UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA Mayara Moreira Miranda Priscilla Ravila Porto Chagas Satiane Terezinha Maulli “ANÁLISE DO PERFIL PNEUMOFUNCIONAL DOS TRABALHADORES DE SERRARIAS EXPOSTOS AO PÓ DE MADEIRA NO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ – PA – BRASIL” BELÉM – PA 2009 Mayara Moreira Miranda Priscilla Ravila Porto Chagas Satiane Terezinha Maulli “ANÁLISE DO PERFIL PNEUMOFUNCIONAL DOS TRABALHADORES DE SERRARIAS EXPOSTOS AO PÓ DE MADEIRA NO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ – PA – BRASIL” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientador (a): Profª. Ms. Ft. Valéria Marques Ferreira Normando. BELÉM – PA 2009 Mayara Moreira Miranda Priscilla Ravila Porto Chagas Satiane Terezinha Maulli “ANÁLISE DO PERFIL PNEUMOFUNCIONAL DOS TRABALHADORES DE SERRARIAS EXPOSTOS AO PÓ DE MADEIRA NO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ – PA – BRASIL” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientador (a): Profª. Ms. Ft. Valéria Marques Ferreira Normando. BANCA EXAMINADORA Profª. Ms. Ft. Valéria Marques Ferreira Normando Orientadora Profº. Ft. Paulo Eduardo Santos Avila Ft. Daniela Lobato Nazaré Apresentado Em: ____/____/______ Conceito: _____________ BELÉM – PA 2009 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho de conclusão aos nossos pais, irmãos, familiares, namorado e amigos que de muitas formas nos incentivaram e ajudaram para que fosse possível a concretização deste trabalho. AGRADECIMENTOS Agradecemos, primeiramente, à Deus, que proporcionou essa vitória iluminando-nos ao longo desse caminho e criando oportunidades para que isso acontecesse. Aos nossos pais, nosso alicerce ao longo dessa jornada que sempre ofereceram carinho e amor quando precisávamos. À nossa querida orientadora, Profª. Valéria Normando, pela sensibilidade, atenção e carinho ao longo desse trajeto que a princípio era tão difícil, mas que com sua ajuda permitiu que este trabalho se desenvolvesse. Aos trabalhadores e responsáveis das Indústrias pela compreensão e colaboração ao aceitarem a proposta deste estudo. À todos os amigos, familiares e namorado pelo apoio, incentivo, dedicação e tolerância, por aturarem nossos estresses durante este período e por permanecerem ao nosso lado nos momentos difíceis, por contribuírem indiretamente para a realização deste projeto. Às minhas super amigas, Priscilla e Satiane, minhas grandes companheiras ao longo desse ano tão difícil, que me deram forças quando mais pensei em fraquejar e desistir. Amigas, vocês são meus amores que moram no meu coração. Adoro vocês, meninas! (Mayara). O dinheiro é inútil se você perde o bem mais valioso de tudo, a saúde. Bernardino Ramazzini RESUMO Estima-se que pelo menos dois milhões de pessoas estão expostos à poeira de madeira todos os dias em todo o mundo. A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. Este estudo tem como objetivo avaliar o perfil pneumofuncional dos trabalhadores expostos ao contato direto com o pó de madeira. Foram avaliados trinta e seis trabalhadores de oito Indústrias Madeireiras que exercem a ocupação de destopadores, serradores e/ou circuleiros com idade compreendida entre vinte e dois a quarenta e cinco anos, devendo os mesmos não apresentar doenças respiratórias atuais ou patologias associadas. A coleta de dados foi realizada mediante a aplicação de um questionário e por meio de uma avaliação pneumofuncional. Os resultados foram analisados juntamente com os valores espirométricos, os quais foram comparados à valores previstos de acordo com o Consenso de Espirometria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002). Os resultados espirométricos se mostraram abaixo do previsto para as variáveis CVL, CVF, VEF1, VEF1/CVF, PEF, FEF25%-75% e MEF50%, ocorrendo significância estatística apenas para as variáveis CVL, VEF1 e MEF50% e valores acima nas variáveis MEF75% e VEF1/CVF, com p=0,021, demonstrando-se estatisticamente significante. Ao se comparar os grupos tabagistas e não-tabagistas não se obteve diferença estatística. Houve prevalência dos valores da CVL e MEF50% abaixo do predito para o grupo dos não-tabagistas, com uma diferença pequena e não significativa. De acordo com a função pulmonar foi observado que 25,9% dos trabalhadores apresentaram prova de função alterada sugerindo a presença de distúrbio ventilatório restritivo de leve a moderado, mas não houve significância estatística entre a presença de alteração da função pulmonar, os hábitos tabagícos e a ocupação. Palavras-chaves: Espirometria. Poeira de Madeira. Exposição Ocupacional. ABSTRACT It´s estimated that at least two million people are exposed to wood dust every day around the world. The spirometry is test than helps prevent and allows the diagnosis and quantification of respiratory disorders. This study aims to evaluate the profile pneumofuncional of workers exposed to direct contact with wood dust. We evaluated thirty-six workers from eight wood insdustries engaged in the occupation of destopadores, sawyers and circuleiros aged among twenty-two to forty-five years old, and they don´t have current or respiratory comorbidities. Data collection was performed by applying a questionnaire and by an evaluation pneumofuncional. The results were analyzed together with spirometric values, which were compared to predicted values according to the Consensus on Spirometry of Pneumology and Tisiology Brazilian Society (SBPT, 2002). The spirometric results is shown below that expected for the variables SVC, FVC, FEV1, FEV1/FVC, PEF, FEF25% -75% and MEF50%, with statistical significance only for the variables SVC, FEV1% and MEF50 and higher values in the variables MEF75% and FEV1/FVC%, p = 0.021, demonstrating statistically significant. Comparing the groups smokers and non-smokers wasn’t obtained statistically. The prevalence values of SVC and MEF50% lower than predicted for the group of nonsmokers, with a small difference and not significant. According to pulmonary function was observed that 25.9% of workers showed evidence of altered function suggesting the presence of restrictive lung disease from mild to moderate, but there was no statistical significance between the presence of changes in lung function, smoking habits and occupation. Keywords: Spirometry. Wood Dust. Occupational Exposure. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 – Efeitos dos poluentes na função respiratória. ........................................................ 22 Quadro 2 – Efeitos Adversos dos Poluentes no Aparelho Respiratório. .................................. 22 Gráfico 1 – Distribuição das Ocupações exercidas pelos trabalhadores nas Indústrias. .......... 30 Gráfico 2 – Percentagem do Tempo de Exposição Inalatória Ocupacional à Poeira de Madeira em anos. .................................................................................................................................... 31 Gráfico 3 – Frequência da presença de Sinais e Sintomas Respiratórios Relatados pelos Trabalhadores Expostos a Poeira de Madeira........................................................................... 32 Gráfico 4 – Frequência de Sinais e Sintomas Respiratórios Relatados pelos Trabalhadores Expostos a Poeira de Madeira. ................................................................................................. 32 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição da média de idade de trabalhadores não-tabagistas e tabagistas expostos a poeira de madeira. ................................................................................................... 29 Tabela 2 – Distribuição do peso e altura de trabalhadores não-tabagistas e tabagistas expostos a poeira de madeira. .................................................................................................................. 30 Tabela 3 – Análise da função pulmonar de trabalhadores sob exposição inalatória ocupacional em relação aos valores previstos pelo Consenso de Espirometria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002). ................................................................................. 33 Tabela 4 – Comparação dos valores espirométricos do grupo de trabalhadores tabagistas e não-tabagistas sob exposição inalatória ocupacional em relação aos valores previstos pelo Consenso de Espirometria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002). ........................................................................................................................................ 34 Tabela 5 – Frequência e porcentagem dos tipos de distúrbios respiratórios encontrados entre os trabalhadores da pesquisa..................................................................................................... 35 Tabela 6 – Frequência e porcentagem dos tipos de distúrbios respiratórios encontrados entre os grupos de tabagistas e não-tabagistas................................................................................... 35 Tabela 7 – Correlação da frequência e porcentagem dos tipos de distúrbios respiratórios quanto a ocupação exercida. ..................................................................................................... 