Previsão da safra de grãos de verão de 2012/13 - 10/10/2012 Dos grãos de verão, o arroz é o que tem maior estabilidade. C ontribuem para isso os fatos de ser irrigado e, portanto, menos suscetível aos déficits hídricos; ter área definida e não disputada por outros produtos e as lavouras ficarem localizadas em regiões distintas das do milho, soja e feijão. Nos últimos anos, sua área, produtividade e produção não tiveram alterações substanciais. O fator mais visível para a próxima safra é a previsão de aumento de rendimento, chegando a 7.356 quilos, ou seja, um aumento de 13,4% e consequente aumento de 11,9% na produção. Os grãos de verão não irrigados tem tido oscilações de produtividade neste século, mas não por não haver avanço tecnológico e sim por problemas climáticos. C ombina-se com isso o fato da fronteira agrícola estar praticamente esgotada, o que faz com que o produtor tenha que optar entre os três produtos. Esta opção é determinada pelo mercado basicamente, com algumas considerações sobre a rotatividade de culturas em cada lavoura da propriedade. Nos últimos anos com a fragrante melhor situação de mercado da soja, esta tem crescido em área em detrimento do milho e do feijão (Tabela 1). Na safra 2010/11 só a soja cresceu em área (4,1%) e na safra 2011/12 todos os produtos perderam área, a maior perda foi do feijão (16,3%) e a menor da soja (1,3%). O somatório dos três produtos também teve queda de área, como vem acontecendo desde 2004. Estas áreas vêm sendo ocupadas por pastagens, reflorestamento, fruticultura, entre outras atividades de menor importância. Quanto a este aspecto, de diminuir a área total dos grãos, que se repetia, não deverá acontecer na safra que esta sendo plantada, pelas previsões. Deverá crescer 1,4% em relação a safra anterior, mas ficando ainda abaixo da safra 2010/11 (Tabela 2). Pela previsão este aumento virá da soja já que deverá crescer 11,7% em detrimento do milho (-5,6%) e mais ainda do feijão (-12,4% na primeira safra). Isto significa que a atratividade da soja, principalmente por seus preços, não só diminuiu a área dos outros dois produtos, mas aumentou o somatório dos três produtos, retirando área de outras explorações. A questão dos preços é a mais determinante na decisão de plantio, ainda que não seja a única. De janeiro de 2011 para setembro de 2012, os preços da soja subiram 58,8%, os do milho 19,8% e os do feijão carioca 53,8%, mas o feijão tem o sério problema das oscilações. Nos dois extremos do período os preços foram R$65,00/saco e R$100,00/saco, mas em maio de 2012 chegou a R$146,67/saco. Isto acaba não dando segurança ao produtor, que pode trocar o feijão por soja sem prejudicar a rotação gramínea/leguminosa, o que não acontece com o milho. Outros fatores que influenciam a decisão são a maior liquidez da soja (inclusive nas vendas antecipadas), o menor custo de produção da soja em relação ao milho, a menor sensibilidade da soja aos problemas climáticos, enquanto o feijão é o pior dos três neste quesito. O rendimento espera para a safra 2012/13 é de 6.944 kg/ha para o milho, 3.169 kg/ha para a soja e 1.925 kg/ha para o feijão da primeira safra (Tabela 2). Estes rendimentos já foram alcançados pela soja como média estadual. No caso do milho e do feijão os rendimentos previstos são alcançados por algumas microrregiões e a diminuição das áreas dos dois produtos permitirá que as lavouras sejam mais tecnificadas e as áreas mais escolhidas. A produção prevista para a soja seria um novo recorde por ter a maior área e o maior rendimento, elevando a produção 48,3% acima da ultima safra. O milho com queda de área, mas com rendimento recorde teria uma produção 18% maior que a safra passada ou equivalente ao de 2010/11. O feijão, apesar de uma área muito menor, teria crescimento de produção de 15,4%, por ter um rendimento muito maior. As previsões são baseadas em rendimentos altos, possíveis para a tecnologia existente e pela capacidade dos produtores do Estado, contudo elas pressupõem condições climáticas favoráveis para que as potencialidades genéticas da semente e a tecnologia empregada se concretizem em rendimentos elevados. Julio Alberto Rodigheri Analista de Mercado Epagri/C epa [email protected]