Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios BCE pode comprar 2,3 mil milhões de dívida por dia André Tanque Jesus | [email protected] Mario Draghi pode superar as expectativas e anunciar 50 mil milhões de euros de compras de dívida por mês. Feitas as contas, o programa teria um total de 1,1 biliões, cujos pormenores só deverão ser conhecidos em Março. O programa de compra de dívida soberana que o BCE deverá anunciar esta quinta-feira poderá ascender a mais de um bilião de euros. Poucos acreditavam num valor tão elevado. Mas a ideia ganhou mais força, após a notícia da Bloomberg. A agência avançou que em cima da mesa estará a compra de 50 mil milhões em dívida por mês, cerca de 2,3 mil milhões por dia, possivelmente até ao final de 2016. A concretizar-se, serão 1,1 biliões de euros em compras que deverão ser realizadas pelos bancos centrais nacionais. O Conselho Executivo do BCE terá em mãos uma proposta que pressupõe a compra de 50 mil milhões de euros em dívida soberana por mês, avançou a Bloomberg na quarta-feira, 21 de Janeiro. Um plano que será apresentado ao Conselho de Governadores esta quinta-feira, na reunião de política monetária. O valor surpreendeu os investidores, que apontavam para um total de 500 mil milhões, com as principais praças europeias a acentuaram as subidas. O Stoxx 600, índice europeu de referência, fechou num máximo de sete anos. "O BCE está sob uma forte pressão para anunciar um grande e credível pacote de estímulos monetários esta semana", aponta a equipa de análise do UBS. Algo que já quase ninguém acredita que possa escapar e que, para os especialistas, ascenderá a um bilião de euros em "dívida soberana, possivelmente em conjunto com crédito de empresas e dívida supranacional". Já Anatoli Annenkov acredita que "o programa do BCE incluirá obrigações soberanas, de empresas e de agências estatais". "No total, permitirá uma expansão do balanço do BCE em um bilião de euros, em que 550 mil milhões será em dívida soberana", aponta o economista sénior do Société Générale. Mas se o montante em causa tem merecido o foco dos investidores, é a forma como será assumido o risco destas operações que tem estado sob escrutínio, com o banco central alemão à cabeça. "Para facilitar a aceitação pelo Bundesbank, o BCE deverá executar as compras de dívida através dos bancos centrais nacionais, com o risco a recair nos respectivos contribuintes", diz Christian Schulz, economista sénior do Berenberg. "Um ponto em que Mário Draghi deverá ceder", acreditam também os especialistas do UBS, "para garantir um maior apoio dentro do Conselho de Governadores". "Os detalhes do programa só deverão ser anunciados posteriormente", atira David Schnautz. No que toca ao início do programa, o estratego de dívida do Commerzbank diz que "uma data razoável seria no início do Março". Já Robert Carnell, director de economia do ING, atira para "a reunião do BCE a 5 de Março". E conclui: "As compras de dívida deverão começar poucas semanas depois". 2015-01-22