Entrevista e avaliação
dos transtornos mentais
Disciplina de Psicopatologia
Profa. Fernanda Vaz Hartmann
Tipos de entrevista
 Aberta
 Estruturada
 Semi-estruturada
Avaliação psiquiátrica
 A avaliação psiquiátrica começa antes
mesmo do início da entrevista
 Observação da expressão facial do paciente,
trajes, movimentos, maneira de se apresentar
 O esforço inicial do entrevistador deve ser
o de criar um ambiente em que o paciente
sinta- se à vontade para expor suas
dificuldades
Avaliação psiquiátrica
 O início da entrevista deve ser pouco
diretiva, permitindo a livre expressão do
paciente, com interferência mínima do
entrevistador
 Após a exposição inicial, o entrevistador
deve adotar um papel mais ativo,
conduzindo a entrevista, com tato, para
cobrir todos os aspectos da anamnese
Avaliação psiquiátrica
 Antes
de finalizar a entrevista, o
entrevistador deve abrir um espaço para
comentários adicionais do paciente,
esclarecer suas dúvidas
 Quando necessário, entrevistas adicionais
e consultas a outras fontes de informação
devem ser conduzidas, como a parentes
ou conhecidos, sempre com o prévio
conhecimento e anuência do paciente
ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA
 Formular uma impressão do
diagnóstico do paciente
 Informações documentadas
para o prontuário
 Algumas vezes terapêutica
Avaliação psiquiátrica

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
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

Identificação do paciente e dos informantes
Queixa principal
História da moléstia atual
Antecedentes
História pessoal
Personalidade pré-mórbida
História familiar
História social
Exame do estado mental
Impressão diagnóstica
Plano de tratamento e manejo
Identificação
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
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




Nome
Idade
Gênero
Etnia
Estado civil
Ocupação
Procedência
Religião
Os informantes (paciente, acompanhante,
registros psiquiátricos pregressos)
Queixa principal
 Queixa do paciente em suas próprias
palavras
 “Eu fico com raiva e tenho vontade de agredir
as pessoas”
 Palavras adicionais se queixa
relativamente vaga
 Observar quem encaminhou, de quem foi
a iniciativa de buscar ajuda e com que
objetivo
História da moléstia atual
 História concisa da doença
 Início dos sintomas
 Episódios, natureza do surgimento, precipitação
 Ordem cronológica
 Abuso de álcool ou drogas
 Grau de incapacidade
 Influência da doença na vida
pessoal ou familiar
 Tratamentos
Antecedentes
História da doença psiquiátrica
 Idade da 1a avaliação
 Hospitalizações
 Número de episódios e duração
 Tratamentos
 Álcool e drogas
Antecedentes
História médica geral
 Estado de saúde atual e pregresso
 Doenças existentes
 Tratamentos, medicamentos e suas
dosagens
 Lesões encefálicas, cefaléias, convulsões
e outras doenças do SNC
História pessoal
 História pré-natal/nascimento
 Informações sobre a gestação, o parto e as
condições do nascimento (peso, anóxia,
icterícia, dist metabólico)
 Infância e desenvolvimento
 Descrever as condições de saúde; sono,
alimentação; aquisições de habilidades,
incluindo desenvolvimento motor, linguagem
e controle esfincteriano; a vida escolar, a
idade de início da aprendizagem, o
ajustamento, o temperamento, medos, o
relacionamento e interação social
História pessoal
 Adolescência
 Descrever os interesses, as aquisições
quanto à vida escolar, a profissionalização ou
trabalho; as interações e o relacionamento
com familiares e colegas; a sexualidade
incluindo a menarca, namoro, a 1ª relação
sexual; o uso de drogas ou álcool
 Idade adulta
 Descrever as situações e as atitudes frente
ao trabalho, a vida familiar e conjugal, a
sexualidade, os relacionamentos e a situação
sócio-econômica
Personalidade pré-mórbida
 Conjunto de atitudes e padrões habituais
de
comportamento
do
indivíduo,
independente da sua situação de doença
 Preocupações
excessivas
com
ordem,
limpeza, pontualidade, o estado de humor
habitual, a capacidade de expressar os
sentimentos, o nível de desconfiança e
competitividade, a capacidade para executar
planos e projetos e a maneira como reage
quando se sente pressionado
 Observar mudanças de personalidade com
a doença
História familiar
 Idade, ocupação e escolaridade dos parentes
em primeiro grau
 Nível de interação entre os integrantes da
família
 Doenças mentais na família
 Questionar transtornos específicos
 Alcoolismo, criminalidade, tentativa de suicídio,
uso de medicações, tratamento psicológico
História social
 Resumo da situação atual
 Localização da moradia
 Membros da família residentes na
mesma moradia
 Hábitos
Exame do estado mental
 Aparência
 Cuidados pessoais, higiene, expressão facial
 Presença de deformidades e peculiaridades
físicas
 Tipo e adequação do vestuário
 Idade compativel com aparência
Exame do estado mental
 Psicomotricidade
 Comportamento da atividade motora
 a velocidade e intensidade da mobilidade geral na
marcha, quando sentado e na gesticulação
 Agitação ou retardo, tremores, acatisia,
maneirismos, tiques
 Sinais de catatonia
Exame do estado mental
 Atitude







