Revista bimestral • março de 2003 / abril de 2003 • Ano II • Nº 9 Alfabetização FUNDAMENTOS TEÓRICOS RELATOS DE PROFESSORES POLÍTICAS EDUCACIONAIS EDUCAÇÃO DE ADULTOS 2 NOSSA MENSAGEM O Presidente Lula iniciou seu trabalho apontando como maior desafio a ser enfrentado na área educacional a inclusão de todos os brasileiros no mundo da cultura letrada. Analfabetismo Zero é sua meta, e também tem sido a nossa, desde que iniciamos nosso trabalho em 2001. Mogi – analfabetismo zero, é meta ou utopia? O Censo realizado pelo IBGE em 2000 nos mostrou que, naquele ano, 5,9% dos mogianos eram analfabetos. Índice menor do que o do Estado de São Paulo, e o segundo menor do Alto Tietê (perdemos só para Poá, com 5,2%!). Mas, mesmo assim, os números absolutos assustam. Considerando que so- mos cerca de 330 mil moradores em Mogi, 5,9% significa algo em torno de dezenove mil pessoas analfabetas, ou seja, que não dominavam o sistema e a tecnologia da escrita. Quantos seriam os que não lêem e escrevem por meio de práticas sociais reais de leitura e escrita, já é uma outra conversa. Por isso, diríamos que, analfabetismo zero é uma utopia que devemos ter como meta, pois só assim poderemos alcança-la. E só será alcançada pelo esforço conjunto de toda a sociedade. Dedicar este número da Revista Educando em Mogi à alfabetização é mais um passo nesse caminho e um convite a todos para vir conosco na busca dessa utopia. Letramento ou Alfabetização Rosália Maria Netto Prados Hoje, na Educação e também nos estudos da Língua, freqüentemente ouvimos o termo letramento, e o que vem a ser isso? Se pensarmos que há uma grande influência do mundo da escrita sobre o uso da língua nas práticas sociais atualmente, podemos entender melhor o novo uso desse termo pelos especialistas e, conseqüentemente, sua ressignificação, uma vez que, no passado, usava-se o termo letrado com o sentido de qualidade de quem tinha conhecimento de literatura erudita. É evidente que, por sua vez, o termo alfabetização não é mais suficiente para definir a aprendizagem do ler e escrever, pois tal processo não diz respeito somente à apresentação das letras e de como estas se combinam, ou seja, não se refere apenas ao domínio mecânico de um código. Em outras palavras, ‘escrever não é só codificar’ e nem ‘ler é decodificar’. Novos estudos das Ciências Lingüísticas nos mostram que a aprendizagem da leitura e da escrita é um processo mais longo do que se pensava ser. A percepção do fenômeno da escrita, hoje, precede sua aprendizagem, pois sabemos que a criança conhece as letras antes de entrar na escola. Um olhar ao redor, bancas de revistas e jornais, outdoors, lojas, cada esquina de nossas cidades mostra que o mundo da escrita há muito faz parte do cotidiano urbano, sem falarmos da linguagem veiculada na televisão (e que é uma reprodução da escrita), bem como de seu poder informativo e formativo. A criança não está alheia a esse mundo, nem PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES Secretaria de Educação / Secretaria de Comunicação Social Av. Vereador Narciso Yague Guimarães, 277 - Centro Cívico CEP 08780-900 - Mogi das Cruzes - SP PABX: (11) 4798-5000 Fax: (11) 4799-3067 Site: www.mogidascruzes.sp.gov.br mesmo aquela que é mais carente. É, ainda, um mundo caótico de leitura não-linear, mas que também é responsável pela construção de um conhecimento ‘hipertextual’ que não pode ser ignorado na aprendizagem ‘lógicoseqüencial’ da escrita. Nem o adulto analfabeto desconhece esse universo. Faz parte, então, desse mundo de leitura não organizada, não só aquele que é considerado analfabeto, como também tantos outros alfabetizados (ou os analfabetos funcionais), que são marginalizados social e economicamente, pois não aprenderam a ler e a escrever, ou ainda, foram alfabetizados, mas não se apropriaram totalmente da língua escrita, ou melhor, não fizeram com que a escrita se tornasse sua de fato. Dessa maneira, como professores, devemos refletir sobre a importância do significado de letramento. Se, por um lado, na nossa sociedade atualmente, de certa maneira todos são letrados, pois fazem parte de um mundo em que a escrita está presente, e podemos dizer até que é um mundo centrado na escrita, ou seja, grafocêntrico, por outro lado, todos aqueles que se alfabetizam e vão incorporando às práticas sociais a prática da leitura e da escrita estão em processo de letramento. Enfim, estão se tornando ‘proprietários’ da língua; são os ‘letrados funcionais’, pois estão, a cada dia, construindo e reconstruindo significados para atenderem às novas exigências sociais. Rosália M. Netto Prados é Doutora em Semiótica e Lingüística Geral pela USP, professora do Mestrado em Educação da UBC e da Escola Estadual Profª Enedina Gomes de Freitas Colaborações, sugestões e participações, entre em contato: Equipe do Cemforpe - Centro Municipal de Formação Pedagógica Sede da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes - 3º andar Telefone: (11) 4798-5145 ou 4798-5085 - Fax: (11) 4726-5304 E-mail: [email protected] Secretária Municipal de Comunicação Social Telefone: (11) 4798-5155 ou 4798-5156 E-mail: [email protected] CAPA: Alunos da Escola Municipal Antonio Pedro Ribeiro - EJA 3 POLÍTICA EDUCACIONAL Alfabetização, exclusão social e qualidade de vida Maria Geny Borges Avila Horle A partir do final do ano passado foram divulgados vários estudos sobre a qualidade de vida dos brasileiros, realizados com base no Censo 2000 do IBGE. Os ”Indicadores Sociais Municipais”, divulgados pelo IBGE em dezembro, e o “Atlas da Exclusão Social no Brasil”, elaborado por pesquisadores da Unicamp, USP e PUC/SP, cruzando dados do Censo 2000 do IBGE, da ONU e do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publicados em janeiro último nos oferecem informações importantes para o estabelecimento de políticas na área social. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil está mais velho, mais urbano, mais feminino e mais alfabetizado. Aumentou o número de pessoas com mais de 65 anos de idade, e a porcentagem de crianças de 0 a 14 anos sobre o total da população, no Brasil, caiu de 34,73% para 29,6%. O fato aponta para a necessidade de se criar um sistema de proteção e Previdência Social e para a mudança de foco na área da saúde, pois, progressivamente teremos mais idosos e uma população em idade ativa em condição de contribuir menos, além dos problemas de saúde dos idosos serem diferentes dos problemas das crianças e jovens. Triplicou o número de mulheres responsáveis pela casa, e elas assumem que são responsáveis pelo domicílio, mesmo vivendo com seus maridos ou companheiros. Este resultado reflete Índices de Analfabetismo 12,8% Brasil 6,1% 7,2% 5,9% São Paulo Alto Tietê Mogi das Cruzes a maior participação da mulher no mercado de trabalho e mudanças no modelo de família, além de ser um sinal de mudança de comportamento: o homem já admite não ser o único “chefe” da família. Mas, o censo mostra, também, que a desigualdade entre os sexos ainda continua, e os salários dos homens chefes de família são, em média, superiores aos das mulheres responsáveis pela casa. Como resultado da prioridade dada pelo governo federal ao ensino fundamental, houve uma queda na taxa de analfabetismo, de 6,9 pontos percentuais – 19,7% das pessoas com 10 anos ou mais eram analfabetas em 1991, e o último censo obteve uma taxa de 12,8% para essa faixa etária. A queda nessa taxa é explicada principalmente pelo aumento da alfabetização entre os mais jovens, concentrando-se o analfabetismo na população mais velha. Portanto, as políticas de combate ao analfabetismo devem ter duas direções: a garantia da escolarização da criança e uma política de educação para adultos, com o oferecimento de ensino fundamental para os que não o cursaram na idade própria. Outro dado importante é o nível de escolaridade do chefe da família, pois é pro- blema que interfere diretamente na obtenção do emprego e no nível do rendimento, e, portanto, na condição de bemestar da família. Em todo o Brasil, a escolaridade dos responsáveis pelos domicílios aumentou, e a média de anos de estudo passou de 4,8 em 1991 para 5,7 em 2000. Lembre-se que as pessoas com menos de 4 anos de estudo são consideradas analfabetos funcionais, pois podem até escrever o nome, mas não conseguem redigir um bilhete ou interpretar um texto. O Atlas da Exclusão Social mostra o ranking em exclusão social dos 5.507 municípios brasileiros, avaliando pobreza, juventude, alfabetização, escolaridade, emprego formal, violência e concentração de renda. Nesse ranking Mogi aparece em 277º lugar, sendo a segunda cidade do Alto Tietê em qualidade de vida. Poá é a primeira, estando na 228º posição no Brasil e Suzano a terceira, ocupando o 979º lugar no ranking