1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE Thais Barbosa Passos (Universidade Estadual Paulista – FFC, Marília, SP) José Carlos Miguel (Universidade Estadual Paulista – FFC, Marília, SP) Apoio Financeiro: FAPESP. Embora inserida em um contexto repressivo, a escola na prisão deveria desempenhar a essência de sua função: a formação do indivíduo como sujeito transformador da sua realidade. Entretanto, os resultados indicaram que o trabalho é super valorizado em detrimento à educação e os educandos jovens e adultos presos são privados de desenvolverem suas potencialidades cognitivas, suas capacidades e habilidades. A pesquisa tem por objetivo analisar o processo de alfabetização nas séries iniciais do Ensino Fundamental no contexto prisional e os significados atribuídos pelos educandos às aprendizagens realizadas. Essa análise foi realizada em um Centro de Ressocialização, unidade prisional masculina de segurança mínima, que tem como finalidade atender a população carcerária de baixa periculosidade no Estado de São Paulo. Trata-se de estudo de caso, cujos procedimentos de coleta de dados são análise documental, realização de entrevistas semi-estruturadas e observações do trabalho educativo realizado no interior da instituição pesquisada. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Alfabetização, Contexto Prisional. 2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE A pesquisa teve como objetivo analisar o processo de alfabetização de jovens e adultos no contexto prisional, particularmente em uma unidade prisional de segurança mínima do Estado de São Paulo e os significados atribuídos pelos educandos às aprendizagens realizadas. Para tanto, a atenção foi concentrada na apreensão do processo de ensino e aprendizagem da língua materna e na tentativa de identificar se a escolarização contribui com o processo de reabilitação do sujeito encarcerado. As leituras arroladas indicam que: os estudos sobre educação escolar nos presídios são escassos; existem contradições entre o discurso oficial e o cotidiano do espaço prisional; no dilema entre recuperar e punir, as prisões se limitam a punir os sentenciados e a reincidência criminal aponta que as prisões não são espaços ressocializadores. É preciso interrogar e buscar as respostas para o baixo nível de eficiência da pena e da prisão e sua tendência histórica de reprodução da marginalidade social e de recrudescimento da criminalidade. Esses indicadores nos levam a questionar: qual é a função da escola nesses espaços? O que ela deve e pode fazer? Pouco se tem debatido sobre a educação em uma instituição prisional e, necessariamente sobre as concepções e representações do reeducando jovem e adulto preso. Há que se destacar a importância do papel da alfabetização na construção da cidadania do indivíduo que reconhece seus direitos e que se reconhece como sujeito de deveres. Priorizar o direito à educação escolar dos analfabetos jovens e adultos deve ser preocupação fundamental. A alfabetização surge como a possibilidade de desenvolvimento individual, com o objetivo de eliminar a marginalização, pois marginal é aquele que não tem condições de integrar-se ao meio. Não só a alfabetização, mas também a educação, nas suas formas abrangentes, representam elementos essenciais de desenvolvimento social. A população carcerária apresenta características semelhantes às da população brasileira, constituída em sua maior parte de pobres e de pessoas pouco escolarizadas. Os presos fazem parte da população dos empobrecidos, produzidos por modelos econômicos excludentes e privados dos seus direitos fundamentais de vida. 3 Ideologicamente, como os “pobres” (grifo nosso), aqueles são jogados em um conflito entre as necessidades básicas vitais e os centros de poder e decisão que as negam. São com certeza, produtos da segregação e do desajuste social, da miséria, das drogas, do egoísmo e da perda de valores humanitários. A ineficiência das políticas públicas penais é um desafio político global. A importância deste estudo está justamente em focalizar um dos espaços educativos das prisões, apontando suas contradições e as possíveis contribuições para a melhoria da qualidade de vida dos presos, pois quanto maior for o desprezo da sociedade brasileira para com o destino deles, tanto maior será a reprodução da desigualdade e da discriminação que não pode deixar de ser descortinada em estudos preocupados com a problemática da educação das minorias oprimidas. O Centro de Ressocialização (C. R.) é um novo modelo prisional que vem sendo instalado no Estado de São Paulo desde 2000. Atualmente, existem cerca de vinte e dois Centros de Ressocialização espalhados pelo interior do Estado de São Paulo, sendo quatro unidades