Cooperativa
Reservada
Irritada
Evasiva
Desconfiada
Indiferente
Negativista
Exame do estado mental
 Pensamento e fala
 Avaliação por métodos indiretos
 Curso – lento, acelerado
 Forma – circunstancialidade, tangencialidade,
perseveração, fuga de idéias,
afrouxamento de associações,
ecolalia
Exame do estado mental
 Pensamento e fala
 Conteúdo: tema predominante
 Ansioso, depressivo, fóbico, obsessivo
 Logicidade
 Delírios
 Idéias supervalorizadas
Exame do estado mental
 Capacidade de abstração
 A capacidade de formular conceitos e
generalizações
• Interpretação de provérbios, pontos em
comum entre dois itens
 Incapacidade de abstração: pensamento
concreto
Exame do estado mental
 Humor
 Atitude emocional relatada pelo paciente
 Neutro, eufórico, deprimido, ansioso, irritável
 Afeto
 Inferido a partir do modo como o
paciente comunica seu estado emocional
 Pleno, embotado/apático, inapropriado
Exame do estado mental
 Sensopercepção




Despersonalização
Desrealização
Ilusão
Alucinações
 Visuais, auditivas, táteis ou olfativas
Sensopercepção
 É a função do ego que traduz a percepção
do indivíduo através dos órgãos dos
sentidos em relação a seu meio.
 Funcionamento normal - quando a pessoa
consegue perceber a realidade que a
cerca sem distorções.
 As alterações podem ser qualitativas ou
quantitativas.
Sensopercepção
 Quando a qualidade da percepção está
alterada, diz que o indivíduo apresente
uma ilusão ou alucinação.
 Ilusão - é a falsa percepção de um objeto
real.
 Alucinação - é a percepção sem objeto.
Sensopercepção
 As
alterações quantitativas são as
sensações que habitualmente as pessoas
têm, mas adquirem um caráter patológico
pela sua intensidade.
 Por exemplo : dor, dispnéia, anestesia,
etcétera.
Exame do estado mental
 Orientação
 Autopsíquica
 Saber o próprio nome, reconhecer as pessoas do seu
meio, saber quem é o entrevistador
 Alopsíquica
 Orientação no tempo (o ano, o mês, o dia da
semana, o período do dia) e no espaço (onde se
encontra no momento, a cidade, o estado)
Orientação
 A função do ego que permite orientação
ao indivíduo envolve as seguintes
categorias : tempo, lugar e pessoa.
 Exemplo : paciente orientado auto e
alopsiquicamente.
 Exemplo : paciente desorientado quanto ao
tempo.
Exame do estado mental
 Memória
 Muito curto prazo/imediata
 Repetição imediata de série de dígitos ou 3
unidades de informação
 Curto prazo/recente
 Repetição da série após 3-5 minutos
 Longo prazo/remota
 Eventos dias anteriores, meses e anos
Memória
 É a função do ego responsável pelo
armazenamento
de
conhecimento
adquirido, permitindo que o indivíduo
tenha capacidade de evocar estes dados
quando necessário.
 Amnésias são deficits de memória.
 Amnésia de fixação - capacidade
retenção prejudicada (orgânica).
de
Memória
 Amnésia de evocação - capacidade de evocação
prejudicada. Se a dificuldade for extensiva aos
acontecimentos precedentemente vividos, fica
caracterizada uma amnésia retrógrada.
 Amnésia mista - comprometimento ânteroretrógrado.
 Dismnésias : são simples, em graus menores, como
por exemplo, esquecimentos de nomes, evaporação
de lembranças...
 Amnésia unitemal ou seletiva : relacionado a um
tema determinado e tem origem emocional, com
função defensiva.
Atenção
 Consiste em um processo de dirigir nossa
percepção para determinadas sensações
e idéias que despertam nosso interesse,
enquanto que as demais são parcialmente
inibidas.
 Tenacidade é a capacidade de manter a
atenção voltada de modo persistente
sobre um objeto.
Atenção
 Vigilância é a capacidade de dirigir a
atenção para um novo objeto.
 Se a atenção é voluntariamente dirigida, dizse ativa ou secundária ; se for atraída pelo
que acontece no exterior, diz-se passiva ou
primária.
 Distração é a incapacidade de concentrar
a atenção.
Atenção
 Hipovigilância - pacientes deprimidos.
 Hipervigilância - pacientes paranóides.
 Hipotenacidade - distração fácil.
 Hipertenacidade - distração difícil.
Exame do estado mental
Consciência
 Tem sido definida como aspecto
característico da vida mental.
Ela é
sinônimo da qualidade de estar atento e
de ter conhecimento.
 Lúcida - quando não há alteração de
consciência.
 Confusão - é a perda das conexões
existentes entre os processos psíquicos,
...
Exame do estado mental
Consciência
 Consciência plena
 Sonolência
 Obnubilação
 Estupor
 Delirium
 Estado crepuscular
 Coma
Consciência
 ....em especial, no que se refere ao
pensamento, percepção e memória, sem
que surjam erros sensoriais ou de
reconhecimento.
 Sonolência - é um estado de consciência
que está entre o sono e a vigília.
Caracteriza-se por uma tendência a
pensamentos concretos e fenômenos
alucinatórios passageiros.
Consciência
 Obnubilação
- estado ligeiro de
diminuição gradual da consciência durante
o qual os estímulos externos precisam ser
anormalmente intensos para se fazerem
conscientes, mas sem que haja uma falta
de reconhecimento da situação.
Quando se associa a idéia delirantes e
alucinações, recebe o nome de “delirium”
(infecções, febres, intoxicações,...)
Consciência
 Torpor - é uma sonolência anormal, na qual somente mediantes intensos
estímulos há resposta por parte do paciente.
 Coma - é a ausência de consciência.
 Estupor é um estado de consciência ou sensibilidade apenas parcial ou
insensibilidade acompanhada por pronunciada diminuição da faculdade de exibir
reações motoras.
 Estado Crepuscular é um estreitamento transitório da consciência, com a
conservação de uma atividade mais ou menos coordenada, mais ou menos
automática. Normalmente há falsa aparência de que o paciente está
compreendendo a situação. Em geral, a percepção do mundo exterior é
imperfeita
ou
de
todo
inexistente.
Neste estado o paciente parece estar totalmente voltado para dentro. Perambula
como que ausente psiquicamente, automático e sem objetivos claramente
definidos. O pensamento pode ser comparado a uma vivência onírica, pouco
clara e da qual as lembranças são embasadas e turvas, não raras vezes nada é
lembrado depois de passado o episódio do Estado Crepuscular. Pode
manifestar-se um pavor irracional ou uma agressividade extremada durante a
crise. Entre as patologias que comumente proporcionam o Estado Crepuscular a
Epilepsia tem lugar destacado mas não monopoliza todos os pacientes que
apresentam este quadro. Situações psicotiformes reativas e vivências muito
traumáticas podem "empurrar" o paciente para este estado de afastamento
momentâneo
de
uma
realidade
sofrível.
Exame do estado mental
 Inteligência




