UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DIFERENTES BASES DE FORMULAÇÃO DE RAÇÃO E
SUPLEMENTAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS PARA
CODORNAS JAPONESAS
VALÉRIA PEREIRA RODRIGUES
AREIA – PB
FEVEREIRO-2011
ii
VALÉRIA PEREIRA RODRIGUES
DIFERENTES BASES DE FORMULAÇÃO DE RAÇÃO E
SUPLEMENTAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS PARA
CODORNAS JAPONESAS
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Zootecnia da Universidade
Federal da Paraíba, como parte das exigências
para a obtenção do titulo de Mestre em
Zootecnia.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador Principal
Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva
Prof. Dr. Patrícia Emília Naves Givisiez
AREIA-PB
FEVEREIRO-2011
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
R696d
Rodrigues, Valéria Pereira.
Diferentes bases de formulação de ração e suplementação de
aminoácidos industriais para codornas japonesas. / Valéria Pereira
Rodrigues. - Areia: UFPB/CCA, 2011.
60 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias.
Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2011.
Bibliografia.
Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa.
1. Codornas Japonesas – Nutrição 2. Nutrição Animal – Aminoácidos
Industriais 3. Coturnix coturnix japonica 4. Exigência Nutricional I. Costa,
Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II.Título.
UFPB/CCA
CDU: 636.59(043.3)
iii
VALÉRIA PEREIRA RODRIGUES
Diferentes Bases de Formulação de Ração e Suplementação de
Aminoácidos Industriais para Codornas Japonesas
Comissão Examinadora:
__________________________________________
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Zootecnia/CCA
Presidente
________________________________________
Profª. Dr. Ednardo Rodrigues Freitas
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Agropecuária/CCHSA
______________________________________
Prof. Dr. Marcelo Luis G. Ribeiro
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Agropecuária/CCHSA
Presidente
AREIA-PB
FEVEREIRO-2011
iii
iv
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
VALÉRIA PEREIRA RODRIGUES – Filha de Benjamim Lucas Rodrigues e
Maria José Pereira Rodrigues, nasceu no dia 15 de setembro de 1980 na cidade de João
Pessoa. Estudou no Colégio Arquidiocesano Pio XII do ensino fundamental ao médio.
Prestou o vestibular para o curso de Zootecnia na Universidade Federal da Paraíba em
2003, onde se formou em Janeiro de 2008. No mesmo ano ingressou no Curso de
Mestrado em Zootecnia desta universidade, sob a orientação do professor Dr. Fernando
Guilherme Perazzo Costa. Desenvolvendo sua pesquisa na área de Nutrição de Não
Ruminantes.
v
Assim também brilhe a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e
louvem o vosso Pai que está nos céus.
Mateus 5,16
vi
A Deus, de infinita misericórdia e bondade que permitiu que eu chegasse até aqui
me dando forças e, fazendo com que a cada dia eu acreditasse em mim mesmo quando as
vezes não acreditava que seria capaz...
Aos meus pais Benjamim e Maria José, por todo amor incondicional, carinho e
dedicação por acreditarem em mim sempre me dando apoio nas horas que me parecia
mais difícil fazendo com eu não desistisse e me fazendo enfrentar os obstáculos de
cabeça erguida;
Aos meus irmãos Maria Vitória e Roberto Rodrigues, por estar o tempo todo
presente junto a mim dando-me forças, apoio e confiança. Obrigada por sermos unidos.
Vocês são parte desta obra, sintam-se Mestres assim como eu.
Aos meus cunhados Sérgio Roberto e em especial Zuleide, que, em situações de
desânimo, foram as pessoas em quem busquei socorro e mesmo nos momentos mais
desesperançosos estiveram dispostos à escuta e palavras de conforto e forças para que eu
pudesse conseguir vencer na caminhada mesmo distantes mais também são responsáveis
por esta conquista;
Aos meus sobrinhos que tanto amo Rodrigo (Digo), Mariana (Má) e Maria Clara
(Maria) que compreenderam minhas ausências em datas importantes de suas vidas;
Aos meus avôs paternos e maternos que com suas escolaridades inferiores me
estimularam a crescer;
Agradeço muito a TODA minha família, àqueles que mesmo à distância, me
incentivaram a perseverar.
Em especial, ao meu amor Paulo Amorim, por ter acreditado em meu potencial,
pela colaboração, compreensão nos momentos ausentes durante a realização de todo o
meu mestrado e principalmente por ter entrado na minha vida, por ser um verdadeiro
amigo e companheiro em todos os momentos que passamos juntos.
Dedico
vii
AGRADECIMENTOS
À Deus pai, e a nossa Senhora Maria Santíssima de infinita misericórdia e
bondade, por ter me dado forças e coragem principalmente nos momentos difíceis para
vencer as dificuldades e obstáculos. Sem suas presenças constantes em minha vida seria
indigna de vencer,... Obrigada por tudo Pai e Mãe do céu.
A toda família Amorim, que, direta e indiretamente contribuíram com meu
trabalho dando-me exemplos de perseverança e amor. Em especial a Carline Maria (in
memorian) pela amizade sincera e pelos conselhos carinhosos.
A Coordenação do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ) do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pela
oportunidade de fazer parte deste Curso que muito contribuiu para minha formação.
Ao meu orientador, Prof. Fernando Guilherme Perazzo Costa, que não só foi um
orientador, mas um pai, e um grande amigo me deu muitas oportunidades de crescer
durante a Iniciação Científica (PIBIC) e durante todo o curso de Mestrado, onde tive
exemplo de responsabilidade, honestidade e competência profissional, pela amizade
construída no decorrer de nossa convivência harmoniosa e sincera, e por pensar e agir
como um verdadeiro pai nas horas em que os problemas pareciam ser insuperáveis.
Obrigada por tudo.
A minha co-orientadora, Profª Cláudia de Castro Goulart, que não só me orientou,
mas, esteve ao meu lado em todos os momentos. Um anjo da guarda que Deus colocou
em minha vida. Não tenho palavras para expressar o quanto é especial. Muitíssimo
obrigada.
Ao meu co-orientador, e grande amigo que me orgulho em dizer. Prof. José
Humberto Vilar da Silva ao qual expresso toda minha admiração e imenso respeito. Nos
momentos difíceis, também esteve ao meu lado me dando força e com palavras mesmo
com seu jeito sério, mas me encorajando diante dos obstáculos que sempre estiveram
presentes em toda jornada. Obrigada.
Ao Prof. Walter Esfrain Pereira, pela humildade em sua sabedoria grandiosa e pela
paciência sempre que o procurei pelas dúvidas em estatística.
Aos examinadores, professor Ednardo Rodrigues Freitas e ao professor Marcelo
Luis G. Ribeiro, pelas sugestões que engrandeceram este trabalho.
viii
As minhas amigas do curso, as quais estiveram ao meu lado sempre. Gabriela
Mafra (Gabi) e Renata Mesquita, pelo apoio quando precisei, e nos momentos difíceis
que passei foram elas que estiveram comigo.
Roseane Madeira, que em pouco tempo de convívio tornou uma irmã me
ajudando e estando comigo quando precisei de uma palavra de conforto e em horas de
aflição. Muito obrigada, Xu.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão da bolsa de estudo.
A secretaria do PPGZ, Graça, pela amizade sincera, pelo carinho e auxilio nas
dificuldades.
Aos funcionários do CEPEC, D. Carmem e Damião, pelo carinho atenção e
receptividade. Aos funcionários do Setor de Avicultura, Ramalho, Francisco Ademir e,
em especial, ao Jorge (Josa), que foi meu braço direito nos trabalhos de campo e cuja
colaboração foi essencial para o sucesso dos nossos experimentos.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, José Alves, Charles, José
Sales, Antonio (Duelo) e Antonio Costa, pela atenção e colaboração nas analises
laboratoriais.
Aos amigos e colegas da Pós-Graduação, em especial a Gabriela e Renata pelo
carinho, apoio, amizade, convivência e os bons momentos compartilhados.
Aos amigos do Grupo de Estudos em Tecnologia Avicola (GETA), em especial a
Cláudia, Cléber, Raul, Janete, Ismael, Roseane, Rafaella, Bruno e Sérgio que assumiram a
responsabilidade de me ajudar nos trabalhos de campo.
À Janete e sua mãe dona Graça que, me deram forças e palavras de apoio sempre
que precisei foram muito especiais e importantes em minha vida.
Enfim, muitos outros que não foram citados, mas, fazem parte de todo esse
processo de aprendizado e que contribuíram para que eu chegasse até aqui. Obrigada!!
ix
SUMÁRIO
Página
Lista de tabelas……………………………………………………………………...... X
Resumo Geral....……………………………………………………………….......... Xii
Abstract……………………………………………………………………….……… Xi
v
Capítulo 1 - Referencial teórico...............................................................................
01
Introdução...................................................................................................................
02
Bases de Formulação de Ração para Codornas Japonesas.........................................
04
Exigências Nutricionais para Codornas Japonesas...................................................... 05
Energia metabolizável................................................................................................
06
Proteína bruta e aminoácidos...................................................................................... 08
Minerais......................................................................................................................
11
Formulação de Ração com Base em Aminoácidos Digestíveis..................................
15
Suplementação de Aminoácidos Industriais em Dietas para Codornas Japonesas...... 17
Considerações Finais.................................................................................................... 20
Referencias Bibliográficas.......................................................................................... 21
Capítulo 2 - Diferentes Bases de Formulação de Ração e Suplementação de
Aminoácidos Industriais para Codornas Japonesas............................
30
Resumo.......................................................................................................................
31
Abstract....................................................................................................................... 32
Introdução...................................................................................................................
33
Material e Métodos.....................................................................................................
34
Resultados e Discussão............................................................................................... 42
Conclusões..................................................................................................................
57
Referencia Bibliográficas............................................................................................ 58
x
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Página
Tabela 1
- Exigências nutricionais para codornas japonesas...................................... 05
Tabela 2
- Composição percentual e nutricional das rações experimentais para
codornas japonesas de 1 a 21 dias...........................................................
Tabela 3
- Composição percentual e nutricional das rações experimentais para
codornas japonesas de 22 a 42 dias........................................................
Tabela 4
37
- Composição percentual e nutricional das rações experimentais para
codornas japonesas na fase de postura....................................................
Tabela 5
36
38
- Médias das características de desempenho de codornas japonesas de 1
a 21 dias alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes
critérios de exigências nutricionais, suplementadas ou não com
aminoácidos industriais..........................................................................
Tabela 6
42
– Médias das características de desempenho de codornas japonesas de
22 a 42 dias alimentadas com dietas formuladas com base em
diferentes critérios de exigências nutricionais, suplementadas ou não
com aminoácidos industriais. .................................................................
Tabela 7
44
– Médias das características de desempenho de codornas japonesas de 1
a 42 dias alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes
critérios de exigências nutricionais, suplementadas ou não com
aminoácidos industriais. ........................................................................
47
xi
Tabela 8
– Médias das características de desempenho de codornas japonesas em
postura alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes
critérios de exigências nutricionais, suplementadas ou não com
aminoácidos industriais. .......................................................................... 49
Tabela 9
– Médias de produção de ovos de codornas japonesas em postura
alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios
de exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos
industriais..............................................................................................
50
Tabela 10 – Médias das características de qualidade dos ovos de codornas
japonesas alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes
critérios de exigências nutricionais, suplementadas ou não com
aminoácidos industriais. .......................................................................
51
Tabela 11 – Médias do balanço de nitrogênio e ácido úrico plasmático de codornas
japonesas em postura de 130 a 133 dias de idade, alimentadas com
dietas formuladas com base em diferentes critérios de exigências
nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais..........
53
Tabela 12 – Análise econômica da criação de codornas japonesas de 1 a 133 dias
alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos
industriais................................................................................................
55
xii
DIFERENTES BASES DE FORMULAÇÃO DE RAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO
DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS PARA CODORNAS JAPONESAS
RESUMO GERAL
RESUMO- Atualmente, as bases de formulação utilizadas como referência para as
exigências nutricionais das codornas são tabelas estrangeiras, com dados desatualizados e
extrapolações dos valores nutricionais determinados para outras espécies. No ano de 2009
foram lançadas as Tabelas para Codornas Japonesas e Européias, com informações
atualizadas sobre os requerimentos de codornas nas diferentes fases de criação, como
resultado de uma série de pesquisas desenvolvidas por colaboradores e pesquisadores da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB e compilação de resultados de outras pesquisas
desenvolvidas com codornas em todo o país. Estas tabelas apresentam como avanço a
recomendação de exigências em aminoácidos digestíveis. Dentre as vantagens atribuídas
à formulação de rações baseando-se em aminoácidos digestíveis está a redução do custo
da ração, a melhoria no desempenho das aves, o aumento da eficiência de utilização da
proteína, a redução da excreção de nitrogênio para o ambiente e a possibilidade de utilizar
alimentos alternativos nas formulações, através do ajuste do fornecimento de
aminoácidos via fontes industriais. Desta forma, foi desenvolvido um experimento com o
objetivo de avaliar o efeito do uso de diferentes bases de formulação e suplementação de
aminoácidos industriais na dieta sobre o desempenho de codornas japonesas foi realizado
um experimento, dividido em três fases: inicial, crescimento e postura. As aves, foram
distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 2,
sendo 3 bases de formulação e 2 níveis de suplementação com aminoácidos, totalizando
seis tratamentos, com 12 aves por unidade experimental.
