Reforma Psiquiátrica Crise: Desafio Estratégico da Reforma Políbio José de Campos Médico do Cersam Noroeste e Serviço de Urgência Psiquiátrica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte . Membro do Colegiado da Coordenação de Saúde Mental de BH. Apresentação 18 de Maio – Goiânia – Goiás. Introdução O contexto político e os desafios da Desinstitucionalização Hegemonia do Manicômio. frente a O espectro que nos ronda: A Persistência e Resistência da Lógica e Ética Manicomial. Podemos afirmar que, a implementação da Reforma Psiquiátrica, em todos os países onde sua causa ganhou força, desde o imediato pós segunda guerra, ainda têm como com ponto de fragilidade, justamente, o campo de intervenção que é sua razão de ser: o tratamento e reinserção social dos Portadores de Sofrimento Mental Severo e Persistente e o manejo das crises, nomeadas ao modo da medicina, como urgência/emergência1. A resposta às crises e às demandas dos portadores de sofrimento mental grave e persistente tem sido apontada como um dos principais desafios da Reforma Psiquiátrica na medida em que é condição essencial para dar sustentação ao conjunto de iniciativas no campo da assistência/cuidado e reabilitação psicossocial destes sujeitos, tendo em vista as suas demandas e exigências políticas de cidadania. Este desafio não é somente uma prioridade estratégica, mas funciona como um analisador dos processos de Reforma Psiquiátrica. Analisa a sua amplitude e capacidade de resposta ao sofrimento mental, num sentido quantitativo e, a sua consistência política em termos de capacidade de Desinstitucionalização. Este conceito nos remete a construção de uma rede de atenção e reabilitação realmente substitutiva ao modelo manicomial, decerto, mas antes de tudo, convoca a uma reconfiguração global das relações entre razão, civilização e loucura. Dell’ Acqua G, Mezzina R. Réponse à la Crise. Dipartamento di Salute Mentale, Trieste, 1991. ( Disponível no site http://www.triestesalutementale.it/francese/allegati. Del Giudice G. Psychiatry Reform in Italy.Trieste: Mental Health Department;1998. Disponível em http://www.triestesalutementale.it/inglese/allegati/PsyReformItaly.pdf. ROTELLI, F ; DE LEONARDIS, O ; MAURI, D. Desinstitucionalização, uma outra via. In : NICACIO, F. (Org). Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec, 1990. p. 17-59. SANTÉ CANADA. Systemes d’intervention en cas de crise et services d’urgences psychiatriques, Section I.. Examen des meilleures pratiques de la réforme des soins de la santé mentale. Examen de la documentacion. Publications, Santé Canada, 1997. NATIONAL HEALTH SERVICE. Modern standards and Service Models. Mental Health: National Service Framework. London, September, 1999 1) Esta questão pode ser vista, exaustivamente, na literatura. A começar de Baságlia e os protagonistas da Reforma Italiana, passando pelos comentadores e estudiosos das Reformas no mundo anglo saxônico ( Richard Lamb, Leona Bachrach, Barton, John Talbott, Graham Thornicroft, Julian Leff. ) , e por fim, se acessarmos os documentos governamentais recentes de revisão da Reforma, por exemplo, do Canadá e Reino Unido. No primeiro a série de documentos do SANTÉ CANADA, ministério da saúde, nomeada de “Examen des meilleures pratiques de la Reforme des soins de la santé mentale” e no Reino Unido o “ National Service Framework for mental Health – Modern Standards and Service Models” do NHS, ministério da saúde do Reino Unido, colocam, claramente, o foco nos portadores de transtornos mentais severos, deixando evidente, que a despeito da abundância de recursos, é insatisfatório o cuidado e reabilitação que é dispensando a eles. Vale lembrar que uma série de documentos editados pelo OMS, desde 2001, destacam esta questão e estabelecem diretrizes para a geração de políticas em níveis diversos, da legislação ao medicamento, tendo em vista a diversidade mundial e as realidades locais em termos políticos, sociais culturais e recursos.(1. World Health Organization – World Health Report. Mental Health: New Understanding, New Hope 2001. Geneva: WHO. 2. World Health Organization – Organization of services of Mental Health 2003. Geneva: WHO.3. World Health Organization – Mental Health Policy, plans and programmes 2004. Geneva: WHO) 2. A Desinstitucionalização definida como um processo de crítica teórica e prática de todos os aparatos/dispositivos jurídicos, administrativos e científicos que sustentam o manicômio, como processo de desconstrução e fechamento do hospital psiquiátrico e a implementação de uma rede de serviços comunitários capaz de responder as necessidades de saúde mental de um território e promover a saúde e a emancipação social. Del Giudice G. Psychiatry Reform in Italy.Trieste: Mental Health Department;1998. (Disponível em http://www.triestesalutementale.it/inglese/allegati/PsyReformItaly.pdf ). Na perspectiva da Desinstitucionalização, é importante destacar que, uma Reforma não necessita, apenas, de serviços e recursos, mas de diretrizes políticas claras, uma orientação, bem meios/processos, os quais possam efetivar a Hegemonia do seu ponto de vista. Mesmo no contexto de Reformas Psiquiátricos com alto nível de investimento, pode acontecer que os serviços comunitários se tornem opacos às necessidades dos portadores de sofrimento mental grave, não importante quando exuberantes em número e diversificados, como nos apontam Del Acqua e Mezzina (1991). Estes autores nos advertem que a pluralidade de serviços, tanto terapêuticos como de reabilitação, não garantem o enfrentamento da crise e dos casos graves, não apenas por que fragmentam, padronizam e especializam suas respostas, mas antes de tudo, porque não subvertem o modelo cultural de referencia, centrado no hospital psiquiátrico, que persiste como receptor dos fracassos dos novos operacionais, garantindo sua sustentação prática e ideológica. modelos Nos EUA, por exemplo, os Centros Comunitários de Saúde Mental1, previstos que foram para fazer frente a uma desospitalização maciça (os EUA, em 1955, tinham 558 mil pessoas internadas, em 1991 haviam 110 mil) e atender casos graves e urgências, fracassaram, na medida que sua sustentação, política e econômica, foi oscilante e insuficiente nos anos que se seguiram ao seu impulso inicial, logo após 19632. Não desprezível, no caso americano, foi o fato de que os egressos, de longa permanência, dos hospitais psiquiátricos não encontraram acolhida nos novos serviços comunitários e, na medida em que estes acabaram sendo “ocupados” por uma clientela de casos menos graves, que tinham suas demandas de saúde mental reprimidas Documentos recentes, oriundos deste país, continuam advertindo sobre o incremento da demanda nos serviços de urgência. Imputam este aumento ao uso de drogas e à violência, fenômenos dos mal estar contemporâneo, bem como à já clássica e conhecidas explicações da redução de leitos, do corte de verbas e insuficiência de implementação de serviços comunitários 3,4. 1. GLOSSARY CMS – CENTER FOR MEDICARE & MEDICAID SERVICES. www.cms.hhs.gov/glossary/. Acesso 04/10/2005. 2. Desviat, Manuel. A Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999. 3. Allen MH, Currier GW, Hughes DH, Reyes-Harde M, Docherty JP. The Expert Consensus Guideline Series: Treatment of Behavioral Emergencies. A Postgraduate Medicine Special Report, May 2001. The McGraw-Hill Companies, Inc. ( Disponível em http://www.psychguides.com/ecgs3.php ). EUA: Desenho Original dos Centros Comunitários de Saúde Mental Mental Health Act – Governo Kennedy - 1963 COMMUNITY MENTAL HEALTH CENTER CMHCs (Centros Comunitários de Saúde Mental USA) De Acordo com ato de criação de 1963 (Community Mental health Centers Act ) adendo posterior ( 1975 ), que incorporou a atenção a criança e idosos . Área de Referência prevista: 75 a 200 mil habitantes. Os CMHCs devem prover as seguintes modalidades de atenção: Atenção ambulatorial para portadores de sofrimento mental crônicos e egressos hospitalares de sua área de abrangência, incluindo, serviços especializados para crianças e idosos; Atenção de urgência/ Emergência 24 horas; Hospital/tratamento dia e outras formas de “hospitalização Parcial”. Serviços de Reabilitação Psicossocial; Avaliação e Regulação das internações nos hospitais estatais , considerando sua adequação; Atividades/serviços de Educação e orientação em saúde mental para a VER ao LADO comunidade. GLOSSARY CMS – CENTER FOR MEDICARE & MEDICAID SERVICES. www.cms.hhs.gov/glossary/. Acesso 04/10/2005 Avaliação e Desafios da Reforma Bruno Norcio1, psiquiatra da equipe de Trieste, num texto de 2002, destacando o sucesso da experiência de Trieste, mas analisando, criticamente, o panorama geral da Itália, quanto ao atendimento da emergências psiquiátricas, sintetizou de forma aguda, tal como listamos abaixo, os impasses existentes, quanto a esta questão,para o conjunto da reforma, no mundo de hoje. 1.Norcio B. Emergency and the PDCS: The Experience in Trieste. Presentation in London, Senate House, march 2002. ( Disponível em http://www.triestesalutementale.it/inglese/allegati/spdc_engl.pdf ). I. O ritmo temporal e a desigualdade de implementação de serviços de base comunitária, aparece como problema central. Comumente, é associado à não liberação de verbas e falta de vontade política. II. A fragmentação das ações entre serviços territoriais, especialmente, entre aqueles que concentram os processos de atenção cotidiana e reabilitação psicossocial dos portadores de sofrimento mental grave em relação aos dispositivos de atendimento das urgência, emergências, involuntários. Na Itália, a lei 180 (Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana), além dos serviços de saúde mental territoriais ( os Centros de Saúde Mental - CSM), estabeleceu a criação de serviços, na forma de enfermarias em hospitais gerais, para atender as urgências que extrapolarem a capacidade de intervenção dos CSM e hospitalizações voluntárias/involuntárias ( os SPDCs - Serviços de Diagnóstico e Tratamento Psiquiátricos). Dissociando crise/urgência/emergência e reabilitação, fragmentam-se os projetos terapêuticos, ressaltou. Aliás, o diagnóstico da fragmentação sistêmica entre serviços de base comunitária e os de urgência, é por demais evocado, em todos os países que tem reavaliado sua política de saúde mental. Norcio B. op. Cit. III. O imperativo de liberação rápida de leitos, nos serviços de urgência/ emergência, estão presentes. Lembramos que, este imperativo se associa ao fenômeno da “porta giratória”, o qual diz respeito, à multiplicação do número de internações curtas, em contextos de redução maciça de leitos. IV. Aponta, também, o surgimento e o incremento das chamadas pseudo-emergências, resultantes da desagregação social, o desemprego estrutural, os sem casa, os imigrantes sem visto. Admite que os portadores de sofrimento mental graves e persistentes não encontram lugar neste sistema, que os protestos e queixas das famílias é uma constante, e o recurso à assistência privada se apresenta, cada vez mais, como uma solução. Norcio B. op. Cit. V. Adverte que em tal situação, o “enxerto” de equipes de urgência psiquiátrica, móveis, acopladas ou independentes dos serviços móveis de urgência/emergência geral, não resolvem e não muda a lógica do modelo vigente. VI. Ressalta-se, na análise de Norcio, sua advertência sobre a persistência e reforço de modelos operacionais “neo-asilares”, aspas nossas. A “portas fechadas”, a contenção mecânica, o eletrochoque, o aumento dos tratamentos médicos compulsórios e, acrescentamos, os métodos de isolamento, as psicocirurgias, a supermedicalização da loucura, etc. Norcio B. op.cit. Resumindo Não há nenhum problema, ao contrário, em apontar contradições entre as intenções da Reforma e sua prática. As contradições são imanentes a qualquer processo histórico, social, e político de grande complexidade. Mesmo autores e operadores da Reforma nas cidades em que ela é, reconhecidamente um sucesso, não se furtam em fazer a crítica e relatar o quão difícil é o caminho e a caminhada.Não é demais lembrar, que a crítica e autocrítica, exigem a autorização da experiência e o não menos laborioso esforço da teoria, especialmente, se ela pode confrontarse com o “vivido próprio”, do caminhante. No entanto, se é possível, no processo da Reforma, trilhar por modelos organizativos diversos, é necessário estabelecer, claramente, suas diretrizes políticas e a lógica e a ética do cuidado aos portadores de sofrimento, que no nosso caso (BH) é decididamente anti-manicomial. A hegemonia da Lógica e do paradigma Manicomial na atualidade A hegemonia da Lógica e do paradigma Manicomial na atualidade Qualquer análise histórica ou levantamento sobre a situação da saúde mental e das políticas concernentes demonstra que, no momento histórico atual, ainda é evidente, a hegemonia do manicômio (basta ver os documentos recentes da OMS sobre a situação de saúde mental no mundo e as posições e propostas deste orgão para enfrentar este contexto)1-6. Um grande número de países não apresenta sequer legislação de saúde mental ou as tem segundo os preceitos do século XIX, tutelando, criminalizando, subtraindo direitos do portador de sofrimento mental e não, protegendo-os. Na maioria dos países o manicômio reina absoluto, em outros, os serviços de base comunitária são insuficientes ou frágeis, especialmente, no que tange ao atendimento de urgência e dos casos graves, bem como às iniciativas de reabilitação e inclusão social. 1. 2. 3. 4. 5. 6. World Health Organization – World Health Report. Mental Health: New Understanding, New Hope 2001. Geneva: WHO. World Health Organization – Organization of services of Mental Health 2003. Geneva: WHO. World Health Organization – Mental Health Policy, plans and programmes 2004. Geneva: WHO). World Health Organization – Atlas; Mental Health resources in the World 2001. Geneva: WHO. Organisation Mondiale de La Santé-Europe. Quels sont les arguments em faveur des soins et des serviçes de santé mentale de proximité? Health Evidence Network, 2003. Livro de Recursos da OMS sobre Saúde Mental, Direitos Humanos e Legislação. Cuidar, sim – Excluir não. Departamento de Saúde Mental e Dependências de Substâncias. Organização Mundial de Saúde, 2005 A hegemonia da Lógica e do paradigma Manicomial na atualidade Mas, como em vários países e cidades o movimento da Reforma e a luta anti-manicomial ganhou força e implementa um novo paradigma (como no caso do Brasil), os representantes do Manicômio estão se organizando e praticando uma militância mais orgânica e agressiva.1-8 No contexto europeu e em vários países, nos últimos anos, voltaram à cena, com veemência e “autoridade”, posições políticas de defesa do modelo manincomial, argumentando sobre a necessidade do hospício, acusando fragilidades e ineficiência nos serviços de base comunitária, quando não insinuando que a Reforma está promovendo, para além, de uma transinstitucionalização(moeda corrente dos defensores do manicômio) a reinstitucionalização dos portadores de sofrimento mental a ponto de considerarem o sistema de moradias/residências para exinternos, de longa permanência, como indicador deste processo.9 A hegemonia da Lógica e do paradigma Manicomial na atualidade O intelectual do Hospício, numa mistura de ilusionismo e impostura, o tempo inteiro, tenta criar a impressão de que a Reforma tomou conta do mundo e que é um fracasso. O que não é verdade. A Reforma,ou melhor , a Desinstitucionalização é um processo histórico recente. Se logrou sucesso, em algumas cidades e países, há um imenso trabalho histórico a fazer, pois, com vimos no próprio conceito de Desinstitucionalização, trata-se de transformar as bases culturais e civilizatórias da nossa relação com a Loucura. Os paladinos do Hospício vêm nos dizer, agora, que o Hospício é necessário – o hospício, no seu discurso atual é nomeado de Hospital Especializado de Psiquiatria – uma impostura.Eles advogam que sua função, discurso corrente, é cuidar dos “casos graves, com comorbidades clínicas ou dependência de substâncias, portadores de graves crises sintomáticas ou quadros neuropsiquiátricos graves e com alto risco de suicídio ou violência . Todos sabem que esta função o Hospício nunca exerceu e porque o faria agora. Portanto não devemos jamais confundir a crítica interna de quem vive os desafios da Reforma e a implementa, como no caso de Bruno Norcio, Desviat e outros, com o discurso daquilo que poderíamos chamar “Liga Internacional de Defesa do Manicômio”. Mesmo no caso da desastrada “Reforma” Norte-Americana, desde o final da década de 90, a maioria dos autores norte americanos, que denunciaram os seus problemas , tomaram uma posição favorável, sem deixar de apontar as contradições existentes. É o caso de alguns dos porta-vozes mais respeitados, lideranças das denúncias e críticas como Leona Bachrach, Richard Lamb, John Talbott 10,11 Eles acentuam a necessidade de investimentos nos cuidados comunitários, destacam que os portadores de sofrimento mental severo precisam de recursos amplos e, como observa Talbott, argumentando com as evidências de pesquisas, nas últimas décadas, a necessidade de individualizar os tratamentos. Bibliografia Defesas explícitas e agressivas do Manicômio 1. Weller MPI (1989) Mental illness — who cares? Nature 399: 249-252. 2. Stanley WJ - From mental hospitals to community care (letter). Br J Psychiatry 180:466-467. 3. PARECER DA CÂMARA TÉCNICA DE PSIQUIATRIA DO CRM-MG A RESPEITO DO PROJETO “HOSPITALIDADE NOTURNA”, DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE.RELATOR:Cons° Eduardo Lopes Tavares de Lima – Coordenador da Câmara Técnica. 4. Zacharias CEK. O Hospital Psiquiátrico: uma Instituição necessária(exposição em ppt). Site da FBH. Disponível em: http://www.hospitaldepsiquiatria.com.br/ct_03_a.php 5. Dratcu L. Godzila Contra-ataca: Breve crônica sobre a resurreição do tratamento psiquiátrico hospitalar na Grã-Bretanha. Site da FBH: http://www.hospitaldepsiquiatria.com.br/ct_03_a.php 6. Psiquiatria Hospitalar. Revista do Departamento de Psiquiatria da FBH. Outubro de 2004 – Ano 1 – nº 1. 7. Psiquiatria Hospitalar. Revista do Departmento de Psiquiatria da FBH.Outubro de 2005- ano 2- nº 2. 8. França, Josimar. Erro na Política de Saúde Mental. Site da FBH.Disponível em: http://www.hospitaldepsiquiatria.com.br/menu_03/artigos/art_017.jpg Reinstitucionalização ?Europa 9. **Priebe S, Badesconyi A, Fioritti A, Hansson L, et al. Reinstitutionalisation in mental health care: comparison of data on service provision from six European Countries. BMJ, doi:10.113/bmj.38296.611215.AE(published 26 november 2004). Vale notar, dando créditos, que estes autores, nas suas conclusões, admitem que a nomeada reinstitucionalização possa se dever ao “Zeitgeist”, ao espírito de intolerância e contenção, atual, das sociedade européias. Reforma Americana – artigos de revisão/avaliação 10. Lamb HR, Bachrach LL. Some Perspectives on Deinstitutionalization. Psychiatric Services 2001; 52: 1039-1045. 11. Talbott JA.Lessons learned about the chronic mentally ill since 1955. Psichiatry Services 2004; 55: 1152-1159. Índices de persistência da Lógica Manicomial: 1) Mortes sob Contenção. 2) A persistência do Mito da periculosidade. 3)Vulnerabilidade clínica, álcool e drogas, suicídio. 