Experiências e direcionamentos da universidade para o ensino de empreendedorismo Prof. Dr. Miguel Juan Bacic - Diretor da Extecamp INFORMAÇÕES SOBRE O PERFIL DOS EMPREENDEDORES BRASILEIROS Coord. Pesquisa no Brasil: Miguel J. Bacic É parte do seguinte livro: Entrepreneurship in Emerging Economies Hugo Kantis, Ishida Masahiko, Komori Masahiko Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID http://www.iadb.org/sds/ Caracterização da Amostra Abrangência: Empresas industriais convencionais: têxtil, metalúrgica, mecânica, cerâmica, etc Empresas intensivas em conhecimento: software, dados, negócios de telecomunicações e relacionados à Internet. Empreendedores por oportunidade (não por necessidade) Caracterização da Amostra As empresas pesquisadas foram divididas em dois grupos: Grupo objetivo (target): empresas com mais de 15 empregados e com maior potencial de crescimento; e Grupo de controle (control): empresas com menos de 10 empregados. Base de Dados: 169 empresas, 120 do grupo objetivo; 49 do grupo de controle. Características das Empresas e dos Empreendedores Tempo médio decorrido entre a idéia de se tornar empreendedor e o início do primeiro negócio: 3 anos. A maioria das empresas foi criada por mais de um sócio, em geral 2 ou 3 sócios. Características das Empresas e dos Empreendedores O sócio fundador é, em 89% dos casos, do sexo masculino e com idade média de 41 anos. Pensou em tornar-se empreendedor aos 27 anos, iniciou seu primeiro empreendimento aos 30 anos de idade e começou o empreendimento atual aos 34 anos. Em 47% dos casos o empreendedor teve sua origem social na classe média, em 29% dos casos na classe média-baixa e em 16% na classe baixa. Fatores necessários Modelo teórico Incubação Motivações Competências Redes Recursos financeiros Etapas Início Consolidação Principais motivações para iniciar o empreendimento Quadro 3 - Fatores motivacionais importantes para pensar em se tornar empresário Principais motivações para iniciar o empreendimento Busca de auto-realização; Vontade de por em prática os conhecimentos; e Desejo de aumentar os rendimentos. A busca de status e a riqueza não foram consideradas importantes: motivações endógenas como principais impulsionadoras da decisão. Propensão a correr riscos Empreendedor tende a assumir riscos: Posição pessoal em relação à seguinte afirmação: “freqüentemente assumo riscos quando tomo decisões relacionadas com minha empresa” Quadro 4. Propensão a correr riscos Educação Educação: elevada em comparação a média da população com destaque para as empresas com base no conhecimento Quadro 5 –Escolaridade segundo atividade Local de aquisição das competências empresarias O trabalho anterior é o local onde o empreendedor adquire as competências empresariais. Universidade tem papel importante na aquisição de conhecimento técnico Quadro 6 - Local onde o empreendedor adquiriu as competências empresariais Bases de aquisição de tecnologia para iniciar a empresa Experiência profissional e educação pós-universitária são fundamentais para aquisição de tecnologia para iniciar a empresa Quadro 7 - Importância da experiência profissional e a educação para ter acesso a tecnologia necessária para iniciar a empresa Papel da Educação e da Experiência na Aquisição de Competências Empresariais: as redes Trabalho, estudos superiores (especialmente de pósgraduação), colegas, família e amigos são a base a partir da qual se formam as redes de relacionamento, que são fundamentais para o desenvolvimento do negócio. Estas redes podem ser de origem pessoal (família, amigos, colegas) ou decorrentes da atuação profissional anterior do empresário (fornecedores, clientes). Finalmente existem as redes institucionais (universidades, SEBRAE, Associação Comercial, organismos de apóio, com papel menos importante que aquele das outras duas redes) Papel das redes no referente ao fornecimento de informações para iniciar a empresa Nas empresas tradicionais o papel mais importante é cumprido pelos amigos e