Masayuki Okumura
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Nós partimos do princípio de que as células-tronco não existem livres na natureza, mas elas se formam, após a estimulação dos órgãos
hematopoiéticos pelas citoquinas.
Apesar de semearmos no mesmo terreno, cada planta frutífera tem os
seus frutos característicos e a sua maneira peculiar de desenvolver,
segundo o seu código genético; porém, se semearmos caroço de
laranja, jamais colheremos abóbora, batata ou vice-versa.
Todos os CIENTISTAS MODERNOS admitem serem as células-tronco, totipotentes, originando as demais células do organismo, quando
na nossa opinião, elas derivam de uma matriz celular, caracterizada pela MASSA AMORFA PRIMITIVA, que é a precursora das célulastronco.
Portanto, a célula-tronco possui o seu DNA, que vai determinar a
evolução e caracterizar especificamente a sua descendência.
Exemplo: nós temos a terra (massa amorfa primitiva ou matriz celular). Se nós enterrarmos:
Desde 1958, quando iniciamos nossos estudos experimentais com
animais de laboratório, utilizando o Trypanosoma cruzi (Chagas -1909)
como marcador biológico, conseguimos reproduzir in vivo, todas as
etapas evolutivas da moléstia, desde a fase inicial (formação da célula–
tronco), pela simples e única inoculação dos parasitos, até a formação
dos “megas”, caracterizando a fase crônica da doença de Chagas.
a) uma semente de laranja, ela vai se desenvolver brotando (stem) um tronco (trunk-laranjeira); ramificando, surgem as folhas, flores e
frutos (laranjas). Crescem no meio ambiente como a maioria das plantas frutíferas e as laranjas ficam penduradas na ponta dos galhos;
b) o caroço de jabuticaba, teremos jabuticabeira e colheremos jabuticabas, que se desenvolvem no tronco da árvore;
c) semente de abóbora, crescerá a aboboreira que rasteja pelo chão e colheremos abóboras;
d) batata, crescerá o pé e colheremos as batatas que são subterrâneas.
ORIGEM, EVOLUÇÃO E DESTINO
INTRODUÇÃO: A doença de Chagas (tripanosomiase americana) é ideal para o estudo das Células tronco ou “stem
cells” embrionárias porque o Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado, com grande mobilidade, facilmente
identificável pelo microscópio ótico sem necessidade de uso de corantes, funcionando como marcador biológico.
Nos confirmamos a variabilidade diária da qualidade e quantidade de: a) parasitemia, b) parasitismo, c) motilidade, d) a
leucocitose da fase aguda da doença e a hipertrofia da fase crônica, pela simples inoculação do protozoário, o último
incluindo alongamento e dilatação dos órgãos constituindo os “megas”.
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01
Corrente sanguínea
(“esfregaço”): Trypanosoma
cruzi adulto
Colon (“histologia”): plexo de
Auerbach íntegro repleto de parasitas
Colon (“histologia”): rutura de ninho e do
neurônio. Sem reação inflamatória
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Fígado (“histologia”): Massa Amorfa
Primitiva Célula tronco em esfera
T.cruzi forma evolutiva.
Fígado (“imprint”): Célula tronco em
esfera com partículas basófilas
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Colon (“histologia”): rutura de plexo
Auerbach- parasitas no interstício
sem reação inflamatória
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Colon (“histologia”): rutura de plexo
com reação inflamatória aguda
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Colon (“histologia”): rutura de plexo
Auerbach, corada pela citoquina
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Fígado: (“imprint”): Célula – tronco.
Protuberância da membrana
Fígado: (“imprint”): Célula – tronco. Forma
evolutiva por alongamento (Girino)
Fígado: (”imprint”): Célula tronco Forma evolutiva.
(Girino)
MÉTODO
1) PARASITA: o tripomastigota do Trypanosoma cruzi (Chagas-1909) com 20 a 24 micra de comprimento (Fig. 1) foi
inoculado no abdômen do camundongo.
Após a inoculação, o parasita penetra numa célula hospedeira, transformando em amastigotas (leishmânia – oval) com
1,5 a 4 micra no seu maior diâmetro (Fig. 4) que se reproduz por divisão binária sucessiva formando um ninho
parasitário também chamado pseudo – cisto, cheio de amastigotas (Fig. 5 – 18). O ninho no início é compacto, mas
com a evolução ele se torna flácido e repleto de líquido, com posterior distensão e ruptura (Fig. 6) liberando centenas
de parasitas na célula hospedeira.
2) CITOQUINA: A célula hospedeira também é lesada quando o ninho se rompe e o seu conteúdo é liberado no espaço
intersticial:
a) o cisto é constituído por protozoários vivos ou degenerados, principalmente amastigotas, DNA do parasita e produtos
do seu metabolismo. Juntamente com o líquido cístico, constitui a “pro citoquina A”
b) a célula hospedeira lesada também libera o seu conteúdo, caracterizado pelo debris com DNA ou código genético, o
citosol com o produto de seu metabolismo, constituindo a outra “pro citoquina B” (Fig. 6).