femininas. Os atuais C. R’s, localizam-se em: Bragança Paulista, Sumaré, Limeira, Itapetininga, Mococa, Piracicaba, Rio Claro (um feminino e um masculino), Lins, Avaré, Marília, Araraquara (um feminino e um masculino), Araçatuba, Presidente Prudente, Birigui, São José dos Campos (feminino), Jaú, Atibaia, Mogi Mirim, Ourinhos e São José do Rio Preto (feminino). No dia 05 de outubro de 2000, o então governador Mário Covas estabeleceu pelo Decreto n° 45.271, a criação desses Centros de Ressocialização que se constituíram em presídios de pequeno porte, funcionando em parceria com entidades de assistência ao preso. Essas entidades deveriam responder pelos serviços assistenciais da instituição, como determina o Decreto Estadual n° 45.271 de 05 de outubro de 2000: [...] essa parceria compreenderá a responsabilidade das entidades pela prestação, mediante convênio, de serviços assistenciais nas áreas de saúde, jurídica, educacional, social, religiosa, psicológica e de trabalho. (SÃO PAULO, Art. 10, Inciso V). O surgimento do C. R. se deu por meio de uma experiência de administração prisional instaurada na Cadeia Pública de Bragança Paulista, que passou a ser administrada segundo técnicas de gerenciamento empresarial. Silva (2001, p. 59) relata como se deu a implantação desse sistema em Bragança Paulista: A experiência construída em Bragança Paulista tem a participação ativa do juiz das execuções criminais, do Ministério Público, do Delegado 4 Seccional, que é também o diretor da cadeia local, da OAB - SP, de empresários, de comerciantes e populares, que explorando as possibilidades criadas pelo Artigo 80 e seu parágrafo único da Lei de Execução Penal, criaram o Conselho da Comunidade, com o nome de Associação de Proteção e Assistência Carcerária (APAC), com o objetivo único de prestar assistência aos presos da cadeia pública local. A partir desse momento, a comunidade local passou a trabalhar junto com a direção da cadeia a fim de proporcionar aos detentos os direitos que deveriam ser garantidos a eles pelo Estado. Ademais, ao final do ano de 1995 a Associação de Proteção e Assistência Carcerária (APAC) propôs ao governo do estado de São Paulo um convênio, que se basearia no repasse das verbas destinadas para a alimentação dos detentos com o intuito de, com essa verba, administrar a Cadeia Pública de Bragança Paulista - acordo firmado no ano de 1996. O modelo de gestão da Cadeia Pública de Bragança Paulista foi visto como um sucesso pelo Governo do Estado de São Paulo e, como ressalta Silva (2001, p.64- 65), Nagashi Furukawa foi convidado a implantar esse novo modelo prisional no Estado: O sucesso deste empreendimento suscitou o desejo da Secretaria de Segurança Pública em aplicá-lo em outras cadeias públicas sob sua responsabilidade e para isto o Dr. Nagashi Furukawa, juiz de execuções, mentor e gestor do projeto, foi convidado, após sua aposentadoria a ocupar um cargo naquela secretaria. Desse modo, Nagashi Furukawa expandiu esse novo modelo de encarceramento no interior do Estado de São Paulo e, entre as vinte e duas unidades inauguradas, encontramse o Centro de Ressocialização pesquisado. Destarte, tendo em vista a contextualização acima, uma verdade é historicamente construída por meio das relações de poder e submete a sociedade a tal construção. As prisões – que são instituições disciplinares de caráter repressor – somente são aceitáveis porque, mediante saberes, foi produzida uma verdade constituída pela necessidade de encarcerar pessoas que cometem atos infracionais, com a finalidade de ressocializá-las, diminuindo, pois, a criminalidade. No entanto, Foucault (2002) contesta essa ressocialização, já que a função da prisão na sociedade não é recuperar e integrar os sentenciados ao mundo social, mas torná-los delinquentes e criminosos - necessários para a sociedade. 5 Ao analisar as prisões, Wacquant (2001, p.11) descreve que as prisões no Brasil encontram-se entre as piores do mundo em relação às condições de encarceramento e que se assemelham ao Primeiro Mundo pelo imenso número de presídios. O sistema penitenciário brasileiro acumula, com efeito, as taras das piores jaulas do Terceiro Mundo, mas levadas a uma escala digna do Primeiro Mundo, por sua dimensão e pela indiferença estudada dos políticos e do público: entupimento estarrecedor dos estabelecimentos [...]; negação de acesso à assistência jurídica e aos cuidados elementares de saúde; violência pandêmica entre detentos, sob forma de maus-tratos, extorsões, sovas, estupros e assassinatos, em razão da superlotação superacentuada, da ausência de separação entre as diversas categorias de criminosos, da inatividade forçada e das carências de supervisão. Ao dizer que no Brasil as prisões têm