As bases de formulação
utilizadas foram as tabelas do NRC, da UFPB, utilizando as recomendações em
aminoácidos totais (UFPB-T) e da UFPB, utilizando as recomendações em aminoácidos
digestíveis (UFPB-D). Os níveis de suplementação foram sem ou com suplementação dos
aminoácidos industriais lisina e treonina, para as fases inicial e de crescimento e de
isoleucina na fase de postura.
Avaliando-se os resultados, pode-se concluir que a
utilização do programa alimentar com redução da proteína dietética e suplementação de
aminoácidos industriais promove melhor desempenho produtivo de codornas japonesas,
independentemente da base de formulação utilizada. Para o maior retorno econômico,
recomenda-se a utilização das exigências nutricionais das Tabelas para Codornas
xiii
Japonesas e Européias, em aminoácidos digestíveis associada à suplementação com os
aminoácidos industriais lisina e treonina nas dietas das fases inicial e de crescimento e
isoleucina na fase de postura. Ressalta-se a necessidade de mais estudos sobre exigências
nutricionais específicas para cada uma das fases de criação das codornas japonesas,
principalmente verificando-se os efeitos residuais da nutrição nas fases inicial e de
crescimento sobre o desempenho produtivo na fase de postura. Da mesma forma, mais
pesquisas devem ser desenvolvidas para a determinação da digestibilidade dos
aminoácidos dos ingredientes específicas para codornas.
Palavras–chave: aminoácidos industriais, Coturnix coturnix japonica, exigência
nutricional
xiv
BASIS OF DIFFERENT FEED FORMULATION OF INDUSTRIALAND AMINO
ACID SUPPLEMENTATION FOR JAPANESEQUAILS
GENERAL ABSTRACT
ABSTRACT - Currently, diet formulation uses foreign basis for nutritional requirements
for quails, which present non-updated data and extrapolations from nutritional values
determined for other species. In 2009, the Tables for European and Japanese Quails
(Tabelas para Codornas Japonesas e Européias) were released, presenting updated
requirements for quails in different rearing phases, as a result of a series of studies carried
out with quails in Universidade Federal da Paraíba – UFPB and also compilation of
results from studies that had been carried out throughout Brazil. As an advance in diet
formulation for quails, the Tables provide the recommendations of digestible amino acids.
Amongst the advantages of formulating diets based on digestible amino acids, there is the
reduction in feed costs, improvement in bird development, increased efficiency of protein
utilization, reduction of nitrogen excretion to the environment and the possibility of using
alternative sources in formulations. This study evaluated the effect of using different
bases of formulating and supplementing industrial amino acids in the diet on the
performance of Japanese quails. The trial was divided in initial, rearing and laying
phases. The birds were distributed according to a completely randomized design, in a 3 x
2 factorial (3 bases of formulation and 2 levels of amino acid supplementation), and six
treatments with 12 birds per repetition. Three formulation bases were used: NRC, UFPB
tables with total amino acid requirements and UFPB tables with digestible amino acid
requirements. Supplementation levels were with or without supplementation with
industrialized lysine and threonine in the initial and growing phases, and isoleucine in
laying phase. The feeding program with lower dietary protein and industrial amino acid
supplementation improved performance of Japanese quails, independent of the
formulation basis that was used. It is recommended to use the nutritional requirements of
digestible amino acids of the Tables of Japanese and European Quails associated to
industrialized lysine and threonine in the initial and rearing phases and isoleucine in the
laying phase for increased profit. Further studies about the specific nutritional
requirements in each rearing phase of Japanese quail are needed, mainly those that the
xv
effects of initial and rearing phases on the performance in the laying phase. Similarly,
more studies must be carried out to determine the digestibility of amino acids in different
ingredients for quails.
Keywords: Coturnix coturnix japonica, industrial amino acids, nutritional requirements
CAPÍTULO 1
______________________________________________________________________
Referencial Teórico
Diferentes Bases de Formulação de Ração e Suplementação de
Aminoácidos Industriais para Codornas Japonesas
2
INTRODUÇÃO
Entre as diversas atividades do setor avícola, a criação de codornas
(coturnicultura) vem se destacando no mercado agropecuário brasileiro como excelente
alternativa de agronegócio no Brasil. De acordo com Moura (2007), o aumento no
consumo de ovos de codorna no país ocorrido nos anos 90 promoveu um incentivo para
o crescimento desta atividade, tornando este alimento cada vez mais presente na mesa
dos brasileiros, inclusive nas classes sociais menos privilegiadas. Além do excepcional
sabor exótico de sua carne e ovos, responsável por petiscos finos e sofisticados, a
criação de codornas requer um baixo custo de implantação, podendo se tornar uma fonte
de renda complementar dos pequenos produtores rurais (Carmo, sd).
Economicamente, torna-se ainda mais atrativa, pois apresentam um rápido
crescimento e, consequentemente, atingem a idade de postura bem mais rápido do que
as poedeiras, proporcionando um rápido retorno financeiro ao produtor, elevada
prolificidade, baixo consumo de ração e uso de pequenas áreas para sua criação também
se destacam proporcionando rápido retorno de capital (Leandro et al. 2005 citado por
Teixeira, 2006).
Submetidas à seleção e melhoramento genético durante séculos por japoneses, a
codorna utilizada no Brasil (Coturnix cortunix japonica) para produção de ovos, possui
altos índices de produtividade (80-95%), produzindo em média, cerca de trezentos ovos
por ciclo produtivo (12 meses) (Conti, 2007).
O hábito de se consumir carne e ovos de codorna vêm aumentando a cada dia,
fato que pode ser comprovado pelos dados apresentados pelo IBGE (2009). A produção
de ovos de codorna teve aumento de 20,4%, relativo ao ano de 2007, onde foram
produzidas 157,781 milhões de dúzias, a um preço médio de R$ 0,70 a dúzia, e no ano
de 2008 teve aumento de 47,7% em sua produção, tendo grande impacto sobre a
variação observada nacionalmente. A quantidade de ovos de codorna chegou a 192,195
milhões de dúzias em 2009, um aumento de 21,8% em relação a 2008.
No que diz respeito à nutrição das codornas de postura, em função da escassez
de informações concernentes às exigências nutricionais específicas para estas aves, as
tabelas de exigências nutricionais de outros países, como o NRC (1994) e o INRA
(1988), ou extrapolações dos valores nutricionais constantes nas tabelas de exigências
3
de galinhas poedeiras ou perus são na maioria das vezes utilizadas na formulação de
rações (Murakami et al. 2007). Esses dados não são ideais para o desenvolvimento e
desempenho adequados desta espécie em nosso país, visto que as características
bioclimáticas do Brasil são bem diferentes dos países onde as exigências nutricionais
apresentadas nas tabelas estrangeiras foram determinadas. Além disso, a extrapolação
das exigências nutricionais de aves de outras espécies também deixa a desejar, pois, de
acordo com Silva e Costa (2009), as codornas apresentam particularidades, como maior
proporção do aparelho digestivo e maior tamanho dos ovos em relação ao peso corporal
e maior taxa de passagem dos alimentos, comparado às galinhas.
O custo com a alimentação representa a maior parte dos custos totais da
produção de codornas, e as fontes de proteína e energia colaboram com quase a
totalidade deste custo.
Em geral, as dietas para codornas japonesas são formuladas com base nas
exigências de proteína bruta (PB), o que além de acarretar um consumo excessivo de
aminoácidos essenciais influencia sobremaneira nos custos de produção, uma vez que os
ingredientes protéicos apresentam alto preço no mercado. No entanto, com o advento de
aminoácidos industriais a preços acessíveis, a redução dos níveis protéicos das rações,
com suplementação de metionina, lisina e, em alguns casos, treonina, passou a ser
utilizada como forma de reduzir as quantidades de ingredientes protéicos e óleo de soja
e, conseqüentemente, reduzir os custos das rações (Silva e Costa, 2009).
Além da redução com custos de arraçoamento, outra vantagem comumente
atribuída à redução dos níveis da proteína dietética é a redução da poluição ambiental,
em função da menor excreção de nitrogênio pelas aves (Yamazaki et al. 2006).
4
REVISÃO DE LITERATURA
Bases de Formulação de Ração para Codornas Japonesas
A principal base para formulação de dietas para codornas japonesas utilizada
pelos nutricionistas é a tabela do NRC (1994), no entanto podem-se também verificar
recomendações para esta espécie nas tabelas do AEC (1987) e do INRA (1988). As
recomendações contidas nestas tabelas, todas estrangeiras, além de muito antigas, foram
determinadas em países com condições climáticas e de criação muito diversas das
encontradas no Brasil. No próprio NRC (1994) há referência à grande defasagem de
informações a respeito das exigências nutricionais para codornas, uma vez que os níveis
nutricionais recomendados para estas aves baseiam-se em pesquisas realizadas até 1984.
Ressalta-se ainda, que algumas recomendações foram baseadas em extrapolações de
exigências determinadas em outras espécies.
Recentemente, Silva e Costa (2009) divulgaram as Tabelas para Codornas
Japonesas e Européias, com informações atualizadas sobre os requerimentos de
codornas nas diferentes fases de criação, como resultado de uma série de pesquisas
desenvolvidas por colaboradores e pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba –
(UFPB) e compilação de resultados de outras pesquisas desenvolvidas com codornas em
todo o país. Em relação às tabelas estrangeiras, além das exigências terem sido
determinadas em situação mais próxima à realidade dos criatórios, tem-se como avanço
a recomendação de exigências em aminoácidos digestíveis, enquanto no INRA (1988),
AEC (1987) e NRC (1994) só há recomendação dos níveis de aminoácidos totais.
Na tabela 1 são apresentadas as recomendações nutricionais para codornas
japonesas prepostos no NRC (1994) e por Silva e Costa (2009).
5
Tabela 1 – Exigências nutricionais para codornas japonesas
Inicial
Fases da criação
Crescimento
Postura
Exigências
Nutricionais
NRC1
UFPB2
NRC1
UFPB2
NRC1
UFPB2
Energia metabolizável (kcal/kg)
2900
2900
2900
3050
2900
2850
Proteína bruta (%)
24,0
25,0
24,0
22,0
20,0
20,0
Cálcio (%)
0,80
0,60
0,80
0,50
2,50
2,95
Fósforo disponível (%)
0,30
0,30
0,30
0,25
0,35
0,35
Sódio (%)
0,15
0,14
0,15
0,14
0,15
0,23
Lisina total (%)
1,30
1,36
1,30
1,20
1,00
1,08
Lisina digestível (%)
Met+cis total (%)
Met+cis digestível (%)
Treonina total (%)
-
1,19
-
1,05
-
0,95
0,75
0,90
0,75
0,83
0,70
0,78
-
0,80
-
0,74
-
0,70
1,02
1,02
1,02
0,96
0,74
0,79
Treonina digestível (%)
0,87
-
0,82
-
0,67
0,95
0,95
0,95
0,83
0,92
0,98
Valina digestível (%)
-
0,84
-
0,74
-
0,87
Isoleucina total (%)
0,98
0,98
0,98
0,81
0,90
0,96
Valina total (%)
Isoleucina digestível (%)
Triptofano total (%)
Triptofano digestível (%)
Arginina total (%)
-
0,89
-
0,74
-
0,87
0,22
0,22
0,22
0,17
0,19
0,20
-
0,20
-
0,15
-
0,18
1,25
1,25
1,25
1,13
1,26
1,35
-
1,26
Arginina digestível (%)
1,16
1,05
1
NRC = NRC (1994);
2
UFPB = Tabelas para codornas japonesas e européias (Silva e Costa, 2009).
Exigências Nutricionais para Codornas Japonesas
A determinação das exigências nutricionais é de grande importância para todas
as espécies avícolas, uma vez que o fornecimento de níveis adequados dos nutrientes é o
principal fator que determina se as aves vão expressar todo o seu potencial genético.
Portanto, nutrientes como aminoácidos, proteínas, vitaminas, minerais, além da energia
da dieta, são primordiais para que a ave possa expressar seu potencial genético máximo,
produzindo ovos em qualidade e com características interna e externa máxima.
