto a ser destacado é uso do termo orientação ou opção sexual, ficando claro que não há familiaridade com o primeiro, pois embora a discussão sobre homossexualidade presente no cotidiano e na mídia em geral, o termo considerado correto muitas vezes se mostra estranho aos entrevistados ou indica uma situação de orientação para a vida: “Minha família era muito conservadora, foi através da leitura aos poucos”. (Maria Português/Secretariado) Nessa situação o termo orientação sexual correspondeu para a entrevistada a sua formação, indicando a escassez de acesso a informações ligadas a sexualidade e o caminho adotado por ela para ter esclarecimento. Os exemplos se repetem, e algumas vezes as perguntas retornam: “orientação sexual, como assim?”. Outro exemplo é de Silvia professora do curso Técnico em Secretariado, que responde: “orientação sexual desde família até a faculdade”, e me questiona: “é esse nível de pergunta?” Pergunto novamente, se ela se é homossexual ou heterossexual e ela continua, “a mais normal possível” e encerra com risos. O constrangimento muitas vezes percebido pode se dar pelo fato, levantado por essa professora, que é o sentido de normalidade, diversas vezes questionado nos estudos de gênero e sexualidade. Tais questões podem resgatar a sensação de sermos despertados para outras possibilidades, que aparentemente não existiriam ou “normalmente” não se questionaria. A sociedade, de forma geral, não questiona a orientação sexual, a não ser que estereótipos marcados por uma identidade de gênero diferente daquela esperada para aquele corpo e que não se adapte a um padrão préestabelecido de heterossexualidade. Pensar a respeito da própria sexualidade é algo que rotineiramente se faz, todavia quando nos deparamos com situações nas quais somos obrigados a pensar a esse respeito, o questionamento sobre o que aparentemente parece obvio e “normal” surge. Educação sexual ensino técnico profissionalizante A conversa tanto com os professores do ensino médio técnico do núcleo comum como das disciplinas especificas e os do ensino médio, mostram a necessidade de inserir a discussão sobre sexualidade na escola. Demonstra que, mesmo sendo 9 conflituosa, a questão da educação sexual é um tema presente no cotidiano escolar e por vezes há necessidade de responder dúvidas dos alunos e alunos a respeito do despertar da sexualidade, regras de comportamento, namoros, dúvidas referentes ao cuidado com o corpo, dentro outras questões. O relato de um professor do Curso de Informática retrata essa realidade: “Não falo, é muito técnico, já entro ali com minha disciplina, a não ser que eu veja uma pessoa tendo uma conversa e a questão surja, daí eu intervenho se precisa ai eu chego e converso daí, não é questão de dar uma aula, o professor de Biologia tem algumas aulas só dedicada a essa questão”. (Pedro, curso Técnico em Informática) O entrevistado aponta para um profissional que supostamente deveria trabalhar com essa questão: o professor de Biologia, mas não se isenta da discussão quando existe a necessidade de intervenção. Gilda, professora do curso Técnico em Informática relata momentos em que houve a necessidade de sua intervenção: “No curso técnico do segundo grau não, já tivemos problemas o ano passado com dois alunos assumidos homossexuais, um queria mudar suas características e algumas turmas não aceitaram, acabou que tivemos que fazer um trabalho de conscientização de respeito ao próximo acabei fazendo no final do ano”. E os relatos sobre a necessidade de intervenção foi uma constante entre a maioria dos entrevistados, independente da área em que atuam, sempre na ótica de que a discussão acontece, caso seja necessário. No entanto, constatamos que para as turmas do Secretariado e da Informática os motivos de intervenção são diferentes, por se tratar de públicos diferentes. Todavia esse posicionamento é defendido por todos/as os/as professores sejam eles o núcleo comum, técnico ou do ensino médio regular. Informática masculino e secretariado feminino Nessa pesquisa atingimos a totalidade de professores/as do núcleo de disciplinas técnicas, tanto do curso de Informática como de Secretariado. No curso de Informática dois professores e uma professora dividem as disciplinas técnicas dos quatro anos de curso. E no de Secretariado, são duas professoras para a parte técnica. 