uma escala digna de primeiro mundo, Wacquant (2001) remete-se ao crescimento vertiginoso de estabelecimentos prisionais no país, tendo como modelo a expansão carcerária dos Estados Unidos. O autor parte do pressuposto que, o crescimento das instituições carcerárias nos Estados Unidos, tem como pano de fundo o controle dos pobres. Quanto aos números sobre a expansão dos sistemas carcerários e penitenciários no Brasil, Macaulay (2006, p. 16) afirma: Entre 1995 e 2005, a população prisional no Brasil cresceu abruptamente de 148.760 para 361.420, mais que o dobro em uma década. Isso foi acompanhado de um acentuado crescimento da taxa de encarceramento, de 95,5 para 190 por 100.000 habitantes. Esse aumento da população prisional, tanto em termos absolutos quanto em termos relativos, é menos o reflexo do crescimento das taxas criminosas e mais o resultado de políticas e sentenças judiciais ou provimentos legais que aprisionam suspeitos e criminosos de forma rotineira. (MACAULAY, 2006, p. 16). Assim, o maior número de encarcerados não se mostra enquanto uma questão de aumento da punição de crimes cometidos, mas de uma política de controle social da pobreza, como estratégia reguladora do mercado, isto é, à imposição de ofertas de trabalho precárias e mal remuneradas na forma de obrigações cívicas para aqueles que estão cativos na base da estrutura de classes. Sobre a política de mais encarceramento enquanto reguladora do mercado e acoplada ao neoliberalismo, expõe Wacquant (2008, p. 11) que “longe de contradizer o projeto neoliberal de desregulamentação e degradação do setor público, a ascensão irrefreável do estado penal constitui a implementação de uma política de criminalização da pobreza”. 6 O C. R. é uma novidade para o Sistema Penitenciário no Brasil, visto que é gerido em parceria com o terceiro setor e que para cumprir pena nessa instituição deve-se passar por um processo de triagem; ou seja, os presos que lá cumprem suas pena são “escolhidos” (grifo nosso) na massa de homens reclusos em Cadeias Públicas. No que tange ao contexto educacional, os estudos sobre educação demonstram a preocupação dos educadores com a inclusão social e a necessidade da construção de um projeto educacional que se contraponha à retórica neoliberal, na medida em que esta se refere à qualidade dos incluídos, dos clientes e nunca dos excluídos. De acordo com a Lei de Execução Penal (1984, artigo 18), o ensino das séries iniciais é obrigatório e deve integrar-se ao sistema escolar de cada unidade prisional. Todavia, em muitas prisões o espaço escolar sequer existe. Em 1976, o Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel, então Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, criou a Fundação Estadual de Amparo ao Trabalhador Preso – FUNAP, hoje denominada Fundação “Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel”. A criação da Fundação ocorreu em um momento em que o contexto políticoinstitucional era de distensão política em direção à redemocratização do Estado e das instituições penais. O primeiro passo para sua criação se deu com a promoção de evento realizado em dezembro de 1975, para a venda de produtos confeccionados pelos detentos dos estabelecimentos penitenciários da capital, cuja renda foi revertida para a Fundação do Instituto. Seu criador imaginou uma instituição que pudesse auxiliar o sistema penitenciário com o intuito de contribuir para a reabilitação social do homem preso, oferecendo trabalho remunerado e treinamento profissional, o que promoveria uma outra dinâmica ao ambiente prisional. Seria a busca de uma instituição antes reeducativa que punitiva, conforme descreve Sá (1975). Entretanto, as escolas das unidades prisionais do Estado constituíam-se como uma extensão das atividades dos estabelecimentos públicos estaduais tanto em sua estrutura e funcionamento, como nos aspectos didáticos e pedagógicos, não havendo preocupação com a especificidade da educação do adulto preso: [...] antes de 1979, o ensino básico proporcionado pelo Estado nos estabelecimentos do sistema penitenciário era executado por professores comissionados da Secretaria da Educação e obedecia ao calendário escolar oficial, com seriação anual e com o mesmo material didático aplicado às crianças. (RUSCHE, 1995, p. 10). 