As exigências das aves são avaliadas de acordo com a quantidade de nutrientes
requeridas para realizar as funções básicas do organismo e as funções produtivas de
forma mais eficiente. Entretanto, essas exigências não são constantes, variam com a
ambiente, sexo, idade, níveis de energia e aminoácidos da ração, entre outros fatores.
Por isso, é necessário fazer avaliações periódicas dos níveis de nutrientes adequados
para cada região (Costa et al. 2004).
6
As exigências nutricionais das codornas são muito diferentes das galinhas e dos
frangos. Desta forma, a utilização de dietas formuladas para galinhas poedeiras na
alimentação de codornas, prática comumente realizada por pequenos produtores, não é
correta, tendo em vista que estas exigem menos cálcio (NRC, 1994, Pedroso et al. 1999,
Garcia et al., 2000, Silva e Ribeiro, 2001; Kadam et al. 2006 e Barreto et al. 2007c) e
mais proteína (Vohra, 1971; NRC, 1994) na ração em comparação com as galinhas.
Também são observadas diferenças expressivas entre as duas espécies, mesmo que,
apresentem semelhanças fisiológicas e anatômicas do aparelho digestivo, existem
diferenças marcantes entre estas duas espécies. O aparelho digestivo das codornas tem
menor peso e dimensionamento, porém maior proporção em relação ao peso corporal,
comparado às galinhas (Silva e Costa, 2009).
Energia metabolizável
Entre as exigências nutricionais, a de energia dietética é importante, pois é o
componente nutricional que regula o consumo e, conseqüentemente, o desempenho das
aves. De acordo com Barreto et al. (2007), a relação entre a necessidade energética e o
consumo de alimento é fundamental na formulação de rações práticas, pois o consumo
de nutrientes é regulado pela energia pré-determinada.
À medida que o nível de energia da dieta aumenta, tanto o consumo de alimento
como a conversão alimentar melhora, mas o ganho de peso vivo não é afetado. Alguns
estudos (Oliveira et al. 2002; Kaur et al. 2006) apontam que linhagens pesadas
consomem mais alimento e tem uma taxa mais alta de ganho de peso corporal do que as
linhagens produtoras de ovos. Silva e Costa (2009) descrevem que as codornas
modulam estreitamente o consumo da ração em função da temperatura ambiental e da
densidade energética da dieta. Os mesmos autores e o NRC recomendam 2800 e 2900
kcal/kg, respectivamente.
Gunawardana et al. (2008), avaliando os níveis de energia em dietas de
poedeiras comerciais verificaram que o acréscimo de energia na dieta promoveu
redução de 2,1% na ingestão de ração, o aumento de energia de 0 para 238 kcal/kg
promoveu também redução na gravidade especifica do ovo, provavelmente relacionada
a menor ingestão de cálcio provocada pelo menor consumo de ração nos mais altos
níveis energéticos. Resposta contrária das aves é observada em situação com baixa
7
densidade energética, onde a ave aumenta o consumo de ração para regular o consumo
de energia ate o ponto em que atenda as suas necessidades (Morris, 2004).
Moura et al. (2008) avaliaram dietas de diferentes densidades energéticas e
relação energia metabolizável:nutrientes constante na alimentação de codornas
japonesas em postura e verificaram aumento de 8,9% no consumo de ração quando a
densidade energética reduziu de 2900 para 2500 kcal de EM/kg. Freitas et al. (2005),
também, verificaram aumento linear do consumo de ração com a redução do nível de
energia para codornas japonesas. Dessa forma, pode-se inferir que o comportamento
alimentar de codornas é semelhante ao de galinhas poedeiras, que alteram o consumo de
ração de acordo com o nível de energia da dieta influenciando diretamente na qualidade
dos ovos produzidos.
Portanto, podemos observar que tanto o excesso quanto a deficiência no
consumo de energia podem ocasionar perda de produtividade. Segundo Neto (1999), o
excesso de energia pode promover super ovulação, aumento da produção de ovos de
duas gemas e da absorção de óvulos na cavidade abdominal, conduzindo a aumento do
intervalo de postura e, conseqüentemente, dos prejuízos na produção. Ao mesmo tempo,
os efeitos da desnutrição sobre o atraso da maturidade sexual, redução do peso corporal,
do nível das reservas corporais, do pico e da persistência de postura podem levar o
plantel de codornas ao descarte mais cedo (Silva e Costa, 2009).
Diversos estudos têm verificado as exigências de energia metabolizável dietética
(EM) de codornas para sustentar a produção de ovos, mas relativamente pouco se têm
examinado as exigências de energia para o crescimento. O NRC (1994) sugere 2900
kcal EM/kg como exigência de energia para codornas japonesa tanto em crescimento
quanto em postura. Diferentemente, os autores Silva e Costa (2009) recomendam 3050
kcal EM/kg na fase de crescimento e 2850 EM/kg na fase de postura.
Avaliando níveis crescentes de energia metabolizável (2.500, 2.700, 2.900 e
3.100 kcal de EM/kg de ração) para codornas japonesas em fase inicial de postura,
Murakami (1993) observou que o aumento do nível energético reduziu o consumo de
ração, a porcentagem de postura e o peso dos ovos, recomendando o nível de 2.700 kcal
de EM/kg de dieta como nível satisfatório. Cordeiro et al. (2003) recomendaram 2.850
kcal de EM/kg para melhor conversão alimentar por massa de ovo e 2.600 kcal de
EM/kg para maior produção e peso de ovo em codornas japonesas.
8
A recomendação de utilizar 2.900kcal de EM por kg de ração (NRC, 1994), para
atender as exigências de manutenção e de produção de codornas japonesas em fase
inicial, de crescimento e reprodutiva, tem sido freqüentemente utilizada como nível
energético padrão em pesquisas que envolvem nutrição de codornas (Furlan et al. 1998;
Junqueira et al. 2005). Contudo, o uso de valores de EM de alimentos testados com
outras espécies e extrapolados para a formulação de rações para codornas pode
superestimar ou subestimar o conteúdo real de EM das rações. Assim, as diversas
recomendações, realizadas por diferentes autores, podem ter sido baseadas em
diferentes conteúdos reais de EM nas rações, causando desuniformidade nas respostas.
Proteína bruta e aminoácidos
A proteína é um dos nutrientes de maior importância na formulação das rações,
seja biológica ou econômica, influenciando diretamente o desempenho das aves. Em
Andriguetto et al. (2002), consta que os alimentos protéicos possuem alto preço de
mercado e a sua administração em altas proporções, além de sobrecarregar os rins, que
necessitam eliminar nitrogênio em excesso, não trazem aumentos na produção. A
administração de níveis protéicos acima das necessidades do organismo pode resultar
em desperdícios, pois o excesso pode não ser armazenado, por isso pode ocorrer
aumento no incremento calórico, associado ao catabolismo dos aminoácidos ingeridos e
não utilizados (Leeson e Summers, 1997), além de aumento na produção de calor e com
concomitante redução do consumo, principalmente em regiões de clima tropical (Silva
et al. 2006). Ainda, a excreção de nitrogênio, para o meio ambiente, pode resultar em
aumento da poluição.
Dados na literatura marcam diferentes recomendações nas exigências
nutricionais de PB para codornas, com valores variando de 18 a 23%. Silva e Costa
(2009) sugerem o nível de 20%, semelhante ao recomendado pelo NRC (1994).
Murakami et al. (1993) realizaram um experimento com codornas japonesas na
fase de produção, para avaliarem o efeito de quatro níveis de proteína (16, 18, 20 e 22%
de PB), onde foi recomendado, para esta fase, 18% de PB. No entanto, Pinto et al.
(2002) avaliando os efeitos de dietas contendo 16, 18, 20, 22 e 24% de PB no
desempenho de codornas japonesas, recomendaram a utilização de um valor bem
superior (22,42% de PB). Resultado semelhante foi obtido por Soares et al. (2003), que
9
estudando os mesmos níveis protéicos recomendaram 22,0% de PB. Freitas et al. (2005)
verificaram que a exigência de PB para maior peso dos ovos (21,16%) foi superior à
exigência para maior produção de ovo e melhor conversão alimentar (18,0%).
Os aminoácidos têm várias funções no organismo e as necessidades de formação
das proteínas corporais são, quantitativamente, prioritárias. A metionina é o primeiro
aminoácido limitante na ração de codornas em dietas práticas (Mandal et al. 2005). São
considerados aminoácidos fisiologicamente essenciais para mantença, crescimento dos
animais e para o desenvolvimento das penas (Pinto et al. 2003). Apesar da grande
importância deste aminoácido para o adequado desenvolvimento e bom desempenho das
aves, quase não há trabalhos na literatura sobre suas exigências para codornas
japonesas.
Pinto et al. (2003) avaliaram o efeito de diferentes relações metionina+cistina
digestível: lisina digestível (0,48, 0,53, 0,58, 0,63, 0,68 e 0,75), em dietas contendo
1,15% de lisina digestível e verificaram que a relação de 0,66, correspondente a 0,758%
de metionina+cistina digestível na dieta resultou em melhor conversão alimentar de
codornas japonesas em crescimento (7 a 42 dias de idade). Para a fase de postura, Pinto
et al. (2003), estudando as relações 0,60, 0,65, 0,70, 0,75, 0,80 e 0,85 de
metionina+cistina digestível: lisina digestível, estimaram que a relação de 0,80
melhorou a produção de massa de ovo, recomendando 0,727% de metionina+cistina
digestível para dietas contendo 0,910% de lisina digestível.
A lisina é considerada aminoácido essencial porque é sintetizada nos tecidos em
quantidade insuficiente para atender às necessidades das aves. As principais funções da
lisina para aves em crescimento relacionam-se à formação dos tecidos ósseo, muscular e
na síntese de carnitina. A lisina exerce função específica na síntese de proteína muscular
em frangos de corte. Todavia, há a necessidade de verificar se tal asserção é válida para
codornas, pelo menos, em termos de maior resposta em crescimento corporal
(Nascimento, 2003). A lisina é considerada o terceiro aminoácido mais tóxico para as
aves (Koelkebececk et al. 1991), sintomas de deficiência de arginina podem surgir
devido a competição por sítios de absorção entre a arginina e a lisina nos enterócitos
(Kidd e Kerr,1998). O excesso de lisina pode ocasionar prejuízos metabólicos como o
antagonismo com outros aminoácidos (Barreto et al. 2006).
10
Oliveira et al. (1999) utilizaram rações com 14,10% PB e recomendaram níveis
de 1,07 e 1,08% de lisina total para maior porcentagem de postura e melhor peso médio
dos ovos das codornas, respectivamente, e 1,0% de lisina para rações com 19,0% de PB.
Ribeiro et al. (2003), no entanto, indicaram 1,07 e 1,15% de lisina digestível para dietas
com 20 e 23% de proteína bruta, respectivamente, e Pinto et al. (2003) sugeriram
1,117% de lisina digestível para dietas com 19,56% proteína bruta para codornas
japonesas em postura. Costa et al. (2008b), avaliando dietas com 19,9% de PB e
variando de 0,88 a 1,20% de lisina digestível, recomendaram 1,03% de lisina digestível
na ração para maior produção de ovos.
A treonina é considerada o terceiro aminoácido limitante em rações a base de
milho e farelo de soja para frangos e perus, mas é o segundo, depois da metionina, nas
rações de codornas (Mandal et al. 2006). A L-treonina pura é 100% digestível e está
disponível comercialmente, oferecendo maior flexibilidade na formulação de dietas. Sua
suplementação permite menor inclusão de alimentos protéicos, acarretando menores
excreção de nitrogênio e poluição ambiental.
Abdel-Mageed et al. (2009), avaliando o efeito da redução da PB de 20 para 18 e
16% e da suplementação de aminoácidos metionina, lisina e treonina, verificaram
melhor produção de ovos em codornas alimentadas com dietas contendo 18% de PB,
com valores de metionina+cistina e lisina atendendo a recomendação do NRC (1994) e
nível de treonina acrescido de 0,2% em relação ao recomendado pela referida tabela
(0,94 vs 0,74% de treonina). Canogullari et al. (2009) verificaram um aumento de 9,3
pontos percentuais na produção de ovos de codornas japonesas quando o nível de
treonina da dieta passou de 0,74 para 1,04%, concluindo que os níveis recomendados
pelo NRC (1994) para este aminoácido não são adequados para sustentar uma alta
performance de produção nas codornas modernas. No entanto, Costa et al. (2008a)
concluíram que 0,66% de treonina digestível na dieta de codornas em postura é
suficiente para otimizar a produção de ovos.
A isoleucina é potencialmente limitante em dietas para poedeiras com baixa
proteína bruta e suplementadas com lisina, metionina e triptofano (Keshavarz, 1998).