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATS American Thoracic Society CEP Comitê de Ética em Pesquisa CPT Capacidade Pulmonar Total CV Capacidade Vital CVF Capacidade Vital Forçada CVL Capacidade Vital Lenta DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica FC Frequência Cardíaca FR Frequência Respiratória FEF25%-75% Fluxo expiratório forçado médio na faixa intermediária da CVF IARC Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. ISAAC International Study of Asthma and Allergies in Childhood MEF50% Fluxo Expiratório Máximo em 50% MEF75% Fluxo Expiratório Máximo em 75% MRC Medical Research Council NSA Não se Aplica PA Pressão Arterial Sistêmica PFE Pico de Fluxo Expiratório SBPT Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNAMA Universidade da Amazônia VAS Vias Aéreas Superiores VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo VEF1/CV Relação entre Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo e a Capacidade Vital VEF1/CVF Relação entre Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo e a Capacidade Vital Forçada (índice de Tiffeneau) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 14 2.1 A EXPLORAÇÃO E O BENEFICIAMENTO MADEIREIRO NO ESTADO DO PARÁ ............................................................................................................................ 14 2.2 PÓ DE MADEIRA ........................................................................................................ 15 2.3 EFEITOS SOBRE A SAÚDE DA EXPOSIÇÃO AO PÓ DE MADEIRA ................... 16 2.4 TOXICIDADE .............................................................................................................. 17 2.5 EFEITOS DA EXPOSIÇÃO DE PARTÍCULAS DE MADEIRA NO TRATO RESPIRATÓRIO .......................................................................................................... 18 2.5.1 Deposição e retenção de partículas ......................................................................... 19 2.5.2 As partículas e o sistema mucociliar ....................................................................... 20 2.6 EFEITOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................ 21 2.7 PROVAS DE FUNÇÃO PULMONAR ........................................................................ 23 3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 25 3.1 APROVAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 25 3.2 TIPO DE ESTUDO ....................................................................................................... 25 3.3 LOCAL DO ESTUDO .................................................................................................. 25 3.4 AMOSTRA ................................................................................................................... 25 3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO....................................................................................... 26 3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ..................................................................................... 26 3.7 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS....................... 26 3.8 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 28 4 RESULTADOS.............................................................................................................. 29 5 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 36 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 43 7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ................................................................................ 44 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45 APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 50 APÊNDICE 2 .......................................................................................................................... 51 APÊNDICE 3 .......................................................................................................................... 52 APÊNDICE 4 .......................................................................................................................... 54 ANEXO 1 ............................................................................................................................... 56 12 1 INTRODUÇÃO O Pará é o principal Estado produtor de madeira amazônica, representando 45% do total produzido. O Estado também concentra 51% das empresas madeireiras e gera 48% dos empregos da Indústria Madeireira da Amazônia (LENTINI et al, 2005). No ano de 2000 aproximadamente treze milhões de pessoas estavam ocupadas no setor florestal em todo o mundo. Os trabalhadores podem estar expostos à poeiras de madeira em todas as fases de transformação da mesma. Durante muitos anos, o pó de madeira foi considerado como uma poeira que gerava transtornos, a qual irritava o nariz, os olhos ou a garganta, mas não causavam problemas de saúde permanentes (GOVERNO DE ALBERTA, 2004). Na fase de industrialização da madeira, este processo utiliza trabalhadores que laboram em galpões/barracões industriais (serrarias, laminadoras, beneficiadoras e fábricas de compensado) manipulando máquinas antigas e obsoletas, não automatizadas, de baixa produtividade e sem as devidas proteções (PIGNATI; MACHADO, 2005). Os trabalhadores do setor madeireiro estão expostos, rotineiramente, a uma variedade de fatores de risco ocupacionais, entre eles o pó de madeira e produtos químicos sintéticos utilizados para conferir à mesma, resistência e durabilidade (BAHIA, 2001). Desde o início do século XVIII, o pó de madeira foi conhecido por afetar a saúde dos trabalhadores. Até recentemente, o foco principal tem sido a associação com neoplasias malignas na região nasossinusal, mas recentemente também tem o foco voltado para os sintomas não-malignos que afetam grande parte da população, embora as conseqüências pessoais sejam menos graves. Alergias, asma, rinite e bronquite crônica são os mais freqüentes sintomas não-malignos (LANGE, 2008). Segundo Fernandes (2006), depois da pele, o trato respiratório é sistema orgânico em maior contato com o meio ambiente. Logo, a poluição ocupacional e ambiental na forma de poeiras, fumos, vapores e gases tóxicos são fatores de risco importante para o sistema respiratório. O reconhecimento adequado dos riscos no ambiente de trabalho e dos riscos à saúde relacionados com os mesmos fornece boas razões para levar a cabo diversas decisões e ações profiláticas, como também para gama e a frequência dos exames médicos. A influência e o mecanismo do efeito adverso do pó de madeira sobre as vias aéreas devem ser objetos de 13 investigação e devem ser refletidas em adequada regulamentação jurídica referente aos riscos ocupacionais, a fim de eliminar ou limitar ao máximo o risco sanitário (BARAN; TEUL, 2008). Com base nas condições de trabalho para manipulação da madeira em relação às práticas de segurança e acessibilidade dos trabalhadores quanto à proteção e exposição ocupacional, este estudo justifica-se na tentativa de identificar o perfil pneumofuncional desses indivíduos expostos diariamente ao pó de madeira e conhecer os possíveis comprometimentos que o sistema respiratório está sujeito. Estas medidas irão ajudar a identificar se os trabalhadores são suscetíveis ou não ao pó de madeira, a fim de que eles possam tomar outras medidas preventivas adequadas. O principal objetivo deste estudo constitui em avaliar o perfil pneumofuncional dos trabalhadores expostos ao contato direto com o pó de madeira. Tem como objetivos específicos: determinar a presença de sinais e sintomas respiratórios em trabalhadores expostos ao pó de madeira; analisar o perfil obstrutivo de trabalhadores expostos ao pó de madeira; analisar o perfil restritivo de trabalhadores expostos ao pó de madeira; verificar se há relação entre a presença de sintomas respiratórios e o prejuízo ventilatório da função pulmonar; assim como correlacionar o perfil pneumofuncional dos trabalhadores expostos ao pó de madeira e sua atividade laboral. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A EXPLORAÇÃO E O BENEFICIAMENTO MADEIREIRO NO ESTADO DO PARÁ O desmatamento da Floresta Amazônica é ocasionado por vários motivos, como aberturas de estradas, conversão da floresta para atividade de agricultura, de mineração, construção de hidrelétricas dos mais variados portes, exploração de madeira, além dos fatores gerados pelo próprio nativo como, por exemplo, as “queimadas” (LEAL, 2005). O crescimento significativo da atividade madeireira na Amazônia resulta em parte, da exaustão das florestas do sul e sudeste do Brasil. Além disso, o esgotamento progressivo das florestas tropicais da Ásia, responsáveis por 70% do comércio internacional de madeiras contribui para um aumento na procura de madeiras na Floresta Amazônica (BARROS; VERÍSSIMO, 2002). O setor madeireiro ocupa lugar de destaque no Estado do Pará. Estimativas de produção mostram cerca de duas mil e trezentas empresas com esse tipo de atividade atuantes no mercado amazônico, sendo que, aproximadamente 90% delas se localizam no Pará (BAHIA, 2001). A Indústria Madeireira desenvolve seu processo em duas etapas. A primeira ocorre na fase de coleta de matéria-prima; a derrubada de árvores. Na segunda etapa, objeto deste trabalho, ocorre o beneficiamento da madeira, no qual algumas indústrias recebem a madeira ainda sob a forma de toras e outras recebem transformadas em serrados. O produto final é bastante diversificado tais como tábuas, lambris, tacos e compensados (SOBIERAY et al, 2007). As etapas produtivas dessa indústria são: corte de árvores da floresta; transporte de toras até as indústrias – serrarias ou laminadoras; transformação primária em tábuas/vigas ou lâminas de madeira; transporte das tábuas/vigas para as beneficiadoras que fazem a transformação secundária em portas, pisos, forros ou transporte das lâminas para as fábricas de compensados; transporte dos produtos para os portos de exportação ou para revendedoras. Em todas as etapas da produção confirmam-se situações de riscos sociais, tecnológicos, ergonômicos e organizacionais que produzem doenças e acidentes relacionado ao trabalho. 