nacional. Qualidade de vida nas cidades do Alto Tietê Indicadores Sociais Poá Mogi Suzano Pobreza 0,736 0,750 0,737 Juventude 0,658 0,693 0,636 Alfabetização 0,895 0,889 0,871 Escolaridade 0,642 0,703 0,599 Emprego formal 0,481 0,174 0,159 Violência 0,853 0,918 0,841 Desigualdade de Renda 0,152 0,282 0,061 Média Ponderada 0,530 0,596 0,591 Posição no ranking regional 1ª 2ª 3ª Posição no ranking nacional 228ª 277ª 979ª Classificação Média Situação em que a cidade se enquadra De 0,6 a 1 Boa inclusão social De 0,5 a 0,6 Moderada Inclusão social De 0,4 a 0,5 Exclusão social De 0 a 0,4 Profunda exclusão social 4 POLÍTICA EDUCACIONAL A educação como política social Maria Geny Borges Avila Horle Segundo Palumbo, “política é o princípio dirigente que está por trás de regulamentos, leis e programas; sua manifestação visível é a estratégia tomada pelo governo para solucionar os problemas públicos”. Estudar políticas públicas é importante para compreender o governo, os interesses econômicos na elaboração de suas políticas e como são gastos os recursos federais, estaduais e municipais, quem recebe os benefícios da atividade governamental, como essas políticas afetam nossa vida e como os ideais da democracia estão sendo mantidos. As políticas públicas envolvem questões de educação, saúde, trabalho, segurança pública, transporte, assistência social e financeira, defesa, meio ambiente. Elas são formuladas seguindo as seguintes fases: identificação da necessidade de mudanças; formulação das metas, objetivos e definição das alternativas para alcançá-los; tomada de decisão política pela adoção de uma das alternativas e definição de responsabilidade pela implementação; e correção dos desvios observados durante a implementação da nova política. Falando sobre políticas públicas é comum ouvirmos a expressão “política social”; ela está ligada a uma certa maneira de conceber, organizar e administrar a coisa pública. Conforme esse entendimento, os quatro grandes setores da administração da sociedade são: o setor político, o econômico, o social e o militar. De acordo com eles são distribuídos os ministérios ou secretarias, que são os instrumentos de execução das políticas referentes a cada um dos setores. Vem daí a expressão “política econômica”, “política social”, “política militar”. Saviani (1999) lembra que esse entendimento é próprio dos regimes Programa Brasil Alfabetizado O MEC lança neste mês de abril o Programa Brasil Alfabetizado, com a meta de alfabetizar 3 milhões de jovens e adultos em 2003. Para isto, o Governo Federal firmará parceria com estados, municípios, organizações sociais e universidades públicas, nas quais a contrapartida da União será de R$ 15,00 por aluno/mês, em projetos de alfabetização com até seis meses de duração. O Programa será desenvolvido pela Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo capitalistas, pois sugere que os demais tipos de ação política, principalmente a econômica, não são sociais. Diz ele: “a necessidade de formulação de uma política social decorre do caráter antisocial da economia e, portanto, da política econômica das sociedades capitalistas”. No Brasil, o setor social abrange os ministérios da Saúde, da Previdência e Assistência Social, da Educação, da Cultura e a das Comunicações. A política educacional brasileira, portanto, diz respeito às medidas que o Estado toma relativamente aos rumos para a educação e situando-se na área social é uma modalidade da política social. Em nosso país, como em toda sociedade capitalista, a política social é tratada separadamente da política econômica, e a ela é subordinada. Mas, Coraggio (1998), nos lembra que “a realidade da política social não está isenta de contradições e nem é a simples expressão da vontade do mais poderoso, mas algo emergente no qual podem incidir a crítica do discurso dominante e a proposição de alternativas para a sociedade em seu conjunto”, e que somos “responsáveis por avançar além da denúncia estigmatizadora ou da crítica ideológica”. Referências Bibliográficas: CORAGGIO, José Luiz. Propostas do Banco Mundial para a educação: sentido oculto ou problemas de concepção? In: DE TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1996. SAVIANI, D. Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educação: por uma outra política educacional. Campinas: Autores Associados, 1999. Maria Geny Borges Avila Horle é Secretária Municipal de Educação MEC anuncia financiamento para combate ao analfabetismo O Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União do dia 8 de março, resolução com as diretrizes para o financiamento do Programa Brasil Alfabetizado. A resolução nº 6 estabelece que os órgãos e entidades poderão apresentar projeto de financiamento, a ser concedido mediante assinatura de convênios. O prazo final para esta apresentação será dia 30 de junho. Maiores informações: www.mec.gov.br . 5 POLÍTICA EDUCACIONAL Campanhas de alfabetização no Brasil 1947 Década da Alfabetização Por iniciativa da Unesco, dia 13 de fevereiro foi lançada a Década da Alfabetização (2003 - 2012). Na cerimônia, que aconteceu na sede das Nações Unidas em Nova York, o coordenador da iniciativa Koichiro Matsura disse que o seu objetivo é aumentar em 50% os índices de alfabetização, alfabetizando 861 milhões de adultos no mundo todo, e trazendo para a escola 113 milhões de crianças. A estratégia para isso será a utilização de parcerias entre governo e a sociedade civil, setor privado e comunidades locais. O governo de Eurico Gaspar Dutra começa a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 1952 Inicia-se a Campanha Nacional de Educação Rural no governo de Getúlio Vargas 1958 Juscelino Kubistschek cria a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), reestruturada em 1960 1961 O Movimento de Educação de Base, criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, visa extinguir o analfabetismo com escolas radiofônicas. Atende 455.671 alunos em 14 Estados 1962 O professor da Universidade Federal de Pernanbuco, Paulo Freire, propõe técnica que prevê ensino a aprtir do universo de cada grupo a ser alfabetizado 1964 Em 21 de janeiro, o método Paulo Freire vira programa oficial do governo, mas é extinto em 14 de abril, logo depois do movimento militar 1967 O regime militar (1964 – 1985) cria a Fundação Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) com o objetivo de alfabetizar 11,4 milhões em quatro anos e erradicar o analfabetismo em oito anos (1975). Até 1977, teriam sido alfabetizados 11,2 milhões, reduzindo a taxa de analfabetos para 14,2%. Os dados são questionados (o censo de 1976 estimava 24%) 1985 O Mobral é extinto, e é criada a Fundação Nacional de Educação de Jovens e Adultos (Educar) no governo José Sarney. Em quatro anos, a fundação atendeu a 5 milhões de analfabetos, de um total de 30 milhões 1990 O Pnac (Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania) é criado no governo Fernando Collor com o objetivo de reduzir em até 70% o número de analfabetos em quatro anos 1993 O Plano Decenal, firmado em 1993 por mais de 70 países, sob a chancela da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), é assinado pelo presidente Itamar Franco. A taxa de analfabetismo deveria chegar a zero em 2003 1997 O governo de Fernando Henrique Cardoso cria o programa Alfabetização Solidária. Em junho de 2002, atinge a marca de 3 milhões de alunos em 2.010 municípios Transcrito do Jornal Folha de São Paulo Secretário Chalita preside o CONSED Alunos da Escola Estadual Prof. Aprígio de Oliveira O Secretário de Estado da Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, é o novo Presidente do CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação, órgão que congrega os Secretários de Educação de todos os estados brasileiros. Ele foi eleito dia 20 de fevereiro e declarou que seu principal desafio será o fortalecimento do CONSED, fazendo com que aquele órgão tenha uma participação mais direta na definição das políticas educacionais brasileiras. 