4)Excesso de Medicação, morte súbita e polifarmácia 1 Mortes sob Contenção e Isolamento: A insistente relação entre Violência e Psiquiatria • As Reformas Psiquiátricas empreendidas, a partir do pós segunda-guerra, tinham na sua base a denúncia e constatação do caráter violento, segregador do Manicômio. Não é por acaso que vários membros de associações de usuários e ex-internos , na Europa, se nomeiam “survivors”, sobreviventes, numa alusão aos campos de concentração*. E, a despeito das lutas pelos direitos civis, das lutas democráticas em geral e,particularmente, dos portadores de sofrimento mental e do campo anti-manicomial amplo , vigorosas em alguns países, procedimentos como o Isolamento e a Contenção persistem e continuam revelando as contradições da Instituição Psiquiátrica e sua violência, corroborando as teses de que se trata de algo imanente a sua própria constituição histórica. • Nos últimos 10 anos esta questão violência voltou a ser denunciada por organizações de defesa dos usuários e pela mídia em alguns países.Curiosamente, com mais veemência e publicidade, principalmente, no país da psiquiatria científica de alta "performance", na terra da psicofarmacologia de última geração, os EUA. * Mourão Vasconcelos E. Reinvenção da Cidadania, Empowerment no Campo da Saúde Mental e Estratégia Política no Movimento de Usuários. Em: Amarante P (Org.). A insistente relação entre Violência e Psiquiatria Impressiona a constatação de um excesso de contenção mecânica e isolamento, em todo o mundo ainda mais, a sua violência e todos os “settings”. Contudo, impressiona, e banalização, evidenciadas pelo número de mortes que têm sido apuradas, seja qual for o país que se disponha a fazê-lo ( ver extensa bibliografia do protocolo de Contenção ) Uma comissão investigando qualidade dos cuidados no Estado de Nova York, relatou que: na década terminada em 1993, ocorreram 111 mortes em situações de isolamento e/ou contenção, nos seus hospitais. Veja abaixo uma síntese dos dados desta investigação*. * Governance of Restraint and Seclusion: Pratices by NYS Law, Regulation and Policy. New York State Commission on Quality of Care for the Mentally Disabled. New York State Publications, September 1995. Mortes relacionadas a isolamento e contenção Período de 1984-1993 – 111 mortes. Nova York EUA Anos 1984 Anos 1985 Anos 1986 Anos 1987 Anos 1988 Anos 1989 Anos 1990 Anos 1991 Anos 1992 Anos 1993 18 88% 16 16 14 14 13 12 12 10 10 Serviços de Sáude Mental: Específicos 13 11 10 8 6 4 6 6 12% Serviços para Portadores de déficit mental 2 0 Observar que 88% ocorrem em serviços de saúde mental especifícos (hospitais) e 12% em serviços para portadores de déficit mental. Adaptado da referência: Governance of Restraint and Seclusion: Practices by NYS Law, Regulation and Policy.New York State Mortes relacionadas a isolamento e contenção. Serviços de Saúde Mental de Nova York - Período de 1984-1993. Total de 111 mortes Serviços Psiquiátricos Tradicionais Serviços para portadores de Retardo mental Governance of Restraint and Seclusion: Pratices by NYS Law, Regulation and Policy. New York State Commission on Quality of Care for the Mentally Disabled. New York State Publications, September 1995. “Deadly in Restraints” Uma série de 5 reportagens investigativas de um jornal de Connecticut, Hartford Courant, em 1998, criou um escândalo nacional, made in USA, ao apontar e documentar 142 mortes em 10 anos, cerca de 25% delas de crianças e adolescentes*. Veja na sequência. * ” Deadly in Restraints” : Hartford Courant, 1998. (http://www.pcma.com/crisis_intervention_news/deadly_restraint/index.stm) QUEM MORRE E COMO: Quadro completo conforme abaixo. * ” Deadly in Restraints” : Hartford Courant, 1998. (http://www.pcma.com/crisis_intervention_news/deadly_restraint/index.stm) Gênero PCT Masculino 71.8 Feminino 28.2 Faixas Etárias PCT Até 10 anos 2.6 De 11 a 17 23.7 De 18 a 29 17.5 De 30 a 39 27.2 De 40 a 49 13.2 De 50 a 59 2.6 Acima de 60 13.2 Causas de Morte PCT Asfixia, sufocação, estrangulamento 32.8 Causas Cardiológicas 25.6 Causas Relacionadas ao Aparelho Respiratório 8.0 Relativas à drogas/medicamentos 5.6 Causas Cerebrais 3.2 Relativas a coagulação (embolia, por exemplo) 16.0 Todas as outras 5.6 Indeterminada Métodos PCT Conteções Físicas, Imobilizações 47.2 Contenção Mecânica 44.1 Combinação de Física e Mecânica 3.1 Isolamento 5.5 Tipos de Equipamentos e Serviços Hospitais (psiquiátricos e alas psiquiátricas de hospitais gerais) Serviços Residenciais Diversos ( inclusive para jovens “problemáticos” e portadores de deficit mental) PCT 59.6 40.4 Um estudo da JCAHO* (Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations ), organismo independente, responsável pela certificação/acreditação de serviços de saúde nos USA ) de cerca de 20 mortes em contenção e isolamento, da mesma época, mostrou que: 40% delas se deram por asfixia ( aspiração, principalmente ) e; o restante, por estrangulamento, parada cardíaca e acidentes com fogo. * JCAHO - Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations: Preventing Restraint Deaths. Sentinel Event Alert • Issue 8 - November 18, 1998. Último acesso em 08/07/2005. Disponível em http://www.jcaho.org/about+us/news+letters/sentinel+event+alert/sea_8.htm A JCAHO apontou que: 40% dos casos estavam em contenção mecânica dos membros, seja na forma de 2, 4 ou 5 pontos; 30% aconteceram durante “imobilizações terapêuticas” ; 20% no uso de vestimentas de contenção, tipo camisa de força e; 10% em contenções a nível da cintura. Este estudo identificou alguns fatores que podem contribuir para o aumento do risco de morte ou danos sob contenção, conforme: Contenção de pacientes fumantes; Conter pacientes com deformidades/deficiencies que contra indicam por si mesmas o uso de artefatos de contenção ( especiamente, vestimentas); Conter na posição supina (decúbito dorsal) predispõe à aspiração, na posição prona (ventral) à sufocação; Conter em uma sala que não está sob supervisão contínua da equipe. Outra fonte rica de informações é o documento “ Cries of Anguish” *, da NAMI ( National Alliance for Mentally Ill – maior entidade de defesa dos direitos dos usuários nos USA ), um sumário de 54 comunicações de incidentes graves e mortes em processos de contenção e isolamento nos USA, acontecidas depois da comoção nacional e onda de regulamentação pós “ Deadly Restraint “, não nos faltará motivos para indignação e revolta, decerto. No “ Cries of Anguish” , para citar apenas um caso, há o relato da morte de uma adolescente, 15 anos, em Tucson, Arizona, 1998, que é particularmente uma barbárie. Ela ficou contida por 2 dias, em decúbito ventral, contenção prona, e morreu. O motivo da contenção, provável, foi ter se envolvido em uma discussão com outro paciente. * “ Cries of Anguish” : Nami – National Alliance for Mentally Ill, march 2000. (disponível no site www.nami.org ). A persistência de um número elevado de mortes em contenção têm sido confirmado pelo rastreamento de eventos sentinelas (mortes sob contenção) realizado pela JCAHO (USA)*. Veja na sequência: * - JCAHO - Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations: Sentinel Event Trends. Disponível em http://www.jcaho.org/accredited+organizations/ambulatory+care/sentinel+events/set+restraint+deat hs.htm. Ùltimo acesso em 30/12/2005. Evolução anual dos Eventos Sentinelas (1997 a 2004) Relativos a procedimentos de Contenção. JCAHO. Eventos sentinelas: registros de mortes em Contenção ( disponível em http://www.jcaho.org/accredited+organizations/ambulatory+care/sentinel+events/set+restraint+deaths.htm). * S.E Alert: as mortes do “Deadly Restraints”. Para não ficar, somente, nos USA, a Europa apresenta, pelo que se pode apurar, a despeito de uma maior carência de informação, uma situação semelhante. Reino Unido: Caso David Bennett 1. Bennet morreu num procedimento de “imobilização Terapêutica” violenta na The Norvic Clinic , em 1998. O contexto de sua contenção, também, foi atravessado pelo fato de ser um inglês afro-caribenho, o que determinou uma discussão intensa, pesquisas e legislação sobre a relação entre violência institucional e raça/etnia. Na França2, 3 idem, a contenção e o isolamento, parecem estar no cotidiano dos serviços, e assim em todos os países europeus. Veja abaixo alguns estudos sobre o problema, na Europa, vale ressaltar o primeiro, um contundente inquérito sobre a morte de David Bennet. 1.Independent Inquiry into the death of David Bennett. Norfolk, Suffolk and Cambridgeshire Strategic Health Autothority, Cambridge; dezembro 2003. Disponível em http://www.nscsha.org.uk/resources/pdf/review_inquiry/david_bennett_inquiry/david_ben nett_inquiry_report_2003.pdf. Último acesso em 10/12/2005. (caso Bennett). França: 2. Palazzolo J. About the use of seclusion in psychiatry: the patients’ point of view. L´ Encephale 2004; 30(3): 276-84. (dados França) 3.Guedj MJ, Raynaud Ph, Braitman A, Vandershooten D. Pratique de la contention dans un service d’urgence psychiatriques. L´Encephale 2004; 30 (1) p. 32 – 39. (dados França) O contexto e os fundamentos da concepção psiquiátrica sobre a Loucura e as origens do pensamento psicopatológico e nosológico. O homem não pode suportar muita realidade. T.S.Eliot REVISITANDO A HISTÓRIA DA LOUCURA. A exclusão da Loucura – A grande Internação. O paradigma da medicina moderna, a invenção da doença e contradições da psiquiatria. A internação, o tratamento moral. Contençâo, Disciplina, o lugar da medicação no tratamento moral. Poder, Saber e psiquiatria. A função PSY A Teoria da Crise e Psquiatria. Hieronymus Bosch . A nau do Loucos A exclusão da Loucura – A grande Internação • A exclusão da Loucura do concerto civilizatório, a ruptura do diálogo com ela é o elemento central que engendra o SABER e o contexto terapêutico da psiquiatria, no seu nascimento. Os processos de segregação e exclusão do louco são anteriores à criação do manicômio, no final do século XVIII. Mas é um fenômeno cuja precedência é muito mais lógica e estrutural do que temporal. • Antes do nascimento do Manicômio e da Psiquiatria a Loucura já era, sistematicamente, excluída e “internada”. Não era objeto de um saber e práticas específicas, mas compunha o leque amplo e heterogêneo de sujeitos “fora da ordem” que sofriam processos de exclusão, por exemplo, na forma da “internação” em estabelecimentos que tinham função, tipicamente, disciplinar e de controle da ordem social e não terapêutica. • Estas estruturas de natureza semi-jurídica proliferaram na Europa, a partir da segunda metade do século XVII e, foram o principal mecanismo para lidar com os fora da ordem por cerca de 150 anos. São exemplos históricos deste tipo de dispositivo as “Casas de Correção”, na Alemanha, as “Casas de Trabalho”, na Inglaterra e o Hospital na França. • Nestes locais se confinaram pobres, ociosos, vagabundos, libertinos, loucos, numa proporção tal que se pode falar de uma “Grande Internação”. Um exemplo concreto foi o Hospital Geral de Paris, criado em 1657, o qual pouco tempo depois de sua fundação já abrigava 1% da população daquela cidade, cerca de 6000pessoas*. Foucault M. A Grande Internação. In: Foucault M. História da Loucura. São Paulo: Editora Perspectiva; 1978, p. 45-78 Revisitando “História da Loucura” • No prefácio do livro História da Loucura*, podemos depreender que Foucault não queria contar a história dos loucos em confronto com os indivíduos racionais, nem a história da Loucura em oposição à Razão. O acento era na constituição de um monólogo da Razão sobre a Loucura, o qual instaura uma região de silêncio, marcando esta divisão incessante, mesmo que sempre modificada, no decorrer do tempo. • Não coube à psiquiatria definir os limites entre a razão e a loucura, no entanto, a partir do final do século XVIII, ela se encarregou, ou melhor, lhe foi atribuído o estatuto de guardião desta fronteira. E num esforço combinado de saber/poder construiu os marcos indicativos desses limites, um deles o próprio conceito de doença mental como elemento chave e legitimador de uma prática de divisão e captura do sujeito da Loucura. *Foucault, Michel. Prefácio ( Folie et déraison ). Em: Foucault, Problematização do Sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Coleção Ditos & Escritos I. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1999. Tony Robert-Fleury (1838–1911). 1876 painting: Citizen Pinel Orders Removal of the Chains of the Mad at the Salpêtriére. Image provided by Art Resource. Philippe Pinel Releasing Lunatics from Their Chains at the Salpetriere Asylum in Paris in 1795 Revisitando “História da Loucura” O processo acima, historicamente determinado – no sentido de Foucault – se traduz numa forma histórica de relação com a Loucura. Está na raiz das construções teóricas da psiquiatria. Fundamenta a lógica e a “ética” da Internação como elemento central da prática manicomial. Sustenta as práticas terapêuticas. As contradições apontadas por alguns, na prática da psiquiatria, entre um imperativo de controle/ normalização social/resposta à ordem pública e, a suposta intenção terapêutica, que a psiquiatria reivindica, seria aparente. Talvez um epifenômeno, na medida em que a intenção terapêutica se subsume àqueles imperativos. Hieronymus Bosch A extração da pedra da Loucura O paradigma orientador da medicina moderna e psiquiatria Este paradigma é uma construção progressiva iniciada no final do século XVIII e terminada no século XIX - Está associado a acontecimentos como o advento da fisiologia, da anatomo-patologia, aos experimentos de Claude Bernard e a Pasteur/ bacteriologia: compõe-se, grosso modo, aos seguintes pressupostos; 1) O caráter empírico e observacional da investigação nosológicas; uma clínica do olhar e da presença diante do “doente”. O manicômio como “laboratório vivo” da observação das “espécies” nosológicas. 2) Um roteiro rigoroso para a definição das categorias, ou melhor, a formalização da categoria de doença ou entidade mórbida: – Um conjunto de sinais e sintomas bem definidos, _ Uma base lesional ou disfuncão ( o método anátomo-clínico de Bichat ) _ Uma etiologia definida (da uni – Pasteur - à multicausalidade, epidemiologia contemporânea) As Concepções do Fundador: Phillipe Pinel 1) A alienação ( loucura ) é uma doença. 2) O cérebro é a sede da mente, assim a alienação é uma neurose (no sentido de afecção do sistema nervoso). 3) As neuroses são abolição ou perturbações (loucuras/vesânias, propriamente ditas) da função, sem lesão estrutural ou inflamação. Para Pinel a lesão era contingente e pouco se observava. 4) Quanto as causas: a) físicas ( diretamente cerebrais ou simpáticas-efeitos de alterações extra cerebrais ) b) a hereditariedade c) as causas morais. Bercherie P. Os fundamentos da Clínica: história e estrutura do saber psiquiátrico. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1989. . Causas Morais Duas Modalidades Paixões intensas e muito contrariadas ou prolongadas. II. Os excessos de todo o tipo, as irregularidades dos costumes e hábitos, a educação perniciosa, brandura ou dureza excessiva. Agiriam por simpatia, pertubando o organismo como um todo e daí afetando e desorganizando o cérebro. Para Pinel mais da metade dos casos eram devidos às causas morais. Bercherie P. Os fundamentos da Clínica: história e estrutura do saber psiquiátrico.Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1989. * A causa moral, na sequência se transformou em degenêrencia moral, no conceito de MOREL, a ponto de Degenerado Moral ser o principal diagnóstico nos manicômios, final do século XIX. . Causas Morais Duas Modalidades Paixões intensas e muito contrariadas ou prolongadas. II. Os excessos de todo o tipo, as irregularidades dos costumes e hábitos, a educação perniciosa, brandura ou dureza excessiva. Agiriam por simpatia, pertubando o organismo como um todo e daí afetando e desorganizando o cérebro. Para Pinel mais da metade dos casos eram devidos às causas morais, a lesão era contingente e pouco encontrada. “C’est ansi qu’on a appris que l’origine de l’aliénation tient quelquefois à des lésions physiques ou à une disposition originaire, le plus souvent à des affections morales très –vives et fortement contrariées” (pag. 10 do PINEL, Philippe. Traité médico-philosophique sur l'aliénation mentale. Paris : Brosson, 1809 . *A causa moral, na sequência se transformou em degenêrencia moral, nas teses de Benedict MOREL. A Psiquiatria e o Novo Paradigma Impasse: A psiquiatria conseguiu satisfazer o paradigma, apenas, quanto ao primeiro pressuposto: descrição empírico/observacional dos conjuntos sindrômicos (elemento metodológico exigido e divulgado por Pinel e seus discípulos). Nos primeiros 1OO anos de psiquiatria, não obstante a descrição rigorosa de inúmeros quadros clínicos, apenas, para a Paralisia Geral Progressiva, cuja hipótese lesional foi verificada por Bayle ( 1822 ), o roteiro completo pode ser cumprido, finalizando com a identificação do Treponema pallidum ( a PGP é o quadro psiquiátrico associado a sífilis cerebral) nas lesões cerebrais da PGP em 1913 ( Noguchi ). A psiquiatria, assim, permaneceu em débito, ainda, existente, com o principal quesito (o anátomo-clínico) necessário à pertença ao campo da medicina. Hoje, assistimos à neurociência, obsessivamente, procurando encontrar esta base lesional – com meios cada vez mais sofisticados – e se o nível macro denega a verdade dos quadros clínicos, tenta buscá-la no nível bioquímico molecular. A tese das causas morais, enfim, engendrou o tratamento moral. Compreensível, pois a terapêutica alcança seu maior poder quanto atinge as causas da entidade mórbida, algo dedutível do paradigma da medicina moderna. Todavia, a operação principal da Instituição Manicomial que é o internamento e a reclusão do portador de sofrimento mental, não se deduz automaticamente da tese das causas morais. Ela é muito mais uma resultante da nova relação, como referido antes, que a sociedade estabelece com a loucura e do lugar instituído para a psiquiatria neste processo. O acento na causa morais e sua relação com a internação e a terapêutica. Portanto, vê-se um forçamento que busca uma articulação entre a tese das causas morais e a função de controle, disciplina e de “defesa social” que a psiquiatria buscou para si ativamente. Quando Foucault* resgata as razões de Esquirol (o mais importante discípulo de Pinel) para internar a questão fica explícita. Recordemos: 1)assegurar a segurança do louco e sua família. 2)liberá-lo das influências externas. 3)vencer suas resistências. 4) submetê-lo à força a um regime médico. 5) impor-lhe novos hábitos intelectuais e morais. E dirigindo esta estratégia de poder, o psiquiatra, enquanto Mestre Moral, personalizado. Foucault M: Le Pouvoir Psychiatrique. Cours au Collège de France. 1973- 1974.Gallimard/Seuil, 2003 A Contenção a Disciplina e o Poder: Tratamento moral A contradição entre o tratamento moral e a violência do manicômio, tomando em conta que o mito Pineliano do nascimento deste dispositivo alardeava o “fim das cadeias, das correntes” é, apenas, aparente, ou melhor, vê contradição aí os que dela precisam. È evidente, no menu de Esquirol, que o tratamento moral incide, quer intervir na relação social com a loucura, mas visa, também, entranhar seu poder de controle e normalização no corpo e subjetividade dos indivíduos. E na verdade os procedimentos e aparelhos de contenção proliferaram com o tratamento moral: - Cadeiras fixas e móveis, camisola de força, algemas, vestimenta em dedo de luva, o esquife de vime, as coleira de cachorro com pontas, duchas etc. Numa tentativa de fazer uma tipologia dos instrumentos/aparelhos corporais que marcam a presença de um poder, Foucault, nos diz que o emprego desta parafernália, inaugurava uma nova série: a dos instrumentos de adestramento e controle, “ortopédicos” – suplementos do poder psiquiátrico. (Le pouvoir- Leçon du 5 décembre, p. 106-107) O Uso de Medicações no Tratamento Moral • Diversas substâncias foram utilizadas nos primórdios da terapêutica: éter, o láudano- composto de ópio, o nitrito de amila, o ópio, o clorofórmio, o haxixe. • È curioso, a psiquiatria sempre fez silêncio sobre o uso de drogas/fármacos na sua constituição inicial. Mas, não somente, se utilizava de tal expediente como ele entrava no mesmo registro disciplinar e de controle. • Se a droga convoca a questão da verdade e do conhecimento, um saber sobre o psiquismo e loucura – todavia, acabou se amoldando como um elemento de sobre-poder de realidade, de Realização e Objetivação da loucura, um suplemento do poder disciplinar . Foucault M: Le Pouvoir Psychiatrique. Cours au Collège de France. 1973-1974.Gallimard/Seuil, 2003(Lições de 23 e 30 de janeiro.) O experimento Haxixe de Moreau de Tours: A reprodução da loucura Notório, quanto ao uso da drogas, foi experimento de JJ Moreau de Tours (1804-1884), psiquiatra destacado da primeira geração, com o uso do haxixe, o qual experimentou em si próprio. 1. A intoxicação pelo haxixe reproduzia, segundo ele, em níveis progressivos, o que seria a loucura. Seriam oito níveis que começariam com um sentimento de felicidade, se desdobrando progressivamente em fenômenos relativos à orientação espaço temporal, às sensações, percepções, pensamentos e idéias e, a partir da quinta fase com convicções delirantes, excitabilidade, impulsos irresistíveis, ilusões, alucinações. 2. Podemos dizer que, tratou-se do primeiro modelo experimental de reprodução da loucura, algo muito próximo do que se faz, hoje, utilizando anfetaminas, fenciclidina ou ketamina. Um processo de realização da loucura, a loucura existe, a reproduzo, inclusive, constato-a em mim. Outras questões a salientar: 1. - O haxixe como medicamento (usado nos estados de melancolia e, depois, como estratégia de intensificação das crises para que entrassem em lise) e como modelo experimental da Loucura. 2. - O sonho como a loucura do “homem normal”. 3. - A droga como a loucura “injetada” na vigília. Foucault M: Le Pouvoir Psychiatrique. Cours au Collège de France. 1973-1974.Gallimard/Seuil, 2003(Leçon du 30 de janeiro.) O Uso drogas, psicofarmacologia moderna Tratamento Moral: reflexões • Michel Foucault, curiosamente, coloca no advento da psicofarmacologia moderna e seu emprego a possibilidade de despsiquiatrização da Medicina Mental, a superação do tratamento moral e do psiquiatria enquanto Mestre Moral e “ortopedista” do comportamento, em que pese outras consequências , que daí advêm. • Seria a possibilidade, de fato, de efetivar, do ponto de vista da psiquiatria, o movimento pelo fim do Sistema de Contenção, o “ No Restraint”, patrocinado por psiquiatras ingleses e irlandeses, iniciado nos anos 40 do século XIX, que chegou a ter repercussão na Europa, para em poucos anos definhar****. • Vale registrar que um destes psiquiatras, John Conolly, teria conseguido lograr êxito na sua experiência, criando de fato, um ambiente menos restritivo, no asilo de Middlesex, Hanwel, arredores de Londres. Conolly escreveu uma frase que nos dirige ao cerne da questão da Contenção: “Contenção e negligência são sinônimos. Eles são o substituto dos inúmeros cuidados requeridos pelos pacientes perturbados”. (conforme : Deegan P. Deadly restraint: Reform or abolish? National Empowerment center 2005. www.power2u.org/articles/empower/deadly_rest.html ****Foucault M: Le Pouvoir Psychiatrique.Lecon du 5 décembre 1973.Cours au Collège de France. 19731974.Gallimard/Seuil, 2003 O Uso drogas, psicofarmacologia moderna, CONTENÇÃO E Tratamento Moral: reflexões Mas fracasso do movimento da “Não contenção” e, de resto, de todas as tentativas de reformar/humanizar o hospício, nos adverte para a necessidade de discutir a fundo a estrutura e fundamentos da Psiquiatria, quando nos colocamos no campo da Desinstitucionalização. Não há como não lembrar as palavras de Rotelli quando observa que: “A Desinstitucionalização não se reduz ao fim do hospício, condição indispensável, mas não suficiente, exigindo a superação do paradigma cultural, teórico e científico da psiquiatria... A psiquiatria não tentou prática e teoricamente, outra coisa que a redução e simplificação da loucura e, para consegui-lo precisou usar da violência”. Aqui está o embaraço da possível despsiquiatrização medicamentosa. Foucault nos advertia que a psicofarmacologia moderna acabou se desviando para uma lógica da supressão dos sintomas a todo custo, de uma psiquiatria “produção zero sintoma”, da qual a psicocirurgia, o ECT, também fazem parte. (Le Pouvoir Psychiatrique - Résumé du cours, 1973-1974). E a psicofarmacologia se insere nesta lógica, quanto mais depositamos na medicação a responsabilidade pelos resultados terapêuticos. Aqui podemos destacar a lucidez do “insuspeito” Jaspers quando adverte na Psicopatologia Geral (p.998) que a despeito das transformações do “mundo hospitalar”, de haver PINEL “libertado os doidos das correntes” (aspas de Jaspers), subsiste sempre o fato básico da Coação (literal Jaspers). OBS: A primeira edição da Psicopatologia apareceu em 1911, no entanto, a afirmação acima permaneceu nas reedições feitas em vida por Jaspers e, se encontra na nona edição alemã, base para a segunda edição brasileira de 1979. Rotelli F. Rapport Introductif – Congrés de l’Association mondiale pour la Rehabilitation psychosociale, Paris, 8 mai, 2000. Disponível em www.triestesalutementale.it. Função PSY – Suplência Social - Família A constituição de um Saber Psy, afirma Foucault, vem agregar-se a este processo, trazendo um quantum de sobre-poder.