Estas “pro-citoquinas” não se coram pelos marcadores comerciais da citoquina (Fig. 9), contudo, pelas diferentes vias
de conjugação, como eletrostática, físico-química, biológica ou mecanismo enzimático, se transformam em
substância “Citoquina-like”, agora em condições de ser marcada pela imuno-histoquímica.
3) MASSA AMORFA PRIMITIVA: A “citoquina-like” entrando na circulação sanguínea ou caindo no espaço intersticial,
sensibiliza o animal. Após a segunda geração do parasita , o líquido intersticial com agregação de outras substâncias
forma um gel, que denominamos de “Massa Amorfa Primitiva “(Fig. 2.3).
4) MULTIPOTENCIALIDADE: o Trypanosoma cruzi em contato com este gel, evolui de formas diferentes, dependendo
do estímulo (citoquina) e meio ambiente.
5) CÉLULA´TRONCO OU STEM CELL: após a inoculação no abdômen, o T.cruzi evolui em, três formas diferentes,
dependendo dos órgãos:
A) “IMPRINT DO FÍGADO”: o parasita em contato com a massa amorfa primitiva adquire a forma esférica, contendo
partículas basófilas. Evoluindo, para a forma flagelada, desloca a membrana, determinando uma protuberância,
transformando por “alongamento (empurrão) ou mecanismo direto” em epimastigotas (critídia), semelhante a girino,
constituindo a “forma hepática”(Fig. 2.10.11.12.13);
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Medula óssea (“histologia”):- Massa
Amorfa Primitiva Célula-tronco em anel
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Amastigotas (“esfregaço”):
2 formas (amastigotas – leishmânias)
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Medula óssea.(histologia): Forma em anel,
C e filiforme
Medula óssea (“imprint”): Forma em anel,
em C, Processo em desenrolamento
Medula óssea. (“imprint”): Forma em anel
Processo em desenrolamento lembrando girino
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Coração: histologia-Ninho de amastigota
íntegro. Miocardite aguda
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Coração: histologia - Ninho de amastigota
roto, reação inflamatória aguda
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Medula óssea (“imprint”): Forma evolutiva epimastigota ou critídia
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Coração: histologia. Ninho roto com
reação inflamatória aguda
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Coração: histologia: miocardite. Fase sub aguda e edema inflamatório
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Coração (conservado em formol): formas evolutivas miocardite chagásica crônica
B) “IMPRINT DA MEDULA ÓSSEA OU BAÇO”: o parasita em contato com a Massa Amorfa
Primitiva toma a forma anelada; o anel se quebra formando um C, que por um mecanismo de
“desenrolamento ou indireto” se transforma em epimastigotas (semelhante a girino) – “Forma
medular”(fig. 3.14.15.16.17);
C) nos DEMAIS TECIDOS tem a evolução clássica, com formação de ninho de amastigotas (fig.
1.4.18.19.20.21)
6) EVOLUÇÃO: Durante a rotura do ninho há liberação de citoquina e fatores que modulam a
resposta inflamatória, determinando diferentes tipos de lesões, constituindo na fase crônica os
“megaorgãos”.(Fig. 22).
CONCLUSÃO: A “Massa Amorfa Primitiva “ é a precursora do Embryonic Trunk or Stem cells.
SUGESTÃO: substituir a palavra Embryonic Trunk or Stem Cells pela MASSA AMORFA,
MATRIZ CELULAR ou “MATTER GEL”
5) TENTATIVA UTILIZANDO TERAPIA CELULAR NÃO INVASIVA COM CÉLULAS TRONCO.
a) administração pela sonda gástrica de ácido gama amino butírico GABA.
TENTATIVA PARA COMPLETAR A FORMAÇÃO DO CÉREBRO
MOBILIZANDO CÉLULAS – TRONCO NERVOSAS
HISTÓRIA: C.G.F, 46 anos, grávida de 4 meses, no exame pré-natal, ao se
submeter a uma ultra-sonografia (Dr. JOSÉ MAURO BARCELLOS), foi
diagnosticada a presença de um feto com anencefalia. Religiosa, ela decidiu,
manter a gestação até o final.
No dia 20 de novembro de 2006, nasceu uma criança do sexo feminino
(MARCELA DE JESUS) com 47 cm e 2,5 Kg de peso, apresentando
deformidade do crânio, fissura palatina parcial, globos oculares proeminentes
com anomalia das glândulas lacrimais e com hérnia da meninge através de
fontanela incompleta.
A tomografia computadorizada revelou crânio aplástico, com alteração da base
do crânio, fissura palatina, globos oculares salientes e presença do tronco
cerebral.:
CONDUTA: 1 - alimentação láctea por sonda gástrica de Levine;
2 - lubrificação do globo ocular com colírio, e
3 - suporte respiratório com oxigenação intermitente.
