UERJ CAMPUS REGIONAL DE RESENDE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ÊNFASE EM PRODUÇÃO MECÂNICA CAPÍTULO 4: PROCESSOS DE EXTRUSÃO DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E ENERGIA PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV PROF. ALEXANDRE ALVARENGA PALMEIRA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Estrada Resende Riachuelo s/n. - Morada da Colina Resende — RJ - CEP: 27.523-000 Tel.: (24) 3354-0194 ou 3354-7851 e Fax: (24) 3354-7875 E-mail: [email protected] Segunda-feira, 11 de Abril de 2005 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc RESUMO No processo de conformação por extrusão o material é forçado através de uma matriz, de forma similar ao aperto de um tubo de pasta de dentes. Neste processo, praticamente qualquer forma de seção transversal, vazada ou cheia, pode ser produzida. Como a geometria da matriz permanece inalterada, os produtos extrudados tem seção transversal constante. Dependo da ductilidade do material a extrudar o processo pode ser feito a frio ou a quente, em altas temperaturas. Cada tarugo é extrudado individualmente, caracterizando a extrusão como um processo semi-contínuo. O produto é essencialmente uma peça semi- acabada. A extrusão pode ser combinada com operações de forjamento, sendo neste caso denominada extrusão fria. Ao realizar a extrusão em operação combinada com forjamento pode-se gerar componentes para automóveis, bicicletas, motocicletas, maquinário pesado e equipamento de transporte, vários materiais, como o Alumínio, o cobre, o aço, o magnésio e o chumbo, podem ser extrudados. Sendo que, os produtos extrudados podem ser cortados nos tamanhos desejados para gerarem peças, como maçanetas, trancas e engrenagens. Sendo assim, os produtos mais comuns obtidos por extrusão são: quadros de janelas e portas, trilhos para portas deslizantes, tubos de várias seções transversais e formas arquitetônicas, etc.. Palavras chaves: Conformação, Extrusão. i ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc SUMÁRIO I- INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 1 II- CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE EXTRUSÃO ...........................................................4 II.1 II.2 II.3 III- EXTRUSÃO DIRETA ............................................................................................................................5 EXTRUSÃO INVERSA (INDIRETA)......................................................................................................9 EXTRUSÃO HIDROSTÁTICA .............................................................................................................. 10 TEMPERATURA DE EXTRUSÃO................................................................................................. 13 III.1 EXTRUSÃO A QUENTE ...................................................................................................................... 13 III.1.1 Produtos Extrudados a Quente....................................................................................16 III.2 EXTRUSÃO A FRIO .............................................................................................................................17 III.2.1 Produtos Extrudados a Frio .......................................................................................... 19 III.2.2 Tipos de Extrusão a Frio.................................................................................................20 IVIV.1 IV.2 VV.1 V.2 VIVI.1 VI.2 VI.3 VI.4 VII- EQUIPAMENTOS............................................................................................................................ 23 MÁQUINA DE EXTRUSÃO ................................................................................................................ 23 EQUIPAMENTOS COMPLEMTARES ..................................................................................................28 FERRAMENTA DE EXTRUSÃO .................................................................................................. 29 PROJETO DE MATRIZES E MATERIAIS ........................................................................................... 31 FIERIA OU MATRIZ DE EXTRUSÃO DE PERFIS TUBULARES ........................................................... 32 CÁLCULOS DOS ESFORÇOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO.......................34 PARÂMETROS GEOMÉTRICOS .......................................................................................................34 PARÂMETROS FÍSICOS ...................................................................................................................35 PRESSÃO DE EXTRUSÃO ................................................................................................................35 OUTRAS VARIÁVEIS DO PROCESSO ...............................................................................................36 ETAPAS DO PROCESSO DE EXTRUSÃO............................................................................... 37 ii ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VIII- CONTROLE DE PROCESSO DE EXTRUSÃO ......................................................................40 IX- CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS EXTRUDADOS.............................................................43 X- DEFEITOS TÍPICOS DE PRODUTOS EXTRUDADOS ............................................................ 44 iii ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc ÍNDICE DE FIGURAS Figura 4- 1: Produtos obtidos pelo seccionamento do perfil extrudado...................................2 Figura 4- 2: Mastro extrudado em Alumínio......................................................................................3 Figura 4- 3: Representação esquemática da extrusão direta....................................................4 Figura 4- 4: Representação esquemática da extrusão indireta ou inversa. ..........................4 Figura 4- 5: Representação esquemática da extrusão lateral...................................................5 Figura 4- 6: Representação esquemática da extrusão direta. ................................................. 6 Figura 4- 7: Tipos de escoamento de metal em matrizes quadradas na extrusão direta........................................................................................................................................................ 7 Figura 4- 8: Representação esquemática da extrusão inversa..................................................9 Figura 4- 9: Seqüência de operação de uma máquina de extrusão inversa.......................... 10 Figura 4- 10: Representação esquemática da extrusão hidrostática. ....................................11 Figura 4- 11: Representação esquemática do processo de extrusão direta a quente. .....16 Figura 4- 12: Exemplo de produtos extrudados a frio................................................................... 19 Figura 4- 13: Processo de extrusão direta a frio tipo Hooker (a) e tipo ironing (b)..........20 Figura 4- 14: Representação esquemática da extrusão por impacto..................................... 21 Figura 4- 15: Êmbolo (a) e matriz (b) utilizados na extrusão por impacto. ......................... 22 Figura 4- 16: Representação esquemática de uma extrusora. ................................................26 Figura 4- 17: Detalhamento do conjunto suporte de fieira ou matriz. ....................................27 Figura 4- 18: Máquina extrusora horizontal. ..................................................................................28 Figura 4- 19: Tipos usuais de perfis de ferramentas de extrusão...........................................30 iv ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 20: Representação esquemática de matrizes de extrusão.................................... 31 Figura 4- 21: Secção transversal de um produto extrudado. .................................................... 31 Figura 4- 22: Representação do fluxo de metal durante a extrusão de tubos. .................33 Figura 4- 23: Detalhamento do conjunto suporte de fieira ou matriz. .................................33 Figura 4- 24: Representação do diâmetro do círculo circunscrito (DCC). ...........................34 Figura 4- 25: Constantes de extrusão para metais em várias temperaturas. .................35 Figura 4- 26: Etapas da extrusão de um lingote. ........................................................................ 37 Figura 4- 28: Recuo do pistão e corte do resíduo do tarugo. ..................................................38 Figura 4- 29: Retirada da casca do tarugo com avanço do punção usando o disco de raspagem. ............................................................................................................................................38 Figura 4- 30: Ilustração do efeito de falta de coesão interna na forma de V.................... 45 v ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc ÍNDICE DE TABELAS Tabela 4- 1: Faixa de temperatura de extrusão para alguns metais....................................... 