6 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Letramento é responsabilidade de todos Síntese da entrevista da Professora Magda Soares ao Jornal Bolando Aula Magda Soares enfatiza em uma entrevista para o Jornal Bolando Aulas a concepção da palavra letramento hoje. As pessoas começaram a confundir letramento e alfabetização; uma coisa perigosa, porque começa -se a achar que letramento abrange todo o processo de inserção no mundo da escrita, e perdese a especificidade do processo de alfabetização. “Alfabetização e Letramento ocorrem simultaneamente: é um erro dizer que primeiro se alfabetiza, depois é que vem o letramento” Magda salienta que os dois fenômenos, duas ocorrências próximas, têm relações estreitas, mas ao mesmo tempo, têm especificidades. A alfabetização é um componente do letramento. A nova palavra permite distinguir claramente o que é alfabetização - a aquisição do sistema de escrita , da tecnologia da escrita - e letramento – o uso dessa tecnologia e o exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Os dois fenômenos, porém, não se dissociam, ocorrem simultaneamente: é um erro dizer que primeiro se alfabetiza , depois é que vem o letramento. Não é assim, ou melhor, não deve ser assim. Diria que devemos alfabetizar letrando: ensinar a ler e a escrever por meio de práticas sociais reais de leitura e de escrita. Uma proposta de ensino do Português voltada Alunos da Escola Municipal (rural) Professora Eunice de Almeida para o letramento, a ênfase sobretudo no Ensino Fundamental , deve ser o desenvolvimento de habilidades de leitura e de produção de texto e também de habilidades de linguagem oral (falar e ouvir). Pode-se dizer que letramento não exclui a língua oral, porque é impossível fazer um corte preciso entre habilidades de leitura e escrita e habilidades de uso oral da língua. É impossível, porque escrita e oralidade são um contínuo, não se pode separar letramento de oralidade; quando se fala de “Professores de todas as áreas têm responsabilidade em relação ao letramento e à alfabetização; a gramática permanece por força da tradição” letramento na escola , está incluída aí a língua oral , mas especificamente as modalidades orais que estão próximas da língua escrita formal; estas é que precisam ser trabalhadas na escola. A gramática permanece, por força da tradição, no ensino da língua. Quando se analisa a história do Português como disciplina curricular, entende-se com clareza o peso que a gramática tem no ensino da Língua Portuguesa. Entende-se porque é tão difícil para os professores reformularem os objetivos do ensino da gramática e o modo de ensinar a gramática, colocando - a a serviço do uso da língua , tanto oral quanto escrita. É de certa forma , o que acontece com a palavra letramento: o ensino da língua sempre se voltou para leitura e produção de textos, mas a palavra letramento vem obrigar a configurar mais claramente o fenômeno, põe mais ênfase nele, aliás, Magda preferiria evitar a palavra “gramática “pois evita-la ajuda a fugir do peso da tradição que ela carrega. Professores de todas as áreas têm responsabilidade em relação ao letramento, se a alfabetização é responsabilidade de um professor específico formado para isso, o letramento, ao contrário, é responsabilidade de todos. A formação do professor deveria prever componentes que lhe permitissem ser formador do leitor na sua área de conhecimento, cada professor tem que desenvolver nos alunos habilidades de leitura e interpretação de textos. O professor alfabetizador hoje precisa de uma formação muito sólida. A escola pública precisa urgente investir nessa formação para vencermos o fracasso que continuamos tendo em alfabetização, é preciso ter bons fundamentos de psicogênese, psicolingüística, lingüística, fonologia. É preciso, portanto, um profissional específico para alfabetizar. Magda Soares é livre docente em Educação pela UFMG. O Jornal Bolando Aula é uma publicação do GRUHBAS Projetos Educacionais e Culturais 7 COM A PALAVRA O PROFESSOR Escola Municipal Primo Villar: prioridade da equipe é desenvolver ambiente alfabetizador adequados ao processo de aprendizagem das crianças Muito mais que alfabetizar Fátima Regina Palanca da Silva Durante muitos anos fui alfabetizadora pelo método tradicional e o interesse em mudar minha prática pedagógica foi devido a minha insatisfação em ver a dificuldade encontrada pela maioria dos alunos no momento em que iam produzir textos. Tinham dificuldade de ler, interpretar e produzir textos coerentes porque aprendiam a ler e escrever mecanicamente. A partir daí, constatei que o motivo desse comportamento foi o fato de terem sido alfabetizados através de cartilha, onde só eram trabalhados sílabas, palavras e textos fragmentados, sem significado nenhum para o educando. Não havia a preocupação em oferecer variedades de gêneros textuais e o contato com seus portadores. Sendo assim, descobri a partir de muita leitura a importância do professor alfabetizador em trabalhar com diversos gêneros textuais e colocar seus alunos em contato íntimo com os mesmos. Isso quer dizer que, alfabetizar com variedades de textos amplia a capacidade cognitiva do aluno, lhe possibilitando o acesso a vários tipos de discursos e, portanto auxiliando-lhe na produção de variedades de textos. Na alfabetização da 1ª série, deve-se oferecer aos alunos variedades de contos, fábulas, histórias em quadrinhos, parlendas, músicas, cantigas de roda e ninar, poesias, trava-língua, rótulos, propaganda, conta de luz, água, etc. Portanto, o contato com esses gêneros textuais o preparará e lhe dará condições para chegar ao letramento facilmente. Segundo M. CARDOSO (1998): “Todo sujeito (salvo em casos patológicos) é capaz de desenvolver um comportamento letrado, desde que o processo de ensino se encarregue de dar-lhe instrumento para isso. Um dos recursos importantes para desenvolver essa atitude é possibilitar aos alunos o convívio freqüente com textos de boa qualidade, de maneira a transformá-los em usuários da Linguagem, ou seja, em leitores e escritores que usufruam e transformem, com liberdade e prazer o mundo da língua escrita”. O verdadeiro papel do professor é o de tutor, pois é ele quem oferecerá e dará condições à criança de se interagir com o objeto do conhecimento (escrita) e a ajudará, ou lhe proporá desafios que lhe dê condições de interpretar e produzir cada dia melhor seus textos. Vale acrescentar que, a maioria dos alunos da escola pública vem de famílias com pouca ou nenhuma escolaridade, não possuem materiais de leitura em casa e o professor por ser letrado, assume um papel crucial para o letramento deles. Fica claro que o papel do alfabetizador é o de inundar essas crianças com aquilo que elas não têm em casa: livros, revistas, jornais, material impresso de todo tipo e deixar esse material à disposição na sala de aula, falar sobre ele e o seu conteúdo; dizer que pode ser usado nas aulas, nos momentos de lazer, ser levado para casa, etc. Isso é fundamental para uma boa alfabetização e o letramento. Devemos desenvolver nos alunos a capacidade de se instruírem por meio de leitura e de selecionar entre muitas informações aquela que mais lhe interessa. Esse tipo de trabalho deve permear todas as etapas do ciclo e também ter caráter interdisciplinar. Possuir um comportamento letrado significa saber comparar, confrontar, ampliar, reduzir, rever. É isso que interessa desenvolver nos alunos. Eles devem se tornar indivíduos que considerem que toda resposta potencialmente incompleta é passível de transformação. Assim, o professor com suas práticas de leitura e produção textual fomentará a curiosidade e dará a criança a chave para abrir a porta desse novo mundo do saber e da leitura. Fátima Regina Palanca da Silva é professora da Escola Municipal Prof. Primo Villar 8 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Construíndo o conhecimento Rony Gladys Albuquerque Lins Melo Precisamos, hoje, resignificar nosso entendimento a respeito do processo de alfabetização e letramento, deixando de ver a alfabetização como uma reprodução de um código, alfabetizar é se inserir num mundo letrado e ser alfabetizado é construir um novo esquema de conhecimentos, sendo que podemos entender letramento como um fenômeno social e cultural. Precisamos também, romper com o antigo paradigma tecnicista, que nos levava a crer que pela repetição e pela memorização as crianças e adultos se alfabetizariam, assim bastava transmitir os passos, sempre com o auxílio da cartilha. Existia toda uma negação quanto aos fatores sociais, bem como a respeito da vivência desses sujeitos. A criança não é uma tabula rasa na qual, a partir do momento em que se matricula numa escola irá começar a construir seu conhecimento. Muito pelo contrário, desde o nascimento, desde o momento que respiramos, já estamos interagindo com o mundo a nossa volta, nos impregnando e impregnando o outro com diversas sensações. Estamos vivos e, portanto, nos modificando num processo constante de crescimento. Atualmente entendemos necessário observarmos nossos aprendizes, adultos ou crianças que ingressam no mundo letrado. É preciso sempre buscar algo novo no seu processo, em suas produções. A escrita é evolutiva, passamos de rabiscos garatujas, para rabiscos de letras Pais,alunos e professores da Escola Municipal Prof. Cynira Oliveira de Castro realizam passeata pela paz ou mesmo letras as quais damos significado, nesse momento o professor deve atuar como escriba, ”traduzindo” o que o outro