fornecedores da região, ficando em terceiro lugar os conhecidos. Nas empresas com base no conhecimento a ordem de importância é amigos, conhecidos e consumidores da região. Isto parece mostrar que as primeiras tendem a ser mais orientadas aos aspectos relativos à produção e as segundas às necessidades dos clientes. Outro aspecto no qual é possível observar sensíveis diferenças entre as duas categorias é no papel dos diversos componentes da rede institucional, bem mais ativos no caso das empresas com base no conhecimento: professores, universidades e instituições (SOFTEX) parecem apoiar melhor esta classe de empreendimento. A associação comercial é mais útil para as empresas tradicionais. Papel das redes no referente ao fornecimento da tecnologia-chave para iniciar a empresa Nas empresas com base no conhecimento amigos, conhecidos e professores foram os componentes mais importantes. Nas empresas tradicionais, os fornecedores, amigos e conhecidos tiveram o papel mais importante. Fica claro, nesse caso a dinâmica diferente existente entre as duas categorias de empresas. As empresas tradicionais dependem de fornecedores para o acesso à tecnologia, as empresas com base no conhecimento têm maior espaço de criação ou pesquisa para obter a tecnologia. Os componentes institucionais, especialmente professores e universidades mostraram-se novamente bem mais importantes no caso das empresas com base no conhecimento. Recursos Utilizados no Período Inicial de Funcionamento Rede de relacionamentos profissionais e pessoais (compostas em geral de 1 a 8 pessoas). Poupanças pessoais. Utilização de máquinas de 2a. mão. Créditos de fornecedores. Adiantamentos de clientes. Principais fatores que influenciam na decisão final de empreender Realização de estudos prévios à abertura da empresa: Projeções de vendas e custos (80%); Cálculo da renda esperada (53%); Plano de negócios detalhado (50%); Comparação resultados esperados versus projetos alternativos (32%); Comparação renda esperada versus ganhos como empregado (35%). Papel da Educação e da Experiência na Aquisição de Competências Empresariais Capacidades resultado: empreendedoras são o da articulação de experiência anterior no trabalho (conhecimentos e relações); de estudos superiores; e de um contexto familiar e social favorável. Papel da Educação e da Experiência na Aquisição de Competências Empresariais Capacidades resultado: empreendedoras são o da articulação de experiência anterior no trabalho (conhecimentos e relações); de estudos superiores; e de um contexto familiar e social favorável. A identificação da oportunidade Verifica-se a importância do trabalho anterior e o das redes profissionais para identificar a oportunidade de negócio. A identificação da oportunidade necessita de uma acumulação anterior de competências e relacionamentos, processos que visem estimular o surgimento de novas empresas, que não considerem este fator estão fadados ao fracasso. Por outro lado, a interação deve ser com interlocutores qualificados, que tenham experiência e visão profissional: executivos ou pessoas empregadas, que contribuam com o levantamento de aspectos de aspectos críticos para qualificar a oportunidade. Fontes de Informação Experiência profissional. Educação formal. Redes de relacionamento (relacionamentos profissionais mais relevantes que os pessoais). Clientes (mais importante para empresas intensivas em conhecimento). Em resumo: Redes: Uns dos segredos do sucesso. As firmas mais dinâmicas fazem grande uso de suas redes sociais e de suas redes com os clientes, fornecedores e dos contatos profissionais e comerciais. Teamwork:. A maioria das firmas dinâmicas é fundada por uma equipe de empreendedores com qualificações complementares. O dinheiro não é tudo. As motivações dos empreendedores incluem o desejo de desenvolvimento pessoal, a contribuição com a sociedade e melhoria da renda pessoal. Em resumo: Os empreendedores: Predominantemente homens, idade média de 40 anos, graduados ou com pós