** (Leçon du 23 janvier 1974). E mais do que um saber, vale sublinhar, o que se ressalta é o processo, o qual, Foucault nomeou de nascimento de uma Função Psi. Esta função, aparece no século XIX, como um dispositivo, um discurso e uma prática, intimamente associados ao nascimento da subjetividade moderna e ao fracasso da família, enquanto principal instância social, cabendo-lhe, justamente, o papel de fazer suplência a este fracasso***(leçon du 28 novembre 1973). E na medida em que se inscreve nas ranhuras e na falência do laço social como um todo, esta Função Psy se estende a muitos domínios da vida social, política e institucional – assim, já no ínicio do século XX, surgem a psicopedagogia, a psicologia do crime, a psicologia do trabalho etc. ** e ***Foucault M: Le Pouvoir Psychiatrique. Cours au Collège de France. 1973-1974.Gallimard/Seuil, 2003 Saber e Poder: Bio-política e Sujeito Foucault em seu procedimento genealógico – complementar ao arqueológico da História da Loucura – faz o escrutínio do Poder Psiquiátrico. Poder este que ilustra como nenhum outro os elementos que constituem a relações entre saber e poder – a micropolítica e a biopolítica de captura dos sujeitos por um saber articulado a práticas de divisão e dispositivos disciplinares. A genealogia, como diz Foucault, antes de discutir o poder em si, tem como fito compreender o “governo da subjetivação”, a captura de um sujeito por um SABERPoder, que tem como contrapartida, por outro lado , as lutas destes sujeitos contra este governo. Este processo comportaria três níveis de análise: 1) O nível do próprio saber, dos saberes que se pretendem ciência e que, para realizar este projeto devem constituir um sujeito/objeto de reflexão e intervenção. 2) As práticas de divisão, ou seja, a tradução dos modos de objetivação/sujeição em práticas que definem, esquadrinham os sujeitos, estabelecendo divisões, tais como aquelas entre quem é são ou doente, entre o louco e o homem de razão. 3) A expressão deste processo em práticas institucionais – sistemas de disciplina e controle, formas de apreensão dos sujeitos que visam atingir, inclusive, sua biologia, seus corpos, tal como se dão em dispositivos específicos: hospício, fábrica, escola. Historia da Loucura : momento arquelógico das investigações de Foucault Seminário do Poder Psiquiátrico: momento genealógico Foucault M. El sujeto y el poder. Disponível em: http://www.campogrupal.com/poder.html (último acesso em agosto de 2006 ) A Teoria da Crise, a Psiquiatria e a Medicina Moderna. O noção de crise era fundamental na medicina até o final do século XVIII: A crise era o momento em que a doença se revelava, era o índice de sua verdade e do combate entre a doença e as forças naturais do organismo, cujo desfecho decidia sobre a morte ou a cura. Cabia ao médico intervir, estrategicamente, neste processo com cautela e tirocínio, sem favorecer, demasiadamente, um lado ou outro, para que “naturalmente”, se encontrasse um bom desfecho. A Teoria da Crise, a Psiquiatria e a Medicina Moderna. Mas o final do século XVIII e o século XX trouxeram à cena uma série de elementos que reordenaram a medicina e colocaram a teoria da crise e seu papel operativo na penumbra. Concorrem para este fato: A anatomia patológica,o método anátomo-clínico, a fisiologia experimental. Os métodos de inquérito individual (anamnese, pesquisa dos antecedentes familiares e pessoais etc.); A estatística e métodos de inquérito das populações, que originaram a epidemiologia; E mais tarde, o acontecimento Pasteur (a base microbiana das infecções e o surgimento do métodos de assepsia no ambiente hospitalar) que tentou resgatar, de forma consistente, o papel do hospital, na medicina em geral, enquanto local de cura: - “a medicina produz a doença que julga curar”, era a advertência de Pasteur. A Teoria da Crise, a Psiquiatria e a Medicina Moderna. E, novamente, como não pode se acomodar no Paradigma da medicina moderna, na medida em que a base lesional, a anatomia patológica faltava ao encontro, psiquiatria ficou refém da teoria da crise, pois ela era o único modo de fazer o diagnóstico absoluto: Há ou não há loucura, é doente ou não é doente mental? Assim, restou inútil do ponto de vista da posição da psiquiatria no concerto do saber médico e do ponto de vista da terapêutica, todo o esforço de catalogação dos quadros clínicos, de configurações sintomáticas: mania, melancolia, demência precoce, histeria etc. Na verdade não importava o diagnóstico diferencial, importava o diagnóstico absoluto. A Teoria da Crise, a Psiquiatria e a Medicina Moderna. A Crise era o índice, o que denunciava a loucura e legitimava a função social da psiquiatria e o psiquiatra como médico e portador de um saber, ela era ao mesmo tempo indesejável. A crise revelava a loucura impura e incontornável, o prenúncio do crime e do distúrbio. No entanto,cumprido o papel de “porta de entrada” da internação, ela era indesejável num sistema disciplinar e controle e tinha que ser abolida a todo o custo, silenciada. Eis a contradição, que nos aflige até hoje. Daí os exageros dos nossos primórdios, daí que todo tipo de procedimento, a droga, a hipnose, as medidas psicofísicas, a parafernália de instrumentos, terminavam por compor um regime de contenção da crise, no enquadramento do tratamento moral. Le Pouvoir:Leçon du 23/30 du janvier 1974) PROPOSTAS E MODELOS A Reforma Psiquiátrica em Debate PROPOSTAS E MODELOS A Reforma segundo a OMS Organização Mundial de Saúde Desde 2001 a OMS desenvolveu um modelo de Reforma e editou uma série de documentos para subsidiar os países e governos na implantação de políticas nacionais e locais. Este modelo tem sido nomeado de “Sistema Integrado e balanceado de Saúde Mental”. Procura dar respostas às questões estratégicas da estruturação do cuidado/assistência/reabilitação no campo da saúde mental, entre elas a inserção das ações no domínio da chamada atenção básica/primária. Na sequência veremos uma síntese das propostas da OMS para implantação do cuidado e reabilitação tendo em vista o nível de recursos de cada país. Textos de Referência: Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. Tansella M, Thornicroft G. Quel son les arguments em faveur des soins et des services de santé mentale de proximité? Organisation Mondiale de la Santé – Europe, Août 2003. Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. World Health Organization – Organization of services of Mental Health 2003. Geneva: WHO. World Health Organization – Mental Health Policy, plans and programmes 2004. Geneva: WHO) Histórico da Organização das respostas e do sistema de cuidados e serviços no campo da saúde mental - OMS São três configurações básicas 1) 2) 3) Criação e ascenção do modelo manicomial e hospitalocêntrico.( século 1880 até 1950) O período de questionamento e crítica do manicômio e o surgimento das primeiras experiências de Reforma Psiquiátrica e Desinstitucionalização (Pós guerra – década 70) O período de implantação da Reforma com a construção de Sistemas Integrados e Balanceados de Saúde Mental – em curso nos últimos 20-25 anos em alguns países. Estes períodos são não correspondem a uma lógica temporal linear, são antes de tudo configurações paradigmáticas de como se equaciona históricamente a resposta as questões colocadas pela Loucura e pelo sofrimento mental. Podemos encontrar em cada local ou realidade desde a hegemonia absoluta de uma destas configurações até processos em as três fases estão presentes e/ou em confrontação. È curioso que sua temporalidade ignore as primeiras décadas do século XIX,principalmente , o período que Foucault chamou de Proto-psiquiatria - o qual de fato instaura as bases do Manicômio. Esta “periodização” se aplica melhor ao contexto Europeu. Sistema Integrado e Balanceado de Saúde Mental da OMS • Este modelo é baseados na Teoria dos Níveis de Recursos e Patamares de Serviços, elaborada por pesquisadores no âmbito da OMS-Euro, principalmente, Thornicroft G; Tansella M, conforme podemos encontrar nos seguintes textos: • Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. • Organisation Mondiale de La Santé-Europe. Quels sont les arguments em faveur des soins et des serviçes de santé mentale de proximité? Health Evidence Network, 2003 Teoria dos níveis e passos Baixo nível de recursos Nível Médio Alto nível de Recursos Patamar A: Saúde mental nos cuidados básicos com suporte do especialista. Patamar A + B. B: Implementação de serviços específicos de saúde mental. Patamar A+B+C. C: Serviços especializados e diferenciados de Saúde Mental Triagem e avaliação pelas equipes de cuidado básico. Serviços externos e ambulatórios. Serviços focados em doenças e grupos de pacientes. Tratamento psicoterapico, orientação e aconselhamento. Cuidados hospitalares para os casos agudos: Tratamento farmacológico. sugere que o seja no hospital geral. Consultoria/ligação e treinamento com as equipes Serviços residenciais( de longa permanência.) de saúde mental, se disponíveis. Estratégias voltadas para o emprego e ocupação Disponibilidade de especialistas para: Equipes comunitárias de saúde mental. - Treinamento; - Consultas e orientação nos casos mais complexos; - Avaliação e tratamento a nível hospitalar, nos casos que não possam ser conduzidos no nível básico. Aqui pressupõem que o hospício possa já existir ou não. Caso sim sugere que seus recursos sejam realocados para os cuidados primários Sugere que os casos agudos sejam tratados, preferencialmente, no hospital geral. Baseado: Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290 - Distúrbios alimentares; comorbidade/diagnóstico dual álcool e drogas;- Transtornos afetivos refratários; Serviços para adolescentes.Equipes especializadas de saúde mental comunitária:- Intervenção precoce;Tratamento assertivo comunitário.Alternativas a hospitalização de agudos:- Equipes de resolução de crise e tratamento domiciliar; - Serviços residências de crise;- Hospital dia para casos agudos.Alternativas diversas para o cuidado residencial de longa permanência: - Residências intensivas com equipes de cuidado 24 horas; - Acomodações para cuidados menos intensivos; Acomodações independentes. Alternativas no plano da emprego/ocupação e Reabilitação profissional/vocacional: Oficinas protegidas; - Emprego/trabalho supervisionado; - Cooperativas; Programas de emprego temporário; Reabilitação vocacional; - Serviços de suporte e colocação no emprego. Países e cidades com Baixo nível de recursos: Patamar A Saúde mental nos cuidados básicos com suporte do especialista. • • • • Triagem e avaliação pelas equipes de cuidado básico. Tratamento psicoterápico, orientação e aconselhamento. Tratamento farmacológico. Consultoria/ligação e treinamento com as equipes de saúde mental, se disponíveis. Disponibilidade de especialistas para: • • • - Treinamento; - Consultas e orientação nos casos mais complexos; - Avaliação e tratamento a nível hospitalar, nos casos que não possam ser conduzidos no nível básico. Aqui pressupõem que o hospício possa já existir ou não. Caso sim sugere que seus recursos sejam realocados para os cuidados primários Sugere que os casos agudos sejam tratados, preferencialmente, no hospital geral. Teoria dos níveis de Recursos e Patamares de Serviços: Adaptação: Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283290. Nível Médio de Recursos: Patamar A + B. B: Implementação de serviços específicos de saúde mental: Serviços externos e ambulatórios. Equipes comunitárias de saúde mental. Cuidados hospitalares para os casos agudos: sugere que o seja no hospital geral. Serviços residenciais( de longa permanência.) Estratégias voltadas para o emprego e ocupação Teoria dos níveis de Recursos e Patamares de Serviços: Adaptação: Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290 Alto nível de Recursos : Patamar A+B+C. C: Serviços especializados e diferenciados de Saúde Mental 1. Serviços focados em doenças e grupos de pacientes: Distúrbios alimentares; comorbidade/diagnóstico dual álcool e drogas; Transtornos afetivos refratários; Serviços para adolescentes. 2. Equipes especializadas de saúde mental comunitária:Intervenção precoce; Tratamento assertivo comunitário. 3. Alternativas a hospitalização de agudos: Equipes de resolução de crise e tratamento domiciliar; Serviços residências de crise; Hospital dia para casos agudos. 4.Alternativas diversas para o cuidado residencial de longa permanência: Residências intensivas com equipes de cuidado 24 horas; Acomodações para cuidados menos intensivos; Acomodações independentes. 5. Alternativas no plano da emprego/ocupação e Reabilitação profissional/vocacional: Oficinas protegidas; Emprego/trabalho supervisionado; Cooperativas; Programas de emprego temporário; Reabilitação vocacional; - Serviços de suporte e colocação no emprego competitivo (emprego assistido) Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. Alto nível de Recursos : Patamar A+B+C. C: Serviços especializados e diferenciados de Saúde Mental 1. Serviços focados em doenças e grupos de pacientes: Distúrbios alimentares; comorbidade/diagnóstico dual álcool e drogas; Transtornos afetivos refratários; Serviços para adolescentes. 2. Equipes especializadas de saúde mental comunitária:Intervenção precoce; Tratamento assertivo comunitário. 3. Alternativas a hospitalização de agudos: Equipes de resolução de crise e tratamento domiciliar; Serviços residências de crise; Hospital dia para casos agudos. 4.Alternativas diversas para o cuidado residencial de longa permanência: Residências intensivas com equipes de cuidado 24 horas; Acomodações para cuidados menos intensivos; Acomodações independentes. 5. Alternativas no plano da emprego/ocupação e Reabilitação profissional/vocacional: Oficinas protegidas; Emprego/trabalho supervisionado; Cooperativas; Programas de emprego temporário; Reabilitação vocacional; - Serviços de suporte e colocação no emprego competitivo (emprego assistido) Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. Recomendações OMS OBS: Serviços Institucionalizados – hospício e congêneres. A OMS não recomenda que portadores de sofrimento mental, muito menos os graves e agudos sejam tratados nos “Dedicated Mental Hospitals” (que é o termo usado para hospício nos seus documentos). Recomenda serviços menos restritivos, não estigmatizantes, como as “general hospitals units”, seja na forma de leitos distribuídos no conjunto do hospital geral ou em alas específicas de psiquiatria. Todavia reconhece a hegemonia do modelo manicomial – cita, inclusive, o caso da Ìndia, onde serviços comunitários estão disponíveis para 40 milhões de hab., com mais de 1 bilhão recorrendo à Hospicios ou sem assistência. • Nos países de baixo nível de recursos que estejam em fase pré-asilar, exemplificam, a OMS orienta o uso do hospital geral, para o manejo dos casos que esgotarem ou superarem os esforços do nível primário de intervenção. E, nos locais de baixo nível de recursos, onde já existam manicômios, recomendam , estrategicamente, a realocação de seus recursos para os serviços comunitários e descentralizados. • E assim, independente do nível de recursos não há recomendação para implementação de Asylums ou Mental Hospitals, aliás, estes dispositivos sofrem questionamentos contundentes, nos documentos da OMS. Configuração ideal e articulação dos diferentes Serviços segundo necessidade e custo OMS ELEVADO BAIXO Serviços de longa permanência e Especializados. CUSTOS FREGUÊNCIA DA NECESSIDADE Serviços de Saúde Mental Territoriais Serviços em Hospital Geral Saúde Mental na Atenção Básica Cuidados informais na Comunidade Auto cuidado BAIXO ELEVADO Quantidade de serviços necessários PROPOSTAS E MODELOS A Reforma no Reino Unido e Itália Serviços Itália PICCINELLI M, POLITI P, BARALE F. Focus on psychiatry in Italy. BRITISH JOURNAL OF P SYCHIATRY (2 0 0 2), 181, 53 8 - 5 4 4 NUMERO PROPORÇÃO/HAB PADRÕES NACIONAIS PREVISTOS4 CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 6951 1,81/150. 000 hab 1/150 000 hab SERVIÇOS EXTERNOS (AMBULATORIAIS) 11321 2.95/ 150 000 hab NA ENFER/ALAS PSI EM HOSPITAL GERAL 3201 0.83/ 150 000 hab NA 40841 0.7/ 10 000 hab 1/10 00 0 hab 652 0.17/ 150 000 hab NA 55952 0.9 / 10 000 hab NA SERVIÇOS LEITOS PSI EM HOSPITAL GERAL CLÍNICAS PSIQUIATRICAS PRIVADAS LEITOS PSIQUIATRICOS PRIVADOS DEPARTAMENTOS PSI UNIVERSITÁRIOS 192 LEITOS PSI UNIVERSITÁRIOS 4042 HOSPITAIS DIA 2571 0.67 / 150 000 hab NA LEITOS EM HOSPITAIS DIA 9421 0.1/ 10 000 hab 1/10 00 0 hab CENTROS DIA 4811 1.26 / 150 000 hab 1/150 00 0 hab 13771 3.43/ 150 000 hab NA LEITOS NOS SERVIÇOS RESIDENCIAIS 17 3431 3/ 10 000 hab 1-2 /10 00 0 hab STAFF DE SAÚDE MENTAL (TOTAL) 30 9781 0.81 / 1500 hab 1/150 00 0 hab PSIQUIATRAS 50941 0.13 / 1500 hab NA PSICOLÓGOS 17851 0.05 / 1500 hab NA ENFERMEIRAS 15 4821 0.41 / 1500 hab NA SERVIÇOS RESIDENCIAIS NÃO HOSPITALARES LEITOS PSIQUIÁTRICOS AGUDOS ITÁLIA (EXCLUINDO SICÍLIA 5MILHÕES HAB.) CERCA DE 52 MILHÕES HAB. Tipo Leito/serviço (dados 2002-2003) Serviços pesquisados Número Leitos Média de Leitos/ Tempo médio Totais no País / proporção por 10.000 hab unidade – na amostragem de 262 unidades das internações – na amostra 266 Unidades Psiquiátricas de Hospitais Gerais: Previstas na LEI 180 para atendimento dos casos graves que fossem impossívéis de serem atendidos nos Serviços Comunitários e involuntários/compulsórios - no máximo 15 leitos previsão Total de 4.108 leitos 0,78 leitos por 10 mil habitantes 13,1 12 dias 54 Hospitais Psiquiátricos Privados: Existiam antes da Lei 180 – mas se reconfiguram pós Lei 180 – passando de 642 leitos por unidade em média para 90 leitos, com melhora da “hotelaria”. O governo compra cotas de leitos/internações. No sul da Italia são prevalentes em 2/1 em relação aos públicos. Não podem admitir compulsórios/involuntários 4862 leitos 0,94 leitos por 10 mil habitantes 90 leitos 39,7 dias 23 Enfermarias/Clinicas Psiquiátricas Universitárias – Escolas de Medicina – Podem admitir involuntários (56%) 399 leitos 17 leitos 18, 5 dias 16 (2002 -2003) Centros Comunitários de Saúde Mental 24 horas – Localizados no Friuli-Venezia Giulia e Campania - Aceita involuntários (75%) e 25% não aceita. O total de Centros Comunitários seria ,hoje, 700. Sendo que os 24 horas seriam 70 (10% do total). 98 leitos 6,1 leitos 37 dias A Itália, excluindo Sicilia e alguns serviços (citados na análise, na região da Toscana, cerca de 118 leitos, com um tipologia muito própria), teria cerca de 8970 leitos em enfermarias/unidades Psiquiatricas de hospital e Hospitais psiquiátricos privados numa proporção de 1,72 leitos por 10 mil habitantes – por sinal um dos mais baixos da Europa. GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 ITÁLIA - SERVIÇOS PARA ATENDIMENTOS DE “AGUDOS”: CARACTERÍSTICAS ASPECTOS AVALIADOS NÚMERO DE LEITOS: MÉDIA (s.d.) PERÍODO DE CRIAÇÃO (LEI 180 – 1978) n (%) UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC): N: 262 13.1 (4.2) ATÉ 1977 CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS N: 23 CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS N: 16 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 17.3 (8.7) 6.1 (2.0) 90.0 (48.2) 7(30.4%) 1 (6.2%) 51 (94.3%) 1978-1990 141 (53.8%) 7(30.4%) 1991-2003 121 (46.2%) 9(39.2%) 2(3.8%) 15 (93.8%) 1(1,9%), TERRITORIALIZADO – ÁREA DE CAPTAÇÃO DEFINIDA N (%) SIM 261 (99.6%) 14(60.9) 16(100%) 7(13.0) NÃO 1 (0.4) 9(39.1) ATÉ 100 000 39(14.9%) 1 (8.3) 13(81.3%) 100.000 A 250.000 173(66.3) 7(58.4) 2(12.5) 2(3,7%) 250000 A 500000 42(16.1) 3 (25.0) 1(6.2%) 2 (3,7%) 47 (87%) POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA N(%) ITÁLIA – Avaliação dos SERVIÇOS PARA ATENDIMENTOS DE “AGUDOS”: CARACTERÍSTICAS GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC): N: 262 CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS N: 23 CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS N: 16 SIM 260 (99.2%) 13(56.5) 12 (75.0) NÃO 2(0.8) 10 (43.5) 4(25.0} 54(100%) NÃO 136(51.9%) 1 1 (47.8) 1(6.2%) 46 (86.8) HOSPITAL DIA 1 15 (43.9%) 12(52.2) 2(12.5) 6 (11.3%) OUTRAS FORMAS SERVIÇOS DIA 11 (4,2%) 13(81,3%) 1 (1,9%) ASPECTOS AVALIADOS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 ACEITA INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS N (%) SERVIÇOS DIURNOS n (%) SERVIÇOS EXTERNOS Ambulatórios N (%) GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 UNIDADES PSIQUIÁTRICAS CLÍNICAS CENTROS COMUNITÁRIOS DE HOSPITAL GERAL PSIQUIÁTRICAS DE SAÚDE MENTAL 24 (SPDC): N: 262 UNIVERSITÁRIAS N: 23 HORAS N: 16 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 Perfil dos estabelecimentos, n (%) Planta independente 13(5%) 2(8,7%) 11(69%) 48(0,89%) Construção em conjunto com outros serviços de saúde mental 17(0,7%) 2(0,9%) 1(0,6%) 1(0,2%) Unidade no interior de Hospital Geral 168(64%) 8(35%) Planta independente, mas dentro de uma área hospitalar 41(16%) 8(35%) 4(25%) 3(0,6%) Planta independente, mas junto a outros serviços de saúde 23(0,9%) 3(13%) 209(80%) 35(13%) 18(0,7%) 15(65%) 4(17%) 4(17%) 0 1(0,6%) 15(94%) 10(19%) 13(24%) 31(57%) 161(62%) 101(39%) 15(65%) 8(35%) 14(88%) 2(13%) 53(100%) 59,4(4) 48,9(5) 91(42) 70,4(29) 0,9(0,1) 0,8(0,1) 02(0,2) 05(0,4) 2,04(0,1) 1,44(0,1) 5,17(0,2) 0,45( 2(32%) Portas fechadas, n (%) Sempre Ás vezes jamais Área/espaço externo, n (%) Sim Não 1 ou 2 leitos por quarto – proporção em relação ao conjunto dos leitos % (sd) Número de salas/quartos de estar (exceto copa e cozinha) média (s.d.) Profissionais Profissionais “full-time” por leito: média (s.d.) GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 Critérios de Exclusão na Admissão n (%) UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC): N: 262 CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS N: 23 Número de serviços Número de serviços que responderam (percentual) (percentual) CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS N: 16 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 Número de serviços (percentual) Número de serviços (percentual) Menor de 18 anos 93(57%) 6(38%) 13(93%) 24(44%) Uso nocivo/dependência Alcool (exclusivo) 117(71%) 8(50%) 14(100%) 28(52%) Uso nocivo/dependência Alcool com comorbidade 4(0,2%) Uso Nocivo de Substâncias Psicoativas 136(83%) Substâncias Psicoativas com comorbidade 6(0.4%) Transtorno Mental Orgânico 49(30%) 4(25%) 10(71%) 34(63%) Retardo Mental grave 69(42%) 6(38%) 4(29%) 22(41%) Alto risco de suicídio 3(0,2%) 1(0,6%) 5(36%) 35(65%) Transtornos comportamentais Grave com agressividade 4(0,2%) 3(1,9%) 4(29%) 27(50%) Grave Incapacidade Física 93(57%) 8(50%) 11(79%) 18(33%) Transtornos Médicos graves 82(50%) 7(44%) 10(71%) 20(37%) Paciente do sistema prisional 91(56%) 10(63%) 3(21%) 31(57%) outros 152(93%) 15(94%) 13(93%) 2(0,4%) Média (s.d.) 12(0,3) 18,5(0,7) 37(5,5) 39,7(18) Mediana 11,4 17,8 21,1 37,6 41(76%) 8(50%) 14(100%) 10(19%) 38(70%) Extensão da internação - dias ITÁLIA - SERVIÇOS PARA ATENDIMENTOS DE “AGUDOS”: CARACTERÍSTICAS Perfil das admissões por 10.000 mil habitantes UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS 1,5 0,2 6,9 12,4 0,9 0,1 4,4 4 0,3 0,1 1,8 205.8 26.2 3.9 Pacientes com 2 admissões no mesmo ano 1,7 0,1 0,02 0,7 Pacientes com 3 ou mais admissões no mesmo ano 1,1 0,1 0,03 0,4 Admissões compulsórias 2,4 0,1 0,01 NA Pacientes admitidos compulsório 1,9 0,1 0 NA Diárias Hospitalares para os compulsorios 20,8 1,2 0,02 NA Pacientes com 2 ou mais admissões compulsórias no mesmo ano 0,2 0,01 0,001 NA Admissões Pacientes admitidos Primeira admissão Hospital days 18,1/ 10mil ha Valores : taxa por 10 0 0 0 habitantes NA não aplicável. 