escreve. Toda escrita é uma técnica sociocultural importantíssima que, depois de apreendida, afeta as funções psíquicas superiores. Principalmente em sua função comunicativa, pelas diferentes fases que o aprendiz passa, de acordo com os trabalhos desenvolvidos pelos psicogenéticos, se faz necessário a intervenção problematizadora do professor. Assim, podemos inferir que a criança aprende no seu cotidiano, na escola, sendo o mais importante a estimulação, a intervenção dos mais experientes nesse processo. A criança lê sem saber ler, ela lê o mundo, da sua maneira mas já o interpreta, pois a escrita e a leitura são objetos sociais de conhecimento Nosso grande desafio, atualmente, não é apenas alfabetizar, mas de propiciar o letramento pôr meio de metodologias diferenciadas, colocando os aprendizes em constante situações de aprendizagens. Só conseguiremos superar o antigo paradigma se ousarmos, se nos propusermos a trabalhar diferente, respeitando cada vez mais o outro, sabendo identificar suas necessidades reais. Compete ao professor construir novas e constantes habilidades para se tornar, nesse mundo repleto de transformações, um profissional competente, o qual realmente irá propiciar momentos de crescimento, aulas mais prazerosas. A escola onde essa criança, esse aprendiz chega faz parte de uma sociedade letrada e particularmente nos grandes centros , industrializado e burocratizado, torna-se um elemento de fundamental importância no seu contexto sócio-cultural. Tem como objetivo construir um corpo de conhecimentos socialmente definidos como relevantes e modos de operar intelectualmente considerados adequados dentro desse contexto social. O maior desafio se encontra nessa finalidade – Como fazer para que cada indivíduo construa novos conhecimentos numa sociedade tão desigual? Com o processo de democratização educacional, com a análise das teorias interacionistas, esse desafio tornou-se maior, na medida em que a clientela da escola hoje, é muito mais heterogênea e algumas vezes desconhecida dos educadores e estudiosos. Para o enfrentamento desse desafio, alguns pressupostos podem ser estudados com o auxílio da psicologia cognitiva, no sentido de aprofundar as reflexões a respeito da criança, do sujeito que aprende, como um ser ativo e interativo, que elabora e verifica hipóteses e, portanto, constrói seu próprio conhecimento. Dá para perceber nesse contexto a importância da formação continuada dos professores, é preciso aprender sempre e constantemente. É preciso mudar nossos conceitos. Se conseguirmos visualizar a importância do processo de alfabetização, se entendermos que vivemos numa sociedade eminentemente pedagógica e, portanto, permeada pelas interações dos indivíduos, conseguiremos ser diferentes, competentes e termos claro que a nossa alfabetização para e pela vida não cessa nunca, pois somos seres humanos e assim, seres inacabados. Rony Gladys Albuquerque Lins Melo é professora dos Cursos de Pedagogia e de PósGraduação da UBC. 9 COM A PALAVRA O PROFESSOR Alfabetização, que ato é este? Andréa Rodrigues Barbosa Marinho A cada início de ano é a mesma história: normatizar os alunos da 1ª série, trabalhar a ansiedade dos pais e ouvir intermináveis “Posso ir ao banheiro, tia?”, “Pula linha?”, “A folha acabou!”, “Sumiu minha borracha!”... ALFABETIZAR torna-se um novo desafio. E logo pensamos “Por que peguei primeira série de novo?”. Porém, qual é o significado da escrita no mundo atual? Se os requisitos exigidos para que alguém seja considerado alfabetizado têm mudado ao longo do tempo, então um maior conhecimento técnico do professor torna-se essencial. Ensinar palavras soltas não capacita nossos alunos a lidar com os desafios de utilizar a escrita com fins comunicativos no mundo. O meu filho, por exemplo, aprendeu a escrever no computador antes de escrever com lápis e papel e como ele, muitas crianças navegam pela internet buscando informações para sanar suas curiosidades ou pesquisas escolares e nesta magia da rede, um site leva a outro e se o aluno não tiver uma seleção, um sentido de busca, ele fica a deriva seguindo todos os links possíveis. Por outro lado, nas comunidades rurais, tudo precisa ser feito dentro da escola, pois não há nomes nas ruas, placas, jornais, números nas casas, outdoors e na maioria das vezes, os pais são analfabetos e o professor assume sozinho o papel da alfabetização. Porém alfabetizar transcende aos sons das sílabas, as frases carregadas de “tudo” é bonito e legal. Alfabetizar é trabalhar técnicas que levem o aluno a uma construção de sua identidade e autonomia do pensar. Contudo, compreender o significado das escritas das crianças e auxiliá-las neste processo evolutivo é apaixonante. As crianças pensam de um jeito especial e muito próprio, têm hipóteses muito criativas que não podemos sufocar. Propor sistematicamente reescritas com técnicas e posturas diferentes faz com que a alfabetização e o letramento ocorram de forma simultânea, aliás, ensinar a escrever textos torna-se difícil fora do convívio com textos verdadeiros. Duplas cooperativas é outra técnica excelente para trabalhar a escrita da criança, suas hipóteses e seu desenvolvimento psicogenético, porém atividades individuais também são essências para que os alunos desenvolvam sua autonomia no pensar e criar. Enfim, somente decodificar letras é perde-se num mundo sem reflexão, ação e criticidade; é perder-se no mundo atual, é estar praticamente “deletado”! E depois de tanto esforço, o fim do ano chega e você vendo o progresso dos alunos, suas idéias e aprendizado, se derrete à magia do magistério escolhendo novamente outra 1ª série e melhor ainda: absolutamente realizada! Andréa Rodrigues Barbosa Marinho é Pedagoga, professora nas Escolas Municipais (R) Bairro Beija Flor e Prof.ª Noemia Real Fidalgo. Professoras da Escola Municipal Prof. Cynira Oliveira de Castro Escola Municipal Professora Noemia Real Fidalgo 10 POLÍTICA EDUCACIONAL Sistema Municipal de Ensino de A rede municipal de ensino de Mogi das Cruzes teve início em setembro de 1950, com a instalação do Parque Infantil Monteiro Lobato, localizado na Ponte Grande. A seguir vieram o Parque Infantil Prof. Benedito Estelita de Melo, instalado em 1959 no Bairro do Socorro e em 1972 o Centro Municipal de Educação PréEscolar Profª Iracema Brasil de Siqueira, na Vila Suissa. Com o passar dos anos os Centros foram transformados em Escolas Municipais de Educação Infantil e hoje recebem o nome genérico de Escolas Municipais. Até 1996 a Prefeitura Municipal continuou mantendo apenas escolas de Educação Infantil. Porém, as disposições da Emenda Constitucional 14, de setembro de 1996, que criou o FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, e a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em dezembro de 1996, determinaram uma mudança significativa no panorama da educação municipal. A Constituição de 1988 garantiu aos Municípios uma autonomia que antes não tinham e estabeleceu que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem organizar, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino; e que os municípios têm o compromisso de atuar prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar. Com vistas a garantir a universalização do ensino fundamental e a remuneração condigna do magistério, a Emenda Constitucional 14, ao criar o FUNDEF, determinou que não menos de 60% dos recursos obrigatoriamente destinados à educação, devem ser aplicados nesse nível de ensino. No caso dos Recreação no Parque Infantil Monteiro Lobato, Ponte Grande, 1973 municípios, portanto, dos 25% da receita resultante de impostos, no mínimo 15% devem ser aplicados no ensino fundamental. Estas disposições mudaram os rumos da educação em todo o território nacional e em especial em São Paulo, onde o ensino fundamental era mantido prioritamente pelo Estado. Parque Infantil Monteiro Lobato, Ponte Grande, 1973 Em Mogi das Cruzes, a Administração Municipal participou do Programa de Municipalização das Escolas Isoladas Rurais desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação e em fevereiro de 1996 passou a administrar as 18 escolas rurais instaladas no município. Nesse mesmo ano foram criadas as primeiras escolas municipais que ministram ensino fundamental. Com base na autonomia concedida aos municípios pela Constituição de 1988, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996, estabeleceu que os municípios podem optar por organizar o seu sistema de ensino ou se integrar ao sistema estadual de ensino, ou ainda compor com ele um único sistema de educação básica. São condições para a existência dos Sistemas Municipais: compromisso com a educação; conjunto de normas de educação; existência e funcionamento 11 Mogi das Cruzes - Retrospectiva