Editorial
Açúcar e álcool.
Por que os preços estão subindo?
Estamos assistindo ao longo destes últimos dias
um movimento bastante forte nas cotações de açúcar
e álcool. Este movimento tem trazido elevação nos
preços do álcool e do açúcar, tanto no mercado interno
como no mercado externo. Se pararmos para fazer
uma análise, veremos que após a conclusão da safra
no Centro-Sul do Brasil, os números obtidos com as
produções não foram aqueles que o mercado
apontava, ficando um pouco abaixo das projeções
feitas inicialmente ou mesmo durante o transcorrer
da safra.
Coincidentemente, se olharmos os outros países
produtores e principalmente aqueles que aparecem
como exportadores de açúcar, veremos também que,
quase na totalidade, estes países tiveram produções
abaixo das expectativas. Notou-se, portanto, uma
diminuição geral na quantidade de açúcar produzido.
A oferta de açúcar no mundo caiu. Os preços
internacionais subiram. Com os preços internacionais
subindo, estimulou-se a exportação. Bom para os
produtores e bom para o Brasil, pois aumentamos
nossa arrecadação. Vêm mais divisas para o país e
aumenta-se a arrecadação de impostos.
Olhando ainda para o Brasil, apesar da safra ter
sido bastante alcooleira, o consumo de álcool
aumentou e vem aumentando principalmente pela
grande venda de carros flexíveis, que têm sido
abastecidos com álcool, e pelo grande consumo de
álcool nos famosos “rabos de galo”, ou seja,
misturando-se álcool à gasolina, no próprio
abastecimento e de forma clandestina misturandose mais álcool à gasolina. Tivemos uma explosão no
consumo. A oferta diminuiu e os preços subiram. Com
isso, a oferta interna de açúcar também diminuiu e
os preços do açúcar no mercado interno subiram.
Acontece que a safra acabou em nossa região
em dezembro de 2005 e a quantidade produzida ficou
definida naquela data.
Se os preços do açúcar e do álcool não sobem, o
consumo continua alto e corremos o risco de
desabastecimento, tanto no açúcar como no álcool,
Coplana - Coopecredi - Socicana
Fevereiro 2006
o que é ruim para o setor. Setor este que necessita,
neste momento, mostrar à opinião pública que existe
a necessidade de alta para controlar o consumo. É
estratégico neste momento que isto aconteça para
que, no início da próxima safra, o mercado volte a se
regular.
Existe uma tal lei da oferta e procura que não
está, certamente, constando de nenhuma Carta Magna
de nenhum país, mas que funciona mesmo. Qualquer
interferência externa neste caso mostrou resultados
catastróficos ao longo da história.
O setor deve assumir uma postura bastante séria
neste momento e mostrar que o aumento dos lucros
com estas altas serve para cobrir alguns danos do
passado, mas principalmente para a utilização destes
recursos em aumento da produção e produtividade.
Isso faz com que os lucros virem, ao longo do tempo,
novos empregos nas diversas áreas da cadeia
produtiva, mais arrecadação de impostos,
importantes ao país, e, principalmente, abertura de
novas fronteiras para a produção de cana, açúcar e
álcool, minimizando um pouco o estrago que vem
acontecendo nas regiões produtoras de grãos e
pecuária, onde o caos está instalado.
Cabe a nós, produtores de cana-de-açúcar, saber
aproveitar o momento e saber também que, ao longo
dos anos, sofreremos muitos outros movimentos de
alta e de baixas nas cotações dos produtos que entram
na formação do preço de nossa produção.
Ismael Perina Júnior
Presidente da Socicana
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