7 A organização da FUNAP efetivou-se observando, em 1983, as diretrizes programáticas do MOBRAL e, posteriormente, da Fundação Educar. O ensino de 1ª à 4ª série foi denominado Programa de Educação Básica (PEB) e, foi dividido em três etapas: PEB I, PEB II e PEB III, caracterizando o Nível I. O ensino de 5ª a 8ª série foi caracterizado como Nível II onde os alunos foram organizados por disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia e História. Na concepção de Português (2001) desencadeou-se em 1994, uma reestruturação da gerência de educação da FUNAP, quando foi criada a função de Monitor de Educação de Adultos em seus quadros. Teve início nesse mesmo ano, um trabalho efetivo de formação contínua dos educadores, em busca de uma especificidade metodológica para a educação de adultos presos, abrangendo todas as escolas dos presídios do Estado de São Paulo. Pautados na diretriz do governo do Estado de São Paulo para as Fundações e autarquias, em 1995 houve a extinção do departamento de supervisão da FUNAP, recaindo na Gerência de Educação, Cultura, Lazer e Formação Profissional as atribuições relativas à estrutura e funcionamento das escolas nos estabelecimentos penitenciários. Tais atribuições passaram a ocupar grande parte do trabalho da coordenação em detrimento do didático e pedagógico, tendo a própria gerência de educação seu quadro pessoal reduzido. Com isso, a qualidade da educação sofreu um abalo significativo, também por conta dos baixos salários de seus servidores que acabaram, em muitos casos, afastando-se de suas atribuições. Dessa forma, a FUNAP propôs a contratação de pessoas presas para o exercício da docência e também de estudantes de curso superior, como estagiários. A partir de 1997, estudantes assumiram tais atividades através do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). Neste mesmo ano, a estrutura e o funcionamento do programa de educação de adultos presos sofreram modificações decorrentes da implantação do Telecurso 2000, em praticamente todas as escolas do sistema penal do Estado, mediante parcerias firmadas com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Fundação Roberto Marinho. O PEB com três etapas passou a ser denominado Programa de Alfabetização, subdividido em Alfabetização I (ALFA I) e Alfabetização II (ALFA II). Depreende-se de Português (2001) que os objetivos e conteúdos pertinentes à alfabetização foram extraídos e readequados da Proposta Curricular para o 1º Segmento do 8 Ensino Fundamental de Jovens e Adultos, elaborada pela organização não-governamental Ação Educativa. Não há, nos C. R’s. assim como nos demais presídios paulistas, certificação da escolarização de 1ª a 4ª série, uma vez que ela é adquirida por meio de provas para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio, realizadas pelo Centro de Ensino Supletivo (CESU) da Secretaria Estadual da Educação. Com o propósito de certificar os reeducados sem a necessidade de realização de exames supletivos, a FUNAP, em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária e o Governo do Estado de São Paulo, desenvolveu em 2005 o “Projeto Pedagógico Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores Presos no Estado de São Paulo”: O programa respeitará a estrutura básica preconizada pelo Centro de Exames Supletivos do Estado de São Paulo (CESU) e as orientações curriculares de Educação de Jovens e Adultos do MEC, organizando-se em torno das três áreas e das disciplinas que as compõem. (FUNAP, 2005). As áreas que compõem o programa são: Linguagens, códigos e suas tecnologias; Ciências humanas e suas tecnologias e Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. São vinte e cinco módulos que abrangem as disciplinas de Português, Matemática, Geografia, História e Ciências. Segundo a FUNAP (2005), “para o desenvolvimento de cada módulo, houve material didático específico, incluindo conteúdo apropriado, conforme os programas oficiais do Estado e a sua proposta pedagógica, atividades e exercícios”. Anos após a implantação do programa, a FUNAP não obteve autorização do MEC para certificar os reeducados, no entanto, esse ainda continua seu principal objetivo. Nos últimos anos, de acordo com Graciano (2005) a omissão do Governo Federal em relação à educação nas prisões contribui de maneira decisiva para as arbitrariedades praticadas nos Estados. Não havendo orientações nacionais, também não há possibilidade de controle, acompanhamento ou avaliação das atividades empreendidas. No caso de São Paulo, [...] a conjugação entre a histórica falta de compromisso do Estado com as atividades de educação escolar na prisão e as formas internas de organização dessa instituição, na prática inviabilizam a implementação de políticas educacionais ou constituição de uma rede escolar do sistema penitenciário. (GRACIANO, 2005, p.69). METODOLOGIA 9 Pesquisar instituições como presídios, pode ser considerado por alguns estudiosos, uma tarefa demasiadamente difícil. Lemgruber (1983) adverte-nos sobre as problemáticas em relação ao acesso à instituição e como o processo de pesquisa pode sofrer entraves devido às intenções do local em não querer demonstrar os problemas existentes. [...] o