Mogi das Cruzes Atendimento aos alunos da Educação Básica (Creche ao Ensino Médio) Tabela I - Número de Alunos por dependência administrativa, variação 2000/2002 Tabela II - Número de Alunos da rede municipal por tipo de ensino 2000 2001 2002 variação Tipo de Ensino 2002 2003* variação Municipais 16.979 19.586 21.470 26,45% Educação Infantil 10.372 12.285 18% Estaduais 69.428 65.456 63.854 - 8,02% Ensino Fundamental 5.875 10.219 74% Particulares 15.362 17.210 17.183 11,85% EJA - Educ. Jovens e Adultos 645 1.335 107% Total 101.540 102.202 102.507 0,95% Educação Especial 83 205 147% 16.975 24.044 42% dependência Total Fonte: Censo Educacional INEP/MEC Fonte: do Conselho Municipal de Educação; órgão de administração da educação municipal; Plano Municipal de Educação e Rede Escolar. Mogi das Cruzes optou por organizar o seu sistema municipal de ensino autônomo e em 1998 o Conselho Estadual de Educação tomou conhecimento e referendou essa posição do Município. Secretaria Municipal de Educação * 2003 - números preliminares Tendo assumido a Secretaria Municipal de Educação em 2001, o trabalho da atual administração tem sido organizar este Sistema, que conta hoje com141 unidades escolares, sendo 90 unidades municipais e 51 particulares, e seu lema oferecer educação de qualidade para todos. Teatralização na CMEPE Professor Benedito Estelita, 1972 Unidades Escolares do Sistema Municipal de Ensino Tipo de Unidade Escolar Centros de Convivência Infantil Municipais (Creches) Escolas Municipais: Número de unidades 11 60 com ensino fundamental (séries iniciais) 20 com educação infantil 31 com educação infantil e ensino fundamental (séries iniciais) 09 Escola Municipal de Educação Especial 01 Escolas Municipais Rurais 16 Centro de Atenção Integral à Criança - CAIC (creche à 8ª série) 01 Centro de Iniciação Profissional Municipal 01 Creches mantidas por entidades filantrópicas * 22 Escolas Particulares de Educação Infantil 29 *Subvencionadas pela Prefeitura Atividades no CMEPE Professor Benedito Estelita, 1972 12 FUNDAMENTOS TEÓRICOS A Educação de Jovens e Adultos Perspectivas Atuais e Novas Possibilidades A educação tem assumido um papel cada vez mais proeminente nas nossas sociedades. O desenvolvimento do ser humano como pessoa e o desenvolvimento do país, muito devem à evolução do nosso sistema educacional. Primazia de algumas classes, tornou-se hoje o passaporte indispensável para a inserção do cidadão. É necessário educar os jovens de hoje, para os desafios de amanhã: eliminando a pobreza, garantindo um desenvolvimento sustentável e de paz duradoura, garantindo os princípios da máxima inclusão social e da igualdade de oportunidades a todos os indivíduos. A criação de um sistema educativo que inclua todos, sem qualquer tipo de exclusão, deve ser a prioridade da sociedade; ou seja, é indispensável que a política educacional considere em igualdade todas as modalidades de ensino. Os jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, também mantêm a titularidade dos direitos fundamentais, direito à educação fundamental enquanto direito do cidadão, de acordo com os objetivos fixados na Constituição e na Legislação Educacional. Através da educação orientada para a laboralidade e o desenvolvimento de valores, atitudes, habilidades e competências que favoreçam a aprendizagem, a adaptabilidade, a inserção no mundo do trabalho, dotando-os das ferramentas básicas, para a sua inserção na sociedade e construção da cidadania, é que EJA, Educação de Jovens e Adultos irá promover os objetivos constitucionais. Integrar Educação Básica e Formação Profissional, aumentar a interação do sistema escolar com a comunidade com o mercado de trabalho, para uma efetiva concretização do direito à educação enquanto dimensão fundamental da liberdade e da cidadania, é prioritário aos sistemas de ensino e primazia dos sistemas municipais de ensino. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames”. Ainda nas disposições transitórias da LDB, Lei Federal 9394/96, observamos como responsabilidade do Poder Público Municipal e supletivamente do Estado e da União em, durante a década da educação, prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados (II, Art. 87). A preocupação em garantir o acesso, a permanência e a progressão de Jovens e adultos na educação escolar transparece, ainda, no Parágrafo único do Art. 39, do capítulo III da LDB, ao dispor que “O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à edu- cação profissional”. Consideramos que um projeto consistente e sério dos Municípios para EJA, deve promover a integração curricular, entre a Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio) e a Profissional, proporcionado aos alunos além da formação para a cidadania, formação ou preparação profissional, educação integrada que lhes permitam construir competências profissionais essenciais para a inserção no mundo do trabalho. Um outro aspecto a ser considerado na EJA, é a questão metodológica. Com o advento da Lei 9394/96, torna-se necessário orientar os estabelecimentos de ensino interessados em organizar cursos de educação de jovens e adultos de ensino fundamental, médio e de educação profissional, para um currículo mais adequado às condições do alunado que busca uma alternativa para iniciar ou concluir seus estudos sem que isso signifique o rebaixamento da qualidade de ensino. É imperativo que a EJA seja pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas que satisfaçam as necessidades de aprendizagem de jovens e adultos . Centros de educação supletiva com cursos modulares, estruturados de forma flexível, que trabalhem o currículo de forma Transversal e Interdisciplinar, orientandose por Projetos de Trabalhos educacionais, rompendo com a fragmentação Disciplinar podem ser considerados uma forma inovadora de organizar o ensino, buscando a correção de históricas inadequações de modelos Maria de Deus E. Lopes Giannattasio pedagógicos seletivos e pouco democráticos que desconsideraram as necessidades sociais de grupos de jovens e adultos. Neste contexto a Pedagogia de Projetos colocase como alternativa metodológica, para o EJA, pois organizando o conhecimento, vinculando-o aos saberes globais, em contraposição aos saberes eminentemente escolares, por disciplinas estanques. Possibilita o diálogo, a pesquisa, a crítica, o autoconhecimento, o exercício da alteridade e a reflexão de valores e atitudes. O trabalho com projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/ aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos. Nessa postura, todo conhecimento é construído em estreita relação com o contexto em que é utilizado, sendo, por isso mesmo, impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes nesse processo. Assegurar aos profissionais da educação que atuam nesta modalidade de ensino, melhores condições de trabalho e formação permanente que faça frente às suas necessidades de atualização é desafio aos Municípios que se pretendem responsáveis na área educacional. Maria de Deus E. Lopes Giannattasio é supervisora de ensino da rede municipal de São Paulo e Gerente de Cursos da GAL Consultoria em Educação 13 Educação de Jovens e Adultos em Mogi das Cruzes O atendimento aos que foram excluídos da escola Da alfabetização até a 4ª série São vários os programas desenvolvidos por iniciativas do poder público, ONGs, outras instituições e voluntariado em geral, em favor da alfabetização de jovens e adultos. Neste 1º semestre de 2003, temos turmas instaladas em vários bairros do município, administradas por diferentes segmentos, para melhor atender àqueles que, por vários motivos, estão excluídos do “mundo fantástico” da leitura e da escrita. A Prefeitura Municipal mantém 50 classes, com 1.750 vagas, em escolas localizadas nas diversas regiões do município. Três organizações não governamentais atuam em Mogi com ações de educação não formal de combate ao analfabetismo. Juntas, elas oferecem 1.045 vagas, em 31 classes. O Programa Alfabetização Solidária, sob a coordenação das Universidades Braz Cubas e de Mogi das Cruzes alfabetiza em 14 turmas, instaladas em escolas municipais e associações comunitárias. A Pastoral da Criança também se preocupa com os jovens não alfabetizados e os atende em quatro núcleos. Já o Conselho Comunitário de Educação e Ação Social da Grande São Paulo mantém em nosso município, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, 13 núcleos do Programa “Educar para Mudar”. Escola Municipal Primo Villar - Biritiba Ussú Séries finais do ensino fundamental A alfabetização é apenas o início do processo de letramento, parte integrante da formação do cidadão. Por isso, a universalização do ensino fundamental, também para os que não o cursaram na idade própria, é essencial