14 vi ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc GLOSSÁRIO Lingote = Produto metálico de forma geralmente cilíndrica obtido pela laminação de um lingote. Tarugo = Produto de forma geralmente cilíndrica obtido por fundição. Fundição = Processo metalúrgico que consiste em obter um produto sólido a partir do metal em estado líquido, mediante sua solidificação em um molde. Matriz = Bloco de aço que tem um ou mais orifícios de contorno adequado, pelos quais o tarugo de extrusão é forçado a passar. Recristalização = Formação de uma nova estrutura de granulação pelo aquecimento de material trabalhado a frio. Granulação = Tamanho dos grãos do metal. Prensa = Termo geral usado para a máquina que emprega a pressão para deformar ou cisalhar o material. Prensa hidráulica = Prensa cujo aríete é acionado por um cilindro e êmbolo hidráulico cuja pressão se obtém de uma bomba hidráulica. Tratamento térmico = Aquecimento e resfriamento de um metal de forma a se obter condições ou propriedades desejadas. Esticamento = Processo metalúrgico que consiste na deformação plástica por tração a frio, com o objetivo de endireitar ou dar planicidade ao material. Esferoidização = Tipo de recozimento, que tem por objetivo melhorar a usinabilidade e a trabalhabilidade a frio dos aços. O tratamento consiste num aquecimento a uma temperatura logo acima da linha inferior de transformação, seguido de esfriamento lento; aquecimento prolongado a uma temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crítica; e por fim aquecimento e resfriamento alternados entre temperaturas que estão logo acima e logo abaixo da linha inferior de transformação. Produzindo uma forma globular ou esferoidal de carboneto no aço. vii ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc I- INTRODUÇÃO Quando um metal é extrudado, ele é comprimido acima de seu limite de elasticidade em uma câmara e é forçado a escoar e adquirir a forma do orifício de saída da câmara.. Um exemplo de extrusão de todo dia é a saída da pasta de dente de um tubo deformável. O metal é normalmente comprimido por um êmbolo ou pistão, e pode ser empurrado para a frente ou para trás, e o produto pode ser solido ou oco. A extrusão de metais apareceu na Inglaterra a partir de 1.797 na fabricação de tubos de chumbo, porém, somente em 1.900 a extrusão tomou níveis industriais. O primeiro grande incremento de utilização de perfis extrudados ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando perfis extrudados de alumínio foram produzidos em grande quantidade para utilização em componentes aeronáuticos. Com a introdução de ligas intermediárias, tratáveis termicamente na própria prensa de extrusão e de muito boa extrudabilidade, permitiu uma rápida expansão da indústria no pós-guerra. Extrusão é um processo de conformação plástica que consiste em passar um lingote ou tarugo (de secção circular) sob a pressão de um pistão acionado pneumática ou hidraulicamente, através da abertura de uma matriz, formando um produto alongado com o perfil da matriz, ou seja, na extrusão o material é forçado através de uma matriz, de forma similar ao aperto de um tubo de pasta de dentes. Este processo é empregado para obter barras, tubos ou seções de formas complexas com tolerâncias dimensionais e qualidade superficial. O método tem sido útil para deformar ligas refratárias e aços inoxidáveis, pois estes apresentam uma tensão média de compressão. Praticamente qualquer forma de seção transversal vazada ou cheia pode ser produzida por extrusão. Como a geometria da matriz permanece inalterada, os produtos extrudados têm seção transversal constante. Podese seccionar o perfil extrudado obtendo produtos como maçanetas, trancas e engrenagens, como mostrado na Figura 4- 1 a seguir. 1 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 1: Produtos obtidos pelo seccionamento do perfil extrudado. Cada tarugo ou lingote é extrudado individualmente, caracterizando a extrusão como um processo semi-contínuo. O produto é essencialmente uma peça semiacabada. A extrusão pode ser combinada com operações de forjamento, sendo neste caso denominada extrusão fria. Quando o trabalho é realizado à quente, ou seja, acima da temperatura de recristalização, a passagem do tarugo pela ferramenta, com furo da seção menor do que a do tarugo, provoca a deformação plástica do metal, mas sem efeito de encruamento, obtendo perfis metálicos com propriedades mecânicas controladas e do comprimento limitado pelo volume do lingote inicial. Como a estrutura metálica do produto da extrusão se encontra na condição recristalizada, é possível aplicar ao metal extrudado intensos trabalhos de deformação a frio adicionais como a trefilação. Porém, dependo da ductilidade do material a extrudar o processo pode ser feito a frio. Para os metais não ferrosos comuns, é comum o uso do processo de extrusão, no lugar da laminação, para obtenção dos perfis de formas variadas, apesar da limitação do comprimento do produto obtido. Mas, a extrusão permite obter um produto mais homogêneo, estrutural e dimensionalmente, e menos atacado por oxidação superficial. Ainda, dentre as vantagens deste processo, incluem a redução de custos através da eliminação de operações posteriores de usinagem ou junção, bem como a possibilidade de obtenção de seções mais resistentes através da adequada eliminação de juntas frágeis e de uma melhor distribuição de metal. O processo de extrusão (a quente), tem emprego limitado para os aços, em face das condições de trabalho adversas caracterizadas por elevadas pressões e temperaturas. A extrusão possui, ainda, algumas desvantagens em relação em relação a laminação como por exemplo: custo maior de aquisição de equipamento, limitação de comprimento do perfil, velocidade de trabalho menor e maior ausência de uniformidade de deformação ao final do processo. 2 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc O uso mais comum da extrusão é nos seguintes produtos: quadros de janelas e portas, trilhos para portas deslizantes, tubos de várias seções transversais e formas arquitetônicas, maçanetas, trancas e engrenagens. Em operação combinada com forjamento pode gerar componentes para automóveis, bicicletas, motocicletas, maquinário pesado, equipamento de transporte, estruturas aeroespaciais e centenas de outros itens são fabricados a partir de perfis de extrudados. Por exemplo a Figura 42, a seguir, mostra um mastro com enrolador interno, extrudado em Alumínio – ASTM 6061 T6*. Perfil do Extrudado Figura 4- 2: Mastro extrudado em Alumínio. * Liga ASTM 6061 T6, contendo Si, Re, Cu, Mn, Mg, Cr, Zn e Ti; de alta resistência e flexibilidade. O sulfixo T6 indica que o material foi temperado (solubilizado e envelhecido artificialmente). Este tratamento aplica-se aos produtos que não sofrem deformação plástica depois do tratamento térmico de solubilização, ou nos quais o efeito de encruamento devido ao aplainamento ou endireitamento pode ser desprezado ao serem fixados os limites para as propriedades mecânicas. Fonte Guia Técnico do Alumínio: Extrusão, Editado pela ABAL, São Paulo, 1990. pp 33, 38. 3 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc II- CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE EXTRUSÃO Quanto ao tipo de movimento do material, o processo de extrusão pode ser classificado em dois tipos: direta, inversa e lateral. Na extrusão direta (Figura 4- 3) um tarugo cilíndrico é colocado numa câmara e forçado através de uma abertura de matriz através de um pistão hidráulico. Câmara Fixador de Matriz Punção Tarugo Matriz Disco de Pressão Figura 4- 3: Representação esquemática da extrusão direta. Na extrusão indireta (reversa, invertida – Figura 4- 4) a matriz se desloca na direção do tarugo. Semelhante a este processo, a extrusão indireta, e freqüentemente incluída na categoria da extrusão a frio é a extrusão por impacto. Neste caso, o punção desce rapidamente sobre o tarugo que é extrudado para trás. Figura 4- 4: Representação esquemática da extrusão indireta ou inversa. 4 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Na extrusão lateral, o material do tarugo é forçado através de abertura lateral da câmara, sendo assim, os eixos do punção e da peça tem diferentes direções, normalmente, formando um ângulo reto, conforme pode ser observado na Figura 4- 5, a seguir. Figura 4- 5: Representação esquemática da extrusão lateral. A extrusão pode ser realizada pela atuação de um êmbolo ou fluído hidráulico, neste caso é chamada extrusão hidrostática. Na extrusão hidrostática, o diâmetro do tarugo é menor que o diâmetro da câmara, que é preenchida por um fluido. A pressão é transmitida ao tarugo através de um pistão e não há fricção nas paredes da câmara. Independente do sentido e da direção do fluxo do metal, do tipo e da velocidade do êmbolo, a abertura da matriz pode ser circular ou de outro formato. II.1 EXTRUSÃO DIRETA No processo de extrusão direta, o tarugo é colocado em uma câmara e impelido através da matriz por ação de um êmbolo. Um “disco de pressão” é colocado no fim do pistão ou êmbolo em contato com o tarugo. Esse tipo de extrusão tem uma utilização maior, pois possui o equipamento possui maior simplicidade, porque não possui um pistão oco, que possui sua resistência limitada à flambagem do material que o compõe. Na extrusão direta a matriz fecha um lado da câmara e o pistão ou êmbolo fecha o outro lado, conforme pode ser observado na Figura 4- 5. Aplica-se pressão no pistão o qual exerce força sobre o lingote ou tarugo fazendo-o mover-se para frente, assim o metal é extrudado pelo orifício da matriz. A câmara e a matriz são fixos e o tarugo move-se em relação à câmara. 