240.7 LEITOS DISPONÍVEIS , POR SETOR, INGLATERRA, 1987-88 A 2007-08 ANO TODAS ESPECIALID ADES (EXCETO LEITO DIA) GERAIS E AGUDOS AGUDOS GERIATRICO MENTAL DEFICIENCIA MENTAL MATERNIDADE LEITOS DIA 1987-88 297.364 180.889 127.616 53.273 67.122 33.421 15.932 2.000 1988-89 282.918 174.491 123.450 51.041 63.012 30.048 15.367 2.473 1989-90 270.301 169.901 121.170 48.731 59.288 26.406 14.706 2.861 1990-91 255.479 162.691 116.788 45.902 55.239 23.379 14.170 3.068 1991-92 242.677 157.247 115.140 42.107 50.278 21.383 13.770 3.399 1992-93 232.201 153.208 112.862 40.346 47.308 18.519 13.167 3.972 1993-94 219.476 147.153 109.713 37.440 43.532 16.269 12.521 4.908 1994-95 211.812 144.803 108.008 36.795 41.827 13.211 11.971 5.699 1995-96 206.136 142.624 108.296 34.328 39.477 12.676 11.358 6.541 1996-97 198.848 140.515 108.869 31.646 37.640 9.693 11.000 6.766 1997-98 193.625 138.047 107.807 30.240 36.601 8.197 10.781 7.125 1998-99 190.006 136.426 107.729 28.697 35.692 7.491 10.398 7.568 1999-00 186.290 135.080 107.218 27.862 34.173 6.834 10.203 7.938 2000-01 186.091 135.794 107.956 27.838 34.214 6.316 9.767 8.155 2001-02 184.871 136.583 108.535 28.047 32.783 5.694 9.812 8.036 2002-03 183.826 136.679 108.706 27.973 32.753 5.038 9.356 8.544 2003-04 184.019 137.247 109.793 27.454 32.252 5.212 9.309 8.813 2004-05 180.966 136.184 109.544 26.641 31.286 4.415 9.081 9.160 2005-06 175.436 132.826 108.134 24.692 29.802 3.927 8.881 9.726 2006-07 167.019 126.976 104.079 22.897 27.914 3.486 8.643 10.342 2007-08 160.297 121.780 101.080 20.700 26.929 3.147 8.441 10.511 Average daily number of available beds, by sector, England, 1987-88 to 2007-08 300.000 Day only Maternity Learning disability Mental illness Geriatric Acute 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 2007-08 2006-07 2005-06 2004 -05 2003-04 2002-03 2001-02 2000-01 1999-00 1998-99 1997-98 1996-97 1995-96 1994 -95 1993-94 1992-93 1991-92 1990-91 1989-90 1988-89 1987-88 0 LEITOS PSIQUIÁTRICOS (SAÚDE MENTAL) INGLATERRA – FORENSES (UNIDADES SEGURANÇA), AGUDOS, LONGA PERMANÊNCIA/REABILITAÇÃO – POP 51.715 MILHÕES. 2007/2008 505 355 70,4% 18 15 80,1% 6.577 5.320 80,9% 2.417 2.007 83,0% 3.159 2.885 91,3% 11.372 10.112 88,9% 2.880 2.551 88,6% 185 107 57,9% 23 17 73,8% 554 508 91,8% DEFICIÊNCIA MENTAL , OUTRAS IDADES: CURTA 1.053 774 73,5% DEFICIÊNCIA MENTAL , OUTRAS 1.332 1.169 87,8% CRIANÇA: CURTA PERMANÊNCIA CRIANÇA: LONGA PERMANÊNCIA IDOSOS ; CURTA PERMANÊNCIA IDOSOS: LONGA PERMANÊNCIA OUTRAS IDADES: UNIDADES DE SEGURANÇA OUTRAS IDADES: CURTA PERMANÊNCIA OUTRAS IDADES : LONGA PERMANÊNCIA DEFICIÊNCIA MENTAL , CRIANÇA: CURTA DEFICIÊNCIA MENTAL , CRIANÇA: LONGA DEFICIÊNCIA MENTAL , OUTRAS IDADES: UNIDADES SEGURANÇA LEITOS PSIQUIÁTRICOS INGLATERRA (SOMENTE) – AGUDOS E “UNIDADES DE SEGURANÇA” – POP 51.715 MILHÕES. Leitos disponíveis 2007-2008 TIPO LEITO/SERVIÇO Agudos hospitalares – enfermarias de Hospital Geral distrital ou Hospitais psiquiatricos (reformados) – número variado de leitos por enfermaria - média 20 – em torno de 550 UPHG – seus leitos representam a metade dos leitos em geral da Inglaterra – mas na faixa 11.372 leitos cerca de 2,7 leitos por 10.000 hab de idade de 18-64 estes leitos de agudos são 65% do total. O NHS provê cerca de 86% destes leito e o “setor independente” 14% Unidades “Seguras”: PICU – Unidades psiquiátricas de tratamento intensivo e agudos – internações compulsórias e curtas– oito Leitos por unidade, em média. 3159 leitos Alta segurança (forense) e Média segurança e longa permanência (forense) DoH (2002).Mental Health Policy Implementation Guide . National Minimum Standards for General Adult Services in Psychiatric Intensive Care Units (PICU)and Low Secure Environments Boardman J, Parsonage M. Delivering the Government’s Mental Health Policies Services, staffing and costs. The Sainsbury Centre for Mental Health 2007 Department of Health. Hospital Ativity Estatistics. http://www.performance.doh.gov.uk/hospitalactivity/index.htm . Commission for Healthcare Audit and Inspection UK (2008)The Pathway to Recovery - A Review of NHS Acute Inpatient Mental Health Services (Care Quality Commission Serviços Comunitários DISPOSITIVO/SERVIÇO INGLATERRA POP 51.715.000 - 34.262.000 HAB -66.25%FAIXA DE 16–65 ANOS ÁREA DE CAPTAÇÃO CMHTs (Equipes Comunitárias de Saúde Mental) - Usuários 1 equipe por 10-60 mil hab – 4,5 seriam portadores de sofrimento mental grave e persistente sob equipes em média por 250 mil (CPA – Care Approach Program – o Projeto Terapêutico do UK) – hab / 30 a 35 usuários por Suporte e avaliação de casos da Atenção Primária Coordenador de Projeto PREVISÃO/NÚMERO DE SERVIÇOS 930 equipes/826 equipes em 2006 Terapêutico Assertive outreach teams (AOTs) Equipes e Tratamento Assertivo Comunitário – para portadores de Sofrimento Mental Grave e persistente com dificuldades de adesão aos serviços convencionais Crisis Resolution Teams – equipe de resolução de Crise e tratamento domiciliar – atendimento das crises e triagem/gatekeeper das internações num território. Há uma previsão que pudessem reduzir em 30% as internações – um estudo recente mostra uma redução de 10 a 23% (Glover et al) Early intervention teams (EITs): Equipes de intervenção precoce/ a tempo específicas para pessoas entre 14-35 anos no seu primeiro episódio de psicose, objetivando identificar aqueles que estão desenvolvendo um curso grave e lhe oferecer serviços apropriados a esta condição 1 equipe por 250 mil hab / 10 220 equipes previstas no usuários por Coordenador de NHS Plan 2000/ 251 Projeto Terapêutico existentes em 2006 Em tese uma equipe em média 335 equipes previstas no para 250 mil hab – carga de NHS Plan em 2000 – 268 usuários de 20 a 30 por equipes existentes em profissional 2006 Em 2001 (MPIG) se propos que cobrissem 1 milhão de hab (3 a 4 equipes) cada uma com 30-50 NHS Plan previa 50 EITs novos casos anuais, que seriam para 2004/ em 2006 seguidos por 3 anos – dando um tinham 128 equipes total 120 a 150 casos por equipe – carga de casos 10/1 • • • • • • • • Boardman J, Parsonage M. Delivering the Government’s Mental Health Policies Services, staffing and costs. © The Sainsbury Centre for Mental Health 2007. http://www.performance.doh.gov.uk/hospitalactivity/index.htm (estatistica England GLOVER, GYLES, ARTS, GERDA, BABU, KANNAN SURESH.Crisis resolution/home treatment teams and psychiatric admission rates in England.The British Journal of Psychiatry 2006 189: 441-445 . Department of Health (2002d) Mental Health Policy Implementation Guide: National Minimum Standards for General Adult Services in Psychiatric Intensive Care Units (PICU) and Low Secure Environments. London: Department of Health. Department of Health (1999) National Service Framework for Mental Health: Modern Standards and Service Models. London: Department of Health. Department of Health (2000a) The NHS Plan: A Plan for Investment. A Plan for Reform. CM4818–I.London: Department of Health. Department of Health (2000b) Pharmacy in the Future: Implementing the NHS Plan. London:Department of Health. Department of Health (2000c) Shaping the Future NHS: Long-term planning for hospitals and related services consultation document on the findings of The National Beds Inquiry – supporting analysis. London. Department of Health (2001a) Mental Health Policy Implementation Guide. London: Department of Health. Department of Health (2001b) Mental Health National Service Framework (and NHS Plan) Workforce planning, education and training, underpinning programme: adult mental health services. Final report by the Workforce Action Team. London: Department of Health. The Search for Acute Solutions. Improving the quality of care in acute psychiatric wards. © The Sainsbury Centre for Mental Health , 2006, Commission for Healthcare Audit and Inspection 2008. The pathway to recovery A review of NHS acute inpatient mental health services. LEITOS PSIQUIÁTRICOS AGUDOS ITÁLIA (EXCLUINDO SICÍLIA 5MILHÕES HAB.) CERCA DE 52 MILHÕES HAB. Tipo Leito/serviço (dados 2002-2003) Serviços pesquisados Número Leitos Média de Leitos/ Tempo médio Totais no País / proporção por 10.000 hab unidade – na amostragem de 262 unidades das internações – na amostra 266 Unidades Psiquiátricas de Hospitais Gerais: Previstas na LEI 180 para atendimento dos casos graves que fossem impossívéis de serem atendidos nos Serviços Comunitários e involuntários/compulsórios - no máximo 15 leitos previsão Total de 4.108 leitos 0,78 leitos por 10 mil habitantes 13,1 12 dias 54 Hospitais Psiquiátricos Privados: Existiam antes da Lei 180 – mas se reconfiguram pós Lei 180 – passando de 642 leitos por unidade em média para 90 leitos, com melhora da “hotelaria”. O governo compra cotas de leitos/internações. No sul da Italia são prevalentes em 2/1 em relação aos públicos. Não podem admitir compulsórios/involuntários 4862 leitos 0,94 leitos por 10 mil habitantes 90 leitos 39,7 dias 23 Enfermarias/Clinicas Psiquiátricas Universitárias – Escolas de Medicina – Podem admitir involuntários (56%) 399 leitos 17 leitos 18, 5 dias 16 (2002 -2003) Centros Comunitários de Saúde Mental 24 horas – Localizados no Friuli-Venezia Giulia e Campania - Aceita involuntários (75%) e 25% não aceita. O total de Centros Comunitários seria ,hoje, 700. Sendo que os 24 horas seriam 70 (10% do total). 98 leitos 6,1 leitos 37 dias A Itália, excluindo Sicilia e alguns serviços (citados na análise, na região da Toscana, cerca de 118 leitos, com um tipologia muito própria), teria cerca de 8970 leitos em enfermarias/unidades Psiquiatricas de hospital e Hospitais psiquiátricos privados numa proporção de 1,72 leitos por 10 mil habitantes – por sinal um dos mais baixos da Europa. GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 ITÁLIA - SERVIÇOS PARA ATENDIMENTOS DE “AGUDOS”: CARACTERÍSTICAS ASPECTOS AVALIADOS NÚMERO DE LEITOS: MÉDIA (s.d.) PERÍODO DE CRIAÇÃO (LEI 180 – 1978) n (%) UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC): N: 262 13.1 (4.2) ATÉ 1977 CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS N: 23 CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS N: 16 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 17.3 (8.7) 6.1 (2.0) 90.0 (48.2) 7(30.4%) 1 (6.2%) 51 (94.3%) 1978-1990 141 (53.8%) 7(30.4%) 1991-2003 121 (46.2%) 9(39.2%) 2(3.8%) 15 (93.8%) 1(1,9%), TERRITORIALIZADO – ÁREA DE CAPTAÇÃO DEFINIDA N (%) SIM 261 (99.6%) 14(60.9) 16(100%) 7(13.0) NÃO 1 (0.4) 9(39.1) ATÉ 100 000 39(14.9%) 1 (8.3) 13(81.3%) 100.000 A 250.000 173(66.3) 7(58.4) 2(12.5) 2(3,7%) 250000 A 500000 42(16.1) 3 (25.0) 1(6.2%) 2 (3,7%) 47 (87%) POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA N(%) ITÁLIA – Avaliação dos SERVIÇOS PARA ATENDIMENTOS DE “AGUDOS”: CARACTERÍSTICAS GIROLAMO, G; BARBATO, A; BRACCO, R. et al. Characteristics and activities of acute psychiatric in patient facilities national survey in Italy. The British Journal of Psychiatric, 2007, 191:170-177 UNIDADES PSIQUIÁTRICAS DE HOSPITAL GERAL (SPDC): N: 262 CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS UNIVERSITÁRIAS N: 23 CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 24 HORAS N: 16 SIM 260 (99.2%) 13(56.5) 12 (75.0) NÃO 2(0.8) 10 (43.5) 4(25.0} 54(100%) NÃO 136(51.9%) 1 1 (47.8) 1(6.2%) 46 (86.8) HOSPITAL DIA 1 15 (43.9%) 12(52.2) 2(12.5) 6 (11.3%) OUTRAS FORMAS SERVIÇOS DIA 11 (4,2%) 13(81,3%) 1 (1,9%) ASPECTOS AVALIADOS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS PRIVADOS N: 54 ACEITA INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS N (%) SERVIÇOS DIURNOS n (%) SERVIÇOS EXTERNOS Ambulatórios N (%) Serviços Itália PICCINELLI M, POLITI P, BARALE F. Focus on psychiatry in Italy. BRITISH JOURNAL OF P SYCHIATRY (2 0 0 2), 181, 53 8 - 5 4 4 SERVIÇOS NUMBER RATE CENTROS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE MENTAL 6951 1,81/150. 000 hab 1/150 000 hab OUT-PATIENT FACILITIES 11321 2.95/ 150 000 hab NA GENERAL HOSPITAL IN-PATIENT WARDS 3201 0.83/ 150 000 hab NA 40841 0.7/ 10 000 hab 1/10 00 0 hab 652 0.17/ 150 000 hab NA 55952 0.9 / 10 000 hab NA GENERAL HOSPITAL IN-PATIENT BEDS PRIVATE PSYCHIATRIC CLINICS PRIVATE PSYCHIATRIC BEDS NATIONAL STANDARD UNIVERSITY PSYCHIATRIC DEPARTMENTS 192 UNIVERSITY PSYCHIATRIC DEPARTMENTS BEDS 4042 DAY HOSPITALS 2571 0.67 / 150 000 hab NA DAY HOSPITALS BEDS 9421 0.1/ 10 000 hab 1/10 00 0 hab DAY CENTRES 4811 1.26 / 150 000 hab 1/150 00 0 hab 13771 3.43/ 150 000 hab NA NON- HOSPITAL RESIDENTIAL BEDS 17 3431 3/ 10 000 hab 1-2 /10 00 0 hab MENTAL HEALTH STAFF (TOTAL) 30 9781 0.81 / 1500 hab 1/150 00 0 hab PSYCHIATRISTS 50941 0.13 / 1500 hab NA PSYCHOLOGISTS 17851 0.05 / 1500 hab NA NON- HOSPITAL RESIDENTIAL FACILITIES 4 Reforma Brasileira 1)Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005 2)BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Ministério da Saúde: Brasília, janeiro de 2007, 85p. 3)Delgado PGG. The Mental Health System in Brazil and the Return Home Program. International Conference on the Lancet Series on Global Mental Health and Mental Health Policies in Brazil,November 19th , 2007. 4) WHO-AIMS. Report on Mental Health System in Brazil, WHO and Ministry of Health, Brasília, Brasil, 2007. Brasil: alguns dados População:188.078.227 (est.2006). 5.560 cidades. 25,8% (0-14 anos); 68% (15-64 anos), 6.1% (>65 anos). PIB: 2,15 trilhões de dólares Renda per Capita: US$8.020 IDH: 0,792 (médio desenvolvimento humano). Gasto total per capita com saúde: 597 US$ (7,6% PIB). Sus: 82,7 US$ per capital SUS saúde mental: 1,95 US$ per capita (2,35%) Sistema Único de Saúde • Constituição da República Federativa de Brasil de 1988, estabelece no artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de enfermidades e outros agravos e o acesso universal e igualitário as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Princípios do SUS Completou 20 anos em 2008. Trata-se da maior e mais presente política Social no território nacional . Organização dos serviços é pautada pela Universalização do Atendimento, pela Eqüidade dos Serviços e pela Integralidade da Assistência; Entre suas diretrizes, a descentralização valoriza a atuação do município mas a responsabilidade é compartilhada pelos três níveis de governo , inclusive , no financiamento do setor. O sistema prevê a participação da população no controle social; (Conferências, Conselhos de Saúde, Comissões de Reforma Psiquiátrica) Relevância do SUS • 90% da população brasileira é, de algum modo, usuária do SUS; • 28,6% da população é usuária exclusiva do SUS; • 61,5% usa o SUS e algum outro sistema de atenção; • 8,7% da população não usa o SUS. Marcos legislativos e deliberativos da Política Nacional de Saúde Mental • Lei Federal 10.216, de 6 de abril de 2001(reorientação do modelo) • III Conferência Nacional de Saúde Mental (2001) • Lei Federal 10.708, de 31 de julho de 2003 (Programa De Volta Para Casa) • Portaria Interministerial 1055 – Núcleo Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental (2006) • Decreto 6177/2007 – Aprova Política Nacional sobre o Álcool • O Conjunto de Portarias que normatizam os serviços Política Nacional de Saúde Mental: Diretrizes Gerais – segundo o Msaúde. • Ampliação do acesso ao tratamento (prioridade aos transtornos mentais severos) • Mudança do modelo de atenção: implantação de rede comunitária de serviços (e redução de leitos). • Defesa e promoção dos direitos dos usuários. • Integralidade da atenção: articulação com o SUS e outras políticas sociais. • Reintegração social dos pacientes de longa permanência. • Programa de atenção integral para usuários de álcool e outras drogas Principais Desafios Segundo o MSaúde • Expansão e qualificação de leitos em hospitais gerais • Funcionamento da rede urgência/emergência em grandes municípios • Integração mais efetiva com a atenção primária • Programa Saúde da Família • Agentes comunitários de saúde O papel estratégico dos CAPS Possibilidade de organização de uma rede substitutiva ao Hospital. Os CAPS devem ser substitutivos, e não complementares ao hospital psiquiátrico É função dos CAPS: • prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos; • promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais graves através de ações intersetoriais; • regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e; • dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. O CAPS são dispositivos estratégicos para se organizar e articular, a rede e a política de saúde mental num determinado território. Cabe aos CAPS o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território. O CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Atividades e Recursos Assistenciais • A assistência prestada ao paciente no CAPS inclui as seguintes atividades: a) atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); b) atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras); c) atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; d) visitas domiciliares; e) atendimento à família; f) atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na comunidade e sua inserção familiar e social; g) acolhimento noturno, nos feriados e finais de semana, com no máximo 05 (cinco) leitos, para eventual repouso e/ou observação (CAPS III) h) os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária; os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias, e os que permanecerem no serviço durante 24 horas contínuas receberão 04 (quatro) refeições diárias; Características de um CAPS Portaria 336 • Serviço de atenção diária localizado na comunidade/territorializado • Atendimento às situações de crise e transtornos mentais severos • Responsabilidade sobre o território (em torno de 100.000 habitantes) • Pode ter acolhimento noturno (CAPS-III) • Articulação em REDE e potência para atuação intersetorial (cultura, ação social etc) CAPS I Portaria 336 Os CAPS I são os Centros de Atenção Psicossocial de menor porte, referenciados a uma população entre 20.000 e 70.000. Equipe mínima de 9 profissionais : a - 01 (um) médico com formação em saúde mental; b - 01 (um) enfermeiro; c - 03 (três) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; d - 04 (quatro) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão; Clientela: adultos com transtornos mentais severos e persistentes e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana, e têm capacidade para 30 pacientes dias, e o acompanhamento de cerca de 240 pessoas por mês. CAPs II Portaria 336 População Referência : entre 70.000 e 200.000 habitantes. Recursos Humanos: A equipe técnica mínima para atuação no CAPS II, para o atendimento de 30 (trinta) pacientes por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, em regime intensivo, será composta por: a - 01 (um) médico psiquiatra; b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental; c - 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. d - 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. CAPsIII Portaria 336 População Referencia : + 200.000 habitantes. Recursos Humanos: A equipe técnica mínima para atuação no CAPS III, para o atendimento de 40 (quarenta) pacientes por turno, tendo como limite máximo 60 (sessenta) pacientes/dia, em regime intensivo, será composta por: a - 02 (dois) médicos psiquiatras; b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental. c - 05 (cinco) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; d - 08 (oito) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. Para o acolhimento noturno, em plantões corridos de 12 horas, a equipe deve ser composta por: a - 03 (três) técnicos/auxiliares de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do serviço; b – 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio; Para as 12 horas diurnas, nos sábados, domingos e feriados, a equipe deve ser composta por: a - 01 (um) profissional de nível superior dentre as seguintes categorias: médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, ou outro profissional de nível superior justificado pelo projeto terapêutico; b - 03 (três) técnicos/auxiliares técnicos de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do serviço c - 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio. BRASIL: Tipologia e Distribuição dos CAPS Brasil: REDE CAPS – 2008 – Total de 1326 Serviços CAPS I N (%) CAPS II N (%) CAPS III N (%) CAPSi N (%) CAPS ad N (%) 618 (46,6%) 382 (28,8%) 39 (2,9%) 101 (7,6%) 186 (14%) O Ministério