para o nosso desenvolvimento social. Também deste esforço têm participado diferentes instituições. O Governo do Estado de São Paulo mantém 73 turmas de Educação de Jovens e Adultos (supletivo) das séries finais do ensino fundamental. Turmas de Telecurso são mantidas pelas escolas estaduais (seis turmas), pela Universidade Braz Cubas (seis turmas) e pelo Serviço Social da Indústria - SESI (9 turmas). Essas ações demonstram o engajamento do poder público e da comunidade mogiana na inclusão social de todos os nossos concidadãos. Veja maiores informações sobre os cursos na página 16 Classe de EJA da Escola Municipal Antonio Pedro Ribeiro Estrada da Moralogia, Bairro Itapeti 14 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Considerações sobre a alfabetização Elisabete Jacques Urizzi Garcia Sermos usuários da língua escrita assegura-nos autonomia naquilo que pensamos. Mas ser usuário,e também produtor, não é sinônimo de ler e escrever. É preciso que haja um encantamento, que a simbologia das letras se transforme num mapa para a conquista real da cidadania. A apropriação, de fato, de uma língua não se faz somente pela decodificação do alfabeto. Acontece quando se é letrado. “Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter se apropriado da escrita” (Magda Soares, Letramento, Belo Horizonte: Autêntica. 2a. ed. , 1998:18). Essas considerações sobre letramento, ou apropriação da língua escrita, ficam, todavia, à margem de uma proposta pedagógica consistente, se não estiverem alicerçadas numa idéia bem clara de como se processa a construção do conhecimento. Ao longo da História da Educação, o mecanicismo utilizado no processo de alfabetização foi um norteador constante, produzindo como resultado mais expoente as angústias de seus agentes, as frustrações de educandos sem consistência de aprendizagem e um conseqüente envolvimento futuro com a língua materna pautado pelas inseguranças e desacertos. Pesquisadores da Educação como Emília Ferreiro, Ana Teberosky, Paulo Freire e outros, no Brasil e no exterior, representam divisores de águas em relação à aquisição da língua escrita. A partir desses teóricos, as idéias de que havia algo de errado com as metodologias e concepções de alfabetização ganharam fôlego. E a certeza de que o conhecimento é construído e reconstruído pelos educandos, a cada nova descoberta, aplacou grande parte dos desânimos, transformando-os, então, em expectativas muito mais comprometidas. Construtivismo, segundo seu precursor Jean Piaget, consiste no conhecimento adquirido através da interação do sujeito com o objeto. Ao agir sobre o objeto (conhecimento), às vezes modificando-o, inventando e descobrindo novas aplicações, este se torna significativamente uma aquisição da criança. Cabe ao professor ajudar seu aluno a sistematizar o conhecimento construído, deixando de ser protagonista do mecanicismo para ser coadjuvante, mas numa história muito mais edificante. Depois de Piaget, Vigotsky também enriqueceu as discussões sobre o uso e a funcionalidade da linguagem, bem como sobre as condições de produção e tipos de discursos. A visão social, histórica e cultural para a construção do conhecimento lançou luzes ao que se denominou Socioconstrutivismo. O conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) também decorre dos estudos de Vigotsky, entendido como distância entre o nível de desenvolvimento real (etapas já alcançadas) e o nível de desenvolvimento potencial (capacidade latente). Segundo Vigotsky, a ZDP não se caracteriza pela estaticidade. Pelo contrário, é produto de transformações constantes, assegurando à criança possibilidades de fazer sozinha aquilo que, antes, ela precisava de auxílio de outros para realizar. Outras postulações sustentam os ímpetos da modernidade que resultaram na concepção dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A Lingüística, a Sociolingüística, a Análise do Discurso não são tendências esquecidas quando se pensa em educação, em especial, aquisição da Língua Materna. A interação entre o aluno e o conhecimento configura a tônica das ações pedagógicas mais recentes, que primam também por integrar as diversas disciplinas curriculares (História, Geografia, Artes, Matemática, Ciências Naturais, Educação Física), convergindo para uma abordagem significativa de aspectos da vida cotidiana do aluno. Também as disciplinas designadas Temas Transversais (Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual) solidificaram sua participação nesse novo panorama, e a relevância de seu papel é inconteste. Quanto à Língua Portuguesa, desde que se desvinculou do Galego, no século XVI, tem o dinamismo como característica premente. Em território brasileiro, nosso idioma acelerou novas assimilações, incorporou muito das línguas indígenas, ficou mais rico com a colaboração de outros povos. Hoje, as variantes lingüísticas são tantas, que é tarefa árdua catalogá-las. Esse contexto acima descrito faz com que a descoberta do mundo codificado pelas letras seja o artifício mais poderoso para a conquista diária da cidadania (letramento). Sob o prisma da diversidade lingüística, a decifração desse código é igualmente um ato de desvendar quem somos na sociedade. Elisabete S. Jacques Urizzi Garcia é professora da UBC e da Escola Municipal Profª Cynira Oliveira de Castro. COM A PALAVRA O PRO Das “aul Quando garoto, eu que bombeiro, piloto de avião, mar mágico. Ficava olhando para imaginando bichos, fi personagens da literatura infan Cresci, hoje, sou profe realizei meus sonhos, todos, plenitude, porque posso voar pelos continentes, brincar de e – esconde nas nuvens, viaja estrelas ... Ao participar dos “Me Momentos da Educação de Adultos”, tive oportunida enriquecer minhas “cartas náut posso dizer, com muita seguran nada é mais emocionante do um professor em ação. 15 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Educação de jovens e adultos Existem inúmeras diferenças entre um individuo que aprendeu a ler e escrever e um outro que não teve a mesma oportunidade. Sem essa conquista o individuo se percebe como um “cego”, essas di- Escola Municipal Primo Villar - Biritiba Ussú OFESSOR ferenças estão associadas a aspectos sociais e econômicos. Os objetivos pedagógicos que propomos para a alfabetização estão além de que os alunos decifrem um simples bilhete. Pretendemos que sejam capazes de ler literal e criticamente textos alheios, de reproduzir, variar e criar textos, adaptando-os aos diversos propósitos comunicativos. Gostaríamos que os alunos chegassem a dominar a escrita para resolver problemas práticos, ter acesso à informação e às formas superiores de pensamento e desfrutar a literatura. Além dos usos sociais da escrita os alunos também deveriam chegar a dominar as formas notacionais que se utilizam em nossa sociedade: gráficos esquemas e ícones convencionais. A escrita tem, no entanto, uma longa história social de mais de cinco mil Marco Antonio de Carvalho linhas” às transformações didáticas eria ser rinheiro, a o céu iguras, ntil. essor e em sua r, correr esconde ar pelas elhores Jovens ade de ticas”. E nça, que que ver ao apresentar um fragmento do meu trabalho, vi-me garoto, agarrando nas crinas dos ventos alísios. Meu coração bateu forte, minhas mãos transpiraram ... Tal como uma mãe que não percebe sua importância nos trabalhos diários em prol de sua família, tornando sua casa numa extensão da sua alma, proporcionando uma vida harmoniosa para seus habitantes. Esta mãe por muitas vezes desvalorizada, não ganha um acalanto, um carinho, um abraço. E eu não acreditava que aquela “aulinha”, rascunhada lá pelas tantas da madrugada, direcionada aos meus “meninos”, iria contribuir para um grupo seleto e de rica cátedra. Enganei-me. Foi muito rico apresentar meu trabalho e grandioso o reconhecimento dos profissionais. Foi transcendental. As contribuições deste evento pairam no universo das transformações didáticas, em que as trocas de experiências foram ricas e pertinentes no que tange à qualidade de ensino. Colegas, façamos de nossas aulas grandes momentos Até o próximo “Melhores Momentos da Educação de Jovens e Adultos”. Marco Antonio de Carvalho é Professor Orientador de Aprendizem do Projeto Telecurso 2000, no CE SESI nº 175. anos. E a conquista dessa representação se dá na mesma direção do processo histórico, independente de o aprendiz ser adulto, jovem ou criança o que não pode ser desconsiderada é a experiência de vida já conquistada pelo aluno adulto. Aprender a ler e escrever compreende aspectos notacionais (compreender a natureza do sistema da escrita) levantando hipóteses/confronto, comparação de escritas conhecidas ou memorizadas no contexto, buscando regularidades e os aspectos discursivos conhecido como letramento (funcionamento