5 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 6: Representação esquemática da extrusão direta. Essa movimentação do tarugo provoca atrito entre o mesmo e a superfície da câmara, o que acarreta um acréscimo da força necessária para extrudar o metal através da matriz. Esse atrito também retarda o fluxo do metal da região periférica do lingote, o que aumenta o fluxo de material do centro do lingote. Uma parte de cada tarugo deve ser deixada sem ser extrudada (talão). A redução do atrito na câmara pode ser obtida com o uso de lubrificantes resistentes a temperaturas elevadas. O fluxo de saída do metal é denominado então como “escoamento frontal”, conforme pode ser observado na Figura 4- 7a. Esse processo pode provocar o aparecimento de defeitos, causado pelo atrito na superfície do produto, como por exemplo, bolhas e escamas, provenientes do desalinhamento entre o pistão e a câmara, da distribuição deficiente do lubrificante, do desajuste entre o disco de pressão e a disco de pressão da câmara e da superfície irregular da câmara. Elimina-se esta desvantagem realizando a extrusão direta sem o uso de lubrificantes, mas com um disco de pressão de diâmetro menor do que a da câmara. Porém, com este procedimento se forma uma casca de metal não extrudado e aderente à câmara, que deve ser retirado após completa a extrusão do tarugo. A diferença é que nesse processo o escoamento do núcleo do tarugo ocorre primeiramente, porque sua superfície fica refreada pelo intenso atrito com a câmara, caracterizando um “escoamento central” com rotações das camadas frontais do tarugo (Figura 4- 7b e Figura 4- 7c). Parte da superfície frontal do tarugo fica bloqueada na região da câmara, e não é extrudada devendo ser retirada após o processo estar completo. 6 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc FLUXO DO METAL O fluxo do metal determina a qualidade e as propriedades mecânicas do produto final. O fluxo do metal é comparável ao escoamento de um fluido num canal. Os grãos tendem a alongar-se formando uma estrutura com orientação preferencial. O fluxo inadequado pode causar inúmeros defeitos. Uma das técnicas de observação do fluxo consiste em seccionar o tarugo ao longo de seu comprimento e marcar uma das faces com um quadriculado. As duas metades são então colocadas juntas na câmara e extrudadas. Após a extrusão as partes são novamente separadas para exame. Na Figura 4- 7, a seguir, pode ser observado o resultado desta técnica, para três situações típicas da extrusão direta para matriz quadrada (ângulo da matriz de 90º). Observe as zonas mortas nas Figura 4- 7b e Figura 4- 7c, onde o metal fica praticamente estacionário nos cantos, caracterizando um escoamento central. A situação é similar ao escoamento de fluido num canal com cantos vivos e curvas. Figura 4- 7: Tipos de escoamento de metal em matrizes quadradas na extrusão direta. Comparando os processos de extrusão direta com formação de camisa ou casca de metal na câmara, de extrusão direta com lubrificação, de extrusão indireta e ainda um processo em fase de desenvolvimento, de extrusão com camisa dianteira, temos: 1. No processo de extrusão direta, adotando uma folga entre o disco de pressão e a câmara, forma uma casca ou camisa de metal que apresenta a seguinte vantagem em relação ao processo sem camisa: i. Utiliza-se o lingote diretamente da fundição com a sua superfície normal e o extrudado apresentará aspecto brilhante, não contaminado pelo lubrificante. Tem no entanto as desvantagens de exigir esforço maior de cerca de 30 a 40% no início do processo para vencer a resistência ao cisalhamento e de limitar a velocidade de trabalho pelo aquecimento provocado, que se torna 7 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc máximo na interface de cisalhamento junto à zona morta na região adjacente à entrada da ferramenta; ii. Como o centro do lingote se escoa mais rapidamente que a periferia, há necessidade de deixar no final um resto de lingote para evitar o defeito de formação de cavidade central no extrudado. iii. O cisalhamento entre a zona morta e o resto do lingote pode provocar anomalias na textura, com a formação de uma coroa externa no extrudado constituídas de grãos grossos devido ao superaquecimento da interface. iv. Pode-se destacar duas situações particulares: (1ª) no caso de extrusão de alumínio, a folga é cerca de 1 mm e o aquecimento da câmara é realizado a uma temperatura de 30 a 50ºC inferior a do lingote; (2ª) no caso da extrusão do cobre, o óxido que se forma na superfície do lingote atua como lubrificante e, sendo adotado uma folga grande ou diâmetros pequenos, poderá ocorrer uma extrusão retardada da camisa formada. 2. No processo de extrusão direta, com lubrificação e com o uso de ferramentas cônicas, deve ser evitado a formação de zonas mortas, mas, como não se consegue um escoamento estável, devido às variações das condições mecânicas de operação e à lubrificação insuficiente na face da ferramenta, uma zona morta descontínua poderá ainda ser formada, provocando no extrudado defeitos como bolhas, cascas e desdobramentos contendo traços de lubrificantes retidos. 3. No processo de extrusão indireta (ou inversa), como não há atrito entre o lingote e a câmara, e como a zona de deformação é menor e mais homogênea, e com pouco trabalho redundante, o esforço de trabalho é menor do que no processo de extrusão direta. Por outro lado, para uma mesma secção de lingote, o pistão, sendo oco, pode não suportar a mesma carga. Nesse processo, pode-se extrudar perfis mais longos e com tolerâncias dimensionais mais estreitas. 4. No processo de extrusão com camisa dianteira, uma folga entre a ferramenta e a câmara permite a saída por fora, ao redor da ferramenta, e para frente de uma camisa. O processo, que está ainda em fase de pesquisa, tem se mostrado mais adequado as ligas metálicas leves e as dificuldades até então encontradas são: i. Dificuldade de se obter camisas de espessura regular; ii. Elevada solicitação térmica da ferramenta e complicada extração da camisa. 8 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc II.2 EXTRUSÃO INVERSA (INDIRETA) Neste caso ocorre o inverso a extrusão direta, é a matriz que se desloca em relação ao tarugo. Pois, na extrusão inversa o pistão ou êmbolo é furado e ligado à matriz, enquanto a outra extremidade da câmara é fechada. Freqüentemente, o pistão e a matriz são mantidos estacionários, e a câmara movimentada com o tarugo. Na extrusão inversa, por não se ter movimento entre a câmara e o tarugo, as forças de atrito são muito menores e as pressões requeridas para extrusão são bem menores do que na extrusão direta. Contudo, existe uma limitação pelo fato da extrusão inversa utilizar um pistão oco que restringe o valor das cargas a serem aplicadas. Figura 4- 8: Representação esquemática da extrusão inversa. A pressão de extrusão requerida é bem menor que a extrusão direta, pois não há atrito entre as superfícies do lingote e do recipiente. Não havendo atrito, ocorre um fluxo adicional de metal na secção transversal total do lingote durante a extrusão. Esse tipo de fluxo diminui grandemente a formação de vazios centrais na parte posterior do produto extrudado e também reduz a quantidade de descarte da extremidade. Uma desvantagem da extrusão inversa é a má qualidade superficial do produto. Apesar deste processo exigir menor esforço de deformação e permitir a obtenção de um produto mais homogêneo que na extrusão direta, esta têm uma utilização maior devido a maior simplicidade do equipamento, não exigindo o uso de um pistão oco que possui um resistência limitada à flambagem, principalmente para extrusão de grandes componentes. Como na extrusão inversa o pistão se mantém fixo, com a ferramenta colocada na sua extremidade, e a câmara com o tarugo avança em sua direção, o atrito torna-se inexistente entre o tarugo e a câmara. Entre o bloco e o metal a ser extrudado, 9 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc geralmente se interpõe um pedaço de material suplementar, como por exemplo, o grafite. O grafite força, então, a passagem de todo o tarugo através da matriz. Na Figura 4- 9, a seguir, é representada de esquematicamente a seqüência básica de operação de uma máquina de extrusão inversa. Onde primeiramente é posicionado o tarugo (E – billet), em seguida a câmara (C – container ) recua envolvendo assim o tarugo por completo. Logo após o pistão (F) avança empurrando o conjunto câmara-tarugo contra o êmbolo fixo porta-matriz (B – die-stand) que permanece imóvel. A forma da matriz (D – die) define então o perfil extrudado que sai por dentro do êmbolo fixo. Encerrando assim o processo de extrusão inversa. Figura 4- 9: Seqüência de operação de uma máquina de extrusão inversa. II.3 EXTRUSÃO HIDROSTÁTICA Este processo é caracterizado por empregar um fluido sob pressão para empurrar o material através da matriz, o que evita qualquer tipo de fricção nas paredes da câmara (Figura 4- 10). Neste processo, o diâmetro do tarugo é menor que o diâmetro da câmara, que é preenchida pelo fluido. Como a pressão para a operação de extrusão é proveniente de um meio fluido, que envolve o tarugo, não há fricção entre 10 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc parede e tarugo. Em geral a pressão transmitida ao tarugo através de um pistão é da ordem de 1.400 MPa. Figura 4- 10: Representação esquemática da extrusão hidrostática. A extrusão hidrostática aumenta a ductilidade do material, portanto materiais frágeis podem se beneficiar desta forma de extrusão. Este processo caracteriza-se principalmente por apresentar: baixa fricção, pequenos ângulos de matriz e altas relações de extrusão. Em geral é realizada a temperatura ambiente, usando óleo vegetal como meio fluido, combinando as qualidades de viscosidade e lubrificação. Pode-se também trabalhar em alta temperatura. Neste caso ceras, polímeros ou vidro são usados como fluido, que também tem a função de manter o isolamento térmico do tarugo durante o procedimento de extrusão. Podem ser extrudados por este método uma grande variedade de metais e polímeros, formas sólidas, tubos e outras formas vazadas como favo de abelha e perfis. A extrusão hidrostática vem sendo cada vez mais utilizada industrialmente, a seguir são relacionadas algumas vantagens e desvantagens deste processo: VANTAGENS 1. Não há atrito entre o tarugo e a câmara, permitindo que tarugos longos sejam extrudados sem um aumento correspondente na pressão de extrusão. 