15 Porém, nas serrarias a poeira expõe diretamente todos os serradores, circuleiros e destopadores e, indiretamente todos os trabalhadores (PIGNATI; MACHADO, 2005). De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2008), as funções citadas a cima são assim descritas: o serrador serra a madeira em peças de diâmetro, comprimento e espessura variáveis, utilizando diversos tipos de serras, para obter vigas, caibros, ripas e tábuas; o circuleiro opera uma serra circular múltipla provida de lâminas, controlando seus dispositivos de comando, a fim de obter ripas para confecção de móveis e esquadrias; e o destopador opera uma serra circular de lâminas múltiplas, regulando seus mecanismos e acionando os comandos, com a finalidade de aparar e esquadrejar as bordas desiguais dos toros ou pranchas de madeira. Segundo Leal (2005), beneficiar a madeira, na maioria dos casos significa enfrentar agentes agressivos com altas temperaturas, ruídos, produtos químicos, baixo nível de iluminação, poeiras, entre outros, bem como riscos à saúde que está associada ao estresse que, embora não causem doenças profissionais, aumentam a variabilidade psicológica e certamente contribuem para o enfraquecimento da saúde dos trabalhadores. 2.2 PÓ DE MADEIRA O pó de madeira é entendido como um complexo de substâncias, cujo teor varia de acordo com a espécie da árvore e sua localização geográfica. É formado principalmente, por celulose e lignina (BAHIA, 2001). O pó de madeira é produzido quando as máquinas e ferramentas são usadas para cortar ou formar material (MEO, 2004). Para Lange (2008) o pó de madeira consiste de pequenas partículas, resultantes de várias formas do processamento desse material. Tipicamente, as partículas são mais longas do que largas, variando muito em tamanho de acordo com o processo realizado. A poeira produzida por madeiras duras tende a ser composta por partículas menores do que aquela proveniente de madeiras leves. A concentração de pó é variável, uma vez que depende do processo produtivo. Observa-se uma grande quantidade de pó, mesmo naquelas indústrias que possuem sistemas de canalização com ar comprimido (LEAL, 2005). 16 A exposição ao pó de madeira há muito tem sido associada a uma variedade de efeitos adversos a saúde, incluindo a tosse seca, mal estar, bronquite crônica, dispneia, dor torácica, conjuntivite, rinite, dermatite, asma ocupacional, alveolites, cefaleia, carcinomas nasossinusais e déficit da função pulmonar (MEO, 2004). 2.3 EFEITOS SOBRE A SAÚDE DA EXPOSIÇÃO AO PÓ DE MADEIRA Os efeitos sobre a saúde da exposição ao pó de madeira estão relacionados aos produtos químicos presentes na mesma ou substâncias químicas criada por bactéria, fungos e bolores; tosse ou espirro são causados pela poeira em si; dermatite e asma podem ser devido à sensibilidade aos produtos químicos encontrados na madeira. Trabalhadores expostos a pó de madeira precisam compreender os principais efeitos sobre a saúde de tal exposição e tomar precauções para reduzir a sua exposição (GOVERNO DE ALBERTA, 2004). Segundo Lange (2008), apesar de inúmeros estudos epidemiológicos sobre os efeitos da saúde de trabalhadores expostos à poeira de madeira, pouco se sabe sobre os mecanismos que atuam por trás desses efeitos. Para Alwis (1998), muitos estudos epidemiológicos da saúde associados aos perigos do pó de madeira centram-se na indústria moveleira. Vários estudos têm demonstrado uma redução da função pulmonar devido à exposição a este pó. O pó de madeira a partir da área de trabalho pode causar reações alérgicas e asma nos trabalhadores. Embora o parecer sobre a carcinogenicidade deste pó difere entre os países europeus, as atividades de processamento de madeiras estão definitivamente associadas com o risco de carcinoma no nariz e cavidade nasal (PUNTARIC et al, 2005). Segundo Bahia (2001), a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), considera que o pó de madeira é carcinogênico para os seres humanos, originando câncer na cavidade nasal e seios paranasais, sendo que, as primeiras evidências desta associação surgiram na Inglaterra, em 1960. Concomitantemente, Cançado et al (2006), demonstraram que nos últimos dez anos, estudos experimentais e observacionais têm apresentado evidências consistentes sobre os efeitos da poluição do ar, especialmente do material particulado fino, na morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares (cardíacas, arteriais, cerebrovasculares). Tanto os 17 efeitos agudos (aumento de internações e mortes por arritmias, doença isquêmica do miocárdio e cerebral), como crônicos, por exposição em longo prazo (aumento de mortalidade por doenças cerebrovasculares e cardíacas) tem sido relatadas. 2.4 TOXICIDADE A toxicidade e os efeitos irritantes da madeira sobre a pele e o sistema respiratório do homem são bem documentados. Os efeitos tóxicos associados ao pó de madeira incluem irritação da pele, dermatite, alergia respiratória e irritações oculares (ALWIS, 1998). De acordo com Governo de Alberta (2004), madeiras contêm produtos químicos tóxicos que podem ser absorvidos pelo organismo, por meio da pele, pulmões, sistema digestivo e/ou provocar efeitos em outras partes do corpo. As consequências que incidem sobre a saúde podem incluir dores de cabeça, tontura, perda de peso, falta de ar, cólicas e batimentos cardíacos irregulares. A genotoxicidade induzida do pó de madeira poderia até ser o principal mecanismo relacionado com a própria estrutura das fibras ou partículas ou para a libertação de metabólitos secundários do pó de madeira, que são conhecidos por possuir efeitos biológicos adversos (LANGE, 2008). Fragmentos de madeira podem estar contaminados por uma variedade de microorganismos incluindo bactérias, fungos termofílicos e mesofílicos. O papel da endotoxina bacteriana, ao contrário do fungo, não tem sido claramente estabelecido. Exposições repetidas às poeiras orgânicas têm sido associadas a outras condições respiratórias mais graves como a pneumonia de hipersensibilidade, aspergilose alérgica e infecção fúngica aguda. Um constituinte fúngico, a 1,3B D glucana, é o agente potencial da poeira orgânica. É um agente inflamatório que deprime a resposta imunológica e parece agir sinergicamente com endotoxinas e outros agentes inflamatórios (ROSA, 2004). 18 2.5 EFEITOS DA EXPOSIÇÃO DE PARTÍCULAS DE MADEIRA NO TRATO RESPIRATÓRIO O aparelho respiratório, pelas funções que desempenha, está particularmente exposto às agressões do ambiente e é frequentemente sede de alterações de maior ou menor intensidade e de maior ou menor gravidade (GOMES, 2002). A pessoa que trabalha em um ambiente com pó de madeira, inala as partículas pelo trato respiratório, causando efeitos sobre a saúde quando essas partículas são depositas e entram em contato direto com o tecido que cobre o aparelho respiratório. Após a inalação, as partículas são depositadas e retidas no trato respiratório, de acordo com seu tamanho, forma, solubilidade, química e superfície (LANGE, 2008). A inalação de partículas e gases tóxicos produz uma resposta inflamatória nos pulmões, sendo essa resposta proporcional ao total de inalação ocorrida. As exposições ocupacionais por período de tempo prolongado e em grande intensidade podem provocar doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), mesmo na ausência de tabagismo (BAGATIN et al, 2006). Alwis (1998) e Gomes (2002) concordam que, as partículas inaladas podem depositarse nas vias aéreas e interferir no mecanismo de limpeza dos pulmões ou depositar-se no pulmão profundo e eventualmente contribuir para o desenvolvimento de DPOC, enfisema, ou cancro do pulmão se a exposição se mantiver durantes anos. Alguns trabalhos hipotetizam que poeiras de serragem de madeiras, se inaladas em baixos níveis de concentração em períodos relativamente curtos, ligar-se-iam a citocinas próinflamatórias levando a uma resposta tecidual (ROSA, 2004). Cançado et al (2006), asseguram que a poluição do ar causa uma resposta inflamatória no aparelho respiratório induzida pela ação de substâncias oxidantes, as quais acarretam aumento da produção, da acidez, da viscosidade e da consistência do muco produzido pela vias aéreas, as quais levam, consequentemente, à diminuição da resposta e/ou eficácia do sistema mucociliar. 