EVOLUÇÃO: Nos primeiros dias, amamentação prejudicada pelo refluxo do leite
materno para as vias aéreas devido à fissura palatina. Em Dezembro de 2006,
apresentou parada cardíaca reversível tendo a seguir evolução com curva
ponderal normal.
VISITA: no dia 3 de Janeiro de 2007, a criança recebeu a visita de Professor
Associado de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de S.
Paulo (aposentado), que apresentou a seguinte:
SUGESTÃO: Como a criança estava no 50o dia de vida, com o prognóstico
completamente imprevisível, e como a mãe estava irredutível em utilizar qualquer
manobra invasíva, inclusive não permitindo a realização de qualquer exame
laboratorial,
TRATAMENTO: a Dra MÁRCIA BEANI BARCELLOS, Médica Pediatra que
acompanha a criança desde o nascimento, optou pela seguinte conduta:
1) substituir a sonda gástrica de Levine pela sonda naso – enteral de sylastic;
2) manter a alimentação láctea por sonda;
3) suporte respiratório com oxigênio intermitente;
4) lubrificação dos globos oculares com colírio;
A introdução de GABA pela sonda no intestino determina a sua absorção; entrando na veia mesentérica, segue pelo sistema portal e
penetra no fígado. Através da circulação portal, entra em contato com o líquido intersticial intra hepático determinando a formação de
um gel (massa amorfa primitiva) contendo a citoquina. Esta citoquina, ativador plasmático do órgão hematopoiético, libera as “células
– tronco nervosas hepáticas” e as orienta em direção ao SNC sendo depositadas no tronco cerebral. A repetição do fenômeno
determina a formação de uma camada que constituirá a “substância cinzenta” da futura córtex cerebral.
O sangue contendo o GABA continuando a circulação nos sinusóides hepáticos , pela veia supra hepática atinge o coração via cava
inferior e a seguir, pela aorta é distribuído pela circulação geral, atingindo a medula óssea e baço. Nestes órgãos hematopoiéticos, em
contato com a massa amorfa primitiva intersticial, forma a “célula – tronco nervosa medular” que segue o mesmo caminho da
“célula – tronco nervosa hepática”, contribuindo para a formação do córtex cerebral.
Como a criança já está no 100o dia de vida, com a sua evolução natural, e como já esta chegando o momento da substituição da
alimentação láctea pela salgada, recomenda-se preparar um caldo de cabeça de peixe de preferência marítimo (rico em
esfingomielina, magnésio e iodo). A esfingomielina seguirá a mesma trajetória do GABA, formando a “célula – tronco nervosa
hepática”, depositando no tronco cerebral para constituir a “sub stância branca cerebral” e dos nervos.
b) no caso dessa tentativa ser insuficiente, podemos reforçar com a tentativa de produzir “celulas – tronco nervosas medular”, pela
punção ou injeção intra medular de solução fisiológica de cloreto de sódio com a finalidade de mobilizá-las do interstício ósseo ou
esplênico.
DISCUSSÃO:
1) A tentativa de completar a produção de parênquima nervoso através da terapia celular, no presente caso, nós temos a impressão
de não estarmos cometendo nenhum deslize ético, científico ou religioso, porque não utilizamos nenhum método invasivo,
acompanhando a evolução normal da criança.
2) Como os anencéfalos tem morte intra uterina ou falecem prematuramente, quanto maior a sobrevida, melhor a oportunidade de
obtermos subsídios para condutas futuras, principalmente para sabermos se a interrupção da anomalia é temporária ou definitiva.
3) Outro problema: como se trata de criança recém-nascida, rica em células – tronco embrionárias, a probabilidade de surgir
monstruosidades não está afastada, mas baseado em trabalhos experimentais na Faculdade de Medicina da Universidade de S.
Paulo em animais de laboratório, concluímos que as células – tronco já tem o seu código genético estabelecido ou personalizado
(substitutos do DNA por elementos ou radicais químicos) como também demonstraram HWANG e col. (2005) Patient specific
embryonic stem cells derived from human SCNT blastocystis).
4) Na comunidade, pequena cidade do Estado de S.Paulo, Brasil, onde a população é predominantemente católica, a sobrevivência
da menor já está surgindo problema jurídico - religioso, relacionado à autorização judicial da interrupção da gravidez (aborto).
5) Como um dos pioneiros em transplantes de órgãos humanos, antes de surgir este caso,
nós admitíamos que a única indicação de doação de orgãos humanos era em anencefália, mas com os excepcionais exemplos de
sobrevivência, nossa conduta está se modificando.
6) Com o progresso vertiginoso da genética, clonagem, nano, biotecnologia, e técnicas de transplantes, o futuro parece ser
promissor;
7) Até o presente momento, AINDA NÃO SURGIU NENHUMA ANORMALIDADE na evolução da paciente.
Homenagem à Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio Paulista, no 110o dia de Marcela de Jesus
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