2. Como é baixo atrito entre a matriz e o tarugo, podem-se usar ângulos pequenos na matriz, reduzindo a deformação redundante e a pressão de extrusão, possibilitando a extrusão de materiais de alta resistência. 3. Dentro de certos limites, os tarugos não precisam ser cilíndricos ou ter dimensões estreitamente controladas. 4. É possível revestir com metais grandes comprimentos de arames metálicos. 11 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc 5. A matriz pode ser apoiada pelo liquido sob alta pressão, podendo obter produtos de seção complexa com matrizes de paredes finas. 6. O processo é versátil, a fácil substituição das matrizes possibilita a extrusão de tarugos de seção variada, e até de seção escalonada. 7. A resistência do produto é freqüentemente mais alta que a obtida por extrusão convencional, devido à ausência de vazios e poros, pois a mesma é realizada sob grandes tensões compressivas. DESVANTAGENS 1. Para gerar pressões suficientes (3.000 MPa), ocorre compressão considerável do fluido, levando ao armazenamento de grande quantidade de energia, reduzindo a eficiência, alem de ser muito perigoso. 2. A ponta do tarugo deve ser cônica e deve ser pressionada contra a matriz, para produzir a vedação inicial. 3. A grande dificuldade no controle a velocidade de extrusão, pode levar, a alta velocidade de extrusão e a um aquecimento e amaciamento do produto, que é indesejável. Além disso, o produto e o fluido são ejetados violentamente da câmara, a não ser que haja algum tipo de controle. A falta deste controle da velocidade muitas vezes leva a instabilidade no fluxo do metal. 4. Durante a produção, a vedação do fluido exige equipamentos auxiliares, no uso de extrusora horizontal. Um número grande de ciclos repetidos de operação pode exigir trocas freqüentes do selo entre o pistão móvel e o recipiente fixo, ou, então, exigir dispositivos especiais de vedação. Isto pode causar fadiga na câmara, pistão e outras peças. 12 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc III- TEMPERATURA DE EXTRUSÃO Vários tipos de metais e ligas podem ser extrudados, o processo pode ser realizado acima ou abaixo da temperatura de recristalização. Sendo assim, de acordo com a temperatura de trabalho podemos classificar a extrusão em: extrusão a quente ou extrusão a frio. A extrusão é, na maioria das vezes, realizado com a temperatura do metal acima de sua temperatura de recristalização, principalmente para metais duros, como o aço. Dependendo da ductilidade do metal o processo pode ser realizado a frio. Porém, independente da temperatura utilizada no processo os materiais a serem extrudados devem suportar rigorosas condições de atrito e temperatura. III.1 EXTRUSÃO A QUENTE Neste caso o trabalho é realizado a uma temperatura TQ, onde TQ = 0,5 Tf* para as ligas que não possuem ductilidade suficiente a temperatura ambiente, de forma a reduzir as forças necessárias. Na Tabela 4- 1, são relacionados alguns materiais metálicos e suas respectivas faixas de temperatura de extrusão. O trabalho a quente traz problemas de oxidação do bloco de metal e das ferramentas de extrusão, sendo assim, a temperatura de trabalho deve ser a mínima necessária para fornecer ao metal o grau de plasticidade adequado. A deformação produzida durante a extrusão, pode levar ao aquecimento do metal, portanto, a temperatura máxima do processo deve ser seguramente inferior à temperatura de liquação†. A temperatura do material na zona de deformação depende da velocidade de deformação e do grau de compressão, logo, um aumento nestes parâmetros leva a um * † Temperatura de fusão do material. Temperatura em que acontece a fusão do contorno dos grãos. 13 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc aumento na temperatura de extrusão na zona de deformação. Se a temperatura de extrusão ficar muito próxima à de liquação, o aquecimento produzido pelo atrito e pela compressão da matriz, poderá atingir a temperatura de fusão e impedir a fabricação do produto por extrusão. Tabela 4- 1: Faixa de temperatura de extrusão para alguns metais. METAL E/OU LIGA Chumbo TEMPERATURA (ºC) 200 – 250 Alumínio Puro 535 Alumínio - Cobre 480 Alumínio - Manganês 575 – 625 Alunínio - Silício 450 – 550 Alumínio - Magnésio 535 Alumínio - Magnésio - Manganês 535 Alumínio - Magnésio - Silício 550 – 590 Alumínio - Zinco - Magnésio - Cobre 420 – 470 Cobre e suas Ligas 650 – 950 Magnésio e suas Ligas 345 – 425 Aço e Ligas 875 – 1.300 Ligas Refratárias 975 – 2.200 Na extrusão a quente, as reduções de área conseguidas são da ordem de 20:1, sedo que materiais mais dúcteis, como o alumínio, podem passar por extrusão tanto a frio quanto a quente e obtêm reduções de área da ordem de 100:1. Em geral a extrusão a quente é realizada em prensas hidráulicas horizontais, especialmente construídas para a esta finalidade. O desgaste do ferramental, que está sujeito a altas temperaturas e a altas pressões, é o problema principal da extrusão a quente. Tornado necessário o uso de lubrificantes e proteções na câmara do êmbolo e da matriz. Outro problema apresentado pelo processo de extrusão a quente, é o esfriamento do tarugo na câmara, que pode gerar deformações não-uniformes. Além disso, quando o tarugo aquecido é coberto por filme de óxido (exceto quando aquecido em atmosfera inerte) que afeta o comportamento do fluxo do metal por suas características de fricção e pode gerar um produto de pobre acabamento superficial. 14 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Algumas medidas preventivas podem sanar ou minorar o efeito dos problemas citados, tais como: 1. Pré-aquecer a matriz antes de realizar o trabalho, de modo a reduzir o efeito de esfriamento e prolongar a vida da ferramenta. 2. Para melhorar o acabamento superficial, a camada de óxido é removida através do uso de uma placa, com diâmetro inferior ao da câmara, posicionada sobre o pistão. Ao extrudar o tarugo, uma casca cilíndrica contendo a camada de óxido permanece “colada” à parede da câmara. Com isto elimina-se a presença de óxidos no produto. A casca deve ser posteriormente removida da câmara A lubrificação é de extrema importância na extrusão a quente. O vidro é excelente lubrificante para aço, aço inox, metais e ligas para altas temperaturas. No processo Séjournet, uma pastilha de vidro é colocada na entrada da matriz. A pastilha atua como um reservatório de vidro fundido, que lubrifica a interface da matriz durante a extrusão. Vidro pulverizado sobre o tarugo reduz a fricção da interface câmara-tarugo. Para metais com tendência a aderir à parede da matriz, pode-se usar um revestimento fino de metal macio e de baixa resistência, como cobre ou aço doce. O procedimento é denominado “jaquetamento” ou “enlatamento”. Além de formar um superfície de baixa fricção o tarugo fica protegido contra contaminação do ambiente, e vice-versa no caso de material tóxico ou radioativo. Outro recurso utilizado para proteger o êmbolo é fazer uso de um bloco de aço (falso pistão) em contato direto com o pistão, cuja finalidade é proteger o pistão da temperatura e do abrasão existente na câmara de extrusão. Entre este bloco e o metal a ser extrudado, comumente se interpõe um pedaço de material suplementar (geralmente grafite) para forçar a passagem de todo o tarugo através da matriz. Conforme pode ser observado na Figura 4- 11. 15 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 11: Representação esquemática do processo de extrusão direta a quente. III.1.1 Produtos Extrudados a Quente A maioria do material extrudado a quente são peças longas de seção transversal uniforme, mas podem ser produzidas também peças afuniladas e escalonadas. Os exemplos de perfis extrudados, como produtos comerciais são os ornatos, tiras de alumínio e latão, perfis estruturais, vergalhões, barras e tubos de todas as formas de alumínio e aço. Os exemplos de outros perfis extrudados são as válvulas de deslocamento vertical, cápsulas de projetéis, lâminas de hélices e de turbinas. A extrusão é mais cara do que a laminação, e portanto formas que podem ser obtidas por laminação não devem ser extrudadas, mas a operação de extrusão pode produzir muitas formas que não podem ser obtidas por laminação ou por outros processos, tais como aquelas com ângulos re-entrantes. Em alguns casos, a extrusão oferece uma maneira econômica de fazer peças pequenas em grandes quantidades. Uma engrenagem de bomba é um exemplo. Uma engrenagem longa é extrudada e logo a seguir cortada em um certo número de engrenagens individuais. Em outros casos, a extrusão pode ser a maneira mais barata de fazer peças mesmo em quantidades pequenas. Matrizes para a extrusão são mais caras, para a maioria dos perfis. 