19 2.5.1 Deposição e retenção de partículas Para Baran e Teul (2008) uma das principais exposições ocupacionais e fatores de risco é a poeira. As propriedades da poeira liberada no ambiente de trabalho estão fortemente relacionadas com as propriedades das substâncias a partir do qual é gerada. O resultado final da influência negativa da poeira industrial depende do tipo de poeira inalada e o local onde é depositado no trato respiratório, o que é condicionada pela dimensão das suas partículas, da estrutura do trato respiratório e do processo da própria respiração. De acordo com Lange (2008), os seres humanos são respiradores oronasais (inalam tanto por meio do nariz, como pela boca), ao contrário da maioria dos animais de laboratório que são obrigados a respirar pelo nariz. A deposição de partícula depende se o ar é inalado pela boca ou pelo nariz. Partículas maiores que um 1µm de diâmetro é depositado principalmente na região extratorácica. Conseguinte, Gomes (2002) refere que é particularmente importante a deposição de partículas inaladas pela boca, porque sua deposição se faz maioritariamente no pulmão profundo. A deposição de partículas inaladas pelo nariz vai fazer-se principalmente na região nasofaríngea e é muito superior à que se verifica na região orofaríngea durante a inalação pela boca, principalmente para as partículas de dimensões muito grandes e muito pequenas. É oportuno salientar que a determinação da Agência de Proteção Ambiental Americana para controle de partículas iguais ou menores que 10µm, também chamada de partículas inaláveis, baseou-se no fato de que estas são as partículas que podem atingir as vias respiratórias inferiores. Este material particulado inalado apresenta a importante característica de transportar gases absorvidos em sua superfície, transportando-os até as porções mais distais das vias aéreas, em que ocorrem as trocas de gases no pulmão (CANÇADO et al, 2006). Segundo Bahia (2001) cerca de 25% das partículas com dimensões inferiores a 2µm são retidas nos alvéolos pulmonares após inalação; mais de 90% das partículas esféricas com diâmetro de 50µm ou mais são depositadas no nariz. As partículas de 10µm são efetivamente filtradas no nariz e nasofaríngea. As partículas presas são depuradas nas secreções nasais podendo ser eliminadas pela tosse ou serem deglutidas. As partículas menores que 10µm depositam-se na árvore brônquica, sobretudo aquelas de 1µm e 2µm. As partículas menores que 0,5µm, são levadas por difusão e localizadas nas superfícies alveolares. Se o material for depositado no epitélio brônquico, 20 poderá ser removido pelos macrófagos alveolares ou permeabilizados na corrente sanguínea ou linfática. Essa depuração demora de dias a meses (CROCE et al, 1998). Gomes (2002) salienta que as partículas depositadas vão sofrer uma série de alterações de natureza biológica, física, e química, nomeadamente a dissolução nos líquidos orgânicos e passagem para corrente sanguínea, sofrem fagocitose ou pinocitose e podem ser arrastadas pelo muco ou outros líquidos orgânicos. As partículas depositadas na árvore traqueobrônquica são eliminadas de um a vinte dias após a exposição, enquanto que as depositadas na região dos bronquíolos não ciliados e alveolar são eliminados muito mais lentamente. 2.5.2 As partículas e o sistema mucociliar O sistema respiratório está recoberto por um engenhoso meio de defesa, o sistema mucociliar, que transporta o muco e as partículas retidas, desde as porções distais até a faringe, as quais são deglutidas. Assim, as características do muco são importantes. Se muito líquido, os cílios não conseguirão mobilizá-lo como se estivessem batendo na água. Se muito espesso, igualmente não será transportado, pois os cílios não terão força para isso (CROCE et al, 1998). À medida que vão se depositando no trato respiratório, essas partículas passam a ser removidas pelo mecanismo de defesa. O primeiro deles é o espirro, desencadeado por grandes partículas que, devido ao seu tamanho, não conseguem ir além das narinas, e acabam se depositando nelas. Outros importantes mecanismos de defesa são a tosse e o aparelho mucociliar. Aquelas partículas que atingem as porções mais distais das vias aéreas são fagocitadas pelos macrófagos alveolares, sendo então removidas via aparelho mucociliar ou sistema linfático (CANÇADO et al, 2006). Para Alwis (1998) a exposição crônica ao pó de madeira pode causar insuficiência mucociliar. Um estudo britânico relatou que em uma indústria moveleira a função mucociliar nasal em trabalhadores expostos ao pó de madeira há mais de dez anos foi bastante prejudicada. Um estudo sueco da indústria moveleira relatou que 20% dos trabalhadores tinham hipersecreção nasal, obstrução nasal e remoção mucociliar nasal prejudicada. 21 Croce et al (1998) mencionam que as modificações ou alterações do epitélio respiratório têm repercussões sobre o mecanismo funcional respiratório. Numerosos estudos têm demonstrado que a poluição induz a um dano epitelial e alterações no mecanismo mucociliar permitindo uma maior penetração e acesso de partículas e alérgenos às células do sistema imune. 2.6 EFEITOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO A descrição da inalação de poeira nos ambientes de trabalho como agente causador de sintomas respiratórios e doenças pulmonares foi feita por Hipócrates, em 460 a.C., que observou essas alterações na saúde de mineradores (LIDO et al, 2008). Bagatin e Kitamura (2005), relatam que a American Thoracic Society (ATS) considera que a exposições ambientais e ocupacionais podem ser responsáveis por até 20% das doenças intersticiais e das vias aéreas. Para Rongo et al (2005), a exposição ao pó de madeira tem sido associada a efeitos respiratórios agudos e crônicos, incluindo alterações na função pulmonar, rinite, irritação dos olhos e nariz. A maior parte das evidências vem de estudos na Europa Ocidental e América do Norte. Segundo o Governo de Alberta (2004), os efeitos do sistema respiratório devido à exposição ao pó de madeira incluem a diminuição da capacidade pulmonar e reações alérgicas nos pulmões. Dois tipos de reações alérgicas podem ocorrer nos pulmões: pneumonite por hipersensibilidade (caracterizada pela inflamação das paredes dos sacos aéreos e pequenas vias aéreas) e asma ocupacional. A diminuição da capacidade pulmonar é causada por processos mecânicos ou químicos pela irritação do tecido pulmonar pelo pó de madeira. Isto provoca irritação das vias aéreas, reduzindo o volume de ar nos pulmões e produzindo sensação de sufocação. Geralmente, leva um longo tempo para observar uma redução na capacidade pulmonar. Croce et al (1998) descrevem os efeitos de poluentes na função respiratória adotando dois mecanismos: direto e indireto (Quadro 1). 22 Quadro 1 – Efeitos dos poluentes na função respiratória. A. Mecanismo Indireto: – modulação da alergenicidade dos aeroalérgenos. B. Mecanismo Direto: – diminuição da atividade ciliar; – produção de dano epitelial e aumento da permeabilidade da mucosa brônquica; – diminuição da produção dos antioxidantes gerados naturalmente; – indução da secreção de citocinas pró-inflamatórias e a expressão de moléculas de adesão, que orquestram, por sua vez, as funções de células inflamatórias. Fonte: Adaptado de Croce et al (1998). Gomes (2002) define como efeito adverso, para a saúde respiratória, as alterações fisiológicas ou patológicas com significado médico, evidenciadas por um dos seguintes parâmetros: interferência com a atividade normal ou das pessoas afetadas; doença respiratória episódica; doença incapacitante; lesão permanente; disfunção respiratória progressiva. Em 2000 a ATS fez uma revisão dos efeitos adversos, que estão descritos abaixo no Quadro. Quadro 2 – Efeitos adversos dos poluentes no aparelho respiratório. – Aumento da mortalidade – Aumento da incidência de cancro – Exacerbações de asma mais frequentes – Infecções respiratórias mais frequentes – Aumento das exacerbações em doentes com bronquite crônica ou doenças cardiovasculares e outras doenças que se pode manifestar por: – Redução do VEF1 ou CVF associada a sintomas clínicos – Aumento da prevalência de poeira, não relacionada com infecções respiratórias, ou presente na maior parte dos dias ou noites – Aumento da prevalência ou incidência de aperto torácico – Aumento da prevalência ou incidência de tosse produtiva a requerer cuidados médicos – Aumento da incidência de infecções da VAS que interferem com a atividade normal – Aumento da incidência de infecções da VAS que não interferem com a atividade normal – Irritação dos olhos, nariz e orofaringe que pode interferir com a atividade normal se forem intensos – Odores Fonte: Adaptado por ATS (2000). 23 2.7 PROVAS DE FUNÇÃO PULMONAR Segundo Levitzky (2004), o volume de gás nos pulmões depende o tempo todo, da mecânica dos pulmões, da parede torácica, e da atividade dos músculos inspiratórios e expiratórios. O volume pulmonar em qualquer conjunto específico de condições pode ser alterado por processos fisiológicos normais ou patológicos. A padronização das condições nas quais os volumes pulmonares são mensurados permite que sejam realizadas comparações entre indivíduos ou pacientes. O tamanho dos pulmões de um indivíduo depende de sua altura, peso, ou da área de superfície corpórea, assim como de sua idade ou sexo. Consequentemente, os volumes pulmonares de um paciente são habitualmente comparados com dados em uma tabela de volumes pulmonares “previstos” de acordo com a idade, sexo e tamanho corpóreo. Dias et al (2000) afirmam que a espirometria é a prova de função respiratória mais simples e importante na clínica pneumológica. Determina volumes pulmonares estáticos, dinâmicos e capacidades (soma de dois ou mais volumes), com exceção do volume residual. E ainda, para Pereira (2002) a espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. A espirometria deve ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. A espirometria mede volumes e fluxos aéreos, principalmente a capacidade vital lenta (CVL), capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e suas relações (VEF1/CV e VEF1/CVF). Pela variabilidade observada em diferentes países, valores de referências nacionais de normalidade devem ser preferidos, especialmente se os testes são feitos para detecção precoce de doenças, exposição ocupacional e avaliação de incapacidades. Testes espirométricos para indivíduos aparentemente saudáveis em grupos de alto risco devem ser considerados parte de um exame