Embora nas dietas para codornas em postura formuladas à base de milho e farelo de soja
a isoleucina passa como o segundo aminoácido limitante (Silva e Costa, 2009), poucas
pesquisas para a determinação de suas exigências para estas aves são encontradas na
11
literatura. No NRC (1994) a recomendação para este aminoácido para a fase de
produção de ovos é 0,90% da dieta, enquanto Silva e Costa (2009) recomendam 0,96%
de isoleucina total e 0,87% de isoleucina digestível.
Minerais
Os minerais constituem a parte inorgânica dos alimentos ou tecido celular, sendo
classificados em macrominerais e microminerais (elementos traços). Esta classificação
está relacionada com as concentrações desses elementos nos tecidos, que de certa forma,
indicam as suas necessidades orgânicas (Bertechini e Fassani, 2001).
Dentre as várias funções dos minerais, destacam-se a formação do esqueleto, a
participação como componentes de vários compostos com funções específicas no
organismo e como cofatores de enzimas, sendo importantes também na manutenção do
balanço osmótico, pH e equilíbrio eletrolítico do organismo das aves (NRC, 1994).
Uma nutrição mineral adequada é necessária para que as aves possam utilizar
bem os outros nutrientes, em função do seu importante papel na transferência de energia
ligada ao metabolismo celular, como por exemplo, do fósforo como componente da
molécula de ATP (Oliveira e Almeida, 2004) e do ferro como componente dos
citocromos na cadeia de transporte de elétrons e da hemoglobina.
Na literatura existem poucas informações sobre as necessidades de minerais
específicas para codornas e grande parte das informações disponíveis estão
desatualizadas. As exigências de cloro, potássio e minerais traço (exceto zinco) para
codornas nas fases inicial e crescimento e de cloro, magnésio, fósforo disponível,
potássio, sódio e minerais traço para codornas em postura encontradas no NRC (1994)
representam uma estimativa baseada em valores obtidos com aves de outras idades e até
mesmo de outras espécies. Percebe-se, desta forma, a carência de conhecimentos no que
se refere à nutrição mineral de codornas, uma vez que o NRC (1994) constitui a base de
formulação mais consultada pelos nutricionistas para a formulação de dietas para estas
aves.
O cálcio (Ca) e o fósforo (P) constituem acima de 70% do total dos minerais do
organismo animal. Do total de Ca do organismo, 98 a 99% estão presentes nos ossos, na
forma de fosfato de cálcio e hidroxiapatita e o restante participa do metabolismo celular,
12
ocorrendo na forma ionizada, ligado à albumina ou complexado a ácidos orgânicos e
inorgânicos (McDowell, 2000).
O Ca é essencial para a coagulação sanguínea, tem importante papel como
cofator em várias reações enzimáticas, é necessário para a secreção de um grande
número de hormônios e fatores liberadores de hormônios (Roland, 1989), requerido
para a contração muscular, permeabilidade da membrana, excitabilidade neuromuscular
e regulação dos batimentos cardíacos (McDowell, 2000). Esse mineral, também, é
essencial para a qualidade da casca dos ovos, pois participa em maior quantidade,
aproximadamente 35 a 38% da casca do ovo (Stadelman e Cotterill, 1995).
O fósforo, igualmente importante para a formação do esqueleto, pode ser
encontrado particularmente nas células vermelhas do sangue, músculo e tecidos
nervosos. O fósforo participa praticamente de todas as reações metabólicas do
organismo, sendo indispensável na utilização de carboidratos, proteínas e lipídios
(McDowell, 2000).
Durante o período de crescimento da ave, a maior proporção do Ca da dieta é
utilizada para a formação dos ossos, enquanto nas aves adultas, em produção de ovos, a
maior porção é utilizada para a formação da casca do ovo. Aves com deficiência de Ca
apresentam atraso no crescimento, diminuição no consumo e fragilidade óssea durante a
fase de desenvolvimento, e presença de ovos com casca fina, redução na produção de
ovos e no conteúdo de cinzas e de Ca nos ossos, durante a fase de postura (Scott et al.
1982).
No período de calcificação, o Ca a ser depositado na casca tem duas origens:
dietética e a óssea. Mesmo que as aves consumam quantidades adequadas de Ca, cerca
de 30% do Ca da casca é oriundo dos ossos. Portanto, devem-se fornecer quantidades
adequadas deste mineral para as codornas em desenvolvimento, para garantir um aporte
adequado à mobilização de Ca dos ossos na época de postura sem causar fragilidade
óssea.
As necessidades de Ca e P disponível para codornas estabelecidas pelo NRC
(1994), Rhodimet (1993) para codornas japonesas na fase inicial/crescimento são 0,80 e
0,30%; 1,00 e 0,45% e respectivamente, enquanto que para a fase de produção de ovos
os requerimentos encontrados são 2,50 e 0,35%, 3,50 e 0,43%. Silva e Costa (2009)
recomendam níveis diferentes de Ca e P disponível para as fases inicial e de
13
crescimento, sendo estes, respectivamente, 0,60 e 0,30% e 0,50 e 0,25% da ração,
enquanto para a fase de postura recomendam 2,95% de Ca e 0,35% de P disponível.
Consuegra e Anderson (1967) recomendam 0,80% de Ca e 0,30% de P
disponível para codornas nas duas primeiras semanas de idade, numa relação de 2,7:1,
enquanto que de 2 a 4 semanas essa relação cai para 1,6:1, com o nível de Ca
recomendado reduzindo para 0,48% da dieta, mantendo-se a recomendação do P
disponível. Segundo Bisoi et al. (1980) os níveis de 0,70% de Ca e 0,20 a 0,30% de P
disponível (relação de 2,3 a 3,5:1) na dieta de codornas de 0 a 3 semanas de idade
otimizaram o crescimento e o nível de cinzas dos ossos.
Estudos relacionados ao processo de formação da casca demonstraram haver
variações nas exigências e eficiências de absorção de Ca pelas aves nos diferentes
estágios de formação do ovo (Etches, 1996). Mesmo que as aves consumam
quantidades adequadas de Ca, cerca de 30% do Ca da casca é oriundo dos ossos. Porém,
a utilização do Ca do esqueleto pode ser aumentada pelo baixo nível de ingestão de Ca.
Quanto maior a dependência de Ca do esqueleto, menor a quantidade de Ca depositada
na casca (Ito, 1998), resultando em ovos com casca fina e pouco resistente à quebra,
causando prejuízos econômicos ao produtor.
O sódio é um elemento de extrema importância para a manutenção da pressão
osmótica e do equilíbrio eletrolítico dentro dos valores normais, além de participar da
absorção de aminoácidos e glicose. Apesar de sua importância na alimentação das aves,
as exigências desse mineral têm sido pouco estudadas, talvez pelo fácil atendimento das
necessidades com sal comum ou pelo custo reduzido dessa matéria-prima. Sem saber
quais níveis utilizar, os criadores de codornas formulam rações com níveis de 0,25 a
0,30% de sal comum (Murakami et al. 2006) pensando em atingir as reais exigências
das aves. Porém, além de problemas nutricionais, o excesso de sódio na dieta provoca
aumento do consumo de água, aumentando por sua vez a umidade das excretas, o que
pode causar problemas de manejo.
Costa et al. (2008b), avaliando o nível de sódio para codornas japonesas em
postura, verificaram que o consumo de ração (CR) aumentou significativamente nas
aves alimentadas com dieta contendo até 0,24% de sódio (Na) e diminuiu naquelas
alimentadas com a dieta contendo níveis mais elevados de Na. De forma semelhante,
14
Barreto et al. (2007), verificou aumento no CR das codornas alimentadas com dietas
contendo até 22% de Na, reduzindo o CR após este valor.
Estudos
mostram
haver
um
grande
relacionamento
do
Na
com
o
desenvolvimento das aves. Sabe-se que deficiências de Na na ração provocam grande
redução na produção, no peso dos ovos, no consumo de ração e no peso corporal
(Kuchinski et al. 1997) de galinhas de postura e, em codornas adultas, inclui-se perda de
peso, má formação dos ossos, baixa fecundidade, canibalismo e alta mortalidade
(Oliveira e Almeida, 2004).
O cloro (Cl) é um nutriente de baixo custo e sua manipulação pouco influencia o
custo da ração, porém, devido às suas importantes funções metabólicas, torna-se
necessário supri-lo nos níveis e balanço adequados para ótimo crescimento. O Cl é
encontrado nas células, nos fluidos extracelulares do organismo, principalmente na
forma de cloreto de sódio e cloreto de potássio, e no suco gástrico, como ácido
clorídrico. O Cl juntamente com o sódio e potássio, são importante não somente para o
equilíbrio ácido-básico, mas pode também influenciar no crescimento, no consumo, no
desenvolvimento ósseo, na resposta ao estresse térmico e o metabolismo de certos
nutrientes, como aminoácidos, minerais e vitaminas influenciando no desempenho das
aves na fase inicial e, posteriormente, na fase de produção.
O Potássio (K) é o principal cátion intracelular e o elemento mais abundante no
organismo animal, participando de importantes funções, como regulação da pressão
osmótica, desenvolvimento do potencial de membrana, equilíbrio ácido-base, transporte
de glicose e aminoácidos e ativação de enzimas celulares (Leeson e Summers, 2001).
De acordo com Reece et al. (2000), animais de altas taxas de crescimento apresentam
requerimentos relativamente altos para K; da mesma forma, o aumento do teor protéico
da dieta também aumenta as exigências para este mineral. O estresse por calor aumenta
a excreção de K pela urina, podendo resultar em redução dos níveis de K no plasma
(Naseem et al. 2005). Nas espécies avícolas a deficiência de K causa fraqueza muscular,
problemas no tônus intestinal, debilidade cardíaca e dos músculos respiratórios (Reese
et al., 2000). Até pouco tempo atrás não havia grande interesse na determinação das
exigências nutricionais de K, visto que as rações para aves eram formuladas com altos
níveis de PB, entrando nas formulações grandes quantidades de farelo de soja,
15
ingrediente rico em K, e estas formulações frequentemente fornecem excessos deste
mineral.
Costa et al. (2008a) trabalhando exigência de potássio para codornas em postura
submetidas a diferentes níveis de potássio na ração mostrou que houve efeito quadrático
dos níveis de potássio sobre o consumo de ração, produção de ovo, massa de ovo,
conversão por massa de ovo e conversão por dúzia de ovo, estimando-se os
requerimentos de 0,426; 0,438; 0,435; 0,458 e 0,444% de potássio na ração,
respectivamente. Esta resposta demonstra que nos níveis inferiores o potássio estava
deficiente, e à medida que o carbonato de potássio foi adicionado à ração, elevando os
teores de potássio, o desempenho das aves foi melhorando, até certo ponto, em que o
potássio passou a estar em excesso. Além das aves exigir quantidades mínimas de
potássio em sua alimentação, para satisfazer suas necessidades fisiológicas, é importante
que a proporção entre o potássio, o cloro e o sódio (balanço eletrolítico) seja mantida.
Formulação de Ração com Base em Aminoácidos Digestíveis
Com a disponibilidade de aminoácidos industriais a preços acessíveis no
mercado, a redução dos níveis protéicos das dietas, com suplementação de metionina,
lisina e, em alguns casos, treonina, passou a ser utilizada como forma de reduzir as
quantidades de ingredientes protéicos e óleo de soja, e, conseqüentemente, reduzir os
custos das rações.
No entanto, para que a redução protéica seja realizada de forma adequada, sem
prejuízos ao desempenho, é de fundamental importância o conhecimento não só das
exigências em aminoácidos essenciais das aves, mas também da composição em
aminoácidos dos alimentos, bem como do seu aproveitamento pelos animais, ou seja, do
quanto de aminoácidos digestíveis para determinada espécie os alimentos possuem.
O conceito de aminoácidos digestíveis baseia-se no fato de que os aminoácidos
das fontes protéicas comerciais não são igualmente digeridos e absorvidos pelos animais
e que rações baseadas nas concentrações de aminoácidos totais freqüentemente
superestimam as exigências das aves (Rostagno et al. 1995).
De acordo com Sakomura e Rostagno (2007), a formulação de rações com base
em aminoácidos digestíveis tem sido utilizada pelos nutricionistas, principalmente, pela
necessidade de se otimizar o uso de matérias-primas de alto custo e de possibilitar a
16
substituição do milho e da soja por ingredientes alternativos, garantindo um aporte
equivalente de aminoácidos digestíveis pela correção das deficiências com a
suplementação de aminoácidos sintéticos.
Outra vantagem atribuída à utilização de formulações com base em aminoácidos
digestíveis é a redução da excreção de nitrogênio para o ambiente, uma vez que o teor
de PB é reduzido. Segundo Hess e Lemme (sd), rações formuladas com base em
aminoácidos totais fornecem maior teor de PB que rações formuladas com base em
aminoácidos digestíveis. Isto porque, quando se formula com base em aminoácidos
digestíveis, os valores dos aminoácidos dos ingredientes são melhores avaliados
possibilitando uma combinação em que ingredientes alternativos são aproveitados e
parte das exigências dos aminoácidos são supridas via aminoácidos industriais. Araújo
et al. (2004) afirmam que o excesso de PB consumido deprecia o desempenho das aves,
eleva o custo de formulação da dieta, incrementa o calor metabólico e contribui para o
aumento na excreção de nitrogênio.