16 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc III.2 EXTRUSÃO A FRIO Desenvolvida na década de 40 é o processo que combina operações de extrusão direta, indireta e forjamento. A extrusão a frio, também é conhecida como extrusão por impacto, prensagem a frio, forjamento a frio, e prensagem por extrusão. Apesar de alguns metais, tais como o magnésio e o zircônio serem aquecidos a algumas centenas de graus, antes da extrusão a frio, e mesmo à temperatura ambiente, metais como o chumbo e o estanho estarem na faixa de recristalização. Normalmente, a extrusão a frio é efetuada à temperatura ambiente, e ela é mais rápida que a extrusão a quente, o calor liberado eleva a temperatura do metal a várias centenas de graus, por poucos instante. As pressões de extrusão a frio variam entre 350 a 700 MPa para os metais moles e até 3.000 MPa para alguns aços carbono e valores ainda maiores para o aço liga e o titânio. Na maioria das vezes, são utilizadas prensas mecânicas verticais, pois estas são rápidas e simples, porém para peças grandes de longos cursos são utilizadas prensas hidráulicas. É grande importância o uso de uma lubrificação eficiente para facilitar o escoamento do metal a pressões elevadas. Óleos e gaxas são alguns dos lubrificantes principais. Para extrudar o aço e outras ligas de alta resistência a frio, verificou-se ser necessário aplicar um revestimento de fosfato de zinco ou de cobre. Esse material não é lubrificante, mas age a fim de manter o lubrificante na superfície. Vários princípios devem ser considerados ao planejar-se a utilização do processo de extrusão a frio, como por exemplo: 1. O projeto das peças e das matrizes deve ser tal que o metal se deforme apenas por esforços de compressão, visto que tensões de tração ou combinadas podem levar à fratura; 2. A deformação do metal deve ser processada de modo uniforme; por exemplo, a base de uma extrusão direta não deve ser mais fina que a espessura da parede. A matéria prima utilizada na extrusão a frio são tarugos cortados de barras laminadas, fios ou chapas. Os tarugos menores que 40 mm de diâmetro são cisalhados e tem suas bordas ajustadas por retificação. Diâmetros maiores são usinados a partir de barras, com comprimentos específicos. Embora componentes extrudados a frio sejam em geral mais leves, fabricam-se componentes de até 45 kg e com comprimentos de até 2 m. Metais obtidos por metalurgia do pó também podem ser extrudados a frio. 17 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VANTAGENS A extrusão a frio é comparável com a estampagem profunda de chapas metálicas, para confecção de taças e cápsulas profundas. A operação de extrusão tem a vantagem de exigir menor número de operação (estágios) e ferramentas mais baratas. Por exemplo, uma lata redonda de 50 mm de diâmetro e 400 mm de profundidade pode ser extrudada em uma única operação mas deve ser estampada em mais do que seis operações. A ferramenta para essa extrusão custa em um terço, no máximo, daquela da ferramenta para o embutimento (repuxo), embora uma matriz de compressão custa acima de 50% mais do que uma matriz de embutimento. A operação de extrusão a frio é competitiva com a operação de fundição e o forjamento para algumas peças. Pois as peças extrudadas são mais leves e mais fortes do que peças fundidas. As tolerâncias são mais rigorosas e são exigidas menos usinagens para peças extrudadas. Na extrusão a frio, o material endurece por encruamento durante a deformação, que leva a melhora das propriedades mecânicas do material, sendo assim, metais mais baratos podem, algumas vezes, ser usados para produzir peças extrudadas. Dentre as várias vantagens apresentadas pela extrusão a frio se comparada com a extrusão a quente, podemos destacar: 1. A extrusão a frio é rápida, podendo produzir peças acabadas em poucas operações. 2. Apresenta um elevado controle das tolerâncias, requerendo pouca ou nenhuma operação posterior de acabamento. 3. Melhora o acabamento superficial, devido em parte pela não existência de camada de óxido, desde que a lubrificação seja eficiente. 4. Produz peças em grandes quantidades com baixo preço de custo, causando pouco desperdício de material. Alguma máquinas são capazes de produzir mais de 2.000 partes extrudadas por hora. 5. Produz peças com pequenos raios de adoçamento sem a necessidade de apresentar ângulos de saída. 6. Não há necessidade de pré-aquecimer do tarugo, e em alguns casos dispensa tratamento térmico. 7. O custo das ferramentas, em muitos casos, são relativamente mais baratas. 8. A extrusão a frio melhora as propriedades mecânicas de um metal, em função do encruamento do mesmo, como, também, produz peças de formas 18 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc específicas. Caso o calor gerado pela deformação não leve a recristalização do metal, uma liga de alumínio, por exemplo, com uma resistência à tração de 100 MPa pode ter sua resistência, após a extrusão a frio, elevada a 270 MPa. DESVANTAGENS EM RELAÇÃO A EXTRUSÃO A QUENTE As limitações da extrusão a frio são as seguintes: 1. Apenas os materiais mais macios e de formas simples podem ser trabalhados economicamente, por este processo. 2. Os equipamentos disponíveis apresentam capacidade para produzir peças pequenas e médias. 3. A relação entre o comprimento e o diâmetro da peça é muito restrita. Pois a magnitude da tensão no ferramental de extrusão é muito alta, especialmente para trabalhar peças de aço. 4. O êmbolo e a matriz de extrusão devem apresentar uma dureza muito alta, a dureza do êmbolo varia de 60 a 65 HRc e a da matriz de 58 a 62 HRc. III.2.1 Produtos Extrudados a Frio O processo tem sido utilizado na indústria, em especial para fabricação de ferramentas e componentes de automóveis, motocicletas, bicicletas, acessórios e equipamento agrícola. Atualmente vem sendo desenvolvida a extrusão de peças de aviões, utensílios domésticos e etc. a partir de ligas de alumínio de alta resistência, ligas de cobre, aço e o titânio. A seguir são relacionadas algumas vantagens e desvantagens deste processo: Exemplos de peças extrudadas a frio são as latas, carcaças de extintores de incêndio, guarnições e braçadeiras para aviões, pistões de alumínio para os motores a explosão, cápsulas de projéteis, motores e cabeçotes de foguetes, cilindros hidráulicos e de amortecedores, pinos de êmbolo, etc.. Exemplos podem ser observados na Figura 4- 12, a seguir: Figura 4- 12: Exemplo de produtos extrudados a frio. 19 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Produtos como, invólucro de velas de ignição, capas de mancal, capas de juntas esféricas, pinos de pistões, porcas de rodas, retentores de molas de válvula etc., de aços-carbono, de carbono até aproximadamente 0,20%, são muito fáceis de extrudar a frio. Porém a medida que o teor de carbono cresce, a extrusão a frio toma-se mais difícil. Os aços de carbono mais elevado exigem um tratamento térmico de esferoidização, para conferir ao metal estrutura mais adequada à extrusão. Com esses aços de carbono mais elevado, produz-se, por extrusão a frio, apoios de suspensão dianteira, porcas, eixos de motores e geradores, forquilhas de junta universal etc. Em aços-liga, empregados quando se deseja tratar termicamente ou cementar, são ainda mais difíceis de extrudar a frio e a esferoidização prévia é quase sempre necessária. Com esses aços são produzidos buchas, pistões, eixos, parafusos, invólucros de esferas, roscas-sem-fim de mecanismos de direção, pinos, porcas, roletes etc. III.2.2 Tipos de Extrusão a Frio Na extrusão a frio faz-se uso de técnicas combinadas, como a do tipo Hooker, para a produção de objetos longos e ocos e o processo conhecido pelo nome de ironing, em que se procura, mediante pressão radial, dimensionar as peças dentro das tolerâncias exigidas. A técnica ironing é basicamente idêntica á empregada no estiramento de tubos com um mandril móvel. Na Figura 4- 13 podem ser observadas de forma esquemática o processo de extrusão direta a frio tipo Hooker e tipo ironing. (a) ( b) Figura 4- 13: Processo de extrusão direta a frio tipo Hooker (a) e tipo ironing (b). 20 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Até recentemente, um produto obtido pela extrusão a frio, era a de tubos de pasta dental e de outros tubos similares, partindo do alumínio mole, do chumbo, do estanho e do zinco. Para executar esta operação, o metal era colocado no fundo de uma cavidade fechada, e um punção atinge rapidamente e o metal jorra em torno do punção, a fim de formar o tubo. O tubo é descarregado quando o punção recua. Devido à rápida ação de impulso, esta operação é chamada de extrusão por impacto. EXTRUSÃO POR IMPACTO É semelhante a extrusão indireta, neste processo o punção desce rapidamente sobre o tarugo que é extrudado para trás ou inversamente. A espessura da seção extrudada é da pela folga entre o punção e a cavidade da matriz. Na Figura 4- 14, é representada de forma esquemática a seqüência de etapas da extrusão por impacto de uma peça. (a) (b) (c) Figura 4- 14: Representação esquemática da extrusão por impacto. Na Figura 4- 15, é representada de forma esquemática um êmbolo e uma matriz utilizados na extrusão por impacto. 21 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc (a) (b) Figura 4- 15: Êmbolo (a) e matriz (b) utilizados na extrusão por impacto. A maioria dos metais não ferrosos podem ser extudados por impacto, usandose prensas verticais e com taxas de produção de até duas peças por segundo. Tubos de pastas dental e assemelhados, que são peças descartáveis, podem-se obtidos com diâmetros de até 150 mm. O processo permite produzir, ainda, seções tubulares de paredes muito finas (relações de diâmetro/espessura da ordem de 0,005). Sendo assim, a simetria da peça e concentricidade do punção são fatores importantes. 