temor de que as mazelas da instituição sejam expostas ao público faz com que as direções rejeitem propostas de estudos, ou só autorizem se o pesquisador restringir sua investigação conforme os limites estabelecidos pela administração. Para Adorno (1991) não se pode ignorar os preconceitos decorrentes das dificuldades que a sociedade tem para lidar com a diferença e a desigualdade, nem o recrudescimento da violência no tratamento dispensado aos presidiários. Contudo, essa realidade exige do pesquisador uma postura que não o torne indiferente aos problemas contemporâneos, mas provoque nele inquietudes e a busca de horizontes diferentes daqueles que está acostumado a ver e sentir. Imbuídos desse sentimento de inquietude e pelo desejo de conhecer novos horizontes, mediante pesquisa bibliográfica, obtivemos contribuições de dados e categorias teóricas já utilizadas por outros autores que, possibilitaram o aprofundamento teórico da temática em questão, apontando os limites e contribuições da pesquisa. A partir das peculiaridades dessa temática, realizamos um estudo de caso do tipo etnográfico, apoiado nos princípios da etnografia. A característica mais distinta de tal metodologia é que, ao quadro teórico inicial da pesquisa, puderam ser acrescentados novos questionamentos e considerações advindas do processo de pesquisa. Participantes Nas entrevistas realizadas, a nossa proposta consistiu em apreender os discursos da instituição explícitos nas falas das professoras e compará-los com os relatos dos educandos, coletados a partir de entrevistas, apontando, desse modo, quais as semelhanças e divergências nas representações dos atores da pesquisa acerca do processo de escolarização. Ademais, tanto a coleta quanto a divulgação dos dados foram asseguradas por princípios éticos, visando garantir o respeito, a preservação da identidade dos sujeitos e o direito de participar ou não da pesquisa, evitando prejuízos aos participantes. Entrevistamos todos os educandos das séries iniciais, totalizando 24 educandos, sendo 15 da 1ª e 2ª série e 9 da 3ª e 4ª série; bem como, suas 2 professoras. Para identificação dos sujeitos pesquisados utilizamos as duas primeiras letras do nome. 10 Recorremos a esse recurso devido à necessidade de citar os educandos, uma vez que, neste texto, o processo de escolarização da instituição é priorizado a perspectiva dos educandos. Nesse sentido, mencioná-los, apenas, estatisticamente seria, sem dúvida, negar as suas condições de sujeitos históricos e sociais; desconsiderar a sua identidade e relegálos ao anonimato. (KRAMER, 2002). Ressaltamos que os entraves burocráticos da instituição impossibilitaram o registro das entrevistas através do uso do gravador. Portanto, todas as entrevistas tiveram que ser escritas pelos pesquisadores durante a realização, para que assim as informações não fossem perdidas. As entrevistas com os educandos foram realizadas em um corredor que fica entre a portaria de entrada da instituição e a parte interna. Esse corredor tem nos dois lados grandes portões de ferro que ficam trancados. Durante as entrevistas não ficava qualquer funcionário conosco, ao término de cada entrevista fomos orientados a bater o cadeado no portão, para que o agente que estava do outro lado o abrisse e permitisse a saída de um reeducando e a entrada do seguinte. Conforme Zago (2003, p. 293), nem sempre o trabalho de campo ocorre como o planejado pelo pesquisador. O trabalho de campo está sujeito a um processo de constante construção, até que haja a possibilidade de encontrarmos meios que favoreçam a produção de dados, imprescindíveis para a discussão do objeto de estudo. “As dificuldades, em maior ou menor grau, inevitavelmente existem”. Resultados As duas professoras entrevistadas falaram claramente aos pesquisadores que não preparavam a aula e, em alguns dias em que fomos observar a aula, antes de seu início, a professoras nos perguntavam o que poderia dar aos seus alunos. Uma delas nos pediu que elaborássemos um projeto para ela desenvolver com seus alunos, porque eles estariam desmotivados. Essa situação indica o descaso com a ressocialização dos sujeitos encarcerados. Ficou clara a necessidade de se pensar um processo efetivo de educação de jovens e adultos na instituição pesquisada. Não se trata apenas de “ocupar” o tempo deles. Notamos um significativo distanciamento entre as ações das professoras e as percepções e necessidades dos reeducados. A falta de planejamento das aulas confirma esse descaso. 