regular. Indivíduos de alto risco incluem fumantes ou ex-fumantes recentes com mais de quarenta e cinco anos e aqueles sujeitos a riscos inalatórios no trabalho. Na atualidade, espirômetros portáteis acurados são disponíveis. A espirometria preenche os critérios para utilização como um teste de triagem para a detecção precoce de DPOC (SBPT, 2001). De acordo com West (2002) um teste muito útil e simples de função pulmonar é a medição de uma expiração única forçada. Normalmente o VEF1 é cerca de 80% da CVF. Caso seja detectada a presença de doença, dois padrões gerais podem ser distinguidos: doenças 24 restritivas e doenças obstrutivas. Frequentemente são observados padrões mistos, restritivos e obstrutivos. Segundo Gregório (2006), na espirometria a análise do resultado da CVF é expresso em valores absolutos e em percentual de predito. Quando esse valor estiver abaixo de 80% do previsto, na presença de VEF1/CVF normal, sugere a presença de distúrbio restritivo. A confirmação pode ser feita através da medida da capacidade pulmonar total (CPT). Na impossibilidade destes métodos, os achados radiológicos compatíveis com doença restritiva associados à redução de CVF confirmam a hipótese. O VEF1 avalia basicamente os distúrbios obstrutivos. Quando a CVF estiver diminuída por distúrbios restritivos ele diminuirá proporcionalmente. A razão entre estas duas medidas (VEF1/CVF) é a que melhor avalia a presença de distúrbios obstrutivos. O valor esperado para determinado indivíduo deriva da equação escolhida. Para indivíduos com até quarenta e cinco anos espera-se o valor de 75% ou superior. Abaixo deste valor o diagnóstico de obstrução é sugestivo e deverá ser definido através da análise paralela de outros valores como FEF25-75%, VEF1 e outros fluxos terminais. 25 3 METODOLOGIA 3.1 APROVAÇÃO DO ESTUDO A coleta de dados foi realizada a partir do aceite: do orientador para conduzir o estudo (APÊNDICE 1), das Serrarias em participar do estudo (APÊNDICE 2), da aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade da Amazônia – UNAMA (ANEXO 1) e dos trabalhadores das indústrias após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 3). 3.2 TIPO DE ESTUDO O estudo foi do tipo experimental, prospectivo e transversal. 3.3 LOCAL DO ESTUDO O presente estudo foi desenvolvido no município de Jacundá – Pará, no setor da Indústria Madeireira, no período de 13 a 24 de Julho de 2009, após ter sido encaminhado e aprovado pelo CEP da UNAMA. 3.4 AMOSTRA Participaram do estudo trinta e seis trabalhadores de oito Indústrias Madeireiras. Destes, nove indivíduos foram excluídos por atenderem aos critérios de exclusão propostos na presente pesquisa. Os demais vinte e sete indivíduos foram incluídos no estudo, pois atendiam os critérios de inclusão e aceitaram o TCLE proposto pelas autoras do projeto. Com base na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (2000), os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, sendo divulgados apenas em publicações científicas, sem mencionar os dados pessoais dos participantes. 26 3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Foram incluídos no estudo todos os trabalhadores que se enquadraram nos seguintes critérios: aceitar o TCLE; residir no município de Jacundá – PA; ser do sexo masculino; estar em contato direto com o pó de madeira; exercer a ocupação de destopadores, circuleiros e/ou serradores; estar na faixa etária compreendida entre vinte e dois e quarenta e cinco anos; não apresentar doenças respiratórias atuais e patologias associadas. 3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Foram excluídos do estudo todos os trabalhadores que se enquadraram nos seguintes critérios: não aceitar o TCLE; indivíduos do sexo feminino; estar na faixa etária menor que vinte e dois anos ou maior que quarenta e cinco anos; apresentar doenças respiratórias e patologias associadas atuais; desempenhar outras ocupações que fogem aos critérios de inclusão; apresentar déficit cognitivo; não conseguir realizar a avaliação proposta; apresentar doenças respiratórias atuais e patologias associadas; apresentar deformidade torácica. 3.7 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Os dados foram coletados em oito Indústrias Madeireiras no município de Jacundá, no período de 13 a 24 de Julho de 2009, nos turnos matutino e vespertino. A coleta de dados foi realizada em duas etapas: a primeira, mediante aplicação de um questionário, elaborado pelas pesquisadoras e sua orientadora, dividido em três partes: registro, questionário e avaliação geral; e a segunda, por meio de uma avaliação pneumofuncional, mediante a espirometria. 27 Questionário O questionário foi elaborado com base no artigo de Bagatin e Kitamura (2005), composto por doze perguntas fechadas e abertas, criado pelas autoras, com objetivo de obter um amplo conhecimento do perfil ocupacional e social do participante. O questionário contém assuntos como: patologias pulmonares e/ou associadas atuais e/ou anteriores, hábitos tabagistas, prática de atividade física, tempo de ocupação e conhecimento e uso de equipamento de proteção (APÊNDICE 4). Avaliação Geral Realizou-se a mensuração do peso e da altura utilizando-se uma balança do tipo antropométrica mecânica, da marca Filizola®. Os sinais vitais aferidos foram: pressão arterial sistêmica (PA), pelo método palpatório e auscultatório com o uso do esfignomanômetro aneróide adulto com feixe de metal e um estetoscópio Duo Sonic adulto, ambos da marca BD®; frequência cardíaca (FC) foi mensurada por meio da palpação do pulso radial durante o período de um minuto; freqüência respiratória (FR) foi realizada por meio da observação do movimento torácico no período de um minuto. Espirometria Para a realização da espirometria utilizou-se um Espirômetro MicroQuark da marca COSMED. A avaliação pneumofuncional foi realizada seguindo as normas preconizadas pela ATS e pelo I Consenso Brasileiro de Espirometria. Os trabalhadores foram orientados a repousar por cinco a dez minutos antes do teste e os procedimentos a serem realizados foram descritos cuidadosamente, dando ênfase à necessidade de se evitar vazamentos em torno da peça bucal e realizar uma inspiração máxima seguida de expiração máxima e sustentada, até que o avaliador ordenasse a interrupção. Os sujeitos foram orientados a permanecer sentados e utilizar um clipe nasal 28 durante a realização dos testes. As curvas volume-tempo e fluxo-volume foram realizadas de acordo com os critérios de aceitabilidade preconizados pela ATS, sendo escolhida a melhor de três curvas reprodutíveis (variabilidade < 5%). A partir dessa curva foram computados os valores da CVL, CVF, VEF1, índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) e pico de fluxo expiratório (PFE), fluxo expiratório forçado médio (FEF25%-75%), fluxo expiratório máximo em 75% (MEF75%), fluxo expiratório máximo em 50% (MEF50%). Os resultados foram comparados aos valores preditos para pacientes normais adultos do sexo masculino de acordo com Pereira, 2002. Para biossegurança dos participantes foi adotado o uso de bocais descartáveis. 3.8 ANÁLISE DOS DADOS Após a coleta, os dados do estudo foram armazenados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2007, de onde se construiu tabelas e gráficos. Para análise de significância foram utilizados os testes T-Student para amostras independentes, o teste Qui-Quadrado para avaliar a diferença entre as proporções das variáveis e o teste F-Fischer para avaliar a diferença entre as proporções dos grupos estudados, adotando-se nível α = 0,05 (5%), por meio do software BioEstat 5.0, assinalando com asterisco (*) os valores significantes. 29 4 RESULTADOS Foram estudados vinte e sete indivíduos em exposição inalatória ocupacional a poeira de madeira, dentre os quais doze apresentam hábitos tabagistas, correspondendo a 44,4% da amostra. A média de idade da amostra corresponde a 33,7 anos e a média de tempo de exposição a 11,7 anos com 8,3 horas de exposição diária. Quando dividido em grupos de nãotabagistas e tabagistas observou-se uma média de idade e desvio padrão de 34,5 ± 6,9 anos e 32,8 ± 8,0 anos, respectivamente, conforme mostra a tabela a seguir. Tabela 1 – Distribuição da média de idade de trabalhadores não-tabagistas e tabagistas expostos a poeira de madeira. ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Primeiro Quartil (25%) Terceiro Quartil (75%) Média Aritmética Variância Desvio Padrão Coeficiente de Variação IDADE (em anos) Não-Tabagistas Tabagistas 22,0 45,0 23,0 36,0 31,0 39,0 34,5 47,0 6,9 19,85% 22,0 44,0 22,0 32,0 26,8 38,8 32,8 63,7 8,0 24,36% p = 0,2729 (t - Student) Fonte: Dados dos autores, 2009. Os resultados obtidos inerentes às variáveis peso e altura demonstraram uma média e desvio padrão de 70,5 ± 11,4 Kg e 169,5 ± 6,5 cm e, 70,8 ± 13,3 Kg e 168,5 ± 6,2 cm para não-tabagistas e tabagistas, respectivamente (Tabela 2). 30 Tabela 2 – Distribuição do peso e altura de trabalhadores não-tabagistas e tabagistas expostos a poeira de madeira. PESO (Kg) ALTURA (cm) ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS Não-Tabagistas Tabagistas Não-Tabagistas Tabagistas Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Primeiro Quartil (25%) Terceiro Quartil (75%) Média Aritmética Variância Desvio Padrão Coeficiente de Variação 55,0 94,0 39,0 68,0 62,0 77,0 70,5 130,7 11,4 16,21% 48,0 89,0 41,0 72,5 62,0 79,5 70,8 177,1 13,3 18,81% 158,0 180,0 22,0 170,0 165,0 174,5 169,5 42,1 6,5 3,83% 158,0 178,0 20,0 167,5 165,8 172,0 168,5 38,1 6,2 3,66% p = 0,4824 (t - Student) Fonte: Dados dos autores, 2009. p = 0,4824 (t - Student) Dentre as funções estudadas, houve prevalência na ocupação de destopador com 44,4%, seguido pelo serrador com 29,7% e pelo circuleiro com 25,9%, com p<0,05, demonstrando relevância estatística (Gráfico 1). Quando analisado o uso de equipamento de proteção individual (máscara facial) desses indivíduos, observou-se que somente 14,8% o utilizam e, apenas durante o manuseio de uma espécie de madeira, a maçaranduba. Gráfico 1 – Distribuição das ocupações exercidas pelos trabalhadores nas indústrias. Fonte: Dados dos autores, 2009. 