22 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc IV- EQUIPAMENTOS Os equipamentos utilizados são geralmente hidráulicos, empregando-se prensas, comumente na horizontal que variam de 200 a 25.000 toneladas, e que pode adotar o sistema de acionamento hidropneumático ou oleodinâmico. Além da prensa, temos como equipamentos auxiliares incluem-se vários tipos de tornos para pré-aquecimento de tarugos e grandes fornos de tratamento térmico de perfis. Igualmente incluídos na planta de extrusão estão os equipamentos para esticamento, transporte e corte dos produtos extrudados. IV.1 MÁQUINA DE EXTRUSÃO Normalmente a extrusão a quente é efetuada em prensas hidráulicas horizontais especialmente construídas para a esta finalidade. Os tamanhos comuns de prensas de extrusão têm capacidade nominal entre 250 a 5.500 toneladas, mas alguns projetos em anos recentes atingiram até 25.000 toneladas. Sendo que, prensas hidráulicas horizontais com capacidade de força de 1.500 a 2.500 toneladas são usadas para produzir a maior parte dos extrudados de alumínio utilizados no mundo. Prensas com capacidades de até 15.000 t são utilizadas para empurrar perfis de grande dimensão ou complexidade geométrica, bem como perfis produzidos com ligas de alta resistência mecânica. A prensa de extrusão é essencialmente um conjunto cilindro-pistão hidráulico, em que o cilindro necessita de constante alimentação de líquido sob pressão. A alimentação do cilindro pode se dar com auxílio de uma bomba hidráulica, que mantém a velocidade do pistão necessária à extrusão, ou com o emprego de um acumulador de pressão. No primeiro caso, a alimentação, e conseqüentemente o acionamento, são do tipo oleodinâmico e, no segundo caso, é do tipo hidropneumático. 23 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc No primeiro tipo de alimentação, a oleodinâmica, o fluido (no caso, óleo hidráulico) é mantido no cilindro sob pressão constante, com auxílio de uma bomba de vazão regulável, em função da velocidade de extrusão, cujas principais características a serem consideradas são: a pressão máxima atingida e a velocidade de resposta ao comando da velocidade de alimentação. Já no segundo, a alimentação hidropneumática, adota-se um acumulador de pressão variável, que é um câmara sob pressão, contendo um líquido (água com pequeno teor de óleo em emulsão para reduzir a ação corrosiva da água sobre a câmara) pressionado por um gás (ar). A resposta que se obtém nesse sistema de acionamento é de elevada velocidade. A máquina que adota um sistema de acionamento e alimentação oleodinâmica com vazão regulável é a mais adequada à extrusão de metais não-ferrosos, que requerem uma velocidade de extrusão com pequena variação para não surgir defeitos nas peças extrudadas. A potência da bomba nesse sistema é substancialmente maior. Nas máquinas com acionamento hidropneumático, devido ao sistema de acumulador de pressão, a bomba poderá ser de potência menor, pois a pressão máxima não é necessária durante todo o ciclo de extrusão. Essas máquinas, no entanto, não podem ser aplicadas aos metais mais sensíveis às variações de velocidade de extrusão (como o alumínio e suas ligas). Além do conjunto pistão-cilindro hidráulico, e do sistema acoplado de alimentação do fluido sob pressão. Deve-se considerar as seguintes partes básicas da máquina de extrusão: pistão de extrusão, câmara e camisa, conjunto suporte da ferramenta (fieira ou matriz) e estrutura. O componente que concentra todo o esforço da máquina de extrusão é o êmbolo de extrusão, que é solidário ao êmbolo do cilindro hidráulico, por este motivo este deve ser fabricado em aço-liga resiste ao calor. Esse êmbolo é trocado por outros de dimensões diferentes (mais particularmente, de diâmetros diferentes), em função das dimensões dos tarugos e peças extrudadas. A câmara recebe o tarugo aquecido que deve ser extrudado sob ação do êmbolo de extrusão. Pode ser constituído de duas partes coaxiais, sendo que a parte interna, que entra em contato com o tarugo, denomina-se camisa interna da câmara. A camisa sofre a ação dos esforços de compressão e de atrito em temperaturas elevadas, sendo, como decorrência, submetida a uma ação de desgaste constante. Devem ser tomados cuidados especiais na montagem das duas partes (que é feita a quente para permitir interferência a frio) para evitar o aparecimento de fissuras decorrentes dos níveis de tensão indevidamente elevados que podem surgir nessa montagem. Os materiais que constituem a câmara e a camisa são aços-liga resistentes ao calor, pois tais componentes são mantidos constantemente a uma temperatura elevada por um sistema de aquecimento elétrico, necessário para proceder a operação de 24 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc extrusão a quente do tarugo (o tarugo, que é previamente aquecido em fornos, tem a sua temperatura mantida na câmara por esse sistema de aquecimento elétrico por resistência ou indução). Na Figura 4- 16, é representado de forma esquemática uma máquina extrusora utilizada na extrusão direta, onde a mesma possui os seguintes componentes mecânicos. 1. Cabeça do êmbolo principal 12. Perfil extrudado 2. Trancha 13. Êmbolo principal 3. Cilindro principal 14. Talão 4. Êmbolo empurrador 15. Bucha da câmara 5. Disco de pressão 16. Encosto próprio da ferramenta 6. Tarugo ou lingote 17. Carcaça da ferramenta 7. Transportador 18. Encosto 8. Recipiente ou Câmara 19. Porta-ferramenta 9. Matriz 20. Encosto 10. Pacote da ferramenta 21. Anel de pressão 11. Platen (túnel de saída) 25 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 16: Representação esquemática de uma extrusora. Os componentes que fazem parte do conjunto suporte da fieira ou matriz são: apoio da fieira ou contra matriz, porta-fieira e encaixe do porta-fieira. Tem como finalidade aumentar a resistência mecânica, posicionar e facilitar a troca da fieira ou matriz. Como esses componentes não entram em contato direto com o metal aquecido, podem ser fabricados em aços-liga de custo menor que os aços-liga resistentes ao calor. Na Figura 4- 17, é representado o detalhamento do conjunto suporte de fieira. 26 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 17: Detalhamento do conjunto suporte de fieira ou matriz. A estrutura da máquina é constituída, na prensa de extrusão horizontal comumente encontrada, de uma base para suporte de todos os componentes, exceto do sistema de alimentação que fica à parte da estrutura. Numa extremidade dessa base se apóia o conjunto do cilindro hidráulico e do êmbolo de extrusão; na outra extremidade se encontra, solidariamente, a câmara, o conjunto suporte da fieira ou matriz e a disco de pressão de apoio terminal, esta última acoplada ao conjunto do cilindro hidráulico por dois tirantes superiores. A máquina de extrusão industrial, Figura 4- 18, é bem mais complexa, apresentando outros sistemas auxiliares e componentes complementares das partes descritas, tais como, por exemplo, cilindros hidráulicos de retrocesso do êmbolo, sistema de corte da barra extrudada e retirada do resto do tarugo da câmara, sistema de controle e comando dos conjuntos hidráulicos e do aquecimento da câmara. São, no entanto, sistemas e componentes que conferem à máquina melhores condições de operação e mais produtividade, mas a natureza do princípio básico de funcionamento, acima descrito, não se altera. 27 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 18: Máquina extrusora horizontal. IV.2 EQUIPAMENTOS COMPLEMTARES Um equipamento complementar, indispensável à máquina de extrusão, é o forno de aquecimento dos tarugos ou lingotes. Esses fornos podem ser de diversos tipos, de acordo com os sistemas de aquecimento por combustível ou elétricos. Os fornos devem ter a capacidade de aquecer uniformemente o tarugo (ou lingote), sem ou com pouca oxidação superficial. O forno que melhor atende às condições de aquecimento uniforme é o forno elétrico à indução magnética, que apresenta ainda a possibilidade de controle e leitura precisa da temperatura. A ausência de oxidação superficial é obtida com o uso da atmosfera controlada no forno de aquecimento. 28 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc V- FERRAMENTA DE EXTRUSÃO As ferramentas para extrudar, ou fieiras como também são chamadas, podem apresentar diversos tipos de perfis, sendo que para determinar este, deve-se analisar o tipo do metal a ser trabalhado e a experiência já acumulada em cada condição de trabalho. Como as reduções de secções são normalmente acentuadas, porém os ângulos de abertura das ferramentas são grandes, atingindo o valor de 180ºC. Da mesma forma que a trefilação, no caso do processo de extrusão também existe um ângulo ótimo de abertura da ferramenta, também conhecido como ângulo de trabalho. Porém no processo de extrusão, esse ângulo é determinado com maior dificuldade, devido a forte influência das incertas condições de atrito existentes e criadas pela movimentação do tarugo na câmara de extrusão, pela elevada tensão de compressão contra a câmara e pelas condições superficiais e de lubrificação do tarugo e da câmara. As condições que devem ser observadas na determinação dos perfis são: 1. Propriedades do metal a ser extrudado; 2. Tolerâncias de distorção no extrudado; 3. Níveis das tensões aplicadas; 4. Contração térmica no extrudado; 5. Escoamento uniforme e equilibrado do metal pela matriz. No processo de extrusão os perfis apresentam ângulo reto, ao contrário do que no processo de trefilação, e podem ser observados na Figura 4- 19, a seguir. 29 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 19: Tipos usuais de perfis de ferramentas de extrusão. Os tipos de ferramentas com ângulos de entrada mais acentuados e com 120º a 160º são usados comumente para a extrusão de tubos. Os tipos de formato mais complexo são usados para metais duros (Figura 4- 19d) e para reduzir os esforços na matriz (Figura 4- 19e). O material da ferramenta de extrudar deve ser um aço ligado com a característica de manter elevada dureza (44 a 45 RC), obtido no tratamento térmico de têmpera e revenido, em temperatura de trabalho que podem atingir níveis de 600ºC ou mais. O metal-duro é usado como material da ferramenta quando as quantidades de metal a extrudar são suficientemente elevadas, para justificar um custo maior da ferramenta, e também para produzir perfis especiais e de dimensões não muito elevadas. Entretanto o metal-duro, sendo um material de elevada fragilidade, necessita ser embutido num suporte de aço, que eleve a resistência do conjunto às solicitações mecânicas e térmicas. Quanto aos aços ligados para ferramentas, os cuidados especiais se concentram particularmente no tratamento térmico para evitar a criação de tensões internas elevadas que possam conduzir ao empenamento ou fissuramento da ferramenta. A usinagem de ferramenta é comumente realizada pelo processo de eletro-erosão. 