De acordo com Casartelli (2007), a composição das excretas é diretamente
influenciada pela composição nutricional das rações consumidas pelas aves. Deste
modo, ao se formular rações com altos níveis de PB, com o emprego de valores de
aminoácidos totais, utilização de margem de segurança ou pelo desconhecimento da
composição nutricional dos alimentos, um alto teor de proteína nas excretas é esperado.
Assim, alterações nas formulações que permitam a redução dos níveis protéicos e
manutenção dos níveis de atendimento de aminoácidos essenciais, permitem uma
redução no teor de nitrogênio nas excretas, uma vez que, como generalização, cerca de
60% do nitrogênio das rações de poedeiras comerciais não é aproveitado, sendo
eliminados nas excretas. A maior parte do nitrogênio excretado pelas aves é relacionado
ao material que não foi digerido e àqueles aminoácidos que estavam em imbalanço em
relação aos requerimentos para manutenção e produção de ovos (Leeson e Summers,
2005).
Estudos com frangos de corte (Rostagno et al. 1995; Lemme et al. 2004;
Maiorka et al. 2005; Viola et al. 2008) demonstram que rações formuladas com base em
aminoácidos digestíveis promovem melhoria no desempenho das aves. No entanto, para
galinhas poedeiras os benefícios da formulação com base em aminoácidos digestíveis
no desempenho não são evidentes (Silva et al. 2000; Casartelli, 2007; Assuena et al.
17
2008). Contudo, também não houve piora no desempenho, sendo necessário levar em
consideração na decisão pela adoção desta técnica a possibilidade de redução do custo
das rações e a menor excreção de nitrogênio para o ambiente.
Embora os resultados obtidos com frangos de corte mostrem-se favoráveis à
utilização de dietas formuladas com base em aminoácidos digestíveis em relação às
formuladas com base em aminoácidos totais e os resultados com galinhas poedeiras
sejam controversos, não foram verificados na literatura trabalhos realizados com
codornas japonesas.
Um fator determinante para o sucesso da utilização de formulações com base em
aminoácidos digestíveis é a determinação da digestibilidade dos aminoácidos de todos
os ingredientes usados na alimentação de codornas. A digestibilidade dos aminoácidos
pode ser determinada por meio de ensaios in vitro e/ou in vivo. Os ensaios in vivo têm
sido considerados como sendo mais precisos para avaliar a digestibilidade dos
aminoácidos, destacando-se a técnica da alimentação forçada com galos inteiros ou
cecectomizados, a técnica da coleta de digesta ileal com galos ou pintos com
alimentação à vontade e a técnica de coleta total de excretas com pintos (Sakomura e
Rostagno, 2007).
No entanto, há diferenças significativas no aparelho digestório destas espécies
em relação ao das codornas (Silva e Costa, 2009). Desta forma, para se obter resultados
satisfatórios na utilização de formulação de ração com base em aminoácidos digestíveis
torna-se necessário o desenvolvimento de técnicas de coleta de digesta ileal ou com
utilização de aves cecectomizadas específicas para codornas.
Suplementação de Aminoácidos Industriais em Dietas para Codornas Japonesas
A proteína é um dos principais nutrientes na nutrição de aves, possuindo grande
importância no custo de rações, influenciando diretamente o desempenho dos animais.
O nível protéico da ração é definido como quantidade ideal de proteína para responder
as necessidades da ave em aminoácidos, considerando o contexto econômico dos preços
dos ingredientes formulados e o valor dos produtos obtidos.
As proteínas e os aminoácidos são essenciais na formulação de rações para aves,
pois asseguram a produção e o bem-estar das aves e, conforme sua utilização nas rações
possibilitam reduzir a poluição ambiental (Silva et al. 2005). De acordo com Ton
18
(2007), durante muitos anos, a formulação de rações para aves foi baseada no conceito
de proteína bruta (PB), que resulta em dietas com conteúdo de aminoácidos superior à
exigência dos animais. A digestão e o metabolismo desses aminoácidos consumidos em
excesso aumentam o gasto calórico corporal provocando a excreção de volume
excessivo de ácido úrico, além de maior gasto de energia. O excesso de aminoácidos
circulante no sangue pode provocar a diminuição do consumo de ração pelos animais
(Goulart, 1997).
Pesquisas em nutrição tornaram-se ainda mais relevantes na criação de codornas,
onde a maior parcela do ônus de produção, que recai sobre o fator alimentação,
direcionado em grande parte aos alimentos protéicos da ração. Com a facilidade do uso
de aminoácidos industriais a preços acessíveis no mercado, a redução dos níveis
protéicos das rações, com a suplementação de metionina, lisina e, em alguns casos, a
treonina, passou a ser utilizado de forma a reduzir as quantidades de ingredientes
protéicos e óleo de soja e, portanto, reduzir os custos das rações (Silva e Costa, 2009).
Atualmente, há uma tendência na utilização do conceito de proteína ideal nas
formulações de rações para aves. A proteína ideal é determinada como o balanço exato
de aminoácidos capaz de prover, sem excesso ou falta, os requerimentos de todos os
aminoácidos necessários para a manutenção animal e máxima deposição protéica
(Suida, 2001). Oliveira Neto (2009) afirma que, embora a proteína e os aminoácidos
totais tenham sido utilizados no passado para formular rações para aves, ultimamente se
emprega uma metodologia de formulação mais adequada, os aminoácidos digestíveis e
as relações ideais entre a lisina e os demais aminoácidos.
Nas exigências de aminoácidos das aves apresentam-se vários fatores, entre eles,
estão os níveis nutricionais, a genética, a idade do animal, o sexo, sendo praticamente
impossível determinar individualmente as exigências para cada aminoácido.
O uso da proteína ideal e dos aminoácidos digestíveis permite que diminua a
excreção de nitrogênio além de possibilitar que rações de menor custo sejam
produzidas, mantendo um adequado desempenho dos frangos de corte (Rostagno et al.,
1999; Grana, 2008).
De acordo com Peganova e Eder (2003), a redução do teor de PB da ração, sem
a suplementação de aminoácidos essenciais, pode gerar resultados indesejáveis como
redução do consumo e da produção de ovos e canibalismo em galinhas poedeiras.
19
Trabalhando com três linhagens de codornas japonesas (normal, marrom e o
cruzamento entre ambas as linhagens), Ri et al. (2005) avaliaram os efeitos dos níveis
de PB (16,0 a 26,0%) sobre os parâmetros de produção e qualidade dos ovos e
concluíram que as codornas provenientes do cruzamento apresentaram menor exigência
de proteína (as necessidades decresceram de 24,0 para 22,0%). Os autores também
verificaram que tanto a produção de ovos como o peso dos ovos decresceram na medida
em que houve a redução dos níveis de PB da ração e ressaltaram a importância da
suplementação dos aminoácidos essenciais nas rações contendo baixos níveis de
proteína.
Avaliando o efeito da redução da proteína de 22,0 a 17,0% e utilizando o
conceito de proteína ideal com codornas japonesas de 220 dias de idade, Umigi et
al.(2007) concluíram que o nível de 17,0% de PB pode ser utilizado sem prejuízos no
desempenho e na qualidade dos ovos, desde que haja devida suplementação dos
aminoácidos essenciais limitantes.
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em função da escassez de informações sobre as exigências nutricionais para
codornas japonesas, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas específicas para
cada uma das fases de criação das aves, principalmente verificando-se os efeitos
residuais da nutrição nas fases inicial e de crescimento sobre o desempenho produtivo
na fase de postura.
Seguindo a tendência da nutrição para outras espécies, os estudos para a
determinação dos requerimentos nutricionais em aminoácidos essenciais atendendo ao
perfil da proteína ideal, em aminoácidos digestíveis, deve constituir uma meta a ser
alcançada.
Para tanto, deve-se também buscar o desenvolvimento de técnicas
específicas e adaptadas para a determinação da digestibilidade dos aminoácidos dos
ingredientes para codornas. As tabelas para codornas japonesas e européias, com
informações atualizadas sobre os requerimentos de codornas nas diferentes fases de
criação, resultado de uma série de pesquisas desenvolvidas por colaboradores e
pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba – (UFPB) pode ser uma ferramenta
para a melhoria dos índices zootécnicos, uma vez que estes estudos, além de atuais,
foram realizados em situações mais reais às que são encontradas a nível de campo nas
coturniculturas brasileiras. Deve-se, portanto, proceder uma avaliação criteriosa de sua
utilização, tanto no desempenho produtivo das aves quanto no retorno econômico da
produção.
21
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30
CAPÍTULO 2
______________________________________________________________________
Diferentes Bases de Formulação de Ração e Suplementação de
Aminoácidos Industriais para Codornas Japonesas
31
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito do uso de diferentes bases de formulação e
suplementação de aminoácidos industriais na dieta sobre o desempenho de codornas
japonesas foi realizado um experimento, dividido em três fases: inicial, crescimento e
postura. As aves, foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 3 x 2, sendo 3 bases de formulação e 2 níveis de suplementação com
aminoácidos, totalizando seis tratamentos, com 12 aves por unidade experimental. As
bases de formulação utilizadas foram as tabelas do NRC, da UFPB, utilizando as
recomendações em aminoácidos totais (UFPB-T) e em aminoácidos digestíveis (UFPBD). Os níveis de suplementação foram sem ou com suplementação dos aminoácidos
industriais lisina e treonina, para as fases inicial e de crescimento e de isoleucina na fase
de postura. O efeito cumulativo do programa de alimentação durante as fases inicial e
de crescimento resultou em melhor conversão alimentar (CA) no período total com as
dietas formuladas de acordo com o NRC, independente da suplementação ou não com
aminoácidos industriais. A suplementação com aminoácidos industriais resultou em
maior produção de massa de ovo e melhor conversão por massa de ovo. Para as dietas
não suplementadas, a formulação segundo a UFPB-T resultou em maior produção de
ovo (PR), enquanto nas aves alimentadas com rações formuladas pelas recomendações
da UFPB-D, a PR diminuiu significativamente. Quando foram utilizadas dietas com
redução protéica, suplementadas com aminoácidos industriais, não foram verificadas
diferenças significativas entre as bases de formulação estudadas. Nas dietas formuladas
segundo a UFPB-D a redução protéica com suplementação aminoacídica promoveu
maior PR. O peso da casca e a gravidade específica foram significativamente
influenciados pelas bases de formulação. Tanto a formulação com base no NRC quanto
a suplementação das dietas com isoleucina, resultaram em maior excreção de N, porém
os valores de ácido úrico plasmático não foram influenciados pelos tratamentos.
Palavras–chave: aminoácidos industriais, Coturnix coturnix japonica, exigência
nutricional
32
ABSTRACT
An experiment was carried out with the objective of evaluating the effect of using
different formulation bases and supplementation of industrialized amino acids in the
diet on the performance of Japanese quails in the initial, rearing and laying phases. The
birds were distributed according to a completely randomized design into a 3x2 factorial,
with 3 bases of formulation and 2 levels of amino acid supplementation, with six
treatments and 12 birds per experimental unit. Three formulation bases were used:
NRC, UFPB tables with total amino acid requirements (UFPB-T) and UFPB tables with
digestible amino acid requirements (UFPB-D). Supplementation levels were with or
without supplementation with industrialized lysine and threonine in the initial and
growing phases, and isoleucine in laying phase. The cumulative effects of the feeding
program of initial and rearing phases resulted in better feed conversion (CA) in the total
period with the diets formulated according to NRC, independent of the use of
industrialized amino acids. Industrialized amino acid supplementation resulted in higher
production of egg mass and better conversion per egg mass. In non-supplemented diets,
formulation based on UFPB-T resulted in greater egg production (PR), whereas PR
decreased significantly when birds were fed diets formulated based on UFPB-D. Diets
with reduced protein levels and amino acids supplementation were not different
between formulation bases. In the diets formulated according to UFPB-D, protein
reduction with amino acid supplementation increased PR. Egg weight and specific
gravity were affected by the formulation bases that were used. Both NRC formulation
and isoleucine supplementation resulted in greater nitrogen excretion, but plasma levels
of uric acid were not affected by the treatments.
Keywords: Coturnix coturnix japonica, industrial amino acids, nutritional requirements
33
INTRODUÇÃO
A criação de codornas tem despertado interesse dos produtores rurais em função
do acelerado crescimento das aves, baixo consumo de ração, maturidade sexual precoce,
alta taxa de postura (em média 300 ovos/ave/ano), alta densidade de criação, baixo
investimento, rápido retorno do capital investido e elevada vida produtiva (Albino e
Barreto, 2003).