31 Quando se refere ao tempo de exposição inalatória ocupacional, notou-se que 44,4% dos voluntários exerciam a profissão a menos de 10 anos, enquanto que 40,7% exerciam-na entre 11 e 20 anos e apenas 14,9% a mais de 20 anos (Gráfico 2). Gráfico 2 – Percentagem do tempo de exposição inalatória ocupacional à poeira de madeira em anos. Fonte: Dados dos autores, 2009. Ao analisar a presença de sinais e sintomas respiratórios, observou-se que 74,1% dos trabalhadores apresentaram uma ou mais sintomatologia, evidenciando uma significância estatística, com p<0,05 (Gráfico 3). Dentre os sinais e sintomas relatados, pode-se observar a prevalência de irritação do nariz em 95% dos entrevistados, seguidos de coriza em 65%, sudorese em 45%, tosse em 40% e dispneia em 30%, com p<0,05, o que revela significância estatística (Gráfico 4). A presença de desconforto respiratório foi relatado por 59,3% dos trabalhadores apenas durante o expediente, enquanto aqueles que relataram durante e após o expediente foi de 14,8%. 32 Gráfico 3 – Frequência da presença de sinais e sintomas respiratórios relatados pelos trabalhadores expostos a poeira de madeira. Fonte: Dados dos autores, 2009. Gráfico 4 – Frequência de sinais e sintomas respiratórios relatados pelos trabalhadores expostos a poeira de madeira. Fonte: Dados dos autores, 2009. 33 Os valores da função pulmonar encontrados no estudo revelaram índices espirométricos abaixo do previsto para: CVL com 96,3% e p<0,00001; CVF com 100%; VEF1 com 85,2% e p=0,0005; VEF1/CVF com 18,5%; PFE com 100%; FEF25%-75% com 59,3% e p=0,4414; MEF50% com 74,1% e p=0,0209, revelando relevância estatística apenas para CVL, VEF1 e MEF50%. Percebeu-se ainda um aumento de 100% da MEF75% e de 81,5% para a VEF1/CVF, com p=0,021, demonstrando-se estatisticamente significante, na Tabela abaixo. Tabela 3 – Análise da função pulmonar de trabalhadores sob exposição inalatória ocupacional em relação aos valores previstos pelo Consenso de Espirometria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002). VARIÁVEL Freq % CVL Abaixo * Acima < 0.00001* 26 1 96,3% 3,7% 27 0 100,0% 0,0% NSA CVF Abaixo Acima VEF1 Abaixo * Acima 0.0005* 23 4 85,2% 14,8% 27 0 100,0% 0,0% NSA PFE Abaixo Acima VEF1/CVF Abaixo Acima * 0.0021* 5 22 18,5% 81,5% 0,4414 FEF25%-75% Abaixo Acima 16 11 59,3% 40,7% 0 27 0,0% 100,0% NSA MEF75% Abaixo Acima MEF50% Abaixo * Acima Fonte: Dados dos autores, 2009. p-valor 0.0209* 20 7 74,1% 25,9% Ainda com relação a função pulmonar, ao se comparar o grupo dos tabagista e nãotabagistas, também observou-se prevalência de valores abaixo do previsto, com destaque para a redução da CVL, CVF, VEF1, PFE, FEF25%-75% e MEF50%, assim como, pôde-se observar 34 um aumento na relação VEF1/CVF e, principalmente, na MEF75%. Entrentanto, não se observou diferenças estatísticas ao se comparar os grupos, como mostra a tabela a seguir. Tabela 4 – Comparação dos valores espirométricos do grupo de trabalhadores tabagistas e não-tabagistas sob exposição inalatória ocupacional em relação aos valores previstos pelo Consenso de Espirometria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002). VARIÁVEL Tabagistas Não-Tabagistas 0,4444 CVL Abaixo Acima 11 1 91,7% 8,3% 15 0 100,0% 0,0% 12 0 100,0% 0,0% 15 0 100,0% 0,0% NSA CVF Abaixo Acima p-valor 0,3889 VEF1 Abaixo 11 Acima 1 VEF1/CVF Abaixo 4 Acima 8 PFE Abaixo 12 Acima 0 FEF25%-75% Abaixo 8 Acima 4 MEF75% Abaixo 0 Acima 12 MEF50% Abaixo 8 Acima 4 Fonte: Dados dos autores, 2009. 91,7% 8,3% 12 3 80,0% 20,0% 0,1018 33,3% 66,7% 1 14 6,7% 93,3% 100,0% 0,0% 15 0 100,0% 0,0% NSA 0,3811 66,7% 33,3% 8 7 53,3% 46,7% 0,0% 100,0% 0 15 0,0% 100,0% NSA 0,3638 66,7% 33,3% 12 3 80,0% 20,0% De acordo com os achados dos índices espirométricos e, ao considerar os valores do VEF1 e CVF menor que 80% e a relação VEF1/CVF maior que 75% demonstrou-se que 25,9% dos trabalhadores apresentaram alguma alteração restritiva, sendo 14,8% leve e 11,1% moderada, entretanto não se observou relevância estatística (Tabela 5). Ao se comparar os grupos de fumantes e não-fumantes, também notou-se não haver diferença estatística. O grupo dos não-tabagistas obteve prevalência na presença de distúrbios restritivos com 26,7% contra 25% para os tabagistas, embora que pequena (Tabela 6). Quando levado em consideração a 35 ocupação e presença de distúrbios, observou-se prevalência dos serradores com 42,9%, seguido dos circuleiros com 25% e dos destopadores com 16,7% (Tabela 7). Tabela 5 – Frequência e percentagem dos tipos de distúrbios respiratórios encontrados entre os trabalhadores da pesquisa. VARIÁVEIS Frequência % 20 4 3 74,1% 14,8% 11,1% TIPOS DE DISTÚRBIOS Normal* Restritivo leve Restritivo moderado p<0,05* Fonte: Dados dos autores, 2009. Tabela 6 – Frequência e percentagem dos tipos de distúrbios respiratórios encontrados entre os grupos de tabagistas e não-tabagistas. TABAGISTAS VARIÁVEIS NÃO-TABAGISTAS Frequência % Frequência % 9 1 2 75,0% 8,3% 16,7% 11 3 1 73,3% 20,0% 6,7% TIPOS DE DISTÚRBIOS Normal Restritivo leve Restritivo moderado p>0,05 Fonte: Dados dos autores, 2009. Tabela 7 – Correlação da frequência e percentagem dos tipos de distúrbios respiratórios quanto a ocupação exercida. VARIÁVEIS CIRCULEIRO DESTOPADOR SERRADOR Frequência % Frequência % Frequência % 6 0 2 75,0% 0,0% 25,0% 10 2 0 83,3% 16,7% 0,0% 4 2 1 57,1% 28,6% 14,3% TIPOS DE DISTÚRBIOS Normal Restritivo leve Restritivo moderado p>0,05 Fonte: Dados dos autores, 2009. 36 5 DISCUSSÃO Estima-se que pelo menos dois milhões de pessoas estão expostas a poeira de madeira todos os dias em todo o mundo. Em geral, a exposição a esta poeira deteriora a função pulmonar, aumenta a prevalência de doenças respiratórias, exacerba as doenças existentes e aumenta a incidência de câncer e mortes (OSMAN; PALA, 2009). No presente estudo foram avaliados vinte e sete trabalhadores de oito Indústrias Madeireiras de Jacundá, distribuídos em três funções, com prevalência de 44,4% na ocupação de destopadores, 29,7% de serradores e 25,9% de circuleiros (Gráfico 1). O tempo de exposição à poeira destes trabalhadores variou de dois a vinte e seis anos, com prevalência de 44,4% para tempo menor que dez anos, 40,7% entre onze e vinte anos e 14,9% acima de vinte anos (Gráfico 2). Foram observados sintomas respiratórios em 74,1% dos trabalhadores, p<0,05 (Gráfico 3), com prevalência de 95% para irritação do nariz, em seguida coriza 65%, sudorese 45%, tosse 40% e dispneia 30%, apresentando relevância estatística apenas para a irritação do nariz, p<0,05 (Gráfico 4). Os sintomas foram referidos por 59,3% dos trabalhadores durante o horário de trabalho e 14,8% relataram a permanência destes após o expediente. Os trabalhadores quando submetidos à avaliação espirométrica apresentaram valores abaixo do previsto para as variáveis CVL, CVF, VEF1, VEF1/CVF, PFE, FEF25%-75 e MEF50%. Todavia, apenas foi observada significância estatística para as variáveis CVL, VEF1 e MEF50%. Houve um aumento nas variáveis MEF75% e VEF1/CVF, com p=0,021, demonstrando-se estatisticamente significante (Tabela 3). Ao separar em grupos de tabagistas e não-tabagistas, observou-se que o grupo dos tabagistas obteve valores similares aos nãotabagistas, mas não houve correlação estatística entre os grupos (Tabela 4). Um achado importante foi à prevalência dos valores da CVL e MEF50% abaixo do previstos para o grupo dos não-tabagistas quando comparado aos tabagistas, demonstrando uma diferença não significativa. A partir destes achados, pode-se concluir que 25,9% dos trabalhadores apresentaram prova de função pulmonar alterada sendo que quatro indivíduos, equivalentes a 14,8% apresentaram comprometimento da função pulmonar sugestivo a presença de distúrbio ventilatório restritivo leve e três indivíduos, 11,1% sugestivo a distúrbio ventilatório restritivo 37 moderado (Tabela 5). Observou-se prevalência de distúrbios para a ocupação dos serradores com 42,9%, seguido dos circuleiros com 25% e dos destopadores com 16,7%, no entanto não foi observada relevância estatística (Tabela 7). Publio (2008) em seu estudo, no setor da indústria de mobiliário de Votuporanga, analisou quatrocentos e noventa e nove trabalhadores expostos à poeira de madeira, tintas e vernizes. Em seus achados, observou que 14,6% dos trabalhadores referiram ter sibilos pelo menos uma vez na vida, 5,6% apresentaram sibilos nos últimos doze meses e 18,6% tosse seca à noite fora dos períodos de gripe. No estudo foi encontrada uma prevalência de 5,6% referente a sintomas de asma, 16% para rinite e 8,4% para sintomas de eczema referente ao módulo de atopia aplicado por meio do questionário epidemiológico ISAAC. Foi observado, ainda, uma associação entre trabalhadores tabagistas e ex-tabagistas e presença dos sintomas de sibilos nos últimos 12 meses, em que 9,5% dos fumantes e ex-fumantes tiveram sintomas respiratórios e apenas 4% entre não-fumantes apresentaram essas manifestações (p = 0,019). Os trabalhadores sintomáticos apresentavam