30 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc V.1 PROJETO DE MATRIZES E MATERIAIS O projeto de matrizes requer experiência considerável. Dois exemplos de configurações são mostrados na Figura 4- 20. Figura 4- 20: Representação esquemática de matrizes de extrusão. Os diferentes tipos de matrizes tem suas características, que podem produzir um perfil extrudado de boa ou má qualidade. Para tanto alguns quesitos devem ser levados em consideração para o bom projeto de uma matriz, em linhas gerais estes são mostradas na Figura 4- 21, a seguir. Destacam-se: procurar simetria da seção transversal, evitar cantos vivos e mudanças extremas nas dimensões dentro da seção transversal. Figura 4- 21: Secção transversal de um produto extrudado. Cabe lembrar que, um pequeno raio de concordância é colocado na entrada para evitar a quebra ou deformação da ponta aguda, em condições de elevadas pressões, e para evitar o aparecimento de fissuras superficiais nos extrudados de metais duros, embora com raio de concordância o nível de tensão em geral se eleve. São feitas as seguintes recomendações: 31 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc 1. Para metais tenazes (como o cobre e as ligas de cobre- níquel e níquel cobre), extrudados em diâmetros de cerca de 25 mm, utiliza-se raios de 2 a 5 mm para o cobre, 4 a 8 mm para a liga cobre-níquel e 10 a 15 mm para a liga níquel-cobre; 2. Para o alumínio e suas ligas, os raios são de 1 a 2 mm, ou seja, praticamente com canto vivo; além disso, para essas ligas, a parte cilíndrica é pequena e a abertura de saída é feita em ângulo grande para facilitar o movimento do extrudado, pois o alumínio tem uma tendência para aderir à superfície da ferramenta (eventualmente, pode-se evitar a aderência cromando-se a superfície da mesma); 3. Uma parte cilíndrica grande eleva a resistência e a vida da ferramenta mas restringe o fluxo do metal; esta deve ter portanto um comprimento de 5 a 12 mm para os diâmetros de 25 mm e maior para os diâmetros maiores e para os metais mais dúcteis. Os materiais para matrizes de extrusão a quente são usualmente aços ferramenta para trabalho a quente. Revestimentos como zircônio podem ser aplicados para prolongar a vida das matrizes, especialmente em matrizes para produção de tubos e barras. V.2 FIERIA OU MATRIZ DE EXTRUSÃO DE PERFIS TUBULARES As matrizes (ferramentas de extrusão) que executam perfis tubulares devem fazer parte de um ferramental que possua câmara de fusão, local onde ocorre a solda das camadas de metal necessária para fazer o “oco” do perfil. Portanto, a seção transversal de perfis tubulares, quando polida e convenientemente atacada com determinado agente químico, apresentara áreas de solda, que podem se constituir em locais de fragilidade do perfil. O que ocorre no interior da câmara e da matriz durante a extrusão de um perfil tubular pode é representado esquematicamente na Figura 422, a seguir. 32 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc Figura 4- 22: Representação do fluxo de metal durante a extrusão de tubos. Na Figura 4- 23, é representado o detalhamento do conjunto suporte de fieira. Figura 4- 23: Detalhamento do conjunto suporte de fieira ou matriz. 33 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VI- CÁLCULOS DOS ESFORÇOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO VI.1 PARÂMETROS GEOMÉTRICOS Os parâmetros geométricos da extrusão são: − O ângulo da matriz α; − A relação de extrusão, que é o quociente entre a áreas das seções transversais do tarugo A0 e do produto extrudado Af; − O diâmetro do círculo circunscrito (DCC), que é o diâmetro do menor círculo no qual se inscreve a seção transversal. Conforme é representado na Figura 4- 24, a seguir Figura 4- 24: Representação do diâmetro do círculo circunscrito (DCC). A complexidade da extrusão é medida pela relação entre o perímetro da seção do produto extrudado e a área da seção transversal. Esta relação é demominada fator de forma. 34 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VI.2 PARÂMETROS FÍSICOS A Força de Extrusão → F = A0 K ln 0 A f Os valores de K são dados na Figura 4- 25, a seguir, para o campo usual de temperatura. Figura 4- 25: Constantes de extrusão para metais em várias temperaturas. VI.3 PRESSÃO DE EXTRUSÃO A pressão de extrusão Pe é dada por: Pe = Pm + Pr onde Pm é a pressão na região da ferramenta e Pr é a pressão na região do recipiente PRESSÃO NA REGIÃO DA FERRAMENTA ( Pm = σ 0 (1 + B ) / B 1 − R B ) B = µ cot gα 35 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc R= A0 A onde: σ 0 - limite de escoamento do material na temperatura de extrusão µ - coeficiente de atrito na interface ferramenta-peça α - semi-ângulo da ferramenta R - relação de extrusão A0 - área da seção tranversal do tarugo A - área da seção transversal da barra extrudada PRESSÃO NA REGIÃO DO RECIPIENTE Pr = 4τ f L / D onde: τ f - tensão de cisalhamento na interface tarugo revestimento interno do recipiente L - comprimento do recipiente D VI.4 - diâmetro do recipiente OUTRAS VARIÁVEIS DO PROCESSO - Temperatura do tarugo - Velocidade de deslocamento do pistão - Tipo de lubrificante O fluxo do material determina a qualidade e as propriedades mecânicas do produto final 36 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VII- ETAPAS DO PROCESSO DE EXTRUSÃO O metais mais duros, como o aço, passam normalmente pelo processo de extrusão a quente. Esse processo envolve as seguintes etapas: 1º- Fabricação de lingote ou tarugo de seção circular; 2º- Aquecimento uniforme do lingote ou tarugo; 3º- Transporte do lingote ou tarugo aquecido para a câmara de extrusão. Essa etapa deve ser executada o mais rapidamente possível para diminuir a oxidação na superfície do metal aquecido; 4º- Execução da extrusão: com o tarugo aquecido apoiado diante da câmara de extrusão, o pistão é acionado e o material é empurrado para o interior da câmara. Conforme a seqüência de operações a), b), c) e d), da Figura 4- 26, a seguir; a) Alimentação da prensa b) Início da extrusão com avanço do pistão c) Fim da extrusão d) Retirada da ferramenta e do extrudado com o resíduo do tarugo a) b) c) d) Figura 4- 26: Etapas da extrusão de um lingote. 37 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc 5º- Fim da extrusão: o pistão recua e a câmara se afasta para a retirada do disco e da parte restante do tarugo, conforme Figura 4- 27, a seguir. Figura 4- 27: Recuo do pistão e corte do resíduo do tarugo. 6º- Remoção dos resíduos de óxido com o auxílio de disco raspador acionado pelo pistão, conforme Figura 4- 28, a seguir. Figura 4- 28: Retirada da casca do tarugo com avanço do punção usando o disco de raspagem. O lingote para extrusão apresenta uma superfície praticamente isenta de oxidação, devido à forma com que é produzido: a fundição do lingote se dá em coquilhas verticais que apenas permitem o contato do metal-líquido com o meio ambiente na parte superior, que é cortada após a solidificação. O tarugo para extrusão, obtido do processo de laminação, apresentará uma superfície mais irregular, e com maior intensidade de oxidação, se o lingote inicial para o trabalho mecânico não tiver sido usinado por fresamento para eliminar a oxidação. No processo de extrusão, porém, pode-se adotar um pistão de diâmetro inferior ao diâmetro do tarugo, de maneira que o pistão possa penetrar por dentro do tarugo deixando uma casca superficial contendo as irregularidades e os óxidos formados nos processos anteriores ou no aquecimento para a extrusão. Da mesma forma que, após a extrusão do tarugo, retira-se a casaca deixada no recipiente, deve-se também remover o fundo ou resíduo do tarugo (ou lingote) nãoextrudado. Esse resto de tarugo (cerca de 12% do comprimento) não é extrudado porque provoca um fluxo de metal irregular, que reduz a qualidade do produto: o defeito que surge no extrudado se manifesta na forma de um furo interno. O tarugo (ou lingote) inicialmente é aquecido no forno (preferencialmente forno elétrico de indução, pela melhor qualidade obtida quanto à uniformidade de aquecimento e rapidamente transportado para o recipiente, restringindo-se assim ao máximo o contato com o meio ambiente (para evitar um a oxidação superficial intensa). O tarugo é colocado num apoio diante do recipiente e o pistão é acionado de encontro ao tarugo, instalando-o no interior do recipiente. Entre o pistão e o tarugo coloca-se um disco metálico para evitar a soldagem do pistão no tarugo em virtude das temperaturas e pressões elevadas. A presença do disco, de diâmetro próximo ou inferior ao da camisa (de acordo com a intenção de se deixar ou não formar uma 38 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc casca), cria um motivo a mais para se deixar um resto de tarugo sem extrudar, que é o de se evitar que o disco atinja a ferramenta de extrudar. Após o pistão ter completado o curso de extrusão, o recipiente se afasta para a retirada do disco e dos resto de tarugo, que será cortado do extrudado, e o pistão, por sua vez, será recuado. Antes da colocação de um novo tarugo para a extrusão, procede-se a remoção dos resíduos de óxido na camisa com auxílio de outro disco raspador acionado pelo pistão. Mesmo para prensas relativamente grandes (cerca de 2.000 t) o tempo (cerca de 60 segundos) para o ciclo completo de extrusão é pequeno. 