No entanto, a formulação de rações para codornas é baseada em tabelas de
composição de alimentos e exigências nutricionais de outros países, não sendo estas
ideais para as condições de criação brasileiras. No National Research Council (NRC,
1994) pode-se constatar que, desde 1984, as exigências nutricionais de codornas não são
modernizadas, demonstrando grande defasagem de informações. Além disso, as aves
utilizadas na época da determinação das exigências apresentavam potencial genético
bastante diferente das codornas criadas atualmente. Recentemente Silva e Costa (2009)
publicou as tabelas para codornas japonesas e européias, com dados atualizados sobre
exigências nutricionais de codornas, como resultado de uma série de pesquisas
desenvolvidas por colaboradores e pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba –
UFPB e compilação de resultados de outras pesquisas desenvolvidas com codornas em
todo o país. Nestas tabelas pode-se verificar um avanço em relação ao NRC (1994), que
é a recomendação dos níveis de aminoácidos não somente em aminoácidos totais, mas
também em aminoácidos digestíveis.
O conceito de aminoácidos digestíveis baseia-se no fato de que os aminoácidos
dos alimentos não são totalmente digeridos e absorvidos pelas aves, portanto, parte
deles será perdida nas excretas (Burnham, 2007). Desta forma, dietas baseadas nas
concentrações de aminoácidos totais freqüentemente superestimam as exigências das
aves. Lemme (2006) relata que, quanto maior o nível de inclusão de matérias-prima de
baixa digestibilidade de aminoácidos em formulações com base em aminoácidos totais,
menos confiável é a previsão de desempenho das aves, levando a indústria avícola a
usar de uma onerosa margem de segurança na oferta de nutrientes. Assim, a formulação
de rações baseando-se em aminoácidos digestíveis tem sido utilizada pelos
nutricionistas, principalmente pela necessidade de se otimizar o uso de matérias-primas
de alto custo e de possibilitar a substituição do milho e da soja por ingredientes
alternativos, garantindo um aporte equivalente de aminoácidos digestíveis pela correção
34
das deficiências com a suplementação de aminoácidos sintéticos (Sakomura e Rostagno,
2007).
Graças às facilidades de compra e aos preços compatíveis, há crescente prática
de se incorporar aminoácidos industriais nas rações para aves, permitindo formular
rações de mínimo custo com teores de PB inferiores aos recomendados nas tabelas de
exigências nutricionais, porém, atendendo as exigências em aminoácidos essenciais
(Silva, 1996). Com o fornecimento dos níveis aminoacídicos mais próximos das
necessidades animais, há aumento na eficiência de utilização da proteína e maximização
do uso dos aminoácidos para síntese protéica, minimizando o seu uso como fonte de
energia. Além disso, há redução dos níveis de nitrogênio excretado para o ambiente,
minimizando a poluição ambiental. De acordo com Leeson e Summers (2005), a
excreção de nitrogênio pode ser significativamente reduzida por meio do balanço de
aminoácidos que atenda às necessidades das aves com mínimo excesso, e
principalmente com o fornecimento desses nutrientes na forma digestível.
A boa formação de aves poedeiras através de programas nutricionais e manejo
adequados é essencial para um bom retorno econômico na fase de produção,
constituindo uma ferramenta importante para a garantia de altos níveis de produção
(Lima Neto et al. 2008).
Desta forma, objetivou-se avaliar o efeito do uso de diferentes bases de
formulação e suplementação de aminoácidos industriais na dieta sobre o desempenho de
codornas japonesas nas fases inicial, crescimento e de postura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia – PB.
Foram utilizadas 360 codornas japonesas fêmeas, com peso inicial de 7,4 ± 0,3 g
durante o período de 1 a 133 dias de idade e distribuídas em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 3 x 2 (3 bases de formulação x 2 suplementações de
aminoácidos), totalizando seis tratamentos, com cinco repetições de 12 aves cada.
35
O experimento foi dividido em três fases: inicial (1 a 21 dias), de crescimento
(22 a 42 dias) e de postura (43 a 133 dias) e os tratamentos consistiram em programas
de alimentação com rações formuladas de acordo com diferentes bases de exigências
nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais.
Os tratamentos 1 e 4 (NRC–T) consistiram em rações formuladas com base no
NRC (1994), com as exigências em aminoácidos totais (AAT). Nos tratamentos 2, 3, 5 e
6 as rações foram formuladas com base nas exigências nutricionais recomendadas por
Silva (2009), sendo as rações 2 e 5 (UFPB–T) formuladas com base nas exigências de
AAT, enquanto nas rações 3 e 6 (UFPB–D) foram consideradas as exigências em
aminoácidos digestíveis. Nos tratamentos 1, 2 e 3 as rações foram formuladas com a
suplementação somente do aminoácido industrial DL-metionina, enquanto nas dietas 4,
5 e 6 além da DL-metionina foram suplementados os aminoácidos L-lisina.HCl e Ltreonina para as fases inicial e de crescimento (Tabelas 2 e 3) e L-isoleucina para a fase
de postura (Tabela 4).
Para a formulação das rações foram consideradas as exigências nutricionais
recomendadas por Silva (2009) e os valores de aminoácidos totais e digestíveis dos
ingredientes apresentados por Rostagno et al. (2005).
Na primeira fase, as aves foram alojadas em boxes com piso revestido por
bagaço de cana-de-açúcar medindo 60 x 50 cm, todos com lâmpadas incandescentes
para aquecimento nos primeiros dias de vida, comedouro e bebedouro específicos para
codornas jovens. O programa de luz adotado foi de 24 horas de luz contínua
(natural+artificial).
Aos 22 dias de idade, as aves foram transferidas para gaiolas galvanizadas com
dimensões de 33 x 33 x 14 cm, onde permaneceram durante a fase de crescimento (22 a
42 dias) e a fase de postura (43 a 133 dias). Foram alojadas 6 aves/gaiola e as parcelas
experimentais foram constituídas por duas gaiolas contíguas, equipadas com
bebedouros tipo nipple e comedouros tipo calha. Foram fixadas divisórias de isopor
revestidas por fita adesiva de forma a evitar mistura das rações experimentais e
consumo de ração pelas aves de outras parcelas.
O programa de luz adotado durante a fase de postura foi 17 horas de luz: 7 horas
de escuro, utilizando-se um timer para o controle da luz artificial. A ração e a água
foram fornecidas à vontade durante todo período experimental.
36
Tabela 2- Composição percentual e nutricional das rações experimentais para codornas
japonesas de 1 a 21 dias
Sem suplementação
Ingredientes
NRC
UFPB-T UFPB-D
Com suplementação
NRC
UFPB-T UFPB-D
Milho
46,53
47,59
49,65
58,52
57,87
58,01
Farelo de soja
48,68
48,48
46,75
38,40
39,60
39,57
Fosfato bicálcico
0,92
0,92
0,93
0,97
0,97
0,96
Calcário
1,05
0,53
0,54
1,09
0,56
0,57
Óleo de soja
2,27
1,85
1,49
0,15
0,00
0,00
Sal
0,26
0,23
0,23
0,27
0,24
0,24
DL-Metionina
0,00
0,11
0,12
0,05
0,19
0,17
L-Treonina
0,00
0,00
0,00
0,15
0,13
0,09
L-Lisina.HCl
0,00
0,00
0,00
0,11
0,15
0,09
Premix
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Total
Exigência
Silva2009 NRC 1994
Composição calculada
EM (kcal/kg)
2900
2900
2900
2900
2900
2900
2900
2900
PB (%)
25,0
24,0
26,2
26,2
25,6
22,8
23,3
23,3
Cálcio (%)
0,60
0,80
0,80
0,60
0,60
0,80
0,60
0,60
Fósforo disp (%)
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
Sódio (%)
0,14
0,15
0,15
0,14
0,14
0,15
0,14
0,14
Lisina total (%)
1,36
1,30
1,47
1,47
-
1,30
1,36
-
Lisina dig (%)
1,19
-
-
-
1,28
-
-
1,19
Met+cis total (%)
0,90
0,75
0,79
0,90
-
0,75
0,90
-
Met+cis dig (%)
0,80
-
-
-
0,80
-
-
0,80
Treonina total (%)
1,02
1,02
1,02
1,02
-
1,02
1,02
-
Treonina dig (%)
0,87
0,87
-
-
0,87
Valina total (%)
0,95
0,95
1,22
1,22
-
1,05
1,07
-
Valina dig (%)
0,84
-
-
-
1,06
-
-
0,96
Isoleucina total (%)
0,98
0,98
1,16
1,16
-
0,98
1,00
-
Isoleucina dig(%)
0,89
-
-
-
1,03
-
-
0,91
Triptofano total (%)
0,22
0,22
0,34
0,34
-
0,28
0,29
-
Triptofano dig(%)
0,20
-
-
-
0,30
-
-
0,26
Arginina total (%)
1,25
1,25
1,81
1,80
-
1,51
1,55
-
Arginina dig (%)
1,16
1,78
1,56
1
Composição básica do produto: Monóxido de manganês, óxido de zinco, sulfato de ferro, sulfato de
cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 150.000mg,
Zinco 100.000mg, Ferro 100.000mg, Cobre 16.000mg, Iodo 1.500mg; 2Composição básica do produto:
Vit. A, Vit. D3, Vit. E, Vit. K, Vit. B1, Vit. B2, Vit. B6, Vit. B12, Niacina, Ácido Fólico, Ácido
Pantotênico, Selenito de Sódio, Antioxidante, Veiculo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Vit. A
10.000.000 U.I, Vit. D3 2.500.000 U.I, Vit. E 6.000 U.I, Vit. K 1.600 mg, Vit. B12 11.000, Niacina
25.000mg, Ácido Fólico 400 mg, Ácido Pantotênico 10.000 mg, Selênio 300 mg, Antioxidante 20g.
37
Tabela 3 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para codornas
japonesas de 22 a 42 dias
Sem suplementação
Ingredientes
NRC
UFPB-T UFPB-D
Com suplementação
NRC
UFPB-T UFPB-D
Milho
46,530
49,929
51,670
58,517
66,631
66,437
Farelo de soja
48,677
44,676
43,212
38,403
30,255
30,509
Fosfato bicálcico
0,920
0,677
0,684
0,974
0,752
0,751
Calcário
1,047
0,454
0,460
1,088
0,512
0,511
Óleo de soja
2,268
3,648
3,345
0,150
0,649
0,709
Sal
0,258
0,237
0,239
0,267
0,251
0,250
DL-Metionina
0,000
0,079
0,090
0,046
0,201
0,186
L-Treonina
0,000
0,000
0,000
0,145
0,204
0,162
L-Lisina.HCl
0,000
0,000
0,000
0,110
0,245
0,185
Premix
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Total
Exigência
Silva 2009 NRC 1994
Composição calculada
EM (kcal/kg)
3050
2900
2900
3050
3050
2900
3050
3050
PB (%)
22,0
24,0
26,2
24,7
24,2
22,8
20,0
20,0
Cálcio (%)
0,50
0,80
0,80
0,50
0,50
0,80
0,50
0,50
Fósforo disp (%)
0,25
0,30
0,30
0,25
0,25
0,30
0,25
0,25
Sódio (%)
0,14
0,15
0,15
0,14
0,14
0,15
0,14
0,14
Lisina total (%)
1,20
1,30
1,47
1,37
-
1,30
1,20
-
Lisina dig (%)
1,05
-
-
-
1,20
-
-
1,05
Met+cis total (%)
0,83
0,75
0,79
0,83
-
0,75
0,83
-
Met+cis dig (%)
0,74
-
-
-
0,74
-
-
0,74
Treonina total (%)
0,96
1,02
1,02
0,96
-
1,02
0,96
-
Treonina dig (%)
0,82
-
-
-
0,82
-
-
0,82
Valina total (%)
0,83
0,95
1,22
1,15
-
1,05
0,91
-
Valina dig (%)
0,74
-
-
-
1,00
-
-
0,81
Isoleucina total (%)
0,81
0,98
1,16
1,09
-
0,98
0,83
-
Isoleucina dig(%)
0,74
-
-
-
0,97
-
-
0,76
Triptofano total (%)
0,17
0,22
0,34
0,32
-
0,28
0,24
-
Triptofano dig(%)
0,15
-
-
-
0,28
-
-
0,21
Arginina total (%)
1,13
1,25
1,81
1,69
-
1,51
1,27
-
Arginina dig (%)
1,05
1,67
1,28
1
Composição básica do produto: Monóxido de manganês, óxido de zinco, sulfato de ferro, sulfato de
cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 150.000mg,
Zinco 100.000mg, Ferro 100.000mg, Cobre 16.000mg, Iodo 1.500mg; 2Composição básica do produto:
Vit. A, Vit. D3, Vit. E, Vit. K, Vit. B1, Vit. B2, Vit. B6, Vit. B12, Niacina, Ácido Fólico, Ácido
Pantotênico, Selenito de Sódio, Antioxidante, Veiculo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Vit. A
10.000.000 U.I, Vit. D3 2.500.000 U.I, Vit. E 6.000 U.I, Vit. K 1.600 mg, Vit. B12 11.000, Niacina
25.000mg, Ácido Fólico 400 mg, Ácido Pantotênico 10.000 mg, Selênio 300 mg, Antioxidante 20g.
