Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios Dinheiro da troika para a banca retido até aos exames do BCE Helena Garrido | [email protected], Maria João Gago | [email protected] A parte do empréstimo externo dedicada aos bancos vai continuar guardada até praticamente o fim do ano. Restam cerca de seis mil milhões de euros. O que ainda resta do apoio financeiro da troika para a banca vai manter-se sem ser utilizado pelo menos até que esteja concluída a "avaliação abrangente" do BCE à banca europeia. É esta a vontade do Governo liderado por Pedro Passos Coelho. São pouco mais de seis mil milhões de euros disponíveis para a eventualidade de algum banco precisar de mais apoio do Estado, ou que podem funcionar como garantia contra eventuais surpresas. No empréstimo da troika no montante de 78 mil milhões de euros, 12 mil milhões ficaram consignados para a banca. Desse montante restam neste momento pouco mais de seis mil milhões de euros que, na perspectiva do Executivo, não devem ser usados até que se conheçam os resultados do exame que o BCE vai fazer aos quatro maiores bancos portugueses, CGD, BCP, Espírito Santo Financial Group e BPI. A designada como "avaliação abrangente" do BCE enquadra-se na preparação da instituição com sede em Frankfurt para as novas responsabilidades que vai ter no âmbito do mecanismo único de supervisão que se inicia em Novembro deste ano. Esta avaliação, que está a ser realizada em conjunto com as autoridades de supervisão nacionais, inclui a análise de risco, a avaliação da qualidade dos activos e os testes de stress. Abrange cerca de 300 instituições financeiras equivalentes a 85% do sistema bancário da área do euro. O Banco de Portugal e o BCE A "avaliação abrangente" do BCE iniciou-se em Outubro para estar concluída em finais deste ano, mas está ainda numa fase preliminar. A componente de análise de risco, que inclui liquidez, alavancagem e capital, deverá começar em Março deste ano. Quanto à avaliação da qualidade dos activos o processo está na fase de constituição das amostras das carteiras que vão ser analisadas. E os testes de stress que serão realizados em colaboração com a Autoridade Bancária Europeia só serão conhecidos em finais de Outubro. À avaliação que o Banco de Portugal tem estado a fazer aos bancos portugueses é um exercício autónomo que tem como principal objectivo evitar quaisquer surpresas em Portugal como resultado dos exames do BCE. A autoridade portuguesa de supervisão tem considerado os seus testes mais profundos e abrangentes. O banco central tem analisado não apenas os bancos mas também os grandes devedores, tal como tem sido noticiado pelo Negócios. Um exercício que já impôs a constituição adicional de provisões para imparidades. Dos 12 mil milhões de euros que a troika consignou para a banca foram usados no total 5,6 mil milhões de euros para o BCP, BPI e Banif, com o banco presidido por Fernando Ulrich a liderar a devolução desse dinheiro. A CGD já foi apoiada em 1,6 mil milhões de euros mas com recursos que não vêm do apoio directo da troika à banca. Para já o Governo quer que os 6,4 mil milhões de euros que restam fiquem guardados até se saber se são necessários para apoiar os bancos depois da avaliação abrangente do BCE. Mas podem acabar por se manter congelados durante mais tempo, se assim o exigirem as autoridades europeias e o FMI. 17-Fev-14