39 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc VIII- CONTROLE DE PROCESSO DE EXTRUSÃO Um número grande de fatores exercem influência no processo de extrusão e a análise dessa influência é complexa em face dos efeitos de interação entre eles, das dificuldades teóricas de se isolarem os efeitos para análise e das dificuldades experimentais referentes à natureza do material metálico (que exige elevadas temperaturas e elevada tensão de trabalho e não permite, com facilidade, o acompanhamento da evolução do ciclo do processo). As técnicas experimentais podem ser utilizadas em duas áreas de estudo do problema: 1ª) Análise das propriedades mecânicas e características metalúrgicas do material metálico, na forma de matéria-prima (lingote fundido ou tarugo laminado) e na forma do produto final (barra ou perfil extrudado). 2ª) Análise das condições de processamento ligadas ao desempenho da máquina de extrusão e ao comportamento do material durante o processo de extrusão. Na primeira área são aplicadas técnicas convencionais de ensaios mecânicos e de exame metalográfico, incluindo-se observação de defeitos provenientes da falta de homogeneidade e de continuidade do material, bem como a verificação de regularidades dimensionais. Determinam-se a composição química (elementos de liga e impurezas da matéria-prima e do produto extrudado), as propriedades mecânicas (de resistência e de ductilidade principalmente do produto extrudado), as dimensões (regularidade do diâmetro ao longo do extrudado, ovalização e variação deste, ou seja, a tolerância dimensional do diâmetro e a presença de defeitos (porosidades, escamas, cascas de óxidos, inclusões e vazios internos na matéria-prima e no extrudado). Para análise das condições de processamento é muito importante a observação da maneira como ocorre o fluxo ou escoamento do material no recipiente e através da ferramenta de extrusão. Essa observação exige aplicação de técnicas especiais para uma análise quantitativa das deformações, que em resumo consiste no seguinte: 40 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc 1ª) O tarugo (ou lingote) é cortado longitudinalmente e é usada, nos seus planos diametrais, uma quadrangular de sulcos; 2ª) Após essa inscrição, as duas partes são reunidas colocando-se no meio uma substância refratária (argila ou grafita) para facilitar a separação posterior à extrusão; 3ª) As partes reunidas e presas por grampos são aquecidas à temperatura de extrusão e colocadas justapostas, sem grampos, no recipiente da máquina de extrusão, cuidando-se para manter um ajuste preciso entre as partes; 4ª) Executa-se a extrusão parcial ou totalmente, e as partes extrudadas conjuntamente são depois separadas – é analisada então a deformação da rede de sulcos. Essa análise é das mais completas e pode ser secundada por análises macrográficas qualitativas através da observação da “fibração” formada pelas inclusões e segundas fases (de natureza mecânica) ou pela orientação dos grãos (cristalográfica). A análise da deformação pode ser ainda realizada com o emprego de materiais plásticos transparentes contendo esferas pequenas e coloridas, que, após a deformação, transformam-se em elipsóides. Nesse caso, no entanto, a transposição dos resultados para o material metálico exige o uso da teoria da simulação. Associado à análise da deformação, estão as determinações das condições de operação da máquina, em que se tornam necessárias as medições da força ou pressão de extrusão, da velocidade de extrusão (regularidade de intensidade) e da temperatura do tarugo (ou lingote), do recipiente de extrusão e do perfil da ferramenta. As condições de operação dos tratamentos prévios também precisam ser controladas: na preparação da matéria-prima (por fundição ou laminação) no tratamento de recozimento (com controle de tempo, temperatura e atmosfera do forno de tratamento). O objetivo da análise dos fatores de influência é encontrar as condições de trabalho mais favoráveis e que conduzem à obtenção de um produto de qualidade e custo especificados. De uma forma geral, procura-se obter as seguintes condições: i. matéria-prima de composição e estrutura homogênea e com propriedades mecânicas elevadas; ii. temperatura de trabalho baixa para poupar energia, evitar o desgaste acentuado dos componente da máquina (recipiente e ferramenta principalmente) e reduzir o ataque corrosivo do tarugo; 41 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc iii. pressão de trabalho baixa para poupar energia, reduzir a robustez e o custo de aquisição da máquina e evitar o desgaste acentuado dos componentes da mesma; iv. velocidade de trabalho elevada para aumentar a produtividade e reduzir o resfriamento do tarugo no recipiente; v. extrudado de qualidade mecânica e metalúrgica suficientemente elevada para atender aos requisitos de uso especificados. Contudo, como essas indicações para a operação apresentam aspectos contraditórios, deve-se procurar estabelecer condições para que os diferentes fatores de influência possam ser mantidos sob controle e em níveis ótimos de equilíbrio entre si. 42 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc IX- CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS EXTRUDADOS A classificação dos produtos extrudados é realizada de acordo com a forma de secção transversal. Então os produtos são: barras (redondas, quadradas, hexagonais etc.), arames, tubos e perfis (ocos ou maciços) de formas diversas. Os materiais metálicos mais comumente extrudados são o alumínio, o cobre e suas ligas mas, outros metais não-ferrosos, de aplicação mais restrita, podem ser também extrudados. Tubos e barras de aço podem ser produzidos pelo processo de extrusão, mas isso ocorre de forma limitada pelas dificuldades operacionais. Esses materiais (aços-carbono, aços inoxidáveis e alguns aços-liga) exigem elevadas temperaturas e pressões de trabalho que criam dificuldades de lubrificação e, em conseqüência, impõem baixas velocidades de trabalho e pequenas reduções. 43 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc X- DEFEITOS TÍPICOS DE PRODUTOS EXTRUDADOS Os defeitos que podem aparecer nos produtos extrudados, em função dos diversos fatores de influência referentes ao material, mas principalmente às condições de operação, são os seguintes: a) vazios internos na parte final do extrudado, decorrentes ao problema, já analisado, do modo de escoamento; uma velocidade de extrusão muito grande, principalmente ao final do processo, pode acentuar a presença do defeito; b) trincas de extrusão, de direção perpendicular à direção de extrusão, decorrentes de defeitos no lingote ou no tarugo, ao ser empregada uma temperatura de trabalho muito alta, associada ou não a uma velocidade elevada de extrusão; c) escamas superficiais, ocasionadas pela aderência de partículas de material duro na superfície das ferramentas, provenientes da ação de desgaste ou da quebra de camadas superficiais do recipiente de extrusão; esse defeito pode ser causado também pelo desalinhamento do pistão ou por excessiva temperatura de trabalho; d) riscos de extrusão, causados por irregularidades superficiais na ferramenta ou por resíduos de óxidos metálicos retidos em sua superfície; e) inclusão de partículas de material estranho, que são arrastadas longitudinalmente, dando uma aparência de manchas provocadas por raspagens; f) bolhas superficiais provenientes de gases retidos na fundição do lingote para extrusão ou no tratamento térmico de aquecimento para a mesma; g) marcas transversais, provocadas pela parada da prensa e retomada do movimento; h) manchas e perdas de cores, decorrentes da oxidação e contaminação superficial com substâncias estranhas ou provenientes do lubrificante. Além desses defeitos, pode-se ainda mencionar aqueles provenientes da falta de homogeneidade estrutural, como granulação mais grosseira na superfície, ou segregações, provocadas pelos processos de preparação do lingote por fundição (ou tarugo por laminação) ou pela falta de uniformidade de temperatura através da seção transversal durante a extrusão. Apresentaremos abaixo uma classificação dos 44 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc defeitos de natureza superficial nos extrudados em geral, de acordo com o motivo causador, que se resume no seguinte: 1º) defeitos decorrentes da geometria do lingote; 2º) defeitos decorrentes do estado da superfície do lingote (cavidade alongada, marcas longitudinais, pregas duplas); 3º) defeitos decorrentes da lubrificação (ondulações e marcas pontuais); 4º) defeitos decorrentes do metal (marcas tipo “tronco de palmeira”, trincas e sulcos); 5º) defeitos decorrentes do desgaste da ferramenta. O defeito denominado como “falta de coesão interna na forma de V”, Figura 4- 29), que na nomenclatura inglesa é conhecido como central burst ou chevroning, e na francesa como chevron, pode ocorrer na conformação através de um canal cônico, como é usual na extrusão (e na trefilação) dependendo da combinação de fatores de influência, como redução de seção, ângulo do cone (da ferramenta), atrito e características do metal. Esse defeito se apresenta de forma periódica ao longo do extrudado e pode ser evitado com o tratamento térmico de recozimento do tarugo a ser extrudado e também com o arredondamento do canto formado pela parte cônica com a cilíndrica da ferramenta. Figura 4- 29: Ilustração do efeito de falta de coesão interna na forma de V. 45 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSOS DE FABRICAÇÃO IV Alexandre Alvarenga Palmeira, MSc BIBLIOGRAFIA Anopril: Extrusão e Anodização de http://www.anobril.com.br/extrusao.htm, pesquisado em 10/11/2004. Alumínio, BRESCIANI, E. 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