da Saúde considera-se que: O CAPS I dá resposta efetiva a 50.000 habitantes; O CAPS III dá cobertura a 150.000 habitantes e; Os CAPS II, CAPSi e CAPSad dão cobertura a 100.000 habitantes. Belo Horizonte tem 18% CAPS III do Brasil, os quais estão concentrados em umas 25 cidades do país. Isto mostra que nossa Rede de Caps é, ainda, muito frágil para oferecer resposta ao núcleo de casos muito graves e situações de crise, os quais muitas vezes requerem cuidado integral 24 horas. Brasil: Programa de Volta para Casa evolução nº Beneficiários 3192 usuários recebendo o auxílio-reabilitação psicossocial (va Lei no 10.708, de 31 de julho de 2003: Instituiu o auxílio-reabilitação psicossocial para assistência, acompanhamen hospitalar, de pacientes acometidos de transtornos mentais internados em hospitais ou unidades psiquiátricas,inser Brasil: SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS - EVOLUÇÃO Nº USUÁRIOS POR SRT : 8 (OITO), PORTANDO TEMOS CERCA DE 4000 PESSOAS – QUE SAÍRAM DE INTERNAÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA, MORANDO NOS SRTs. Portarias nº 106/GM, de 11 de fevereiro de 2000, que cria os Serviços Residenciais Terapêuticos, e nº 1.220/GM, de 7 de novembro de 2000, que regulamenta seu funcionamento; Migração dos leitos de hospitais de maior porte para hospitais de menor porte, sem a criação de novos leitos ou novos hospitais Evolução Recente dos leitos em hospitais psiquiátricos 55.000 50.000 Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Leitos HP 51.393 48.303 45.814 42.076 39.567 38.842 Número de leitos 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 2002 2003 2004 2005 Anos 2006 2007 Evolução Leitos Hospitais Psiquiátricos Perfil atual dos hospitais Psiquiátricos Leitos Psiquiátricos 2002 Faixas/Portes Hospitalares Até 160 leitos De 161 a 240 leitos De 241a 400 leitos Acima de 400 leitos 2007 N % N % 12.390 11.314 12.564 15.125 24,11 22,01 24,45 29,43 16.989 7.996 8.128 6.376 43,02 20,25 20,58 16,15 LEITOS PSY EM HG BR 2008/2009 ESTADO NUMERO DE LEITOS LEITOS PSI LEITOS PSI SUS ESTADO NUMERO DE LEITOS LEITOS PSI LEITOS PSI SUS AC 282 8 7 PE 94 51 51 AP 47 16 16 PI 47 18 18 BA 355 113 113 PR 470 219 161 CE 282 28 28 RJ 987 113 111 DF 94 34 34 RN 47 3 3 ES 188 28 28 RO 47 35 35 GO 308 121 117 RS 5645 816 695 MG 846 190 175 SC 2094 456 337 MS 825 144 116 SE 94 24 24 MT 94 2 2 SP 2141 490 485 PA 214 107 104 TO 141 6 6 PB 47 2 2 TOTAL LEITOS HG 15389 TOTAL LEITOS HG PSI 3024 TOTAL LEITOS HG PSI SUS 2668 Configuração Atual da Reforma Brasileira Sistema Hospitais Psiquiátricos: PNASH e Programa de Reestruturação da Assistência CAPS III, SAMU, UPHG Hospitais Psiquiátricos? FREQUÊNCIA DA NECESSIDADE E UTILIZAÇÃO Equipes de Saúde Mental Territoriais. CAPS I e II sem acolhimento noturno Leitos Psi em HG e Unidades Urgência e Emergência: comorbidades clínicas, álcool e drogas, Agudos SM Saúde Mental na Atenção Básica Cuidados informais na Comunidade – Rede de cuidados e Reabilitação do Território – Iniciativas e projetos Intersetoriais – Centros de Convivência – Sistema de Moradias (SRTs) – Programa de Volta para Casa Auto cuidado Quantidade de serviços necessários CUSTOS Questões:Qual será o papel do HP reformados? Sobreviverão? É a Rede De CAPS que assumirá as Crises? Qual o papel dos Leitos PSI em HG? Reforma Psiquiátrica Brasileira:Resenha de dados pertinentes - 2008 SERVIÇO ESF –Equipes Saúde Família ACS – Agentes Comunitários de Saúde SAMU Serviços Residenciais Terapêuticos QUANTIDADE N NÚMERO MUNICIPIOS (%) COBERTURA POPULAÇÃO(%Brasil) ou pessoas beneficiadas 29,3 EQUIPES 5.235 (94,1) 49,5% 230.244 profissionais 5.354 (96,2) 60,4% 142 1269 (23%) 101.794.573 hab (54%) 514 moradias Programa de Volta casa Manicômios Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais CAPS (Cersams) sobre serviços 4.000 pessoas 3.192 pessoas incluídas 216 36.797 leitos 2.668 SUS 1326 55% população REDE NACIONAL SAMU-192 – Situação 08/2008 Nº Total de Estados da Rede: 27 Nº Total de Municípios da Rede: 1.163 Nº Total de População Atendida: 100.205.570 Nº “SAMUZEIROS”: 28.000. Atendimentos: - Clínicos: 83.324 (65,23%) - Traumático: 31.272 (24,48%) - Obstétrico: 7.606 (5,95%) -Psiquiátrico: 5.532 (4,33%) Coordenação Geral de Urgência e Emergência/DAE/SAS/MS O manicômio em Cena: As propostas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e Federação Brasileira de Hospitais (FBH) para a Reforma Brasileira SITE: FEDERAÇÃO BRASILEIRA HOSPITAIS Técnicas Farmacológias na Crise. -Atendimentos em uma Unidade Psiquiátrica de Emergência em Hospital Geral . Carlos Eduardo Kerbeg Zacharias - Médico Psiquiatra dos Hospitais: Mental Medicina Especializada e Vera Cruz. Presidente do Centro de Estudos Psiquiátricos Vera Cruz – Federada da ABP. E Hospital Psiquiátrico: uma Instituição necessária. SITE FBH ABP: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA ABP. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Diretrizes para um Modelo de Assistência Integral em Saúde Mental no Brasil, 2006 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA A ATENÇÃO A CRISE DA ABP/FBH NIVEL TERCIÁRIO (SEGUNDO SEUS TEXTOS) Hospital Dia e Hospital Noite .Serviços destinado a hospitalização parcial para pacientes que não necessitem permanecer em tempo integral no hospital, mas apenas parte do dia. Muitos pacientes que seriam hospitalizados podem ser mais bem atendidos neste serviço e outros tantos poderiam ter o seu tempo de internação integral abreviado sendo referenciados para o hospital parcial antes de passar para o CAMPS ou ambulatório. CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRAL EM SAÚDE MENTAL (CAISM) O Centro de Atendimento Integral em Saúde Mental situa-se tanto na atenção primária, como na secundária e terciária, pois contemplaria um atendimento completo em todos os níveis de complexidade (promoção, prevenção, ambulatório, pronto socorro, CAMPES, hospital parcial e hospital para internação em tempo integral). O CAISM, preferencialmente uma instituição de ensino, seria ideal para algumas regiões e localidades. Hospitais já existentes poderiam ser transformados em CAISMs, constituindo- se em centros de excelência no atendimento psiquiátrico. “CAMPS E CAMPES SÃO OUTRAS CRIAÇÕES EX-NIHILO DO DOCUMENTO DIRETRIIZES DA ABP, SITUADOS NO NÍVEL SECUNDÁRIO DE ATENÇÃO” • Algo Curioso: os slides anteriores com os organogramas de Reforma, um de um texto implantado no Site da FBH e o outro no Documento Diretrizes da ABP, além, da identidade de propostas, tem em comum o próprio “layout” dos slides – a ABP não se deu o trabalho nem de mudar o fundo. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA A ATENÇÃO A CRISE DA ABP/FBH NIVEL TERCIÁRIO (SEGUNDO SEUS TEXTOS) UNIDADE PSIQUIÁTRICA EM HOSPITAL GERAL . Serviços destinados a internações de pacientes agudos, em princípio de curta permanência para pacientes psiquiátricos sem intercorrências ou para pacientes psiquiátricos com intercorrências clínicas ou cirúrgicas que necessitem de internação em hospitais gerais. A possibilidade de autocuidado e o risco individual de conduta violenta e anti-social devem ser aferidos em função da possibilidade de atendimento de cada serviço. “Hospital Psiquiátrico Especializado” – “ASPAS NOSSAS” Serviços destinados a atender pacientes que necessitem cuidados intensivos cujo tratamento não é possível ser feito em serviços de menos complexidade. Deverá funcionar de acordo com seus programas de atendimento, contando com equipe multiprofissional completa necessária para desenvolver os programas terapêuticos da unidade. UNIDADE DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA Unidade de pronto socorro psiquiátrico, aberta em tempo integral (24 horas por dia), com leitos para acolher pacientes em crise, em curtíssima permanência (até 24 horas). Teríamos unidades de emergências psiquiátricas específicas, em hospitais psiquiátricos, e unidades de emergências psiquiátricas em hospitais gerais. As unidades de emergência deverão estar articuladas com o SAMU. Nas cidades maiores o SAMU deverá ter uma ambulância específica para o atendimento pré-hospitalar de pacientes psiquiátricos, a qual deverá contar com pessoal especializado e ser equipada adequadamente para estes atendimentos Conclusões em relação aos Serviços de Urgência e Emergência Psiquiátrica: • O principal fatores de manejo do paciente nos serviços de Urgência e Emergência Psiquiátrica são a capacidade de conter e reduzir a agitação e agressividade dos mesmos. • Os serviços estão prejudicados, em grande parte devido ao fechamento de leitos em Hospitais Psiquiátricos, comprometendo o atendimento e o fluxo de pacientes nos Serviços de Emergência (mais pacientes do que a capacidade de continência dos serviços). • As unidades de atendimento primário e secundário são insuficientes para a demanda e também pressionam os Serviços de Urgência e Emergência. • O uso de medicamentos novos/atípicos está prejudicado Técnicas Farmacológias na Crise. -Atendimentos em uma Unidade Psiquiátrica de Emergência em Hospital Geral - Carlos Eduardo Kerbeg Zacharias - Médico Psiquiatra dos Hospitais: Mental Medicina Especializada e Vera Cruz. Presidente do Centro de Estudos Psiquiátricos Vera Cruz – Federada da ABP. AS PROPOSTAS DA ABP/FBH: O MANICÔMIO VAI INTACTO NA EMBALAGEM Da REFORMA. 1) O reformismo endógeno da posição manicomial é “lampedusiano” e não consegue disfarçar o seu ódio pela Desinstitucionalização. Exemplo marcante é a posição da ABP, em seu documento Diretrizes e declarações de seus representantes: ignoram o processo da Reforma Brasileira, toda a riqueza de equipamentos, serviços e estratégias que desenvolveu e propõem a criação de uma míriade de novos serviços tirados do fundo de suas quimeras de ressentimento. Neste particular, se a alguém dá valor as palavras e significantes, não passará despercebido, o novo “Gênesis”, novos equipamentos e novos nomes e siglas…..os Campes, Caism…”em 2006, Deus resolveu dar nomes às suas crias” 2) Contestam o processo de construção do SUS e as instâncias propostas para a discussão , formulação e decisão das políticas de saúde. Não reconhecem as Conferências de Saúde Mental, os dispositivos de Controle Social, como os Conselhos de Saúde e as Comissões de Reforma Psiquiátrica. Persistem considerando, desde a I Primeira Conferência de Saúde Mental, em 1987, que a Política de Saúde Mental é campo reservado a Expertise Psiquiátrica, sendo os outros atores envolvidos (usuários, famílias, outras categorais profissionais, meros coadjuvantes,no máximo, com uma função consultiva e homologadora. Posição Manicomial - - O manicômio passou, recentemente, da fase defensiva de sua atuação política para uma postura francamente ofensiva. Se por longo período, apenas, se defendiam (pelo silêncio, na maioria das vezes) das denúncias de maus tratos e violação de direitos ou; Quando muito esgrimiam as contradições de algumas Reformas: “os doentes mentais vivendo nas ruas e nas prisões” etc. Agora, saem abertamente a campo reivindicando um lugar nos “Sistemas Integrados e Balanceados de Saúde Mental: um lugar central que é cuidar dos casos graves e agudos (algo que nunca fizeram). Não sem antes se rebatizarem de Hospitais Especializados de Psiquiatria. No próximo Slides vamos ilustrar esta nova Posição – extraída de um texto do CRM-MG*: Trata-se de um parecer da Câmara Técnica , o qual se tornou uma peça de confrontação ao PROJETO HOSPITALIDADE NOTURNA SMSA (implantação do SUP e dos CAPS III em BH. *PARECER DA CÂMARA TÉCNICA DE PSIQUIATRIA DO CRM-MG A RESPEITO DO PROJETO “HOSPITALIDADE NOTURNA”, DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE.RELATOR: Cons° Eduardo Lopes Tavares de Lima – Coordenador da Câmara Técnica Parecer Câmara Técnica de Psiquiatria do CRM- MG – Tópico casos graves e agudos O CRM no intuito de combater a implantação dos CAPS III, os quais não são serviços médico centrados, apresentou o seguinte argumento ao modo de um silogismo, apenas, os pareceiristas não ordenaram os termos (Nos o fizemos. Entre aspas o texto literal da Câmara Técnica) • “Revisões sistemáticas amplas mostraram não haver evidências de que centros de saúde mental, sem participação de médicos, possam trazer quaisquer benefícios aos pacientes com transtornos psiquiátricos”. • “Estudos de órgãos ligados à OMS mostraram não haver evidencias de que um serviço de saúde mental adequadamente balanceado possa funcionar sem leitos de internação para pacientes com quadros psiquiátricos agudos”. • “Várias publicações indicam que uma parcela que varia de um quarto a metade destes pacientes (casos agudos) pode ser adequadamente tratada em serviços de base comunitária, dispensando o tratamento hospitalar”. E então concluem: • Os casos graves “com comorbidades clínicas ou dependência de substâncias, portadores de graves crises sintomáticas ou quadros neuropsiquiátricos graves e com alto risco de suicídio ou violência necessitarão de tratamento intensivo em nível nosocomial”. O “stream of consciousness”, a visão introspectiva do parecer, poderia ser sintetizada assim: • “os ditos serviços base comunitária são extremamente frágeis e impotentes, confeitaria. Se não oferecem uma resposta cabal aos casos agudos e graves, está comprovada sua ineficácia, servem para quê?. Apenas, para os leitos do Nosocômio há evidência e estudos que, de fato, comprovam eficácia. Afinal, isto nós já sabíamos, há mais de duzentos anos, resolvemos tudo no Nosocômio, “não só os casos graves e agudos”. Lá guardamos tudo, às sete chaves e, a sociedade estava feliz e satisfeita, até a chegada dos reformistas de todo o gênero”. 1993-2008 A Reforma em BELO HORIZONTE A Rede de Saúde Mental Existente: sua potência e desafios. 15 ANOS DE LUTA! BELO HORIZONTE Informações gerais DADOS GERAIS CLIMA Data de fundação Umidade relativa: Os totais anuais de chuva são relativamente altos (1.450mm aproximadamente). 12 de dezembro de 1897 Gentílico: belo-horizontino Área: 331 km2 clima: Predomina o clima tropical , basicamente pelo regime sazonal de chuvas; estações úmida, chuvosa e seca. INDICADORES DEMOGRÁFICOS Temperatura média anual: em torno de 21,1°C, com pequena variação de estações. População: 2.412.937 - Fonte: IBGE/2007 GEOGRÁFICOS 7.290,8 habitantes por km2 Produto Interno Bruto: R$ 28 .386 bilhões Relevo: Região de contato entre séries geológicas diferentes do proterozóico, compostas de rochas cristalinas, o que dá ao território paisagens diferenciadas. As serras de Belo Horizonte são ramificações da cordilheira do Espinhaço e pertencem ao grupo da serra do Itacolomi. Contornando o município, estão as serras do Jatobá, José Vieira, Mutuca, Taquaril e Curral. O ponto culminante do município está localizado entre Nova Lima e Brumadinho, atingindo 1.583m. PIB per capita: R$ 11.951 - Fonte: IBGE – 2005 Ponto culminante: Serra do Curral, atingindo 1.390 metros. Atividades econômicas / Participação no PIB Altitude média: 852 metros Índice de Desenvolvimento Humano: 0,839 - Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) INDICADORES ECONÔMICOS Moeda: real Comércio e Serviços - 80% Indústria - 20% Venda Nova Norte Pampulha Nordeste Noroeste Leste Centro Sul Oeste Barreiro Distribuição da população residente estimada/2000 por área administrativa regional Vulnerabilidade Social O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) foi construído a partir de 5 dimensões de cidadania: 1. dimensão ambiental (moradia); 2. dimensão cultural (educação); 3. economia (emprego); 4. jurídica (assistência jurídica) 5. segurança de sobrevivência (serviços de saúde). BeloDE Horizonte SISTEMA URGÊNCIA 9 Distritos Reconhecer a Rede Disponivel • Unidades Básicas de Saúde • Programa de Saúde da Família • Unidades de Urgência • Unidades Não Hospitalares • Unidades Hospitalares • Unidades de Referência Atenção Básica Distribuição espacial dos centros de saúde e índice de vulnerabilidade à saúde 513 ESF implantadas 145 Centros de Saúde 2.300 ACS 76% de cobertura da população 450.000 famílias assistidas 1,75 milhões de cadastrados 200 ESBucal 65 ESMental 195 pediatras, 112 clínicos, 145 GO 80 Assistentes Sociais 2 Núcleos de Reabilitação PRHOAMA Alzira de Oliveira Jorge - Gerente de Regulação e Atenção Hospitalar - Secretaria Municipal de Saúde de BH - (modificado por Maria do Carmo – Sec. Municipal - Adjunta da Saúde de BH) Unidades Básicas • 9 Distritos Sanitários •145 Unidades Básicas de Saúde • 513 Equipes de Programa de Saúde da Família •75% de cobertura •100% de cobertura em áreas de risco • Atendimento resolutivo das urgências de baixa complexidade • Acolhimento , estabilização e transporte das urgências de media e alta complexidade Rede SUS BH Rede Hospitalar Público municipal: 1 Públicos estaduais: 10 Públicos federais: 2 Filantrópicos: 10 Privados: 13 Total: 36 Rede de atenção especializada 5 Unidades de Referência Secundária 2 Centros de especialidade médica Centro Municipal de Oftalmologia Núcleo de Cirurgia Ambulatorial 2 Centros de Reabilitação 7 Grandes prestadores ambulatoriais (100) Rede de Urgência 14 unidades - 7 municipais Unidade Hospitalares Unidades de Referência UnidadesHospitalares de Referência: atendimento resolutivo das urgências de alta complexidade •Hospital Odilon Benhrens •Hospital João XXIII •Centro Geral de Pediatria Unidades Hospitalares oHospital Das Clínicas oHospital Alberto Cavalcanti (tem Urgência – funciona como UPA para o Distrito Noroeste. oHospital Julia Kubischesk oHospital Risoleta Neves ( P S de Venda Nova ) Unidades Não Hospitalares • UPA Barreiro • UPA Oeste • UPA Venda Nova • UPA Norte • UPA Nordeste • UPA Pampulha • UPA Leste • UPA Centro Sul UPA: Unidades de Pronto Atendimento Urgências Clínicas - principalmente SAMU Central de Regulação USA (Suporte Avançado) Unidade de Suporte Básico Central de Regulação (nova) USA Unidade de Suporte Básico Central de Regulação (nova) USA Unidade de Suporte Básico 1993-2008 PROJETO DE SAÚDE MENTAL DE BELO HORIZONTE A Rede de Saúde Mental Existente: sua potência e desafios. 15 ANOS DE LUTA! Belo Horizonte Dados da Reforma Belo Horizonte: configuração de serviços SUP : Serviço de Urgência Psiquiátrica Unidade com leitos e Serviço Móvel de Urgência articulado com o SAMU para atendimento domicílio, Via Pública e CERSAMS. A retaguarda hospitalar e de SAMU SUP urgência clínico-traumática está 7 Cersams 24h bem articulada com a Rede Saúde Cersami – no Mental , inclusive, com um Cersam AD UPAS, Hospitais Gerais e responsabilidades pelo hospitalidade noturna, mas com um contingente de profissionais 3X maior do mínino previsto na portaria 336 MS (Regulamenta os Caps). e as competências e URG/Emerg CERSAM: São os CAPS BH todos CAPS III , com protocolo que determina o fluxo 58 EQUIPES Saúde Mental Territoriais: psiquiatra, Psicólogo, Assistente social 9 Equipes da Criança e Adolescente: Psiquiatra Infantil, Fonoaudiólogo, Terapia Ocupacional, Assistente Social Atendimento dependendo do caso. CERSAmi : CAPS infância e adolescência. CERSAM AD : CAPS Alcool e Drogas Saúde Mental na Atenção Básica 513 ESF ( Equipes De Saúde da Família) Rede de Cuidados e Reabilitação do próprio território e Rede de reabilitação Psicossocial institucional /Projetos Intersetoriais : 09 Centros de Convivência ; 22 Moradias (SRT) ; Suricato - Cooperativa de produção dos usuários; Projeto Arte da Saúde , fase de extensão a todas regionais ; Foruns da criança e adolescente; Projetos diversos em parceiria com outras secretarias municipais ; Parcerias com o Judiciário; Projetos no campo da cultura e lazer. Belo Horizonte, 15 anos de experiência: um balanço sumário Implantamos em Belo Horizonte um ousado projeto no campo da Reforma Psiquiátrica; somos, aliás, uma das poucas grandes metrópoles brasileira a fazê-lo. Não apenas desativamos cerca de 1.600 leitos na cidade neste período, o que é certamente, um objetivo estratégico; de forma correlata, cuidamos da construção de recursos, ações e dispositivos necessários para a desconstrução do hospital psiquiátrico. Estamos implantando, progressivamente, uma Rede de Atenção e cuidados para os portadores de sofrimento mental. A assunção do cuidado em Saúde mental pelas equipes do PSF e das Urgências pelo SAMU, por exemplo, efetiva uma diretriz ousada que é a entrada da Saúde Mental no Campo da Saúde, emergindo do seu “ gueto” histórico. Estamos criando, não apenas recursos de Reabilitação Psicossocial, mas uma Rede de Inserção Social e Cidadania. Um Sistema Integrado de Cuidados e Reabilitação Psicossocial 1. Um processo de integração dos Serviços, Estratégias HOB, João XXIII, Upas, Cersams, HGV, IRS etc ), e Ações do cuidado em saúde mental ao conjuntos processo este que já possibilitou o desenvolvimento dos cuidados de saúde e, necessariamente, à Rede pactuado de reinserção social, compondo-se de 6 movimentos: estabelecem competências, referências e fluxos de A implantaçao do cuidado em saúde mental na atenção, o qual já entrou em campo e está a atenção básica: 513 equipes de PSF ( 513 ) disposição de qualquer instituição. produzindo cuidado, o treinamento progressivo, 4. ampliação da supervisão a rede como um todo e a construção do apoio matricial neste âmbito de 3. protocolo conjunto onde se A implantação do SUP e da Hospitalidade Noturna em 5. A ampliação progressiva de uma Rede de Reabilitação e Reinserção Social: Renda, moradia, A criação do Samu que , desde atenção às um todos os Cersams. assistência; 2. de 2004, oferece urgências e emergências em saúde trabalho, lazer, cultura, convivência etc. 6. A desospitalização progressiva dos portadores de mental , no domícilio e via pública, com resultados Sofrimento Mental em regime de longa permanência, promissores, nos planos quantitativos e de melhoria na medida proporcional da construção dos recursos da 20 substitutivos. Em 2008 desativamos o Hospital Nossa atendimentos 24 horas), casos graves de agitação Senhora de Lourdes e, agora, resta a desativação dos psicomotora, tentativa de suicídio, leitos SUS, qualidade da assistência ( média de afastamento da Clinica Serra Verde (cidade de progressivo da polícia como mediador da relação Vespasiano, tem internos de BH). Ocorre, também, entre a comunidade e os