10 Na comparação entre esses entrevistados, percebemos que há uma preocupação maior das professoras do Secretariado em relação à postura de suas alunas em relação aos meninos do que o inverso, uma vez que esse curso tem cinco rapazes e estão todos na turma do segundo ano. A turma de Informática, embora ainda permaneça com a maioria masculina, proporcionalmente a diferença quantitativa entre homens e mulheres não é tão grande, como no caso do curso de Secretariado, cerca de oito meninas para cada vinte meninos. O relato de Gilda (Informática) mostra que há percepção sobre essa distribuição de gênero no curso de Informática: “Mais. Meus colegas são mais homens, apesar das salas serem bem heterogêneas, mas mesmo assim predomina os homens nas salas, mas já está igualando”. Pedro (Informática) indica motivos para essa predominância masculina: . “Bem mais meninos uma porcentagem de 85% para 25% de meninas [...] dentro do grupo da informática eu não sei por que é um grupo masculino mais que procura, eles se interessam mais para jogo, agora que está mudando esse quadro um pouco antes a porcentagem de meninos eram ate maiores, eu não vejo nem uma diferença, em questão de aprendizado [...] Na minha época quando eu era adolescente era difícil achar uma menina que jogasse más, hoje em dia me depara com meninas que gostam de jogar, até acha que é por causa disso que elas estão voltando para área de informática.” Quando comparados os relatos dos profissionais dos dois cursos, percebemos que, em relação ao comportamento sexual, há divergência de opinião, pois as professoras do curso de Secretariado relatam que as meninas são mais “atiradas”; pensamento esse que não é observado pelos professores/a da Informática, uma vez que, os entrevistados relatam um certo constrangimento das meninas nas turmas de Informática, a presença majoritária de meninos, inibe o comportamento feminino. Enquanto que, nas turmas de Secretariado se observa que, a presença quase absoluta de mulheres possibilita que elas se expressem mais e não se sintam constrangidas. Considerações Pensar a educação sexual no contexto escolar em especial no ensino médio técnico profissionalizante requer que os/as professores/as percebam o ambiente como um todo e não se fixem apenas nos conteúdos próprios de sua disciplina. A inserção do tema sexualidade e a implementação de propostas de educação sexual em todos os 11 níveis de ensino, aparece como desafio de toda a comunidade escolar, embora não se tenha um consenso de como isso deva ocorrer. Nesse recorte podemos perceber que nas abordagens indicadas por Furlani (2009) aparece na fala de um professor (Pedro/Informática) a indicação de que a Biologia deve tratar da educação sexual - Abordagem Biológica. Em outro momento a professora (Silvia/Secretariado) indica a abordagem da Moral Tradicional atrelada a suposta existência de uma sexualidade “normal”. A análise dos dados obtidos na pesquisa de campo ainda não foi concluída, mas já podemos perceber a existência de uma movimentação dos professores e professoras para a solução de problemas relativos à sexualidade dos alunos e alunas. Fatores como experiência docente associada ao tempo de atuação na profissão revelou-se de fundamental importância para analise crítica da questão e percepção de que eles – docentes – necessitam mudar comportamentos e práticas pedagógicas para conseguir tratar dessas questões de forma a contribuir para a construção da cidadania dos/as discentes. Referências BRITZMAN, Débora. Curiosidade, sexualidade e Currículo. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade.2°ed. Belo Horizonte. Autêntica, 2001, p. 83 -111. CARVALHO, Marilia Pinto. A profissão docente: igualdade e diferenças. In: Grandes Temas : Gênero e Sexualidade: Mapeando as igualdades e as diferenças entre os sexos e suas relações com a educação. São Paulo: editora segmento. 2008. p. 34-43. CASTRO, Maria Garcia. ABRAMOVAY, Miriam. SILVA, Lorena Bernadete. Emile. JUVENTUDES e sexualidades. Brasília UNESCO, 2004, 2° edição. FURLANI, Jimena. Abordagens contemporâneas para educação sexual. In: FURLANI, Jimena. (organizadora).Educação sexual na escola: equidade de gênero, livre orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito as diferenças. Florianópolis: UDESC (fundação Universidade do Estado de Santa Catarina), 2008. p.18-34. FURLANI, Jimena. Pressupostos teóricos e políticos de uma educação sexual de respeito às diferenças – argumentando a favor de um currículo pós-critico. In: FURLANI, Jimena. (organizadora) Educação sexual na escola: equidade de gênero, livre orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito as 12 diferenças.. Florianópolis: UDESC (fundação Universidade do Estado de Santa Catarina), 2008. p.43-63. HEILBORN, Maria Luiza; BRANDÃO, Elaine Reis. Introdução. In: Sexualidade o olhar das ciências sociais. HEILBORN, Maria Luiza, Organizadora. Rio de Janeiro. Jorge Zahar editora. 1999. p. 7-17. LOURO, Guacira Lopes.pedagogias da sexualidade. In : O corpo educado: pedagogias da sexualidade.2°ed. Belo Horizonte. Autêntica, 2001, p. 07-34. LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho. Belo Horizonte. ed. Autêntica, 2004. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pósestruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. MOREIRA, Herivelto; CALEFFE, Luiz Gonzaga. Metodologia da pesquisa para o pesquisador professor. 2° ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade.2°ed. Belo Horizonte. ed. Autêntica, 2001, p. 3582.