38
Tabela 4- Composição percentual e nutricional das rações experimentais para codornas
japonesas na fase de postura
Sem suplementação
Ingredientes
NRC
UFPB-T UFPB-D
Com suplementação
NRC
UFPB-T UFPB-D
Milho
55,335
49,642
50,043
58,737
52,651
52,884
Farelo de soja
35,049
38,675
38,338
32,162
36,122
35,930
Fosfato bicálcico
1,293
1,280
1,282
1,308
1,293
1,294
Calcário
5,340
6,495
6,496
5,352
6,505
6,506
Óleo de soja
2,356
3,027
2,957
1,737
2,479
2,442
Sal
0,276
0,475
0,475
0,278
0,477
0,477
DL-Metionina
0,051
0,106
0,110
0,075
0,128
0,128
Isoleucina
0,000
0,000
0,000
0,051
0,045
0,039
Premix
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
0,300
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Total
Exigência
Silva 2009 NRC 1994
Composição calculada
EM (kcal/kg)
2850
2900
2900
2850
2850
2900
2850
2850
PB (%)
20,0
20,0
20,7
21,9
21,8
19,8
21,1
21,0
Cálcio (%)
2,95
2,50
2,50
2,95
2,95
2,50
2,95
2,95
Fósforo disp (%)
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
Sódio (%)
0,23
0,15
0,15
0,23
0,23
0,15
0,23
0,23
Lisina total (%)
1,08
1,00
1,11
1,20
-
1,04
1,14
-
Lisina dig (%)
0,95
-
-
-
1,07
-
-
1,02
Met+cis total (%)
0,78
0,70
0,70
0,78
-
0,70
0,78
-
Met+cis dig (%)
0,70
-
-
-
0,70
-
-
0,70
Treonina total (%)
0,79
0,74
0,81
0,85
-
0,77
0,81
-
Treonina dig (%)
0,67
-
-
-
0,74
-
-
0,71
Valina total (%)
0,98
0,92
0,97
1,02
-
0,92
0,98
-
Valina dig (%)
0,87
-
-
-
0,91
-
-
0,87
Isoleucina total (%)
0,96
0,90
0,90
0,96
-
0,90
0,96
-
Isoleucina dig(%)
0,87
-
-
-
0,87
-
-
0,87
Triptofano total (%)
0,20
0,19
0,26
0,28
-
0,24
0,27
-
Triptofano dig(%)
0,18
-
-
-
0,25
-
-
0,24
Arginina total (%)
1,35
1,26
1,39
1,49
-
1,31
1,41
-
Arginina dig (%)
1,26
1,49
1,42
1
Composição básica do produto: Monóxido de manganês, óxido de zinco, sulfato de ferro, sulfato de
cobre, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 150.000mg,
Zinco 100.000mg, Ferro 100.000mg, Cobre 16.000mg, Iodo 1.500mg; 2Composição básica do produto:
Vit. A, Vit. D3, Vit. E, Vit. K, Vit. B1, Vit. B2, Vit. B6, Vit. B12, Niacina, Ácido Fólico, Ácido
Pantotênico, Selenito de Sódio, Antioxidante, Veiculo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Vit. A
10.000.000 U.I, Vit. D3 2.500.000 U.I, Vit. E 6.000 U.I, Vit. K 1.600 mg, Vit. B12 11.000, Niacina
25.000mg, Ácido Fólico 400 mg, Ácido Pantotênico 10.000 mg, Selênio 300 mg, Antioxidante 20g.
39
Nas fases inicial e de crescimento as variáveis avaliadas foram consumo de
ração (CR), peso final (PF), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA). O CR foi
calculado pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e as sobras, pesadas no
início e final de cada fase. Para determinação do GP, as aves foram pesadas no início e
no final da fase experimental. A CA das aves foi calculada dividindo-se o CR
acumulado pelo GP no período, ajustando-se os dados pela pesagem da sobra de ração e
aves mortas sempre que havia mortalidade.
Na fase de postura as variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia),
produção (%), peso (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão por massa (kg/kg) e por
dúzia de ovo (kg/dz.), peso (g) e porcentagem (%) de gema, de albúmen e de casca,
espessura da casca (mm) e gravidade específica.
Durante o período de 43 a 49 dias as aves receberam as rações experimentais
para a fase de postura.
O período de avaliação da produção de ovos iniciou aos 49 dias de idade e foi
dividido em quatro períodos de 21 dias cada. Ao final de cada período foram coletadas
as sobras das rações de cada parcela para o cálculo do consumo de ração. A coleta dos
ovos foi realizada duas vezes ao dia (8:00 e 15:00 h), sendo anotados em ficha de
freqüência de postura. A produção dos ovos em porcentagem foi calculada dividindo-se
a quantidade de ovos totalizados por parcela pelo número de aves alojadas. A produção
e o consumo de ração foram corrigidos pelo número ponderado de aves sempre que
havia mortalidade.
Os ovos dos últimos três dias de cada período foram pesados individualmente para
a obtenção do peso médio dos ovos. Os cálculos da massa de ovo foram realizados pelo
produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por parcela. A conversão
alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre o consumo de ração e
massa de ovo produzida. A conversão por dúzia de ovos foi calculada pela relação entre
o consumo de ração dividida pela produção, sendo esse resultado multiplicado por doze.
Ao final de cada período, foram selecionados de cada parcela dois ovos para
quebra e determinação dos componentes e dois ovos para determinação da gravidade
específica. Os ovos foram pesados, quebrados e separados manualmente para obtenção
do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca. A pesagem da casca foi
efetuada após secagem em estufa a 105°C por quatro horas. A porcentagem de cada um
40
dos componentes do ovo foi obtida dividindo-se o peso do componente pelo peso do
ovo, em seguida multiplicando o resultado por 100. A espessura da casca foi medida
com o auxílio de um micrômetro digital com precisão de 0,1 mm em três pontos na
linha mediana do ovo, com os quais foi calculada a média aritmética. A gravidade
específica foi determinada pelo método de flutuação salina, conforme metodologia
descrita por Hamiltom (1982), em que os ovos são submergidos em diferentes soluções
salinas com os devidos ajustes para um volume de 25 litros de água com densidades
variando de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025. Os ovos foram colocados nos
baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e foram retirados ao
flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades correspondentes às
soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades foram conferidas com
densímetro de petróleo.
O ensaio para a determinação do balanço de nitrogênio (BN) foi realizado nos
três últimos dias do experimento da fase de postura. A ração fornecida foi pesada no
início para o cálculo do consumo de N. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia,
por meio de bandejas acondicionadas abaixo das gaiolas, e foram pesadas,
homogeneizadas e retiradas amostras de cerca de 20% por parcela. As amostras foram
identificadas e congeladas a -20ºC para posteriores análises. Ao final dos três dias de
coleta, a sobra de ração marcada foi pesada para a determinação do consumo pela
diferença da ração fornecida. A quantificação do N das dietas experimentais (N
ingerido) e das excretas (N excretado) foi realizada pelo método Micro Kjeldahl e o
cálculo do BN, pela diferença entre o N consumido e o N excretado (BN = N
consumido – N excretado).
Para a análise do ácido úrico, no último dia de cada período, foram colhidos por
punção cardíaca 10 mL de sangue de uma ave por parcela, em seringas com heparina. O
plasma obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a –20ºC para posterior
análise das concentrações de ácido úrico, através de “kit” comercial (Labtest) e leitura
em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do fabricante.
Os dados foram submetidos à análise de variância por meio do programa SAEG
(Universidade Federal de Viçosa, 1999) e as médias foram comparadas pelo teste Tukey
a 5 % de probabilidade. O modelo matemático utilizado foi:
41
Yijk = µ + Ai + Bj + ABij + ijk ,
Em que:
Yijk = observação no nível de base de formulação i, no nível de suplementação j, na
repetição k;
µ = média geral;
Ai = Efeito da utilização da base de formulação, i = 1, 2 ou 3;
Bj = Efeito do nível de suplementação, j = 1 ou 2;
ABij = Efeito da interação do uso da base de formulação com o nível de suplementação;
ijk = erro aleatório associado a cada observação.
Foi realizada a análise econômica através da margem bruta relativa (MBR), ou
seja, a margem bruta (MB) dos tratamentos em relação à MB do tratamento controle.
Foi considerado tratamento controle a dieta formulada com base no NRC (1994) sem
suplementação com os aminoácidos (lisina e treonina, nas fases inicial e de crescimento
e isoleucina, na fase de postura).
A determinação da MB foi realizada considerando somente os custos variáveis
de arraçoamento, uma vez os custos fixos foram iguais para todos os tratamentos. Desta
forma, a MB foi calculada pela diferença entre a receita bruta (RB) e o custo de
arraçoamento (CAr) (MB = RB – CAr). A RB foi calculada por meio da multiplicação
do número de ovos produzidos no período experimental pelo preço dos ovos de codorna
praticado no varejo na região do Brejo Paraibano (R$ 3,50/pacote com 50 ovos ou R$
0,07/ovo). O custo de arraçoamento foi calculado considerando-se o consumo de ração
em cada uma das fases e o preço das rações experimentais. Os preços dos insumos
foram: milho = R$ 0,60; farelo de soja = R$ 1,00; fosfato bicálcico = R$ 1,50; calcário
= R$ 0,20; óleo de soja = R$ 2,40; sal = R$ 0,40; suplemento vitamínico mineral = R$
25,00; DL-metionina = R$ 13,28; L-lisina.HCl = R$ 3,65; L-treonina = R$ 5,81 e Lisoleucina = R$ 63,08.
42
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na fase inicial, não houve interação significativa entre as bases de formulação e
a suplementação aminoacídica para nenhuma das variáveis avaliadas.
Comparando-se o desempenho das codornas alimentadas com as dietas
formuladas atendendo aos diferentes critérios de exigências nutricionais, somente houve
diferença significativa para peso final das aves, em que o maior peso foi obtido com as
recomendações da UFPB, tanto com dietas formuladas com base em aminoácidos totais
(UFPB-T) quanto com aminoácidos digestíveis (UFPB-D). No entanto, esta diferença
não foi suficiente para resultar em diferenças significativas para consumo de ração,
ganho de peso e conversão alimentar (Tabela 5).
Tabela 5 – Médias das características de desempenho de codornas japonesas de 1 a 21
dias alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Variáveis
NRC-T
Consumo de ração (g/ave)
Peso final (g/ave)
1
1
Ganho de peso (g/ave)
1
Bases de formulação
UFPB-T UFPB-D
Suplementação
Sem
Com
CV
(%)
161,4
166,7
161,4
166,3
162,6
3,79
71,4 B
75,5 A
75,7 A
75,0
73,3
5,00
63,9
68,1
68,2
67,6
65,9
5,86
1
Conversão alimentar (g/g)
2,529
2,453
2,423
2,467
2,470
4,42
Médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade; 1 Interação não significativa.
As maiores diferenças observadas entre as recomendações nutricionais para a
fase inicial das bases de formulação utilizadas estão relacionadas aos maiores níveis de
PB, lisina e metionina+cistina recomendados por Silva e Costa (2009) (UFPB-T) em
relação ao NRC (1994) (NRC-T), que são, respectivamente, 25 e 24% PB; 1,36 e 1,30%
de lisina e 0,90 e 0,75% de met+cis. No entanto, os valores de cálcio e sódio
recomendados pelo NRC (1994) são superiores aos valores recomendados por Silva e
Costa (2009), sendo 0,80 e 0,50% de Ca e 0,15 e 0,14% de Na, respectivamente. As
recomendações de energia metabolizável (EM) e dos outros aminoácidos essenciais
(AAE) são as mesmas, em ambas as tabelas. Em Silva e Costa (2009) pode-se verificar
também as recomendações dos teores de aminoácidos para codornas em aminoácidos
digestíveis (UFPB-D). Desta forma, o aumento do peso final das aves nesta fase sugere
que maiores níveis de lisina e metionina+cistina e menores níveis de Ca e Na podem ser
adotados para o período de 1 a 21 dias de vida.
43
Em relação à suplementação com os aminoácidos industriais lisina e treonina,
não houve diferença entre as rações suplementadas e não suplementadas para nenhuma
das variáveis avaliadas. Desta forma, a redução média de 2,9 pontos percentuais no teor
de PB das rações suplementadas não prejudicou o desempenho das aves, demonstrando
que não houve deficiência de outros aminoácidos essenciais (AAE), além daqueles
suplementados na ração, nem deficiência de nitrogênio para síntese de aminoácidos não
essenciais (AANE).