11 Durante as observações pudemos constatar que L. U. (26 anos), professora da 3ª e 4ª séries transmitiu o conteúdo aos alunos, realizou exercícios repetitivos objetivando a memorização. Os alunos receberam esses conteúdos e reproduziram mecanicamente de forma oral ou nos exercícios, que apenas 2 ou 3 reeducados conseguem realizar sem auxílio. O exercício do magistério se caracteriza pela atividade de ensino das matérias escolares. Nele se combinam objetivos, conteúdos, métodos e formas de organização do ensino, tendo em vista a assimilação ativa, por parte dos alunos, de conhecimentos, habilidades e hábitos e o desenvolvimento de suas capacidades cognoscitivas. (LIBÂNEO, 1994, p. 77). As aulas ocorrem em um corredor grande que liga os alojamentos com a lavanderia, nesse corredor improvisou-se uma lousa na parede. Essa é a sala de aula da turma de 3ª e 4ª série, a professora me explicou que cedeu a sala da biblioteca para a professora do Estado (Telesala), que dá aula de Português aos reeducados do Ensino Fundamental II, porque há 35 matriculados e na sua só há 9 reeducados que freqüentam. Como a sala de aula é improvisada não há cesto de lixo e os reeducados para apontarem seus lápis têm que se deslocarem até o banheiro dos alojamentos. Ademais, há nesse mesmo corredor uma oficina de costura cujo barulho da máquina atrapalha bastante a concentração dos alunos. Apreendemos que, L. U., passa na lousa o conteúdo das 07h15 às 08h00, pois diz que eles demoram a copiar, das 08h00 às 08h15 passa dois ou três exercícios na lousa, caminha ao redor das carteiras, conversa com alguns deles, pergunta por que a maioria não está fazendo os exercícios que ela passou, eles respondem que estão tentando, mas muitos aguardam a hora da correção para copiar a resposta e encerra-se a aula. Os alunos têm uma atividade limitada e são privados de desenvolverem suas potencialidades cognitivas, suas capacidades e habilidades. Visto que, L. U., fica centrada somente no livro didático e não se preocupa em tornar a aprendizagem significativa e mais dinâmica aos alunos. Depreende-se de Libâneo (1994), que os conteúdos do livro didático somente ganham vida quando o professor os toma como meio de desenvolvimento intelectual, quando os alunos conseguem ligá-los com seus próprios conhecimentos e experiências. As aulas da turma da noite (1ª e 2ª séries), cuja professora é J. A. (38 anos), prevista para iniciar às 18h00 começa por volta das 19h10, a professora informou que é devido a um aluno, do regime semi-aberto, que só chega à instituição às 18h30. 12 Em uma das observações, a professora J. A., comprou bolachas, salgadinhos e os levou ao C. R. para realizar o bingo, perguntei, antes do início da aula, o objetivo do bingo e ela disse, “matar o tempo, estou cansada de dar aula para ladrão, mas não anota isso”. Compareceram nessa aula os 15 reeducados matriculados, eles estavam bastante empolgados por causa das prendas. Cinco alunos que não sabiam ler sentaram-se ao lado de reeducados que sabiam, quando um dos reeducados gritou bingo J.A. falou, “muita calma porque aqui tem 155, traz para eu conferir”. Referindo-se ao artigo que prescreve o furto. Em todas as observações na turma da 1ª e 2ª séries, as aulas iniciaram-se depois das 19h10 e terminaram às 20h30. Durante todo período de observação das aulas não houve, nas duas turmas, nenhum tipo de conflito entre os alunos ou dos alunos com as professoras. Os reeducados que estudam de manhã (3ª e 4ª séries) compareceram em todas as aulas observadas com uniforme da instituição, que é de uso obrigatório, porém a maior parte dos alunos da alfabetização do período noturno freqüenta as aulas sem uniforme. Indaguei a professora dessa turma sobre a obrigatoriedade do uniforme e sua resposta foi, “à noite á mais sossegado, não tem nenhum diretor e os agentes não fiscalizam, por isso eu não falo nada” (J. A., 38 anos). Alguns reeducados em seus relatos, a respeito de suas trajetórias escolares narraram experiências escolares marcadas por tensões e conflitos, que, conseqüentemente contribuíram para a saída desses jovens e adultos da escola. A exemplo dessas tensões e conflitos, os reeducados citaram a repetência, a violência, as expulsões, o abandono e as interrupções. Eles, por sua vez, aos poucos foram se distanciando da instituição escolar, cujo rompimento, ocorreu antes mesmo do envolvimento em atos infracionais. Já outros relatos referem-se a um histórico de repetência, desistência e retorno à escola. Depois de idas e vindas do espaço escolar, a opção foi romper de vez com o processo escolar. J. O. (26 anos, 1ª e 2º série) narrou, “estudei até a 4ª série, saí por envolvimento com drogas, tinha 14 anos. Antes, entrava e saía da escola, mas ‘enforcava’ as aulas e sempre repetia”. Os reeducados entrevistados expuseram que um dos principais aspectos positivos da escolarização no C. R. é o fato deles prosseguirem com os estudos. “[...] hoje em dia para conseguir qualquer trabalho é preciso ter estudo” (I. Z., 24 anos, 1ª e 2ª série). Para V. A. (39 anos, 1ª e 2ª série), estudar no C. R. “significa relembrar o que aprendeu faz tempo”. 