Prejuízo intelectual, deterioração
Informações gerais
Eventos atuais sobre história/geografia
Escolaridade
 Habilidades aritméticas
 Subtrações de 7s, 3s
 Capacidade de leitura e escrita
 Avaliada em reação ao seu nível educacional
Exame do estado mental
 Atenção
 Avaliada nas tarefas já descritas
 Voluntária e espontânea
 Testes adicionais – soletrar palavra de trás
para frente ou nomear palavras que iniciem
com uma letra específica
Exame do estado mental
 Julgamento e insight
 Grau de realismo com que o paciente
compreende sua doença/problemas de vida
 Insight avaliado de forma relativamente direta
 Você acredita que tem uma doença mental?
 Julgamento - não tão facil de avaliar
 O que você faria se estivesse em um cinema e
sentisse cheiro de fumaça?
Impressão diagnóstica
 Sindrômico – ass0ociação de sinais e
sintomas que evoluem em conjunto ,mas
com etiologias diversas. Ex: de ansiedade,
de conversão, depressiva , maníaca,
mista...
 Nosológico- CID 10 e DSM IV
 Se apropriado, deve ser feito mais de um
diagnóstico
 Quando incerto, acrescentar o qualificador
provisório
Plano de tratamento e manejo
 Depende do nível de certeza diagnóstica
 Se incerto, avaliações adicionais
 Se diagnóstico claro, esboçar esquema de
tratamento específico
Referências Bibliográficas
 Andreasen, N.C., Black, D.W., Introdução
à psiquiatria, 4. ed., Porto Alegre: Artmed,
2009.
 Kaplan, H.I., Sadock,B.J., Grebb, J.A.,
Compêndio de psiquiatria: ciência do
comportamento e psiquiatria clínica, 9.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2009.
 Zuardi, A.W., Loureiro, S.R.. Semiologia
psiquiátrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29:
44-53, jan./mar. 1996
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