serviços nas situações de uma crise). atendimento de urgência e internação de curta A integração e construção de uma rede de atenção as permanência no IRS e HGV. urgências e emergências clínicas e de saúde mental, envolvendo todos os serviços ( SAMU, Resgate, progressiva eliminação do recurso ao SAMU BH: Dados Março 2009 Chamados 192 62.540 Atendimentos liberação de Viaturas 16.380 Atendimento com liberação viaturas “causas clínicas” 4383 Atendimento com liberação viaturas “causas Psiquiatricas” 605 (13,8% entre as causas clínicas) Destino dos casos psiquiátricos após atendimento pelo SAMU 98% para Cersam/SUP 2% IRS/HGV Distribuição de casos psiquiátricos atendidos em via pública e domicílio SAMU: 80% PM: 20% Diretriz: Desconstruir o manicômio, efetuar a desinstitucicionalização e construir um Modelo de Atenção Integrado e comunitário aos portadores de sofrimento mental graves e persistentes, população prioritária do nosso projeto. Esta diretriz implicou e exige de forma contínua: •Construir uma Rede Integrada de Atenção e Reabilitação. •Construir e Integrar a Rede de Urgências – Clínicas e Psiquiátricas •Inserir e Integrar Ações de Saúde Mental e de Reabilitação à nível do Território e da Atenção Básica de Saúde. *Desafios que têm sido propostos por um série de estudos, pelos documentos da OMS, cuja um base de racionalidade e necessidade é antes de tudo política e ética, todavia , sustentando –se no s avanços do conhecimento, na Epidemiológiia, e nas diversas experi|ências exitosas , que mostraram ser possível em todos os níveis superar o modelo manicomial. Política de Saúde Mental de Belo Horizonte. Projeto Hospitalidade: A URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA E A HOSPITALIDADE NOTURNA. SUP/Hospitalidade/CAPS III Projeto “A Urgência Psiquiátrica e a Hospitalidade Noturna”. Serviços e Estratégias implantados em 2006: 1) A criação do Serviço de Urgência Psiquiátrica da Prefeitura de Belo Horizonte (SUP) e 2) A implantação da Hospitalidade Noturna em todos os SETE CERSAMS – que se tornaram CAPS III. Objetivo: produzir um movimento de ampliação e qualificação de nossa Rede de Saúde Mental para que pudesse oferecer uma resposta adequada às situações de crise dos portadores de sofrimento mental grave. O Serviço de Urgência Psiquiátrica da Prefeitura de Belo Horizonte (SUP) Serviço de Urgência Psiquiátrica Estrutura Básica: • O SUP é um serviço de urgência noturno, localizado na região central de Belo Horizonte, que funciona de 19 ás 07 horas, todos os dias da semana. • Possui 6 leitos, consultórios, sala de oficina, refeitório e um ambiente humanizado, decorado pelos próprios usuários da Rede. • Sua equipe se compõe de psiquiatra, enfermeira, e auxiliares de enfermagem, um motorista socorrista do Samu, pessoal de apoio. • Tem uma USA (Unidade Móvel de Suporte Avançado) a sua disposição e, todos os recursos para se atender uma urgência, inclusive, as clínicas, como desfibrilador, Oxímetro, glicosímetro, ponto de O2 etc. • O SUP possui computadores para viabilizar o registro eletrônico dos atendimentos, estando interligado a todos os Cersams e, a grande parte da rede de saúde do município, que compõe o “Gestão Saúde” (parte do projeto de Telessaúde do município). Conta também com aparelho de fax, assim como todos os Cersams, e de telefone com gravação das chamadas, viabilizando e validando o registro e a prescrição da Assistência Terapêutica á Distancia Serviço de Urgência Psiquiátrica: aspectos principais. 1) UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO DE URGÊNCIAS, COM um componente de mobilidade, inclusive, possuindo um VEÍCULO/UNIDADE MÓVEL DE ATENDIMENTO (USA – SAMU): DISPOSITIVO MUITO RECOMENDADO NAS EXPERIÊNCIAS DE REFORMA BEM SUCEDIDAS. 2) A focalização nos casos graves e na demanda regulada pelo sistema SAMU. O SUP trabalha articulado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e todas as suas unidades. Neste sentido, é um serviço que tem um “pré-hospitalar móvel”, que aborda as crises em domicílio ou via pública. A regulação e abordagem é feita pela Equipe “normal” do SAMU. Todavia, para sustentar esta abordagem e inserir estes usuários na nossa REDE, possui: Uma estação própria de cuidados de crise, com 6 leitos, que funciona 12 horas. Serviço de Urgência Psiquiátrica 3) Retaguarda Noturna aos Cersams (CAPS III): o papel,essencial, para reforçar a função “Hospitalidade Noturna” dos Cersams, incrementando as ações realizadas por esses serviços, para efetivar, de fato, uma atenção contínua e integral às crises 4) O SUP têm, ainda, uma função de “Observatório” dos problemas da Rede, pro-ativo e, totalmente, integrado à rede, sendo um fator de superação da fragmentação do cuidado. As urgências psiquiátricas diurnas continuam sendo atendidas pelos Cersam's e Samu. A clientela que ainda procura, neste horário, os hospitais psiquiátricos, estão sendo alvo de um redirecionamento para os serviços substitutivos da cidade, através de um processo de sensibilização dentro e junto a estes hospitais. A estratégia de Implementação dos CaPS III . A estratégia de Implementação dos CaPS III. O projeto Hospitalidade transformou todos os nossos CAPs em Caps III, com amparo legal/institucional da LEI 10. 216 e das portarias que lhe decorrem, particularmente, a Portaria GM 336 de 2002. Mas há uma particularidade, nossos CAPs III estão previstos como serviços muitos mais robustos, por exemplo: - um contingente de recursos humanos, em média, 3 vezes maior ( entre 50 a 60 profissionais trabalhando) ao da portaria, que prevê um mínimo de 16 pessoas; Ressalte-se que a 336 prevê 2 psiquiatras e um CERSAM têm o dobro em média, sendo que 4 Caps terão o triplo; - Para o período de acolhimento noturno e finais de semana diurno nosso projeto prevê contingente semelhante ao da portaria, porém, com a retaguarda do Samu para qualquer intercorrência clínica e do Serviço de Urgência Psiquiátrica, que está sendo instalado na Santa Casa, para o atendimento das intercorrências psiquiátricas. A estratégia de Implementação dos CaPS III. E qual a importância Política desta estratégia? Em relatório recente, de novembro de 2005, o Ministério da Saúde analisa o processo da reforma, suas dificuldades e avanços nos últimos anos( Ministério da Saúde. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil. Brasília, novembro de 2005). Uma das fragilidades, apontadas neste documento, em termos de dispositivos, é a carência de Caps III, apenas, 25 num total de 700 Caps. De fato, a carência de CAPS III nos deixa vulneráveis, pois eles são essenciais darmos respostas consistentes a certos casos mais graves. Hoje temos 1200 CAPS, mas continuamos com apenas 37 Caps III. Belo Horizonte conta com 19% deste escasso continente de Caps III, sem o qual é muito limitada a possibilidade de oferecer atenção contínua e integral nas situações de crise. Estes equipamentos nos possibilitam, agora, avançar com a Reforma Belo Horizonte no campo das crises e arrematar um dos processos, iniciados em 1993, que é a desativação do restante de leitos de longa permanência na cidade. REDE CAPS - 2008 CAPS I N (%) CAPS II N (%) CAPS III N (%) CAPSi N (%) CAPS ad N (%) 618 (46,6%) 382 (28,8%) 39 (2,9%) 101 (7,6%) 186 (14%) O Ministério da Saúde considera-se que: O CAPS I dá resposta efetiva a 50.000 habitantes; O CAPS III dá cobertura a 150.000 habitantes e; Os CAPS II, CAPSi e CAPSad dão cobertura a 100.000 habitantes. Belo Horizonte tem 18% CAPS III do Brasil, os quais estão concentrados em umas 25 cidades do país. Isto mostra que nossa Rede de Caps é, ainda, muito frágil para oferecer resposta ao núcleo de casos muito graves e situações de crise, os quais muitas vezes requerem cuidado integral 24 horas. A superação 3) O Projeto Hospitalidade ao ampliar a nossa Rede uma rede forte desde a base – e implantar serviços e dispositivos que reforçam e incremetam o acesso a equidade, a integralidade e continuidade do cuidado, constituindo um verdadeira e integrada Rede Substitutiva de Cuidados, possibilitou, é o que estamos assistindo nos últimos 2 anos, superar de fato o modelo da Urgência supletiva e sob sítio. 4) Este processo pode ser atestado, na medida em que todos os resultados que esperávamos estão se verificando na prática – os dados mostrados, em anexo, mais adiante, ajudam a constatar este fato. Resultados Específicos do Conjunto. 1. Aumentou o número de leitos de hospitalidade noturna nos serviços substitutivos (CERSAM´s), que passaram de 12 (doze) para 42 (quarenta e dois) leitos, revertendo a lógica ainda centrada no hospital psiquiátrico e qualificando a assistência prestada nos Cersam's, que se responsabilizarão integralmente pelos próprios pacientes, nas 24 horas do dia. 2. Equiparou todos os Cersams em capacidade de intervenção para os casos graves. Resultados Específicos do Conjunto. 3.Qualificou a resposta oferecida pelos Cersams. • Acolhimento e atendimento de urgência na própria planta, como fazem os bons serviços de urgências tradicionais ( acolhimento, avaliação, tratamento breves, triagem, controle e regulação da porta de entrada das ações de saúde no território) • Nossas equipes fazem atendimento de nível ambulatorial intensivo para aqueles que estão em crise, mas não necessitam, seja pela apresentação clínica, a posição do sujeito diante do tratamento e a consistência de sua rede de suporte familiar e social, dos recursos diversos do equipamento, a permanência dia, principalmente. • Na modalidade de permanência dia realizamos algo muito próximo dos Hospitais Dia ( “ Acute Day hospital”) • Realizamos atendimento de crises e casos graves a nível domiciliar e na rua, portanto, no estilo dos “Home Treatment/Crisis Resolution Team e Assertive community Treatment” ( Equipes de Resolução de crises e tratamento domiciliar, Equipes de tratamento assertivo/intensivo comunitário). • Nossas equipes, para os casos graves, com dificuldade de adesão ao tratamento, rede de suporte social desintegrada e, inclusive, muitas vezes, apresentando comorbidades clínicas e uso nocivo de substâncias psicoativas, trabalham na lógica dos “Assertive Community Treatment” ( Equipes de Tratamento Assertivo Comunitário), tão valorizados e discutidos pela literatura recente. Resultados Específicos do Conjunto. 4. Nossos Cersams, agora, com a hospitalidade/ acolhimento noturno, oferecem algo equivalente as “Crisis Houses” ( Serviços Residenciais de Crise). Todavia, com muito mais recursos do que os serviços residenciais de crise implementados em diversas partes do mundo: A presença de uma retaguarda móvel de urgência psiquiátrica com muito mais recursos ( o SUP com a Unidade Móvel de Urgência, recursos de telemedicina); A presença da retaguarda do SAMU para as Urgências clínicas; Uma equipe ampliada com psiquiatras, profissionais de nível superior e enfermagem que formulam os projetos terapêuticos, previamente, a entrada em hospitalidade noturna e continuam cuidando do usuário após o período de hospitalidade, garantindo a continuidade do cuidado. * As casas de crise, em muitas experiências, não contam com esta retaguarda e, comumente, tem que alocar os cuidados/avaliação de profissionais e serviços externos ao equipamento, tais como os cuidados próprios à psiquiatria. Resultados Específicos do Conjunto. 5. Enfim, hoje podemos oferecer aos nossos usuários um amplo leque de serviços, intervenções e estratégias de atendimento, os quais, a literatura e a experiência recomendam como substitutivas, de fato, à admissão hospitalar de agudos, no manejo dos casos graves e instáveis. • *E isto, sem separar, de forma dualista, a resposta à crise da reabilitação Psicossocial. E isto sem fragmentar e pulverizar as ações, o que é um risco e, de fato, acontece em muitos países que implantaram este leque de opções de forma isolada, dispersas no território, gerando não apenas fragmentação, como superposição das intervenções. Resultados Específicos do Conjunto. 6. Aumentou o número de leitos de hospitalidade noturna nos serviços substitutivos (CERSAM´s), que passaram de 12 (doze) para 42 (quarenta e dois) leitos, revertendo a lógica ainda centrada no hospital psiquiátrico e qualificando a assistência prestada nos Cersam's, que se responsabilizarão integralmente pelos próprios pacientes, nas 24 horas do dia. 7. Equiparou todos os Cersams em capacidade de intervenção para os casos graves. Resultados Específicos do Conjunto. 8 .Qualificou a resposta oferecida pelos Cersams. • Acolhimento e atendimento de urgência na própria planta, como fazem os bons serviços de urgências tradicionais ( acolhimento, avaliação, tratamento breves, triagem, controle e regulação da porta de entrada das ações de saúde no território) • Nossas equipes fazem atendimento de nível ambulatorial intensivo para aqueles que estão em crise, mas não necessitam, seja pela apresentação clínica, a posição do sujeito diante do tratamento e a consistência de sua rede de suporte familiar e social, dos recursos diversos do equipamento, a permanência dia, principalmente. • Na modalidade de permanência dia realizamos algo muito próximo dos Hospitais Dia ( “ Acute Day hospital”) • Realizamos atendimento de crises e casos graves a nível domiciliar e na rua, portanto, no estilo dos “Home Treatment/Crisis Resolution Team e Assertive community Treatment” ( Equipes de Resolução de crises e tratamento domiciliar, Equipes de tratamento assertivo/intensivo comunitário). • Nossas equipes, para os casos graves, com dificuldade de adesão ao tratamento, rede de suporte social desintegrada e, inclusive, muitas vezes, apresentando comorbidades clínicas e uso nocivo de substâncias psicoativas, trabalham na lógica dos “Assertive Community Treatment” ( Equipes de Tratamento Assertivo Comunitário), tão valorizados e discutidos pela literatura recente. Resultados Específicos do Conjunto. 9. Nossos Cersams, agora, com a hospitalidade/ acolhimento noturno, oferecem algo equivalente as “Crisis Houses” ( Serviços Residenciais de Crise). Todavia, com muito mais recursos do que os serviços residenciais de crise implementados em diversas partes do mundo: A presença de uma retaguarda móvel de urgência psiquiátrica com muito mais recursos ( o SUP com a Unidade Móvel de Urgência, recursos de telemedicina); A presença da retaguarda do SAMU para as Urgências clínicas; Uma equipe ampliada com psiquiatras, profissionais de nível superior e enfermagem que formulam os projetos terapêuticos, previamente, a entrada em hospitalidade noturna e continuam cuidando do usuário após o período de hospitalidade, garantindo a continuidade do cuidado. * As casas de crise, em muitas experiências, não contam com esta retaguarda e, comumente, tem que alocar os cuidados/avaliação de profissionais e serviços externos ao equipamento, tais como os cuidados próprios à psiquiatria. Resultados Específicos do Conjunto. 10. Enfim, hoje podemos oferecer aos nossos usuários um amplo leque de serviços, intervenções e estratégias de atendimento, os quais, a literatura e a experiência recomendam como substitutivas, de fato, à admissão hospitalar de agudos, no manejo dos casos graves e instáveis. • *E isto, sem separar, de forma dualista, a resposta à crise da reabilitação Psicossocial. E isto sem fragmentar e pulverizar as ações, o que é um risco e, de fato, acontece em muitos países que implantaram este leque de opções de forma isolada, dispersas no território, gerando não apenas fragmentação, como superposição das intervenções. Bibliografia sobre serviços, estratégias e modalidades de atendimento de casos graves no âmbito do modelo comunitário de atenção à saúde mental World Health Organization – Organization of services of Mental Health 2003. Geneva: WHO. (discussão geral e ampla sobre a organização dos serviços na reforma) Thornicroft G; Tansella M – Components of a modern mental health service: a pragmatic balance of community and hospital care. Br J Psychiatry 2004; 185: 283-290. ( Revisão com discursão ampla sobre a implantação de Sistema de Cuidados em Saúde Mental ) Organisation Mondiale de La Santé-Europe. Quels sont les arguments em faveur des soins et des serviçes de santé mentale de proximité? Health Evidence Network, 2003. ( revisão e discussão geral) Thornicroft G, Becker T, Holloway F et al. Community Mental Team: evidence or belief? British Journal of Psychiatry 1999; 173:508-513(síntese de um grande projeto que avaliou serviços comunitários de saúde mental não experimentais – discutindo evidência não sobre o ponto de vista de eficácia mas efetividade de serviços reais) Stein LI, Test MA. Alternative to Mental Hospital Treatment I: Conceptual Model, Treatment Program, and Clinical Evaluation. Archives of General Psychiatry 1980; 37: 392-397. (artigo clássico sobre Assertive Community Treatment, por dois dos seus idealizadores). Marshall M, Lockwood A. Assertive Community Treatment for People with Severe Mental Disorders. In: The Cochrane Library, Issue 1, 2006.Oxford.(Revisão sistemática ACT) Bibliografia continuação Sledge WH, Tebes J, Rakfeldt J, et al. Day Hospital/Crisis Respite Care versus impatient Care, Part I: clinical outcomes. Am J Psychiatry 1996; 153: 1065-1073. ( estudo aleatorizado sobre um combinação experimental de hospital dia/serviços residenciais de crise/acolhimento noturno versus internação convencional em hospital psiquiátrico) Bola JR, Mosher LR. Treatment of Acute Psychosis Without Neuroleptics: Two-Year Outcomes From the Soteria Project. J Nerv Ment Dis 2003; 191:219-229. (Modelo Soteria) Fenton WS, Mosher LR, Herrell JM, Blyler CR. Randomized Trial of General Hospital and Residential Alternative Care for Patients With Severe and Persistent Mental Illness. Am J Psychiatry 1998; 155: 516-522. ( Ensaio aleatorizado sobre serviço residencial de crise para pacientes graves- modelo Soteria) Boardman A, Hodgson R. Community in-patients and halfway Hospitals. Advances in Psychiatry Treatment 2000; 6: 12-127. (revisão de literatura – descrição de um servico muito próximo da proposta de acolhimento na Inglaterra). Crisis Resolution. The Sainsbury Centre for Mental Health 2001. (Documento de discussão dos serviços de resolução de crise Reino Unido Joy CB, Adams CE, Rice K. Crisis intervention for people with severe mental Ilness(Cochrane Review). The Cochrane Library, issue 1, 2006. Oxford.(Revisão sistemática sobre serviços de resolução de crise e tratamento domiciliar). Marshal M; Crowther R; Creed F - Systematic reviews of the effectiveness of day care for people with severe mental disorders: (1) acute day hospital versus admission; (2) vocational rehabilitation; (3) day hospital versus outpatient care. Health Technology Assesment 2001; 5(21): 1-76.( Revisão sistemática que mais nos interessa aqui é a primeira). O Conjunto SUP/Hospitalidade/CAPS III • Uma estratégia para superar o papel de Triagem e Suplência das deficiências de uma rede de cuidados, pelos serviços de urgência psiquiátricos tradicionais, nomeado por muitos de “Urgência sob Sítio”. • Dispositivos para superação da fragmentação do cuidado e oferecer assistência integral ao portador de sofrimento mental Projeto Hospitalidade (SUP e CAPS III: Superar o modêlo da Urgência sob Sítio. Urgência sob Sítio: uma discussão. Caracterização e contexto. Tentativa de superação: modelos dentro da perspectiva do médico-psiquiátrica. Um proposta de Superação no Campo da Reforma. “A urgência sob Sítio” Nos contextos de escassez de serviços comunitários, desenvolvimento desigual e, mesmo, onde se implementou uma diversidade de serviços, a fragmentação da rede, a dissociação entre atendimento e reabilitação, entre crise e reabilitação, o papel ocupado pelas Urgências Psiquiátricas tradicionais, sua posição sistêmica, se pautou por uma resposta na linha da suplência e “bombeiro” das insuficiências, da baixa qualidade e fragmentação das ações de saúde mental. Este fato, as colocou, como muito vem sendo salientado na literatura, nos últimos 20 anos, na posição de “Serviços sob Sítio”, um modelo nomeado de TRIAGISTA/GATEKEEPER. Gerson S, Bassuk E. Psychiatric Emergencies: an Overview. Am J Psychiatry 1980; 137:1-11. Modelo Triagista: Descrição Clássica da Literatura. O caso norte-americano: descrito no artigo de Gerson e Bassuk (1980), que se tornou clássico. Estes autores elencam o bordão tradicional da crítica norte-americana da Reforma.O males fundamentais seriam : 1) A proposição de criar os Centros de Saúde Mental, em 1963, ao qual se atribuiu o papel de atender urgências e emergências, o que não se efetivou; 2) A queda de 559 mil leitos em 55 para 193 mil em 1978, nos hospitais psiquiátricos Gerson S, Bassuk E. Contexto Modelo Triagista Programas intensivos de Desospitalização e/ou Contenção de gastos; Ausência, insuficiência de serviços substitutivos; Demandas crescentes decorrentes de processos de desagregação social, violência, aumento do consumo de álcool e drogas, “as falsas urgências”; Fragmentação entre cuidado e reabilitação, entre atenção à crise/urgência e o seguimento e reabilitação. Ambulatorização e impermeabilidade aos casos graves nos serviços territoriais/comunitários; Hegemonia do modelo hospitalocêntrico: o hospício se repõe e afirma sua necessidade prática e ideológica – como depositário dos fracassos do sistema e única estação “resolutiva”. Modelo operativo e caracterização da Urgência: Urgência sitiada – sob pressão da demanda e dos fracassos da rede de cuidados e social; A urgência como única fonte de cuidados - não apenas na crise ou como principal porta de entrada na rede de cuidados; Encurtamento do setting, tomada rápida de decisões ( internar ou encaminhar para a rede de atenção comunitária, quando existe ); A abordagem privilegia o sintoma e sua supressão imediata, no estilo problema/solução, padronização, rigidez, é o setting clássico das técnicas de tranqüilização rápida; Neste modelo não interessa a formulação de um Projeto Terapêutico, nem muito menos a realização de um diagnóstico. Conseqüências: 1) O aumento da utilização dos serviços de urgência; 2) A urgência como única fonte de atenção aos egressos crônicos em suas descompensações; 3) O imperativo de fazer rodar a “porta giratória” para atender as demandas de internação; 4) As urgências se tornando a porta de entrada do sistema de atenção, uma espécie de “membrana permeável do sistema de atenção comunitário de saúde mental” e, ao fim e ao cabo, se postando como a “vanguarda do cuidado em saúde mental” e, muitas vezes, como única fonte de assistência As Propostas de reformulação do MODELO TRIAGISTA. Admitem e advogam que neste contexto aos Serviços de Urgências cabe se limitar a realizar uma rápida avaliação, conter situações mais graves e encaminhar logo. Mas propõe melhorar este sistema, que nomeiam de Modelo Triagista centrado no sintoma e gravidade, propondo a abordagem de novos aspectos, conforme: A) Avaliar a natureza e disponibilidade do sistema de suporte social do paciente e sua capacidade de utilizá-lo. B) A periculosidade. C) Levar em conta a história psiquiátrica e o status psiquiátrico atual, incluindo as formas prévias de enfrentamento dos elementos estressores atuais. D) A habilidade de auto-cuidado. E) A motivação e capacidade de participar do tratamento. F) As demandas do paciente e da família. G) As condições de saúde física do paciente. Gerson S, Bassuk A reformulação do Modelo Triagista: uma proposta mais recente do “Establishment” Psiquiátrico ( ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA). Trata-se de um pretenso Modelo Abrangente (Treatment Model), que foi se consolidando nos anos 90. Pretende uma atenção mais abragente do tratamento das crises, em relação a abordagem sintomática e de decisão rápida/ encaminhamento do modelo triagista. Neste sentido, oferece uma atenção extendida, no tempo, até 24-72 horas, na forma de leitos-crise – modelo este muito conhecido de nossa rede. Admite e propõe um leque amplo de serviços, inclusive, alguns inovadores como os Serviços Residênciais de Crise - que não são tributários do modelo médico. Todavia, no conjunto da proposta e modelo, mantem o caráter de serviços médicocentrados, sem conseguir superar o paradigma da clínica da contenção e da supressão sintomática, sob a chancela da neurociência. Além disso, nunca conseguiram superar a posição de fragmentação e distanciamento da rede de cuidados e reablilitação, bem como pelo simples fato de que são dispositivos do Hospital Psiquiátrico, jamais conseguem se desvencilhar do encaminhamento à internação. Allen MH, Forster P, Zealberg J, Currier G. APA Task Force on Psychiatric Emergency Services: Report and Recommendations RegardingPsychiatricEmergencyandCrisisService, august 2002.