maior frequência de sintomas de tosse, catarro e dispneia em relação ao grupo controle. Entretanto, o consumo tabágico não teve associação com os sintomas respiratórios avaliados pelo questionário do MRC (p > 0,05). A exposição ao pó de madeira pode causar efeitos adversos respiratórios que são independentes da asma. Em 1982, Chan-Yeung et al (1984) apud Bohadana et al (2000) realizaram um estudo epidemiológico de trabalhadores de serração de cedro e os resultados comparados com os trabalhadores de escritório não expostos a poluentes respiratórios. Bohadana et al (2000) descobriram que trabalhadores do cedro tiveram significativamente maior prevalência de sintomas respiratórios crônicos e menor função pulmonar em comparação com os trabalhadores de escritório. Essas alterações persistiram mesmo após os trabalhadores asmáticos serem excluídos da análise. Posteriormente, exames realizados durante um período de onze anos mostraram que os trabalhadores da serraria do cedro tinham significativamente maior queda no VEF1 e CVF do que os trabalhadores do escritório, e que existia uma relação dose-resposta entre a intensidade da exposição com o declínio anual da CVF. Bosan e Okpapi (2004) relataram em seus estudos que somente 10% daqueles que tinham trabalhado menos de cinco anos tiveram sintomas respiratórios. Após dez anos de exposição 27% tiveram sintomas, 75% após quatorze anos e 93% após dezenove anos de exposição. Também observaram que não houve nenhuma diferença significativa na 38 predominância dos sintomas entre fumantes e não-fumantes. Concluíram nos estudos que os sintomas respiratórios são altamente predominantes entre os trabalhadores de madeira, e são extremamente influenciados pelo grau e a duração da exposição ao pó de madeira respirável e vapores químicos. Sendo provavelmente devido à reação alérgica e não à resposta inflamatória crônica de contínua exposição. Bohadana et al (2000) afirmam que a prevalência de sintomas irritante tende a ser ligeiramente mais elevada do que a de sintomas crônicos com valores máximos de 32% para os olhos vermelhos (queimação) concentração de poeira de 70110mg/m3 ao ano. Wu et al (1995) relatam em seus estudos que os efeitos da exposição à poeira de madeira e o tabagismo foram superiores multiplicativo, sugerindo que houve uma interação entre a exposição à poeira e tabagismo. A mesma associação entre tabagismo e exposição à poeira de madeira e câncer nasal tem sido observado por Elwood (1981) apud Wu et al (1995). Entretanto, Schlünssen et al (2004) mostraram aumento da tosse entre trabalhadores de indústrias da madeira mais pronunciada em não-fumantes. A exposição ao pó de madeira está relacionada com a obstrução nasal aguda. E uma relação dose-dependente entre a exposição ao pó de madeira com a obstrução nasal aguda foi aferida por rinometria acústica e auto-relatada por obstrução, mas nenhuma correlação entre a rinometria acústica e auto-reportados obstrução foi encontrado no estudo de Bosan e Okpapi (2004). Alwis (1998) descreveu em seu estudo que níveis elevados de exposição pessoal à poeira, bem como o não uso de equipamento individual de proteção respiratória pelos trabalhadores, contribuem para a elevada prevalência de sintomas nasais. Osman e Pala (2009) citam que o uso de equipamentos de proteção respiratória foi observado em apenas 17,4% dos entrevistados, aumentando o índice da presença de sintomas respiratório. Tais resultados assemelham-se aos encontrados no presente estudo. Embora não haja uma distinção clara dos riscos para a saúde entre as diferentes espécies de madeira, Borm et al (2002) afirma que as espécies de madeira dura parecem constituir com riscos maiores para os efeitos à saúde, do que a macia. A exposição ao pó de madeira dura, isoladamente ou em combinação com o pó de madeira macia, é fortemente associada com adenocarcinoma nasal. Outros distúrbios respiratórios, exceto para asma, não estão associados a tipos específicos de madeira e fatores de risco. Segundo a literatura, as 39 principais espécies de madeira que estão relacionadas ao aparecimento da asma são: cedro vermelho, faia, carvalho, mogno, cinza, pinho, teças, freixos e meranti. Observa-se ainda sinais e sintomas respiratórios característicos como sibilo, tosse produtiva, aperto no peito e dispneia. Os sintomas aumentam gradualmente de acordo com o grau e tempo de exposição (SPIEWAK et al, 1994; MALO et al, 1995; BOHADANA et al, 2000; MAPP et al, 2005; EIRE et al, 2006; AGUWA et al, 2007). Todavia, neste estudo nenhum tipo de madeira específico foi avaliado, por não contemplar os objetivos do mesmo, nem se observou a presença de sintomas semelhantes aos referidos anteriormente. Tanto a alteração obstrutiva, quanto a restritiva reversíveis da função respiratória foi descrita entre os trabalhadores de madeira por Ahuja e Ahuja (1983) e Rastogi et al (1989) apud Bosan e Okpapi (2004). E o primeiro descrito com tipos específicos de madeira foi feito por Hinojosa (1984) e Paggiaro et al (1981) apud Bosan e Okpapi (2004). A redução da função pulmonar em níveis indicativos de obstrução (VEF1, VEF1/CVF) são relatados em trabalhadores expostos ao pó de madeira (SCHLÜNSSEN et al, 2004). O PFE é uma maneira objetiva de identificar casos obstrutivos da asma respiratória mesmo antes do sibilo ser detectado. Muitos investigadores observaram os parâmetros reduzidos da função pulmonar como, por exemplo, para PFE, VEF1 e a CVF nos trabalhadores de madeira quando comparados à população geral (FERNÁNDEZ-RIVAS et al, 1997; IGE; ONADEKO, 2000). As pesquisas de Meo (2004) e Aguwa et al (2007) mostram que quando o ano de exposição à poeira de madeira aumenta a porcentagem dos trabalhadores com o PFE anormalmente reduzido aumenta significativamente, e há aumento crescente da presença de patologia obstrutiva com anos crescentes de exposição à poeira de madeira. Os resultados igualmente mostram que aqueles que trabalharam mais de cinco anos eram três vezes mais prováveis ter um PFE anormal do que aqueles que trabalharam até cinco anos. Carosso et al (1987) confirmam em seus estudos que a exposição ao pó de madeira ou substâncias bronco-ativas relacionadas com a madeira de trabalho pode causar DPOC. Isto é demonstrado pela diminuição do VEF1, VEF1/CVF%, e MEF50% que é dependente do quadrado da duração da exposição, ou seja, é dose-dependente. Enquanto que Al-Zuhair et al (1981) mostraram evidências em seus estudos os quais sugerem que a diminuição da capacidade de ventilação que ocorre após a exposição a algumas poeiras é provocada pela constrição das vias aéreas, devido à liberação de histamina nos bronquíolos dos pulmões. Entretanto Bosan e Okpapi (2004) em seus estudos relatam que o comprometimento da 40 função ventilatória parece agravar-se com o grau crescente de exposição, mas não com a duração de exposição ao pó de madeira ou produto químico. Schlünssen et al (2004) indicam que as mudanças cruzadas no VEF1 não são apenas determinados pelo nível de exposição real, mas também, pela exposição crônica. Isto sugere um “efeito irritativo” do pó de madeira sobre a mucosa respiratória, o qual não desaparece no final do dia de trabalho, e isto pode “propiciar” nos pulmões um efeito agudo. Borm et al (2002) em seus estudos com novecentos e trinta trabalhadores na indústria de madeira de Meranti, Indonésia, expostos ao pó de madeira revelaram índices do MEF e PFE (77%) abaixo dos valores normais. Os resultados mostraram uma associação negativa entre os anos de trabalho e os índices espirométricos. A significância estatística, para os anos de trabalho foi obtida para CVF, VEF1, VEF1/CVF, e MEF, com a maior variação ajustados obtidos para CVF e VEF1. Cerca de 26% a 29% dos trabalhadores do sexo masculino apresentaram alteração obstrutiva (MEF ou PFE < 70%), em comparação com 2,6% dos homens baseado no índice-Tiffeneau (VEF1/CVF < 70%). Posteriormente a realização de ensaios para comparar homens fumantes e não-fumantes não pôde detectar uma diferença significativa no PFE, MEF, e índice-Tiffeneau. O estudo mostrou uma tendência inversa, foi encontrada uma maior obstrução em não-fumantes para todas as variáveis, em que menos casos com obstrução foram encontrados nos fumantes (5,8%) do que entre os não-fumantes (7,7%), embora a diferença tenha sido pequena e não significante. As pesquisas de Douwes et al (2006) mostraram que os indivíduos com sintomas de asma apresentaram um número significativamente menor do VEF1 e PFE que aqueles sem sintomas de asma, com a CVF muito semelhante. Evidenciaram riscos elevados à exposição à poeira de pinho seca e verde, com um déficit significativo na base da função pulmonar, ambos de natureza obstrutiva (VEF1 e PFE) e restritiva (CVF). Dahlqvist et al (1992) mostraram em seus trabalhos sinais de comprometimento obstrutivo leve com diminuição do VEF1, sendo mais evidente durante o dia de trabalho. No estudo de Shamssain (1992) a CVF foi o único índice que apresentou uma significativa correlação com à exposição expressa com o número de anos de trabalho. A proporção de trabalhadores com um VEF1/CVF abaixo de 70% era quase o dobro do número no grupo controle. Além disso, a proporção de indivíduos com um VEF1/CVF abaixo de 70% em relação a trabalhadores expostos a quem tinha sido empregado pelo menos durante dez 41 anos foi o dobro do número de trabalhadores expostos com menos de dez anos de emprego. Estas conclusões tiradas com os valores significativamente menores do FEF e PFE nos trabalhadores indicam que a exposição ao pó de madeira causa