graduação; os negócios foram fundados quando tinham 30 anos; as economias pessoais financiaram o lançamento do empreendimento. Todas as firmas dinâmicas têm líderes com experiência de trabalho relevante em setores econômicos similares ou relacionados, e seus fundadores possuem redes variáveis e extensivas. Experiência de trabalho: Uns dos segredos do sucesso. Dos trabalhos precedentes, os empreendedores começaram a ter idéias, habilidades no negócio e contatos profissionais, que criam a base para lançar seus empreendimentos. Em resumo: Em um grau importante, os empreendedores dizem que a instrução formal não têm um papel decisivo no estímulo ao desejo de criar um empreendimento de negócio, embora seus estudos na universidade forneçam-lhes o conhecimento técnico relevante. Os estudos de pós-graduação (extensão/especialização) permitem acesso a tecnologias relevantes e aprofundam as redes É fundamental a experiência de trabalho anterior. Ou seja: os estudos de pós-graduação alavancam o processo empreendedor. Em resumo: O esperado é que a nova empresa surja depois do empreendedor ter acumulado experiência de trabalho. A oportunidade é percebida com a experiência no trabalho. As redes ajudam na construção da empresa Menos freqüente é o caso de estudantes de graduação seguirem diretamente o caminho empreendedor, pois faltam elementos para a percepção da oportunidade e as redes são menores. Em resumo: Na graduação o aluno deve ser apresentado à opção empreendedora, a curiosidade e o interesse devem ser despertados. Em casos específicos em que seja possível montar uma empresa a partir do acumulo de conhecimento das graduação, é necessário apóio de professores e instituições (incubadoras, SOFTEX). Ex-alunos que já trabalham e retornam na Unicamp para realizar cursos de especialização são candidatos naturais a seguir o caminho empreendedor. É a Extensão na Unicamp? Boa oferta de cursos que alavancam os aspectos relacionados com a tecnologia (especialmente os cursos de especialização). Ampla e contínua oferta Oferta bem pobre de cursos que tratam de empreendedorismo. Único destaque: curso de Plano de Negócios oferecido pelo prof. Luiz Vasconcelos no IE (curso faz parte de especialização em gestão e estratégia de empresas do IE) Bom impacto na introdução de inovações nas organizações e no desenvolvimento de ações empreendedoras. Segundo pesquisa de 2002: O CONTEÚDO DO CURSO FOI ÚTIL PARA INTRODUZIR NOVAS TÉCNICAS NAS EMPRESAS? 80,5 100 80 60 40 12,1 20 0 SIM NÃO PORCENTAGEM NUM TOTAL DE 282 RESPOSTAS O CONTEÚDO DO CURSO FOI ÚTIL PARA INTRODUZIR NOVOS CONCEITOS DE GESTÃO NA EMPRESA? 61,9 70 60 50 40 30 20 10 0 25,9 SIM NÃO PORCENTAGEM NUM TOTAL DE 278 RESPOSTAS A REALIZAÇÃO DO CURSO LEVOU-O A DESENVOLVER ALGUMA ATIVIDADE EMPREENDEDORA (Abertura de Negócio Próprio) UTILIZANDO OS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NO CURSO? 40,7 45 40 35 30 25 20,4 19,3 13,8 20 15 5,8 10 5 0 SIM NÃO NÃO;PENSEI FAZER NÃO; PENSO FAZER NÃO; CONTRIBUI COM OUTROS PORCENTAGEM NUM TOTAL DE 275 RESPOSTAS A REALIZAÇÃO DO CURSO LEVOU-O A DESENVOLVER ALGUMA ATIVIDADE EMPREENDEDORA (Abertura de Negócio Próprio) DEVIDO A RELAÇÕES AÍ ESTABELECIDAS ? 51,1 60 50 40 30 23,9 12 20 6,5 6,5 10 0 SIM NÃO NÃO;PENSEI FAZER NÃO; PENSO FAZER NÃO; CONTRIBUI COM OUTROS PORCENTAGEM NUM TOTAL DE 276 RESPOSTAS Que falta fazer Aumentar oferta de cursos relacionados ao desenvolvimento dos aspectos de conceituação e gestão do processo empreendedor. Empreendedorismo Estudo de mercado para os novos empreendimentos Estudos econômicos para os novos empreendimentos Marketing e novos empreendimentos Acesso a fontes de financiamento Comercio exterior e novos empreendimentos Gestão de uma nova empresa Como pode ser feito? Oferta de cursos pelas unidades Papel da Agencia da Inovação como local sede dos cursos Parcerias nos cursos com entidades que apóiam o empreendedorismo Adicionalmente: cursos que devem apoiar a informação sobre a opção empreendedora para os alunos de graduação