(http://www.psych.org/downloads/EmergencyServicesFinal.pdf A superação 1. A base real de um sistema de urgência e emergência não são as estações especializadas neste mister em si – mas a rede ampla de cuidado e reabilitação que sustentam os Projetos Terapêuticos de cada usuário em sua comunidade e território – rede esta que realizaria a abordagem das crises, num instante anterior a sua precipitação em Urgência e Emergência ( ver Systèmes d’intervention en cas de crise et services d’urgences psychiatriques, Section I. Santé Canada. Examen des meilleures pratiques de la réforme des soins de la santé mentale – Examen de la documentacion. Publications, Santé Canada, 1997). 2. Neste desenho a integração orgânica rede de serviços com os dispositivos de atenção a crise e,inclusive com a Urgência Médica em geral, permite que estes últimos exerçam um novo papel, que é o de observatório das disfunções sistêmicas da rede e de parceiro na superação destas disfunções. O Nosso Modelo de Resposta a Crise O Trabalho em Rede: Fluxos, Competências, Responsabilização e sua Regulação e seus MEDIADORES CLÍNICOS E DE GESTÃO Crise: Aspectos Conceituais, Definições Crise: Aspectos Conceituais, Definições Não é possível para a Saúde Mental enquadrar-se e trabalhar no campo da atenção às Crises, com as conceituações mais clássicas de Urgência e Emergência do modelo médico psiquiátrico. Este modelo opera no registro da biologia e da fenomenologia e, quando contextualiza as crises, nos remete a uma certa sociologia da (des) adaptação social e da perturbação da ordem pública, conforme esquematizaremos na sequência. Modelo Médico-Psiquiátrico • O paciente é visto como objeto de intervenção, como indivíduo isolado da espécie e do laço social/ ou ainda, apenas, como um corpo biológico; • A urgência e a emergência são vistas como disfunção, ameaça ou ruptura das constantes biológicas ou funções psíquicas; • O indivíduo/sujeito é catalogado como um “contra a ordem” ou “fora da ordem”: como ruptura/ameaça • da ordem social; • As respostas devem ser padronizadas/rápidas/eficazes; • É necessário restaurar a homeostase, reduzir ou zerar o sintoma, visando à adaptação e conformidade social; Uma concepção de crise para o contexto da Reforma Psiquiátrica. Uma proposta. Uma concepção de crise para o contexto da Reforma Psiquiátrica. Uma proposta. Conceito de crise(DEL ACQUA E MEZZINA ):Pelo menos 3 dos parâmetros abaixo: 1) SINTOMATOLOGIA PSIQUIÁTRICA GRAVE E/OU AGUDA; 2) GRAVE RUPTURA DAS RELAÇÕES FAMILIARES E/OU SOCIAIS; 3) RECUSA DE TRATAMENTO OU ESTIMA NÃO NECESSITAR, MAS ACEITA CONTATO; 4) RECUSA OBSTINADA DE CONTATO COM EQUIPES DE TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO; 5) SITUAÇÃO DE ALARME E RISCO NO CONTEXTO FAMILIAR E/OU SOCIAL, TRADUZINDO-SE EM INCAPACIDADE DE SE DEFRONTAR COM A CRISE . ** situações de crise – catalogadas pela psiquiatria convencional como “situações de risco/perigo para si e para outrem” - normalmente terminava em internação involuntária. *** “ ....é difícil dar uma definição unívoca de crise.....mas qualquer definição deve levar em conta a organização psiquiátrica que existe em determinado lugar e o momento histórico particular.Há um limiar,relativo a estas duas dimensões, a partir do qual os problemas emocionais, psicológicos, relacionais e sociais, enfim, os acontecimentos vitais serão considerados uma crise, tornando-se objeto de interesse da psiquiatria.” . Conforme referência abaixo. Dell Acqua, Giuseppe; Mezzina, Roberto. Réponse à la Crise. Dipartamento di Salute Mentale, Trieste, 1991. Disponível no site http://www.triestesalutementale.it/francese/allegati Formalização de um Modelo para A Reforma Psi . Para além da discussão dos critérios Triestinos (se as cinco situações circunscrevem o conjunto do problemas que encontramos, se a existência de 3 das situações é condição suficiente para a definição), o mais importante é sustentar o conceito de crise sobre bases sólidas – para que sua definição e abordagem na prática tenha uma sustentação clínica e ética adequada. O essencial da definição Triestina (não formalizaram, mas está lá muito claro) é que existe 3 domínios a se observar na caracterização e avaliação de uma crise. I. A dimensão Clínica no sentido clássico: sintomas, gravidade, agudicidade II. O campo da rede social e de suporte: o grau de ruptura desta rede, sua capacidade de enfrentamento da crise III. A posição do indivíduo/pessoa , nomeada como o portador da crise, diante das intervenções dos serviços. A lapidação destes três domínios nos permite, seguramente, construir uma definição que supere o paradigma médico-psiquiátrico. Formalização Ponto 0: Evitar a tentação do Ecletismo. Neste caso o risco a evitar é da ampliação vazia do conceito de Crise, a fusão conceitual forçada de campos diferentes criando contradições e modelos pouco operativos. Mas é claro que podemos formular combinações tentadoras. A proposta de Trieste, se a cotejarmos com os modelos médicos mais sofisticados (como aquele a APA), permite a proposição e re-injeção das noções/definições de urgência e emergência, por exemplo , como pólos dinâmicos da Crise. Vejamos como ficaria. Ensaio: Filtrando as Definições da APA na proposta de Trieste. Pólo Emergência 1) Presença de SINTOMATOLOGIA PSIQUIÁTRICA GRAVE E/OU AGUDA, por exemplo, estados de agitação psicomotora combinada ou não com agressividade. 2) GRAVE RUPTURA, DAS RELAÇÕES FAMILIARES E/OU SOCIAIS, podendo chegar a uma situação de alarme e risco, com incapacidade do sujeito/indivíduo e sua rede de apoio em se defrontar com a situação. 3) A posição do sujeito/indivíduo é de RECUSA DE TRATAMENTO OU ESTIMA NÃO NECESSITAR, ACEITANDO o CONTATO ou não. Muitas vezes, a questão é a ausência de posição, o sujeito está tão desagregado, desesperado ou imobilizado por uma dada configuração dos dois primeiros eixos que não lhe é possível nem tomar uma posição. • Grave Crise do sujeito e do seu laço social: situações de crise – catalogadas pela psiquiatria convencional como “situações de risco/perigo para si e para outrem” normalmente terminava em internação involuntária. • Não há como negar a questão do risco iminente nesta conjunção, por exemplo, passagem ao ato agressivas, suicidas e homicidas. de Ensaio: Filtrando as Definições da APA na proposta de Trieste. Pólo Urgência 1) Presença de SINTOMATOLOGIA PSIQUIÁTRICA GRAVE E/OU AGUDA, por exemplo, estados de agitação psicomotora combinado ou não com agressividade. 2) Contexto de conflito nas RELAÇÕES FAMILIARES E/OU SOCIAIS, porém com preservação dos laços, o que permite um manejo que leve em conta a contribuição da rede de suporte social e, principalmente, do próprio indivíduo/sujeito. 3) Posição do sujeito/indivíduo é de busca ativa e aceitação do tratamento, sendo que nos casos mais graves há questionamento, perplexidade, dúvida, mas não oposição ao tratamento. Todavia, acreditamos que deveríamos seguir a linhas mestras da proposta de Trieste, para dela extrair um modelo operativo para a nossa realidade. Formalização de um Modelo Em Saúde Mental e no contexto da Reforma Psiquiátrica, buscamos superar o paradigma médicopsiquiátrico. A caracterização de uma Crise, na nossa releitura da definição triestina, leva em conta, no mínimo três dimensões/eixos: I. A dimensão Clínica: psicopatologia, o diagnóstico nosológico ou sindrômico, o diagnóstico da estrutura clínica, no sentido psicanalítico, a presença de comorbidades etc. I.2 Presença de comorbidades clínicas e AD: destacamos porque estas questões conferem especificidade a apresentação das crises em questões centrais, por exemplo, intensificando o riscos clínicos , estrito senso, e agregando elementos cruciais como suicidalidade e agressividade). II. O Laço Social e a Posição do Outro Social: Existem dimensões objetivas neste aspecto pois a rede de suporte, a família, o trabalho, a renda podem até certo ponto ser dimensionados – mas aqui importa a Posição do Outro Social, antes de tudo, as prática de divisão entre a Loucura e a sanidade, os sistemas teóricos e de reconhecimento a respeito da Loucura e da Crise, os fenômenos culturas e ideológicos relacionados ao preconceito e ao estigma, a posição do sistema jurídico e aparato legal III. A Dimensão do Sujeito/singularidade/ seu Laço social: seja enquanto subjetividade(cogito/sujeito do inconsciente), seja como sujeito de direitos e deveres. Especificamente, na crise, sua posição diante das duas dimensões anteriores. O sujeito não é uma mônada, ao contrário, é puro laço social, desde seu advento, sua nomeação. A dimensão do enlaçamento do sujeito, sua posição subjetiva e discursiva vai marcar primeiro um lugar diante do Outro Social: o sujeito da crise , na saúde mental, para começar já chega nomeado e falado pelo Outro. E por outro lado, este sujeito, se lhe for “permitido” ou não, terá um posição diante do seu sofrimento, do impossível de suportar. Formalização item 1 : A dimensão Clínica/ sintomática de Trieste Ponto zero: Evitar a redução da Crise a sua dimensão sintomática. Abordá-la pelo viés sintomático, apenas, nos encaminha para um tipo de equação problema <> solução, quase sempre, sintoma <>medicamento, constituindo-se numa forma de hiper-simplificação do processo da crise e a lógica da mera contenção. Isto não quer dizer que se negue o sintoma, as apresentações clínica, o tentativa de fazer diagnósticos diferenciais, nem se trata de tangenciar a complexidade implícita na “emergência” dos sintomas. Vale dizer que a crise nos chega , comumente, já simplificada, reduzida a sua apresentação sintomática, por quem a nomeia, tem o poder de enunciá-la: ele está, agitado, agressivo, delirando, alucinando, deprimido etc. E, mesmo no contexto da sintomatologia, não reduzir a Definição de Crise aos sintomas que “fazem barulho” (agitação, apresentações delirantes e alucinatórias exuberantes, hetero-agressivade). Muitas vezes, situações de auto-negligência, suicidalidade silenciosa e outras são muito mais graves do que aquelas. Portanto, o eixo da sintomatologia não deixa de ser um ponto de partida e ser objeto de um resposta - uma resposta , por exemplo, de modulação dos sintomas, a ponto de permitir a fala, a construção de vínculos terapêuticos com os sujeitos envolvidos na crise e a abordagem de outras dimensões da crise. Assim, na própria abordagem dos sintomas estaremos evitando a tentação de redução e simplificação da crise Formalização item 2 : O campo da rede social e de suporte de Trieste Ponto zero: não há crise que não tenha raízes e/ou repercussões nesta dimensão. Vamos nomear este campo de Laço Social: Existem dimensões objetivas neste aspecto pois a rede de suporte, a família, o trabalho, a renda podem até certo ponto ser dimensionados – inclusive, em termos de gravidade, o grau de ruptura do Laço. Todavia, importa, também, qualificar a Posição do Outro Social, antes de tudo, as prática de divisão entre a Loucura e a sanidade, os sistemas teóricos e culturais de (Re)conhecimento a respeito da Loucura e da Crise, os fenômenos culturas e ideológicos relacionados ao preconceito e ao estigma, a posição do Sistema Jurídico , aparato legal e Policial. A crise sempre traz uma dimensão do laço social. O laço social está sob ameaça ou em ruptura, com a crise se apresentando como problemas da Ordem Pública, como crise do Outro, nomeada pelo Outro social. O sujeito, o suporte individual da crise, se aparece de um lado como portador de uma sintomatologia específica, de outro nos chega como aquele que produziu a ruptura, rompeu os contratos, como um indivíduo fora ou contra a ordem pública: “perigoso para si e para outrem”, diz a psiquiatria. Este é o núcleo central da crise e, neste sentido, são a configuração do laço social e a posição do sujeito que irão modular, em última instância, a gravidade e a forma de apresentação da crise Formalização item 3 de Trieste: A posição do indivíduo, nomeado com portador da crise, diante das intervenções dos serviços Ponto zero: a crise é do Sujeito/Laço Social Vamos renomear este eixo com aquele da Posição do Sujeito: Não se trata aqui, apenas, do indivíduo, da pessoa, do cidadão. Mas é óbvio que interessam estas dimensões da subjetividade, o cogito, o ego, o sujeito de direitos e deveres das teorias do direito e da cidadania. . Sujeito afirmado no plano da cidadania e do contrato social, sujeito de direitos e deveres, inclusive, no sentido histórico e político, na medida em que os portadores de sofrimento mental resistem e se posicionam diante de processos de apropriação e objetivação, de estratégias visando o “governo da subjetivação”, decorrentes de saberes e práticas. E, por outra perspectiva, relevamos o sujeito do inconsciente, pontual e evanescente que seja, enredado e marcado pelas injunções da ordem simbólica, sua nomeação e inscrição entre outros aspectos, tão importantes para considerarmos as possibilidades da palavra, de tomada de posição, de singularização, deste sujeito em crise. Especificamente, na crise, sua posição diante das duas anteriores. O sujeito não é uma mônada, ao contrário, é puro laço social, desde seu advento, sua nomeação. A dimensão do enlaçamento do sujeito, sua posição subjetiva e discursiva vai marcar primeiro um lugar diante do Outro Social: o sujeito da crise , na saúde mental, para começar já chega nomeado e falado pelo Outro. E por outro lado, este sujeito, se lhe for “permitido” ou não terá um posição diante do seu sofrimento, do impossível de suportar. Formalização de um Modelo I. A dimensão Clínica: psicopatologia, o diagnóstico nosológico ou sindrômico, o diagnóstico da estrutura clínica, no sentido psicanalítico, a presença de comorbidades etc. I.2 Presença de comorbidades clínicas e AD: destacamos porque estas questões conferem especificidade a apresentação das crises em questões centrais, por exemplo, intensificando o riscos clínicos , estrito senso, e agregando elementos cruciais como suicidalidade e agressividade). II. O campo ampliado do Laço Social III. A Posição do Sujeito em Laço Social Formalização 1) O eixo Clínico, strictu sensu, é passível de uma certa objetivação: podemos hieraquizar sintomas por sua pretensa gravidade, pode-se fazer escalas de triagem por gravidade. 2) No entanto, o que modula a gravidade da Crise são variáveis extra clínicas e no nosso modelo, especialmente, as dimensões relativas ao Laço Social e Posição do Sujeito: a experiência respalda, por exemplo, que posto um mesmo nível sintomático, os eixos do laço social e da posição do sujeito, é que vão modular a urgência e gravidade de uma Crise. Modulação da Crise: exemplificando 1. A posição do sujeito, seu Laço Social e a Posição do Outro são importantes na configuração da demanda, no reconhecimento da crise. 2. A posição da Rede de serviços de saúde mental como uma “aparição” e configuração do Outro Social vem agregar um elemento importante no destino e manejo de uma crise. 3. O fator Tempo – tanto para o sujeito, como o manejo da situação pelos serviços. A posição do sujeito, seu Laço Social e a Posição do Outro são importantes na configuração da demanda, no reconhecimento da crise. - Salientar que são dimensões de um mesmo processo. - Há uma trajetória complexa do sujeito, que vai desde o sentir-se doente até ele formular ou não uma demanda de ajuda, que é mediada cultural e historicamente. - O Laço Social e a Posição do OUTRO,também, varia cultural e historicamente. Podemos observar crises importantes no eixo da clínica que não se tornam demanda psiquiátrica. Diante de um morador de rua delirante, o dono de uma concessionária de veículos vai exigir uma intervenção de urgência do poder público, os vendedores ambulantes e pequenos comerciantes da orla de uma favela,um quilômetro de distância da concessionária, tem uma boa relação social com este louco, lhe dão alimentação e roupas e, não fazem demanda ou pressão para uma intervenção da rede de serviços. A posição REDE de serviços de saúde mental Uma rede de serviços tem a sua estrutura organizativa, mas é sempre orientada por diretrizes, concepções, uma ética de atuação. - Uma rede pode trabalhar com a orientação de que toda demanda, com critérios claros, no eixo sintomático, deve ser objeto de uma intervenção médica (medicação) e internação sumária em um hospital psiquiátrico ou até em um serviço, pretensamente, substitutivo. - Uma rede pode trabalhar com o pressuposto de que a demanda e pressão social por uma intervenção é condição suficiente, desencadeando os procedimentos que viabilizam o modelo de ação do item anterior. Usando o exemplo do “louco de rua”, à demanda do dono da concessionária (o demandante mais poderoso), dispara-se uma série de intervenções: chamase a polícia ou o Samu, o louco é “detido”, involuntariamente, e levado a internação. Ignora-se a rede social tecida por este cidadão ‘louco de rua”, a posição de outros atores, com menos poder e, principalmente do sujeito em questão, não é levada em conta. Salientamos que a modulação da rede de serviços, da posição do laço social e do sujeito, passa pela questão do Poder. Poder no sentido de relação social, posições e conflitos quanto ao “Governo da Subjetivação”, no contexto de saberes e práticas de divisão social, neste caso, sobre o que é a loucura ou a sanidade e o que fazer com esta questão. O fator tempo como elemento crucial e imponderável • O fator tempo, também, se apresenta de modo singular na saúde mental. Não é o tempo do corpo, da fisiologia, equacionado por constantes biológicas. O risco na linha do tempo é dado, menos pela disfunção, pela presença de fenômenos psicopatológicos, do que pela posição do sujeito em relação ao seu laço social e sua dificuldade subjetiva em elaborar sua condição, que são os aspectos que, normalmente, o impelem à precipitação. O desamparo, a perplexidade, a falência do diálogo e do laço com o “semelhante” seriam mais “perigosos” que a sintomatologia em si. • Diante do impossível, de algo avassalador e do fracasso em lançar mão de qualquer recurso para modular o seu sofrimento, o sujeito faz um curto circuito do momento de elaborar e compreender o seu desatino. Escansão do tempo/passagem ao ato: ilustração literária • Um exemplo ilustre, neste sentido, pode ser colhido no poema “Noturno de Belo Horizonte” de Mário de Andrade3, quando ele poetisa o caso que teria dado origem ao nome da Serra do Rola Moça. • Um casal recém casado retorna da cidade ao seu povoado de origem • Após o casamento. Era fim da tarde,e a cavalo, passavam pelas reentrâncias da Serra do Rola Moça (BH,Ibirité,Brumadinho-MG). Felicidades, felizes estavam, quando, de repente, o cavalo da moça, escorrega, se desequilibra, caindo no precipício. O noivo vê, não compreende, não elabora a angústia súbita, o não sentido e, ato contínuo impele seu cavalo para o abismo. • Ah, Fortuna inviolável! • O casco pisara em falso. • Dão noiva e cavalo um salto • Precipitados no abismo. • Nem o baque se escutou. • Faz um silencia de morte. • Na altura tudo era paz... • Chicoteando o seu cavalo, • No vão do despenhadeiro • O noivo se despenhou. • E a serra do Rola-Moça • Rola-Moça se chamou. Os elementos fundamentais desta proposta Este esforço de qualificação visa ressaltar duas questões: • Há um sujeito em questão, mesmo que seja, somente, no plano da subjetividade, da cidadania – sujeito de direitos e deveres. • Em segundo lugar:este sujeito faz laço, precário que seja, com sua rede social, sendo fundamental analisar, fazer a leitura deste laço. Elementos fundamentais: Discussão • Os elementos acima escapam, frequëntemente, à abordagem da urgência/emergência na maioria dos “Settings”, não apenas, nos serviços de urgência e emergência