13 Não raro, os reeducados afirmam que a obrigatoriedade do ensino de 1ª a 4ª série nas instituições prisionais compreende um fator relevante para a continuidade da escolarização. “Estudo no C. R. porque me disseram que é obrigado e como não tenho nada para fazer ocupo a ‘mente’ e o tempo passa mais rápido” (V. A., 44 anos, 1ª e 2ª série). Percebi entre os encarcerados um sentimento de tempo perdido e que pode se configurar como motivo que os leva à escola. A volta à sala de aula oferece a muitos deles a possibilidade de poder sair dos alojamentos, distrair a ‘mente’ e ocupar seu tempo com coisas úteis, como se pode comprovar em suas falas. As comparações foram evidenciando semelhanças e diferenças entre a escola da prisão e as escolas “da rua”, e embora houvesse inicialmente a idéia de que seriam encontradas muitas diferenças, foram constatadas inúmeras semelhanças referentes ao trabalho educativo, à valorização do professor e às relações de poder. Não obstante, para outros reeducados, ainda que a escola no C. R. tenha poucos alunos por sala, não é oferecido a eles um bom ensino: A professora enrola e não dá aula, isso quando ela vem porque ela falta muito e fala que tava fazendo curso. Eu vou nas (sic) aulas e não aprendo nada, ela só fica passando ditado, conta e brincando de bingo para “matar” o tempo, ela mesmo fala isso. (V. A, 36 anos, 1ª e 2ª série). A relação com a professora da 1ª e 2ª série (J. A., 38 anos) e da 3ª e 4ª série (L. U., 26 anos) foi mencionada de modo positivo. Os reeducados afirmaram que há uma boa relação com suas professoras, que elas são atenciosas e os ajudam quando têm dúvidas. Os alunos da alfabetização relataram uma relação de proximidade com a professora. Segundo M. A. (31 anos, 1ª e 2ª série), “estudo com a professora J.A. há três meses e até agora ela não passou nada de português, mas o legal é que trocamos ‘mó idéia’ com ela”. Os reeducados que afirmaram prosseguir com os estudos quando em liberdade, associam o retorno à escola com a oportunidade de emprego. Dos 24 reeducados entrevistados, 9 responderam que estudam no C. R. porque são obrigados, 5 para ajudar na remissão porque não estão trabalhando, 5 dizem que estudam para ocupar a mente e 5 para conseguirem um bom emprego quando forem soltos. Quatro (4) desses reeducados também afirmaram que estudam para aprender mais e poder relembrar o que já aprenderam, é interessante salientar a contradição do discurso, haja vista que estes quatro estão inseridos no grupo de reeducados que responderam que estudam porque é obrigatório. 14 Ao serem perguntados sobre o que significa estudar no C. R., 5 reeducados responderam não saber o significado, 5 para relembrarem o que já aprenderam e poder aprender mais, 2 buscar oportunidade de emprego quando saírem, 4 ganhar remissão porque não estão trabalhando, 4 ocupar o tempo e 4 reeducados da 1ª e 2ª série relataram que significa poder ler e escrever cartas. Ler e escrever na prisão são fundamentais, pois não saber implica dependência do companheiro. É a alfabetização que possibilita aos reeducados aprenderem a escrever e ler cartas, bilhetes e acompanharem o desenrolar de seus processos criminais. “Quero aprender ler e escrever para conseguir escrever cartas para minha família e ler as que eu receber sem precisar de ninguém” (I.T., 31 anos, 1ª e 2ª série). Na prisão, ler e escrever significa, portanto, ter mais liberdade, autonomia e privacidade. As falas advindas dos diferentes sujeitos pesquisados, sobre os significados atribuídos à escolarização no C. R., não pareciam conflitantes à primeira vista, mas aos poucos revelaram, embora os discursos fossem semelhantes, importantes diferenças nas entrelinhas. Foi possível perceber o discurso da instituição inserido na fala de alguns; “são nas divergências que se começa a ver os aspectos significativos da estrutura social da prisão”. (ADORNO, 1991). Discussão No que se refere aos significados atribuídos pelos reeducados às aprendizagens realizadas, constatamos que, grande parte, estuda porque são obrigados pela instituição e atribuem à escolarização oportunidade de conseguir trabalho quando em liberdade. Observamos que, nas séries iniciais, não existe o processo de ensino e aprendizagem de jovens e adultos devido ao descaso das professoras e a ausência de um planejamento, acarretando a insatisfação dos reeducados, que continuam freqüentando as aulas para ocuparem o tempo ocioso e serem bem visto pela instituição. A freqüência à escola justifica desde o desejo de aprender, de buscar um passatempo, oportunidade de