sérios efeitos sobre a função respiratória. A partir da avaliação da espirometria, Publio (2008) observou que 23,8 % dos trabalhadores apresentavam prova de função pulmonar alterada sendo que três indivíduos, equivalentes a 14,28% apresentaram comprometimento da função pulmonar com distúrbio ventilatório obstrutivo e dois indivíduos, 9,5% com distúrbio ventilatório inespecífico. No grupo controle, quando aplicado o MRC foram observados dois trabalhadores (9,5%) com prova de função pulmonar alterada, com distúrbio ventilatório obstrutivo. Publio (2002) verificou que dos trabalhadores da indústria moveleira participantes do seu estudo, 90.2% (n= 46) dos indivíduos apresentaram espirometria normal, 7.8% (n=4) apresentaram distúrbio ventilatório obstrutivo leve, e apenas 1.9% (n=1) apresentaram distúrbio ventilatório restritivo leve. Bosan e Okpapi (2004) observaram que o VEF1 médio era mais baixo nos fumantes do que a média para os não-fumantes, mas este não era estatisticamente significativo. Entretanto, a CVF média para fumantes era mais baixo do que a média para os não-fumantes, com p<0,05. Da mesma maneira Al-Zuhair et al (1981), Schlünssen et al (2002) e Schlünssen et al (2004) não encontraram interações significativas entre as alterações nos índices ventilatórios e o tabagismo. No presente estudo, a variável de função pulmonar FEF25%-75% foi a única a não apresentar correlação negativa em relação ao tempo de exposição. Diferentemente dos estudos de Alwis (1998), Mandriyk et al (2000), Milanowski et al (2002), Meo (2004) e de Publio (2008) que observaram uma diminuição dos valores da variável pulmonar FEF25%-75% em relação ao tempo de exposição, indicando que quanto maior o tempo de exposição, menor o valor do FEF25%-75%, e sugerindo que a exposição à poeira de madeira pode comprometer as pequenas vias aéreas. Embora a espirometria tenha sido enfatizada como a melhor arma para diagnosticar e quantificar a grande variedade de desordem pulmonar, em alguns pacientes a medida direta dos volumes pulmonares fornece informações adicionais para melhor compreender alterações inicialmente detectadas pela espirometria. Por exemplo, nas doenças restritivas há diminuição 42 da Capacidade Vital (CV), mas esta também pode estar reduzida por um processo obstrutivo. Nesse caso a medida dos volumes pulmonares ajuda a interpretar os resultados da espirometria (RODRIGUES, 2003, p. 5). Avaliação da exposição ocupacional é uma das atividades mais importantes que visam proteger a saúde do trabalhador. A avaliação do risco ocupacional e exposição ao pó de madeira são difíceis. Esta dificuldade surge devido à inconsistência e controvérsia em torno de muitos fatores. Em primeiro lugar, o tamanho e a forma de partículas de poeira, que definem onde as partículas se depositarão no trato respiratório e seus efeitos adversos, especialmente os cancerígenos. Em segundo lugar, as diferenças na estrutura, composição e influência de vários tipos de madeira, observando-se a divisão em madeira dura e macia. Em terceiro lugar, o estabelecimento do nível máximo de segurança de concentração de poeira no ar do ambiente de trabalho. Os aspectos acima referidos exigem muitas regulamentações legislativas, as quais impõem ao empregador uma série de deveres resultantes dos efeitos adversos do pó de madeira sobre a saúde (BARAN; TEUL, 2008). 43 6 CONCLUSÃO O não uso de equipamento de proteção respiratório pela maioria dos trabalhadores acarretou em uma maior prevalência no aparecimento de sintomas respiratórios. O estudo revelou uma significância estatística para a presença de sintomas respiratórios em indivíduos sob a exposição ocupacional à poeira de madeira, bem como para a prevalência da irritação do nariz. Encontrou-se correlação significativa para os índices espirométricos em função da exposição à poeira de madeira, se mostrando abaixo do predito para as variáveis CVL, VEF1 e MEF50% e acima para MEF75% e VEF1/CVF. Não houve correlação significativa entre a presença de sintomas respiratórios, tempo de exposição e alteração da função pulmonar entre os grupos tabagistas e não-tabagistas. O comprometimento da função pulmonar dos trabalhadores expostos à poeira de madeira demonstrou uma maior predisposição ao aparecimento de distúrbio ventilatório restritivo. 44 7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A partir dos achados desta pesquisa, vale ressaltar a importância da realização de novos estudos relacionados à exposição inalatória ocupacional à poeira de madeira, com a análise de espécies de madeira específicas, da concentração e do tamanho das partículas de poeira no ambiente de trabalho, fatores estes não abordados no presente estudo. Espera-se que esta pesquisa possa, de alguma maneira, servir de apoio a pesquisas futuras no tocante a estudos mais aprofundados sobre uma questão tão importante e relevante não só para a saúde dos trabalhadores que lidam com a madeira, como para pessoas interessadas em estudar sobre o tema. 45 REFERÊNCIAS AGUWA, E. N.; OKEKE, T. A.; ASUZU, M. C. The prevalence of occupational asthma and rhinitis among woodworkers in south-eastern Nigeria. 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Atenciosamente, ___________________________ Nome do proprietário 52 APÊNDICE 3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO “ANÁLISE DO PERFIL PNEUMOFUNIONAL DOS TRABALHADORES EXPOSTOS AO PÓ DE MADEIRA NO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ – PA – BRASIL”. Você está sendo convidado a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Eu, _________________________________________, residente e domiciliado na_________ _____________________________, portador da Cédula de identidade, RG ______________, e inscrito no CPF______________________ nascido (a) em _____ / _____ /_______, abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário (a) do estudo “Análise do perfil pneumofuncional dos trabalhadores expostos ao pó de madeira no município de Jacundá – PA – Brasil”. Estou ciente que: I) Essa pesquisa terá como objetivo avaliar o perfil pneumofuncional dos trabalhadores expostos ao contato direto com o pó de madeira. II) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos de avaliação efetuados com o estudo; III) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; IV) Passarei por um questionário de avaliação, onde serão coletados meus dados pessoais, minha história ocupacional e social e, por uma avaliação respiratória, utilizando um espirômetro com software, onde realizarei uma inspiração forçada e em seguida expirarei de forma intensa e rápida; V) Poderei apresentar um leve desconforto respiratório após a avaliação respiratória e, caso isto ocorra, terei quinze minutos de descanso, para dar seqüência à avaliação; VI) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não virá interferir na avaliação proposta; VII) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde; 53 VIII) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; IX) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo; X) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XI) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. Jacundá, ______ de ______________________ de 2009. Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. ______________________________________________ Assinatura do participante Testemunha 1 : ___________________________________________________ Nome / RG / Telefone Testemunha 2 : __________________________________________________ Nome / RG / Telefone Responsável pelo Projeto: Valéria Marques Ferreira Normando Telefone para contato: 91 – 8112-8272 54 APÊNDICE 4 QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO “ANÁLISE DO PERFIL PNEUMOFUNIONAL DOS TRABALHADORES EXPOSTOS AO PÓ DE MADEIRA NO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ – PARÁ – BRASIL”. REGISTRO Nome: _______________________________________________________________________ Endereço: _____________________________________ Tel: ___________________ Data de nascimento:_____/_____/_______ Data da avaliação: _____/_____/________ Empresa: _______________________________ Ocupação: _____________________ QUESTIONÁRIO Você já apresentou ou apresenta alguma doença pulmonar e/ou patologia associada? ( ) Sim ( ) Não Qual(is)?______________________________________ Há quanto tempo?__________________________________________________ Você apresenta algum dos sinais/sintomas abaixo? ( ) Tosse ( ) Dispneia ( ) Coriza ( ) Sudorese ( ) Irritação no nariz ( ) Outros________________________________________________________ Com relação ao expediente de trabalho, você apresenta algum desconforto? ( ) Não ( ) Sim, durante o expediente ( ) Sim, após o expediente ( ) Sim, durante e após o expediente Tabagismo? ( ) Sim ( ) Não ( ( ) Cig./dia ( ) anos/tabag. ) anos/parado Atividade física? ( ) nega ( ) irregular ( ) regular Qual?______________________ Turno de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite Você tem acesso a equipamentos de proteção? ( ) sim ( ) não Você faz uso do equipamento de proteção individual completo? 55 ( ) Sim ( ) Não Qual(is)?_______________________________________ Quanto tempo trabalha na Empresa?________e, na ocupação?_____________ Trabalha quantas horas diárias?________ Faz hora extra? ( ) Sim ( ) Não Há intervalo no turno de trabalho? Sim ( ) Não ( ) Tempo?____________ Faz uso de algum medicamento? Sim ( ) Não ( ) Qual?______________ AVALIAÇÃO GERAL Altura: ___________ Peso:____________ Sinais Vitais: FR:___________irpm FC:_________bpm PA:___________mmHg 56 ANEXO 1