gerais, mas também, infelizmente, nos de saúde mental. • Assim, não é o eixo da “clínica”, strictu sensu, a apresentação, a fenomenologia, mais ou menos, exuberante, dos sintomas ou quadro sindrômico que decide a urgência e emergência. • Sabemos da clínica que o sujeito desenlaçado, acuado, isolado, desesperançado, independente, da exuberância de sua apresentação clínico- sintomática, muitas vezes decide pelo fim ou passa ao ato de forma agressiva. Precipita-se diante da impossibilidade, de compreender e vislumbrar a superação, uma saída para a sua condição. Precipita-se, fazendo um curtocircuito do momento de elaborar, concluindo por uma passagem ao ato. Resumo • Assim. a classificação de risco, a avaliação de risco na triagem toma, quanto à saúde mental, uma dimensão de para além da sintomatologia, reforçando, assim, o papel do acolhimento, como instante estratégico, para permitir um tempo de compreender/elaborar, como condição de se evitar a precipitação (nossa e do sujeito). • Mas ao mesmo tempo, este novo enquadramento conceitual, nos permite dar novo sentido às formas de apresentação fenomenológicas das urgências, inclusive, graduá-las, levando em conta os três eixos, referidos. • Pela importância clínica e epidemiológica dos problemas médicos e Álcool e drogas nas Crises – destacaremos este dois aspectos do eixo clínico, constituindo o eixo das comorbidades. • A definição de CRISE, conforme, acima, e os elementos de mediação da CRISE, na saúde mental, subsume as definições de emergência e urgência. As mantemos, muitas vezes, mais pela necessidade de manter o dialógo dentro do campo – relativizando-as como pólos da crise, como o fizemos em slides anteriores, todavia, termina parecendo algo tautológico e que perde o valor heurístico. A Rede e a Atenção às Crises A Rede e a Atenção às Crises REDE, do trabalho em rede, a compreensão de que a base real da atenção às crises não são as estações especializadas neste mister em si, mas a rede ampla de cuidado e reabilitação, a qual sustenta os projetos terapêuticos de cada usuário em sua comunidade e território. Rede esta que realizaria a abordagem das crises, num instante anterior à sua precipitação em urgência e emergência. É por isto que fizemos, nestes últimos três anos, um investimento maciço na organização da atenção à Saúde Mental, no âmbito das 513 Equipes de Saúde da Família do município, integrando-as as 60 Equipes de Saúde Mental territoriais e aos Cersams. Um processo que envolveu a sua capacitação e supervisão permanente de seu trabalho e vários mecanismos organizacionais e gerenciais para construir uma rede viva e orgânica de Saúde Mental. Uma integração que vem ocorrendo, também, com os serviços de urgência médica em geral. Tudo isto permite que os serviços específicos de atenção à crise deixem de ser “serviços sob sítio” e de suplência de uma rede que não existe ou não funciona. Possibilita que exerçam um novo papel, que é o de observatório das disfunções sistêmicas da rede e de parceiro na superação destas disfunções. CRISES - DIURNO UNIDADES NÃO HOSPITALARES E HOSPITALARES C O M U N I D A D E SAMU PM RESGATE Unidades com ESF (Equipe Saúde Família) Unidades com Equipe Saúde Mental CRISES – NOTURNO PM E RESGASTE SUP C O M U N I D A D E 192 SAMU CERSAM /HN Unidades Urgência e Hospitais E R V I Ç O U R G E E N C I A USA/SUP: Casos graves Continuidade Cuidado Liberados Após atendimento Grau de severidade e persistência Temporal - Comorbidades Clínicas Alcool e Drogas como fator modulador da gravidade e persistencia/cronicidade Alto Crises: um possível espectro de gravidadeOS Transtornos Mentais severos e persistentes em crise – longa história, exclusão social, rupturas no laço social Crises ansiosas e depressivas em transtornos neuróticos e da personalidade/ crises psicóticas iniciais com preservação dos laços/aceitação tratamento Transtorno mental severo Persistente : com graves crises: agitação, combatividade, risco de suicídio importante ou forte componente de desinserção social ( morador de rua), ruptura dos laços sociais, resistência ao tratamento, complicações médicas e álcool e drogas Crises com grave expressão sintomática (primeiros surtos psicóticos, neuroses graves), risco de suicídio, com algum nível de ruptura do laço social ou complicações médicas e álcool e drogas Alto Baixo Eixo Crise: agudização sintomas, ruptura laço social, perda de autonomia e Capacidade de subjetivação/ a modulação da agudicidade por comorbidadess clínicas e de álcool e drogas pode ser importante (agressividade e Suicidalidade , por exemplo, no caso de alcool e drogas ) . Grau de severidade e persistência(Temporal) (Comorbidades Clínicas álcool e Drogas) Crises: A responsabilização de Acordo com o espectro de Gravidade ESM comunitária e conforme o caso CAPS/CERSAM – dependendo nível de recursos de reabilitação requisitados – Apoio matricial ESF, Rede de Reabilitação, Rede de proteção legal etc. Cersam(Hospitalidade noturna sn)Intervenção pontual SAMU – SUP Apoio matricial intensivo e/ou Construção Integrada do caso com a Rede Reabilitação e Proteção em geral – Apoio matricial ou cuidado integrado se há problemas clinicos: ESM, UPA, Hospital ESF com apoio matricial pontual ESM de Base ou CAPs/Cersam Caps/Cersam (intervenções breves, HN dependendo nível ruptura laço ou ESM comunitárias caso não):Intervenção pontual SAMU e Apoio matricial ESF s/n Eixo Crise: agudização sintomas, ruptura laço social, perda de autonomia e Capacidade de subjetivação/modulação de álcool e drogas. Apoio matricial Pontual Intensificação Apoio Matricial Integração e responsabilização mútua A Rede e a Atenção às Crises Observar que o dualismo do grave e do comum, o agudo e o crônico, a possibilidade de se configurar espectros de gravidade, a despeito da “praticidade”, traz problemas metodológicos e teóricos evidentes e, não deve nos conduzir a pensar a Rede a partir de uma mera distribuição dos casos, segundo as definições acima. O que organiza nossa rede não é o modelo dos níveis de atenção, hierarquizados por sua densidade tecnológica. Não se pode organizar os atendimentos pela distribuição do serviços. Na concepção é o caso a caso , o singular de cada um que organiza a REDE. Mas para isto é necessário serviços de Portas Abertas, com Acolhimento universal em todas as unidades. Neste sentido a unidade básica acolhe universalmente todo portador de sofrimento mental, ela atende crise e faz reabilitação, como filamento avançado do Rede/Rizoma no território Isto não é contraditório com a existência de estações precisas para demandas precisas como os Cersams, por exemplo. Se o sujeito apresenta uma situação limite tendo em vista os eixos definidores: sintomatologia muito grave, ruptura dos laços sociais, uma posição de perplexidade, risco e incerteza ou recusa quanto ao tratamento e seu microcontexto social e família se coloca inflexível, hostil ou sem recursos para lidar com esta crise, devemos sim encaminhá-lo ou acionar o Cersam ou Samu, os quais poderão oferecer atenção de urgência/emergência, cuidado intensivo, hospitalidade noturna ou simplesmente asilo, enquanto se recompõe o sujeito e seus laços sociais. De outro lado os Cersams , os Centros de Convivência e outros darão apoio matricial, na composição de um projeto terapêutico, mesmo grave, que tem sua referência na Unidade Básica e a equipe desta se sente segura de conduzir o caso em função do seu vínculo com o usuário.. A Rede e a Atenção às Crises Todas estações da rede acolhem todas demandas, as crises e casos graves. A unidade acolhedora vai avaliar caso a caso, fazer um cálculo inicial da direção do tratamento e quais recursos mobilizar, acorrendo à outros serviços e equipamentos na perspectiva da integralidade e continuidade do cuidado. Neste sentido, a função acolhimento é ética no enquadre geral, mas também, tática e estratégica do ponto de vista de organização do processo de trabalho da Rede e das equipes, como ponto de partida da formulação de um projeto terapêutico singular e a constituição da Referência deste projeto. Todavia, estratégicamente, deve-se buscar a construção do vínculo e da responsabilização à nível das equipes de saúde da família, com apoio matricial das equipes de saúde mental. Este sistema como um todo se pretende circular, muiti-acolhedor das demandas, não vertical e piramidal, porém com um centro e orientação dados pela lógica do caso e construção da referência e projeto terapêutico postos por esta lógica. È necessário constituir na prática a noção de unidade acolhedora. Um único acolhimento, acabar com a cisão acolhimento de saúde mental /acolhimento geral o que leva a especialização e constituição, por exemplo, das equipes de saúde mental nas unidades básica como um espécie de referência/nível secundário de atenção. Neste sentido, a variável tempo é importante, devemos acolher demandas de saúde mental durante todo o tempo de funcionamento da unidade. Se for necessário um apoio matricial ou qualquer suporte para a tomada de decisão e não houver profissional de saúde mental na unidade de referência ou na própria, deve-se acionar o Cersam por telefone e discutir o que fazer e os encaminhamentos. A Rede A Rede como estratégia e processo que coloca em ato a Desinstitucionalização. A rede de serviços se responsabiliza por todas as demandas de um determinado território, especialmente, quanto aos transtornos mentais graves e persistentes, aos egressos de internações hospitalares ou referenciados pelos Cersams e às crises. Não evitar ou abandonar os casos graves e difíceis. Revisar e assumir os fracassos terapêuticos e abandonos de tratamento, bem como os processos de transinstitucionalização ( prisão etc. ). Insistir. Interação/mobilidade/abordar a demanda no território/evitar a escalada em direção a situações de alarme/ruptura. Uma posição ativa e não reativa implica a acessibilidade integral tanto como a mobilidade em direção às demandas. Criar modos de intervenção e esponsabilização onde mora e vive o usuário, seja a casa, seus arredores, escola, trabalho, a rua. A Rede A rede como contraponto à fragmentação sistêmica dos serviços e ações e à verticalidade dos fluxos, às respostas inflexíveis, seletivas e padronizadas, decerto. A Rede como sistema de trocas vivas de conhecimento, afetos, materialidades diversas, recursos, compromissos, responsabilidades, com múltiplos pontos de entrada, portas abertas, em abertura permanente, incorporando recursos e atores, intersetorialmente, tecendo raízes no território, com as famílias, possíveis redes de suporte comunitário, atores e referências comunitárias, trocas, parcerias, interfaces onde não faltarão confrontos, dissensos, tessitura de uma nova hegemonia. A rede mesmo que tenha seus fixos ( serviços, programas, ações, etc. ), nódulos com funções precisas, é nas interfaces, nos fluxos comunicativos e afetivos, na partilha de objetivos comuns, na responsabilização coletiva, no diálogo e confronto dos discursos e competências que orientam as práticas, marcando hegemonias temporárias e locais, têm sua razão de no compromisso com o usuário: é seu percurso, sua trajetória, suas necessidades que dão o amálgama da rede. A Rede: sua Gestão em Belo Horizonte. Grande Política Gestão da Pólis Pequena Política Administração das Coisas Hegemonia: gestão das diferenças, dos conflitos, coerção e consenso Pretensa Racionalidade, tecnicismo, normatividade, burocracia, autoritarismo – o pólo da coerção, em última instância, é a garantia da hegemonia A regulação, o controle e avaliação – passam pela Política, pela pactuação e Controle Social. Os processos de Regulação , controle e avaliação tendem a substituir o processo político a Gestão e a pactuação. Projeto/Teleologia/ gerenciamento/mundo gerência/administração das coisas/pequena política(Gramsci)/eficiência/eficácia. Gestão no Sentido Amplo GESTÃO PLENA – década 90 – uma das primeiras cidades. SISTEMA DE REGULAÇÃO DA SMSA. REGULAÇÃO SAMU. COMITÊ DE URGÊNCIA – REUNIÕES BIMENSAIS, EXTRAORDINÁRIAS, GRUPOS DE TRABALHO. REUNIÕES SETORIAIS DA URGÊNCIA – ORDINÁRIAS E POR EVENTOS SENTINELA. SUPERVISÃO HOSPITALAR – ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO DOS HP – INCLUSIVE, INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA (HGV E IRS) CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE E COMISSÃO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA. FORUNS E ARTICULAÇÕES PERMANENTES INTERSETORIAIS – EX FORUM DA CRIANÇA E ADOLESCENTE. FORUNS DISTRITAIS: REUNIÕES BIMENSAIS SM POR DISTRITO, COLEGIADO DISTRITAL DE SM MEDIADORES: CLÍNICO-POLÍTICOS. 1)PROTOCOLO – DIRETRIZ: FLUXO, COMPENTÊNCIAS E RESPONSABILIDADES DO CONJUNTO DOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA, HOSPITALAR E NÃO HOSPITALAR: DESTAQUE PARA OS PORTADORES SOFRIMENTO MENTAL COM PROBLEMAS CLÍNICOS, INTOXICAÇÃO E ABSTINÊNCIAS GRAVES POR AD. DELINEAMENTO DO SISTEMA DE RETAGUARDA E APOIO MATRICIAL DE CADA SERVIÇO DE URGÊNCIA/URGÊNCIAS DE SAÚDE MENTAL, NA CIDADE E POR DISTRITO. 2) PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM TODAS AS PORTAS DE ENTRADA – SAÚDE MENTAL DISCUTIDA E INCLUÍDA NO PROTOCOLO – EXIGÊNCIA DE ESTABILIZAÇÃO INICIAL EM QUADROS GRAVES, CONTATO PRÉVIO ANTES DA TRANSFERÊNCIA. MEDIADORES CLÍNICO POLÍTICOS REUNIÕES DISTRITAIS DE GERENTES E PROFISSIONAIS: CERSAMs, ESM DAS UBs, EQUIPES DE PSF. PERIODICIDADE: 20 EM 20 DIAS. PAUTA: DISCUSSÃO DE CASOS, DISCUSSÃO DA REDE, PRINCIPALMENTE, OS PROBLEMAS DO MATRICIAMENTO. SUPERVISÃO CLÍNICA E INSTITUCIONAL DA REDE: - POR DISTRITO. - PARTICIPAM E APRESENTAM CASOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL E DO PSF - O CASO CLÍNICO: CONSTRUÇÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO E O CASO COMO ANALISADOR DA REDE. MEDIADORES Clínico-Políticos • REUNIÕES DE MICROÁREA – DISCUSSÃO DE CASO E DO PROCESSO DE MATRICIAMENTO. • REUNIÕES SEMANAIS DOS SERVIÇOS E SAÚDE MENTAL; • Gestão Saúde: prontuário eletrônico, teleconsulta, telecapacitação como instrumentos de construção da Rede. Implantação em 80% da cidade. REDE DE URGÊNCIAS BH 1) Fluxogramas de atendimento Criança, Adulto com problemas clínicos no Cersam, Álcool e drogas. 2) Fluxos, responsabilidades e referências de atendimento de urgência e emergências clínicas, inclusive, alta complexidade e neuro por regional. 3) Referências de Saúde Mental para cada Unidade de Urgência e Emergência Fluxograma para atendimento a Crianças Paciente é atendido e avaliado no C.S. ou Serviços de Urgência (UPA, Hospitais), com demanda para S.M. É urgência Psiquiátrica ? NÃO Identifica-se a necessidade de atendimento / acompanhamento pela S.M.? SIM NÃO Profissionais faz encaminhamento e contacta com o CPP – FHEMIG (ver grade de referência). SIM Plantonista faz contato com Transporte Sanitário (T.S) / SAMU .F. 7790-7797 Teledigifonista solicita dados da unidade. TRANSFERE A LIGAÇÃO PARA REGULAÇÃO MÉDICA Médico Regulador solicita: quadro do paciente, sinais vitais e conduta. Profissional encaminha à Equipe de S.M. dos C.S. de Referência. Acompanhamento pelo PSF. Após avaliação, a Equipe Complementar de Atenção à Criança e ao Adolescente, poderá ser acionada se necessário. Paciente é transferido pelo T.S. acompanhado pelo enfermeiro ou aux. de enfermagem da unidade ou do T.S. e / ou familiar. Adolescentes de idade entre 16 e 17 anos, com porte físico de adulto podem ser atendidos nos CERSAM´s. FLUXOGRAMA PARA ATENDIMENTO CLÍNICO DE PACIENTE DO CERSAM Paciente em tratamento no CERSAM com queixa Clínica é avaliado. É Emergência? SIM Segue Fluxo da Emergência . NÃO É Urgência Clínica? Contato e agendamento no Centro de Saúde. OU Orientação ao usuário e/ou familiar para procura do C.S. SIM Profissional do Plantão do CERSAM (Profissional de nível Superior), faz o encaminhamento e contacta com a unidade de referência (conforme grade de referência). NÃO Plantonista faz contato com Transporte Sanitário (T.S) / SAMU .F. 7790-7797 Teledigifonista solicita dados da unidade. TRANSFERE A LIGAÇÃO PARA REGULAÇÃO MÉDICA Médico Regulador solicita: quadro do paciente, sinais vitais e conduta. Paciente é transferido pelo T.S., acompanhado pelo enfermeiro ou aux. de enfermagem do CERSAM ou aux. de enfermagem do T.S. CERSAM aciona familiar para acompanhar o paciente ao atendimento. Paciente retorna ao CERSAM com contra – referência. FLUXOGRAMA PARA ATENDIMENTO DE URGÊNCIA ÁLCOOL E DROGAS Paciente é Atendido e Avaliado no C.S. ou Serviços de Urgência O quadro preponderante é de abuso de Álcool e/ou Drogas? NÃO Segue Fluxo Especifico identificado para o caso. SIM Há Urgência Clínica Concomitante? (Ex. Quadro de Abstinência) SIM Segue Fluxo da Urgência Clínica. NÃO Contato com CMT ou IRS ou HGV para encaminhamento Plantonista faz contato com Transporte Sanitário (T.S) / SAMU . F. 7790-7797 - Teledigifonista solicita dados da unidade. TRANSFERE A LIGAÇÃO PARA REGULAÇÃO MÉDICA Médico Regulador solicita: quadro do paciente, sinais vitais e conduta. Paciente é transferido pelo T.S., acompanhado pelo enfermeiro ou aux. de enfermagem do CERSAM ou aux. de enfermagem do T.S. e/ou familiar. Estabiliza o Quadro Clínico. Interconsulta e Transferência Clínica Estas recomendações Psiquiátrica são baseadas em discussões democraticamente abertas entre os profissionais que lidam no atendimento das urgências sejam estas clinicas ou psiquiátricas, com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento dos pacientes portadores de transtornos mentais. São levadas em consideração as definições do Ministério da Saúde em especial do ponto de vista filosófico/assistencial Passo a Passo de Interconsulta ou Transferência 1) Acolhimento do paciente 2) Avaliação do paciente por profissional capacitado 3) Tratamento inicial da patologia que motivou a procura da unidade de urgência com instituição de medicação apropriada, quando esta for apropriada 4) Contato telefônico com unidade receptora, discutindo o caso com profissional da assistência 5) Realização de relatório de transferência. 6) Comunicação com a central de Regulação ( Transporte Sanitário ) 7) Realização do transporte propriamente dito. Referencia: Portaria 2048. MS Interconsulta Clinica em Instituição de Saúde Mental Barreiro Oeste C E R S A M Noroeste Leste Nordeste Pampulha Venda Nova Referencia Primaria UPA Barreiro Alta Complexidade HJK Neuro HOB Referencia Primária UPA Oeste Alta Complexidade HOB/HAC Neuro HOB Referencia Primária HAC Alta Complexidade HOB/HAC Neuro HOB Referencia Primaria UPA Leste Alta Complexidade João XXIII Neuro João XXIII/ HC ( ate as 23 ) Referencia Primária UPA Norte/Nordeste Alta Complexidade PSVN/HOB/HC Neuro HOB Referencia Primária UPA Pampulha Alta Complexidade PSVN Neuro HOB Referencia Primária UPA VN Alta Complexidade PSVN Neuro HOB Interconsulta Clinica em Instituição de Saúde Mental Hospital Galba Veloso Hospital Raul Soares Referencia Primaria HAC Alta Complexidade HAC Neurologia João XXIII Referencia Primária UPA Leste Alta Complexidade João XXIII/HC Neurologia João XXIII/HC(ate 23h) Referencia Primária CGP Alta Complexidade CGP < 12 anos Neuro Centro PsicoPedagogico HC Após as 23 João XXIII Referencia Primária João XIII/HC Alta Complexidade João XXIII/HC > 12 anos Neuro Centro Mineiro de Toxicomania Ate 23 Ate as 23 HC Após as 23 João XXIII Referencia Primaria João XXIII( toxico ) Alta Complexidade João XXIII Neuro João XXIII/HC (ate23h) Interconsulta Psiquiátrica em Instituição Clinica Paciente Internado João XXIII Interconsulta Raul Soares João XXIII Liberado HOB BH Cersam de origem ou SUP após 19 hs Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Paciente Internado HOB Interconsulta Raul Soares Liberado Referencia BH Cersam de origem ou SUP Após 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Paciente Internado HAC Interconsulta Galba HAC Liberado BH Cersam de origem ou SUP Após 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Paciente Internado HJK Interconsulta Galba HJK Liberado BH Cersam de origem ou SUP Após 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul HE-IRS Paciente Internado HC Interconsulta HC HC BH Liberado Fora de BH Cersam de Origem ou SUP Após 19 h Cersam de sua cidade Interconsulta Psiquiátrica em Instituição Clinica Paciente Internado CGP Interconsulta CPP CGP BH Liberado Fora de BH Interconsulta e transferencia UPA VN Liberado Liberado Liberado Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Liberado Cersam Pampulha BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Cersam Nordeste/Pampulha BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Interconsulta e transferencia UPA Nordeste Cersam VN Cersam de Origem ou SUP pós 19 h Interconsulta e transferencia UPA Norte CAPSi BH Interconsulta e transferencia UPA Pampulha CPP ou CERSAMi UBS de área de abrangência Cersam Nordeste BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Interconsulta Psiquiátrica em Instituição Clinica Interconsulta e transferência Cersam Oeste Liberado BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul UPA Oeste Interconsulta e transferência UPA Barreiro Cersam Barreiro BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul Liberado Interconsulta e transferência Cersam Leste Liberado BH Cersam de origem ou SUP pós 19 h Fora de BH Cersam de sua cidade Galba ou Raul UAPU Leste Atendimento as Crises Saúde Mental Dia Regional Oeste Cersam Oeste Regional Venda Nova Cersam Venda Nova Regional Pampulha Cersam Pampulha Regional Noroeste Cersam Noroeste Regional Norte Cersam Nordeste Cersam Pampulha Regional Barreiro Cersam Barreiro Regional Centro Sul Oeste Raja Gabaglia Cersam Oeste Leste Raja Gabaglia Cersam Leste Regional Nordeste Cersam Nordeste Regional Leste Cersam Leste Morador de BH SUP Acolhimento via SAMU, PM, Serviços de Urgênca e Hospitalidade Noturna nos Cersams Morador de fora de Belo Horizonte ou desconhecido Raul Soares Galba Veloso Álcool e Drogas (Dependência, abistinência, intoxicação sem necessidade de manejo méico): Agitação Psicomotora Isolada, mas com heteroagressividade e suicidalidade e outros que necessitem continência/contenção ( sem comprometimento clínico ) Galba ou Raul Crianças ( até 18 anos ) Centro PsicoPedagogico (dia e noite) ou CERSAMi (dia) Noite