trabalho, até a busca de um parecer positivo da instituição. Mesmo não tendo consciência da função histórica da escola e de seu papel na construção da cidadania, o seu objetivo, ao freqüentá-la, é acatar as regras da instituição, visto buscar todas as alternativas possíveis para abreviar sua estada na unidade prisional. A resposta mais freqüente dos entrevistados da alfabetização, em relação ao significado da escola, está relacionada à oportunidade de aprendizado da leitura e escrita; 15 são esses os mais insatisfeitos com as aulas, visto que percebem não ser prioridade para professora. Quando se referem à escola como espaço onde ocupam a mente com coisas boas e preenchem o tempo ocioso, podemos atentar para a falta de atividades da instituição. A escola, além de ser uma ocupação, proporciona-lhes a possibilidade de se relacionarem com o mundo externo. O isolamento provoca nos reeducados um sentimento de desatualização, isso os leva, às vezes, a acreditar que a escola os manterá atualizados e informados, em relação às mudanças que ocorrem no mundo externo. É comum encontrar na escola um número reduzido de reeducados. No cárcere, a forma como a evasão se apresenta permite avaliar o quanto à escola pode estar inadequada para as necessidades e demandas dos sujeitos. A privação de liberdade não garante a presença dos alunos na escola e também não impede que se afastem, se o projeto pedagógico não levar em conta a realidade desses sujeitos e seus desejos nesse espaço diferenciado da prisão. Mas a questão é muito mais complexa. Falta uma política voltada para a elaboração de uma proposta pedagógica dirigida efetivamente para a EJA, comprometida com as dimensões formadoras da vida adulta. Impõe-se a busca de rompimento com a estrutura centrada exclusivamente na transmissão de conhecimento, na repetição e na memorização. Ouvir o homem preso não é uma tarefa simples, pois, sendo a ordem e a disciplina marcas da ambiência prisional, todas as atividades que ocorrem em seu interior buscam esses objetivos; portanto, o encarcerado é tratado não como sujeito, mas como objeto nesse processo de ressocialização. Sendo assim, dar voz ao detento se configura em uma tarefa desafiadora diante de um ambiente marcado pelo fechamento e o isolamento. A população encarcerada é marcadamente deficiente no tocante à escolaridade. É digno de nota o número daqueles que iniciaram as atividades escolares, mas que por causa do trabalho não puderam continuar seus estudos. Os reeducados que freqüentam a escola no C. R. trazem a marca da descontinuidade por conta das dificuldades arroladas. Se o problema da conciliação é anterior à pena privativa de liberdade, não menos complicado é o quadro no interior da instituição. O trabalho no sistema prisional pressupõe a remição de pena. Essa garantia que a legislação dá ao preso por si só é suficiente para que o detento dê mais importância ao trabalho do que à educação escolar. 16 É necessário apontarmos as falhas na legislação vigente que privilegia o trabalho ao estudo. Desta forma, trabalho e escola é um dilema bastante intrigante dentro do ambiente prisional, pois a cada três dias trabalhados, o preso diminui um dia na sua pena, enquanto que para alcançar a remição de penas por meio do estudo, é necessário que o preso tenha cumprido 18 horas de efetivo estudo, o que corresponde aproximadamente a sete dias de freqüência escolar. Além da questão financeira, pois o preso passa a dispor de um recurso econômico advindo do trabalho. Portanto, o embate entre escola e trabalho não é de simples resolução. Essas atividades são concorrentes diretas e, na impossibilidade de se executar os dois, simultaneamente, a opção é pelo trabalho. Constata-se, assim, que os reeducados são vítimas constantes da oscilação entre educação e trabalho desde a infância. De todas as questões aqui explicitadas, o que observamos é que os presos que se encontram no C. R., provavelmente não sairão ressocializados desse local, pois o índice de reincidência da unidade pesquisada é de 73%, ademais esse não é o interesse do Estado, ao contrário, para o Estado é importante manter um controle social da pobreza e, embora esses encarcerados estejam no limiar de sua vida adulta e expressem esperanças e desejos de não voltarem à cadeia, inclusive internalizando o discurso oficial da instituição, o despreparo para conseguir um emprego que não seja degradante além do estigma imputado faz dessa reabilitação quase uma quimera. REFERÊNCIAS ADORNO, S. A prisão sob a ótica de seus protagonistas. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 3, n. 1-2, p. 7-40, 1991. BRASIL, 1984. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. 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