da linguagem que se usa para escrever) usando diversos portadores de textos e gêneros, atribuição de significados buscando intenção do autor, planejamento da forma e conteúdo da escrita de acordo com a situação comunicativa. O letramento e a alfabetização representam faces do conhecimento da linguagem que concomitantemente devem estar presentes no campo do ensino- aprendizagem. As capacidades e habilidades a serem enfatizadas nesse trabalho levam o aluno a compreender, interpretar, relacionar, generalizar, analisar e sintetizar. O pensamento se amplia para a leitura de mundo e de sua vida como identidade pessoal e social. Texto elaborado pela Coordenação de Cursos da ECOPLAN – Estudos, Consultoria e Planejamento. Seu currículo deve conter: 16 INFORMAÇÃO Locais onde funcionam as classe de Educação de Jovens e Adultos em Mogi Classes de Alfabetização Turmas do Programa Alfabetização Solidária Coordenadas pela Universidade Braz Cubas Universidade Braz Cubas - Mogilar ABOMORAS - Associação Beneficente Onde Moras EM Profª Ana Lúcia F de Souza - Vila Rachel EM Profª Etelvina Cáfaro Salustiano - Conjunto Jefferson EM Profª Marlene Muniz Schimidt - Vila Morais EM Profª Tereza Martins Pinhal - Vila Jundiaí EM Prof. Sérgio Hugo Pinheiro - Jardim Nove de Julho Coordenadas pela Universidade de Mogi das Cruzes Vila Paulista - R. Francisco Rodrigues, 77 Jd. Cecília - R. Jugurtha Lourival Glória, 62 Braz Cubas - R. Alexandrina de Paula, 1041 Pq. das Varinhas - R. 7, 23 Vila Nova União - R. Joaquim de Melo Freire Jardim Piatã - R. Galgão, 1225 EM Prof. Mário Portes - Jundiapeba Núcleos da Pastoral da Criança Com. N.Sra. Mãe da Igreja (Paróq. Sta. Cruz) - Rodeio Com. Santa Cruz (Paróq. Santa Cruz) - Ponte Grande Com. Sta. Terezinha (Paróq.N.Sra. do Carmo) – V. Natal Com. S.José Operário (Paróq.S.José Operário) - Mogilar Núcleos do Programa “Educar para Mudar” Mantidos pelo Conselho Comunitário de Educação e Ação Social da Grande São Paulo, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo Jd. Cecília - R. Prof. Gumercindo Coelho, 174 Vila Brasileira - R. João Batista Monteiro, 750 Jundiapeba - Estrada das Varinhas, km 3,5 Vila Paulista - R. Francisco Rodrigues, 77 Porteira Preta - R. Koeji Adashi, 8 Vila Jundiaí - R. Odilon Afonso, 375 Ponte Grande - R. Cabo Diogo Oliver, 1509 Conj. São Sebastião - R. Pedro Paulo de Carlo, 500 Jd. Aeroporto III - R. Aeronauta, 11 Vila Jóia - R. Mário Yoshida, 631 Conjunto Sto. Angelo - Estrada M.M. do Rio Grande, 20-5 Jd. Esperança – R. Sequóia s/nº Jd. Cecília - R. Simão da Cunha Gago, 162 Classes de EJA (supletivo) – 1ª à 4ª séries Mantidas pela Prefeitura Municipal EM Prof. Adolfo Cardoso - Bº Quatinga EM Profª Ivete Chuery Vicco - Jardim Ivete EM Prof. Afonso Caporalli Fº - Conjunto Nova Cocuera EM Kaoru Hiramatsu - Bº Oroxó EM Dr. Luiz Beraldo de Miranda - Parque Olímpico EM Dr. Álvaro de Campos Carneiro - Nova Jundiapeba EM Profª Ana Lúcia F. de Souza - Vila Rachel EM Prof. Mário Portes - Jundiapeba EM Profª Ana Maria Barbosa Garcia - Botujuru EM Profª Marlene Muniz Schimidt - Vila Morais EM Narcisa das Dores Pinto - Jardim Aracy EM Prof. Antonio Pedro Ribeiro - Bº Itapeti EM Profª Cecília de Souza Lima Viana - Taiaçupeba EM Prof. Primo Villar - Bº Boa Vista - Biritiba Ussú EM Profª Cenira Araújo Pereira - Chácara Guanabara EM Prof. Sérgio Hugo Pinheiro - Jardim Nove de Julho EM Profª Emilie Nemme Afonso - Vila Paulicéia EM Profª Sonia Brasil Siqueira Andreucci - Jd. Margarida EM Profª Etelvina Cáfaro Salustiano - Conjunto Jefferson EM Profª Tereza Martins Pinhal - Vila Jundiaí EM ® Prof. Horácio da Silveira - Cocuera EM Fujitaro Nagao - Cocuera EM Profª Guiomar Pinheiro Franco . Jardim São Pedro EE Profª Wilma de Almeida Rodrigues - Bº Taboão EM Prof. Hélio dos Santos Neves - Bº Novo Horizonte Classes de EJA (supletivo) – 5ª à 8ª séries Mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo EE Antonio Olegário S. Cardoso – Jd. Stos Dumont II EE Camilo Faustino de Melo - Bº Socorro EE Francisco de Souza Melo - Botujuru EE Leonor de Oliveira Melo - Mogilar EE Prof. Benedito Borges Vieira - Vila Morais EE Prof. Firmino Ladeira - Mogi Moderno EE Prof. Ilson Gomes - Jd. Ivete EE Profª Iracema Brasil de Siqueira - Ponte Grande EE Profª Isabel Ferreira da Silva - Vila Brasileira EE Aprígio de Oliveira - Carmo EE Prof. Paulo Ferrari Massaro - Jundiapeba EE Pedro Malozze - Alto do Ipiranga EE Ver. Narciso Yague Guimarães - Vila Natal Turmas de TELECURSO Mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo EE Prof. Rubens Mercadante de Lima - César de Souza EE Prof. Claudio Abrahão - Vila Jundiaí EE Prof. José Sanches Josende - Jd. Aeroporto III Mantidas pela Universidade Braz Cubas Universidade Braz Cubas - Campus I - Mogilar Universidade Braz Cubas - Campus II – Centro Serviço Social da Indústria - SESI Centro Educacional SESI 365 - Jd. São Pedro Centro Educacional SESI 113 - Vila Industrial Centro Educacional SESI 413 – Braz Cubas 17 INFORMAÇÃO Currículo ou Curriculum Vitae? Antonio Carlos Mathias Trata-se da mesma coisa. É o relato de nossa vida profissional. O termo CurrIculum Vitae vem do latim e literalmente quer dizer “resumo da vida“. A preparação do currículum difere de país para país. No Brasil, valem os padrões norte–americanos, com currículos curtos (2 páginas), enquanto na Europa eles costumam ter entre 4 ou 5 folhas. O currículo tem a finalidade de informar as experiências profissionais e habilidades para o mercado de trabalho, clareando assim, espaço para novos empregos e experiências. Sem dúvidas, o currículo é a primeira coisa que pensamos na hora de começar a procurar emprego. Precisamos preparálo com muita atenção e objetividade e não podemos nos esquecer da pessoa que irá analisá-lo. Temos que elaborar um currículo de tal forma que seja de fácil compreensão e atraia o selecionador para que você seja chamado para uma entrevista. Faça seu currículo como se fosse seu “cartão de visita“, pois ele é o espelho da sua vida profissional. Seu currículo deve conter: 1. Dados pessoais É preciso colocar idade, estado civil e número de filhos, endereço, telefone (no mínimo dois), e-mail. Facilitar a sua localização. 2. Objetivo Deixar claro o que você deseja, comunicando a função ou a área de atuação ou interesse. 3. Resumo das qualificações Em poucas palavras apontar suas principais realizações profissionais, bem como resultados alcançados. Mostrar porque você é um forte candidato. 4. Formação acadêmica/Escolaridade Informar com a modalidade, apenas o último nível escolar, concluído ou não, com o nome da entidade e ano de conclusão. 5. Idiomas/outros cursos Idiomas: informar o nível de domínio. Cursos de atualização e especialização: indicar os mais importantes. Informática: relacionar os programas. 6. Experiência profissional Relacionar no máximo 4 empresas, destacando a função, tempo e ramo de atividade. Começar pela última empresa. 7. Outras informações (informações complementares) Utilizar no máximo três linhas para comunicar algo importante relacionado ao objetivo ( pesquisa, estágio etc. ) e/ou atividades sociais. 8. Assinatura e data Alguns especialistas recomendam não assinar o currículo, entretanto somos da opinião que a assinatura ratifica as informações prestadas. Recomendações: Máximo duas folhas; Não é necessário enumerar os ítens do currículo; Não é preciso colocar os endereços das empresas em que trabalhou; Número de documentos só quando solicitado; Não se deve colocar referências e agradecimentos; O último salário e a pretensão, só informar quando exigido; Não é necessário escrever o termo currículo, inicie pelo seu nome; - Só juntar foto quando solicitado; Utilize papel A4 e envelope branco; Nunca mentir. (MODELO DE CURRÍCULO) JOSÉ CARLOS DOS SANTOS Av. João das Flores, 32 – Alto do Ipiranga CEP 09998-45 – Mogi da Cruzes – SP Tel. (011) 5777-4242 – Cel.90098902 e-mail: [email protected] casado 02 filhos 08/04/54 OBJETIVO: COMPRADOR RESUMO DAS QUALIFICAÇÕES (uso inadequado de termos, expressões e jargões, palavras dúbias e exagero nas habilidades são alguns dos problemas que podem acabar com suas chances durante a entrevista) FORMAÇÃO ACADÊMICA Administração de Empresas – Universidade de São Paulo Início em 1990 – Término em 1995 IDIOMAS/OUTROS CURSOS Inglês intermediário Aperfeiçoamento das rotinas de compra - ERG – 59h Relações humanas – AVANÇO - 40h Gerência de Compras – TEMA – 100h EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL Galva Ind. e Com. ( 06/95 a 08/02 ) Indústria Metalúrgica Cargo: Comprador Batira Serviços Empresarias ( 05/91 a 03/95 ) Serviços de Assessoria contábil Cargo: Assistente Contábil Mecânica Pesada Chaves ltda. ( 06/86 a 03/91 ) Indústria Metalúrgica Cargo: Auxiliar de Compras INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Estágio realizado na Câmara de Negócios e Tecnologia ( 3 meses ) Trabalho comunitário junto à Casa dos Idosos Mogi das Cruzes, 23 de março de 2003 Antonio Carlos Mathias é diretor de Tecnologia e Emprego da Secretaria Municipál de Desenvolvimento Econômico e Social 18 HISTÓRIA História de uma matrícula (de no Grupo Escolar Quando a criança já sabe ler e domina alguns elementos da escrita, no passado como hoje, fica descontente por estar em uma sala de aula na qual revive experiências de anos anteriores; sente-se saciada das atividades e sem motivação, tende a querer ir além. Este desejo cresce se pessoas de suas relações seguem para classes mais avançadas. Vivenciei esta experiência no final da pré-escola. Os anos 40 estavam em seu início. Conhecidos, primos e primas , um pouco mais velhos, estavam indo para o grupo escolar. Eu também queria, achava que podia ir com eles. A lei estabelecia que para tanto já devia ter sete anos! Gostava muito da “Escola da Dona Narcisa” (Lembram-se?), mas ela não me satisfazia mais, precisava ir adiante e tinha o exemplo de parentes e amigos que , por terem alguns meses a mais , já podiam ir para o Grupo Escolar. Ir para o “Cel. Almeida” era uma glória, seus professores eram considerados de primeira linha, a escola era grande, bonita, um prédio imponente. Falava-se sempre na qualidade de seu ensino nas conversas entre crianças e entre adultos. O sonho de ser aluna daquele grupo escolar crescia em mim, a cada dia, talvez a cada hora... Alimentava um comportamento de insistência, de certa petulância e de exigência desproporcional para uma menina de 6 anos. Tinha de conseguir que fossem me matricular. Logo não haveria mais tempo. A insistência aumentava e a rejeição pela idade, como desculpa , não era aceita e vinham o resmungar e até chorar e aumentavam os atritos com meus pais, carinhosos mas incomodados com a situação. Possivelmente cansados com estes episódios numerosos e intensos, ocupando quase o dia todo, meus pais tomaram uma decisão. Mamãe reiterou que eu não tinha idade, que não conseguiria a matrícula, mas se desejasse tentar que fosse ao grupo e pedisse para se matricular. Reiterando a limitação, entregou-me a certidão de nascimento e disse-me para ir conversar com o diretor. Meu pai que ia para o serviço acompanhou-me até próximo ao portão; um cartaz anunciava Matrículas e outras palavras que já não me lembro. Atravessei a rua e papai seguiu seu caminho. Do portão fiquei olhando ele se afastar e desaparecer na primeira esquina. Antes disso, voltou-se para mim e acenou sorrindo. Entrei no Grupo Escolar; sentia um misto de admiração, de alegria, de medo, mas queria tanto estar ali... Encaminhada para a Diretoria, fui recebida por uma senhora que me mandou sentar em um sofazinho de madeira, alto para mim, as pernas balançando no ar, o tempo parado e ao mesmo tempo correndo, uma confusão de emoções me envolvendo. Mandoume entrar na sala do Diretor, que me recebeu com um sorriso e mandou-me sentar em uma cadeira diante de sua escrivaninha. Foi uma surpresa! Era o professor Benedito (não me lembro o nome todo), alto, magro, mulato, que morava na mesma rua que eu , pegado à padaria, sempre de terno e gravata; nos encontrávamos às vezes na padaria , onde era atendido com muita atenção e respeito. Vira papai conversando muitas vezes com ele. Mas isto não me deu maior segurança. Perguntou-me o que eu queria. Entreguei-lhe meu documento. Antes de responder-me começou a conversar sobre a “minha pré – escola”, do que gostava etc. Concluiu que eu gostava tanto de lá e da professora que poderia ficar mais um tempo lá até ter idade para entrar no grupo. Perguntei quando isto iria acontecer. Carinhoso, sorriu e disse que isto iria acontecer quando os meus dois dentes da frente tivessem caído. Então poderia ser aluna do Cel. Almeida. Entregou meu registro de nascimento. Insisti e perguntei se quando não tivesse os dentes poderia ser aluna. Sorriu confirmando e me levando até a porta. Saí pensativa, triste, mas buscando uma solução. Desci as escadas e sai correndo pelas ruas. Na rua Dr. Deodato Wertheimer havia o consultório de um dentista que freqüentávamos. Quando chegou a minha vez, sentou-me na cadeira e perguntou o que eu fui fazer, se estava só. Disse-lhe que precisava tirar já os quatro dentes da frente. Ele disse que não era bom ainda, pois não tinha chegado a hora, e , mais , estavam muito firmes. Acho que impressionado 19 e compreensão e de carinho) Coronel Almeida com minha expressão facial resolveu falar com meu pai, por telefone. Foram alguns minutos com duração de horas e ele falou: “Seu pai disse que se você assim decidiu, como não será um grande prejuízo, que eu arranque seus quatro dentes”. Fiquei feliz... Ele tirou dois incisivos de cima e dois de baixo, conforme pedi. Sai correndo de volta ao Cel. Almeida; correndo fui direto à Diretoria. A professora da ante-sala olhou-me espantada e gentilmente, com seu lenço, limpou-me o rosto, ajeitou meus cabelos e introduziu-me na sala do Diretor. Ele também olhou-me espantado, mas muito delicadamente ajudou-me a sentar na cadeira. Triunfante, sorrindo com a boca ensangüentada, eu apontei as quatro falhas e disse: “Agora já não tenho os dentes, já não tenho quatro dentes! Agora posso ser matriculada no Cel. Almeida”. Ele sorriu, pegou meu documento, limpou-o com cuidado. Disse, então: “Você é muito corajosa e quer tanto ser nossa aluna que, mesmo sem ter idade, vou matricula- la. Diga aos seus pais que está matriculada no primeiro ano e que deve vir às aulas já no primeiro dia.”Levantou-se, deu-me um abraço, sorriu e devolveu–me o documento. Não lembro se agradeci a ele ou à outra professora. Só lembro da correria para chegar em casa e dizer que era aluna do Cel. Almeida. Fui recebida com beijos, abraços e lágrimas pela minha mãe e outros que lá estavam. Ao voltar do trabalho, ao cair da tarde, papai entregou-me um embrulho pardo e me abraçou e beijou, o que não era comum nele. No embrulho estava a minha primeira pasta escolar (era o que se usava; melhor que as mochilas que tanto preocupam hoje). Fiquei muito feliz. A Geraldina Porto Witter falta dos dentes incomodava, uma dorzinha nos locais onde estiveram era desagradável, mas eu estava FELIZ e todos compartilhavam e ampliavam a minha felicidade. Foi assim que, recebida com compreensão e carinho, vivi uma doce aventura que me permitiu ser, antes do tempo, aluna do Cel. Almeida. Geraldina Porto Witter é Gestora Acadêmica do Curso de Psicologia da UMC e Professora da PUC Campinas 20 PLANO DE TRABALHO Cemforpe define programação visando o ensino de qualidade Assegurando formação contínua, o Cemforpe procura proporcionar a todos professores da rede municipal, um trabalho de mudanças, implementação e conhecimento de políticas educacionais globalizadas. Nessa visão, a formação continuada da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes caminha em direção a mudanças educacionais e redefinição da profissão docente, sempre engajada aos projetos das escolas e conseqüentemente aos saberes de seus alunos. Maiores informações podem ser obtidas na Secretaria Municipal de Educação, na Avenida Vereador Narciso Yague Guimarães, 277, Centro Cívico - Telefone 4798-5085 Professores das Escolas Municipais se atualizam no Curso “Alfabetização e Letramento - Uma Nova Visão” Programação para o 1º semestre de 2003 Oficina Pedagógica - Barsa - Turma 1/ Turma 2 15/02 Oficina Pedagógica - Barsa - Turma 3 / Turma 4 22/02 Artes Cênicas como Instrumento de Educação - Módulo I - Turma 1 / Turma 2 11/03 a 20/05 Estudando o Meio Ambiente em Ciências 12/03 a 14/05 Interdisciplinaridade na EJA 15/03 a 24/05 Alfabetização e Letramento - Uma nova visão 15/03 a 24/05 Construindo Pensamento e Linguagem Matemática pelos nexos conceituais do sistema de numeração decimal 17/03 a 26/05 Tocando, cantando, fazendo música com crianças - Módulo III 03/04 a 12/06 Palestra - Inteligências Múltiplas - T1 / T2 (para todos os professores da rede municipal) 28/03 Estimulação e Movimento - Turma 1 12/04 Estimulação e Movimento - Turma 2 26/04 Revendo o Ensino da Geometria na Educação Infantil 10/05 a 28/06 Massagem Shantala - Turma 1 (para Auxiliares de Desenvolvimento Infantil) 17/05 Massagem Shantala - Turma 2 (para Auxiliares de Desenvolvimento Infantil) 24/05 Artes Cênicas como Instrumento de Educação - Módulo II - Turma 1 29/05 a 26/06 Artes Cênicas como Instrumento de Educação - Módulo II - Turma 2 30/05 a 27/06 Palestra - Atendimento a Alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais pelo 30/05 Sistema Municipal de Ensino (para todos os professores da rede municipal) Oficina de Reciclagem - Turma 1 31/05 Oficina de Reciclagem - Turma 2 07/06