Para a fase de crescimento foi observada interação significativa entre as bases de
formulação e a suplementação aminoacídica para todas as variáveis avaliadas.
No NRC-T as recomendações nutricionais para codornas japonesas na fase de
crescimento são as mesmas da fase inicial. Desta forma, as diferenças entre as
recomendações nutricionais do NRC-T e da UFPB-T para esta fase são mais evidentes,
uma vez que os níveis de PB e dos aminoácidos lisina, treonina, valina, isoleucina,
triptofano e arginina recomendados pela UFPB-T passam a ser inferiores aos valores
verificados no NRC-T. Somente o teor de metionina+cistina recomendado por esta
tabela continua superior ao teor recomendado pelo NRC-T (0,83 vs 0,75%). Os níveis
de cálcio, fósforo disponível e sódio também são inferiores aos verificados no NRC-T
(0,50 vs 0,80% de Ca; 0,25 vs 0,30% de Pd e 0,14 vs 0,15% de Na).
Nas dietas de alta PB (sem suplementação aminoacídica) o menor CR foi
observado com a dieta formulada segundo o NRC-T, e o maior com as dietas
formuladas segundo a UFPB, não havendo diferença entre as recomendações em
aminoácidos totais (UFPB-T) ou aminoácidos digestíveis (UFPB-D), conforme a Tabela
6.
Já para as aves alimentadas com as dietas suplementadas com aminoácidos
industriais o CR foi superior quando as rações foram formuladas de acordo com as
Tabelas da UFPB, em aminoácidos totais (UFPB-T), não havendo diferenças
significativas entre as dietas formuladas de acordo com o NRC-T e UFPB-D.
44
Tabela 6 – Médias das características de desempenho de codornas japonesas de 22 a 42
dias alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Variáveis
Suplementação
Bases de formulação
UFPB-T
434,6 A
464,1 A
UFPB-D
436,3 A
407,2 B
CV
(%)
Consumo de ração (g/ave)1
Sem lis+tre
Com lis+tre
NRC-T
392,2 B
402,3 B
Peso final (g/ave)1
Sem lis+tre
Com lis+tre
148,8
152,2
153,9
149,1
154,9 a
146,1 b
2,86
Ganho de peso (g/ave)1
Sem lis+tre
Com lis+tre
76,4
81,9 A
78,3
73,7 AB
77,8
71,9 B
5,69
4,28
Sem lis+tre
5,148
5,560
5,627
7,72
Com lis+tre
4,932 B
6,316 A
5,677 AB
A, B, a, b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes
na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; 1 Interação
significativa.
Conversão alimentar (g/g)1
Por outro lado, quando a suplementação aminoacídica foi avaliada dentro de
cada base de formulação utilizada, não foram verificadas diferenças significativas sobre
o CR.
Segundo Barros et al. (2006), há certa discordância em relação à influência da
proteína dietética sobre o consumo de ração. Em geral, considera-se que à medida que
se diminui o nível protéico da ração as aves tendem a aumentar o consumo para suprir a
carência metabólica. Entretanto, se o nível protéico for exageradamente alto ou baixo, a
ave apresentará melhor consumo em um nível intermediário e compatível com sua
exigência (Dukes, 1996). No presente estudo os efeitos da PB sobre o CR não ficaram
claros, uma vez que houve aumento do CR quando as bases de formulação utilizadas
recomendavam níveis inferiores de PB, porém, este aumento não foi verificado quando
a redução dos níveis protéicos foi mais pronunciada com a suplementação aminoacídica.
Provavelmente, o efeito das bases de formulação sobre o CR foi mais em função do
fornecimento dos teores dos AAE treonina e lisina, do que da PB em si, uma vez que
nas dietas com a redução protéica estes níveis foram mantidos através da suplementação
com aminoácidos industriais. Esta afirmativa está apoiada nos relatos de Bertechini
(2006), que reporta que a alteração no consumo de ração se deve a mudanças no perfil
de aminoácidos plasmáticos, levando à ativação de mecanismos reguladores do apetite.
Para o peso final não houve diferença entre as bases de formulação tanto para as
dietas suplementadas quanto para as não suplementadas com aminoácidos industriais.
No entanto, quando as recomendações em aminoácidos digestíveis da tabela da UFPB
45
foram utilizadas foi verificado menor peso final (PF) com a redução da PB e
suplementação aminoacídica. Provavelmente a combinação da redução dos níveis
protéicos da dieta com a utilização de valores de aminoácidos digestíveis na formulação
resultou na deficiência de alguns aminoácidos essenciais para as codornas, além
daqueles suplementados na ração na forma cristalina. As possíveis explicações para
estes resultados baseiam-se no fato do teor de aminoácidos digestíveis dos ingredientes
utilizados na formulação e pelos valores de aminoácidos digestíveis recomendados
terem sido calculados com base nos coeficientes de digestibilidade individuais dos
aminoácidos verificados em Rostagno et al. (2005), que foram determinados pelo
método da alimentação forçada com galos cecectomizados. Assim, pode-se presumir
que as espécies apresentam diferenças na digestão e absorção dos aminoácidos, bem
como nas perdas endógenas, e a utilização de valores de digestibilidade determinados
com galos na formulação para codornas pode estar superestimando o aproveitamento
destes nutrientes.
O ganho de peso (GP) não foi influenciado pelas bases utilizadas para a
formulação das dietas quando estas foram suplementadas somente com DL-metionina
(dietas de alta PB). No entanto, quando as dietas foram suplementadas com os
aminoácidos L-lisina.HCl e L-treonina o maior GP foi observado nas aves alimentadas
com dieta formulada segundo o NRC-T e o menor GP com dieta baseada nas
recomendações em aminoácidos digestíveis da UFPB (UFPB-D). Estes resultados
confirmam o que foi observado com o PF, em que o pior desempenho das codornas
resultou da associação da redução dos níveis protéicos e formulação em aminoácidos
digestíveis, sugerindo uma possível deficiência de aminoácidos para síntese de proteínas
orgânicas. Por outro lado, mesmo com a redução protéica pela suplementação de lisina e
treonina, a dieta formulada pelo NRC-T ainda apresentou teor de PB 2,8 pontos
percentuais superior às dietas UFPB-T e UFPB-D (22,8 vs 20,0 e 20,0% de PB). Assim,
este aporte a mais de PB, pode ter suportado a maior síntese de proteínas corporais, uma
vez que houve maior quantidade de AAE e de nitrogênio para síntese de AANE.
Quando a base de formulação utilizada foi UFPB-T o GP das aves apresentou-se menor
que com o NRC-T, porém maior que com a UFPB-D. Desta forma, pode-se confirmar
que, para esta fase, os coeficientes de digestibilidade dos aminoácidos dos ingredientes
46
utilizados na formulação não se aplicam de forma eficiente para codornas e/ou as
exigências em aminoácidos digestíveis para estas aves ainda necessitam ser ajustadas.
Quando a suplementação aminoacídica foi avaliada dentro de cada uma das
bases de formulação, não foram verificadas diferenças significativas sobre o GP.
Para conversão alimentar (CA) utilizando-se dietas sem a suplementação
aminoacídica (dietas de alta PB) não foram verificadas diferenças significativas entre as
bases de formulação. Entretanto, nas dietas com proteína reduzida (suplementadas com
aminoácidos industriais) a melhor CA foi apresentada pelas aves alimentadas com dietas
formuladas segundo o NRC-T. Estes resultados podem ser explicados pela associação
entre o menor CR e melhor GP das aves obtidos com esta dieta, que por sua vez foram
resultantes do melhor aporte de PB e AAE desta dieta.
De forma semelhante ao observado com o GP, não foram verificadas diferenças
significativas quando a suplementação aminoacídica foi avaliada dentro de cada uma
das bases de formulação utilizadas.
Outra consideração a ser feita é sobre o teor de metionina+cistina recomendado
para esta fase pelas diferentes bases de formulação. Nas tabelas da UFPB pode-se
verificar a recomendação de 0,83% de metionina+cistina, enquanto no NRC recomenda
somente 0,75%. Como não houve diferenças significativas para GP e CA na fase
anterior de criação, e desta forma não há efeito cumulativo, pode-se presumir que, para
a fase de crescimento, a utilização de 0,75% de metionina+cistina é suficiente para
otimizar o desempenho das aves.
Quando considerado o período total, de 1 a 42 dias, foi verificada interação entre
as bases de formulação e a suplementação aminoacídica para CR e GP, enquanto que
para CA a interação foi não significativa (Tabela 7).
47
Tabela 7 – Médias das características de desempenho de codornas japonesas de 1 a 42
dias alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Variáveis
Suplementação
Consumo de ração (g/ave)1
Sem lis+tre
Com lis+tre
Média
NRC-T
554,2 B
563,1 B
558,7
Ganho de peso (g/ave)1
Sem lis+tre
Com lis+tre
Média
141,3
144,8
143,1
Bases de formulação
UFPB-T
UFPB-D
603,6 A
604,3 A a
628,4 A
569,6 B b
616,0
587,0
146,5
141,7
144,1
147,5 a
138,7 b
143,1
Média
587,4
587,0
145,1
141,7
CV
(%)
3,28
3,10
Sem lis+tre
3,922
4,120
4,097
4,047
4,33
Com lis+tre
3,889
4,435
4,107
4,149
Média
3,911 B
4,279 A
4,103 AB
A, B, C, a, b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes
na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; 1 Interação
significativa; ; 2 Interação não significativa.
Conversão alimentar (g/g)2
Dentro de cada nível de suplementação (sem ou com lisina e treonina) a resposta
para CR seguiu a mesma tendência da fase de crescimento, em que quando foram
utilizadas as dietas de alta PB o CR foi inferior com a dieta formulada segundo o NRCT, não havendo diferença entre as dietas UFPB-T e UFPB-D. No entanto, quando a
suplementação com aminoácidos foi avaliada dentro de cada base formulação, somente
foi verificada diferença significativa entre as rações formuladas segundo UFPB-D, em
que as aves que receberam dieta suplementada com lisina e treonina apresentaram
menor consumo alimentar.
De forma semelhante, os resultados da fase de crescimento repercutiram no GP
do período total, em que somente nas dietas formuladas com base nas recomendações da
UFPB-D a suplementação aminoacídica promoveu redução do GP.
Entretanto, o efeito cumulativo do programa de alimentação durante as fases
inicial e de crescimento resultou em melhor CA no período total com as rações
formuladas de acordo com o NRC-T, independente da suplementação ou não com
aminoácidos industriais. A pior CA foi verificada nas aves alimentadas com as dietas
formuladas seguindo as recomendações da UFPB-T, em função do maior CR das aves
alimentadas com estas dietas.
Segundo Barros et al. (2006), a melhoria da CA está relacionada ao melhor
aproveitamento dos nutrientes da ração para o GP. No entanto, os autores citam que não
se pode afirmar que esse ganho deve-se à deposição de tecido muscular ou de tecido
48
gorduroso, o que requer estudos com abate das aves para avaliação da deposição de
gordura abdominal e deposição de proteína corporal.
De acordo com Sakomura et al. (2002), a manutenção do peso corporal
adequado em aves poedeiras durante as fases de cria e recria é importante, porque
interfere nas exigências de proteína para a ave. O fornecimento adequado de proteína
para frangas de postura permite às aves atingirem maturidade sexual com peso corporal
e reservas para suportar a fase de produção sem comprometimento das reservas
corporais (Benatti et al. 1997). Problemas derivados do excesso de consumo de ração
em codornas, como obesidade, maturidade sexual precoce, prolapso de oviduto, ovos
com gemas múltiplas e reduzida produção de ovos, são semelhantes aos verificados em
outras aves comerciais (Silva e Costa 2009). Assim, do mesmo modo que a manutenção
do peso ideal em frangas de reposição é importante para a futura vida produtiva das
poedeiras, também se deve atentar para a obtenção de um peso corporal das codornas na
fase de inicial e de crescimento que não comprometa a produtividade durante a fase de
postura.
Com exceção da produção de ovos, não houve interação entre as bases de
formulação e a suplementação aminoacídica para nenhuma das outras variáveis de
desempenho avaliadas durante a fase de postura.
Não foi verificado efeito das bases de formulação utilizadas nem da
suplementação com aminoácidos sobre o CR, peso do ovo (PO) e conversão por dúzia
de ovos (CADZ). A massa de ovo (MO) e a conversão por massa de ovo (CAMO)
também não foram influenciadas significativamente pelas bases de formulação, no
entanto, foram influenciadas pela suplementação aminoacídica, sendo que a
suplementação com lisina e treonina nas fases inicial e de crescimento e com isoleucina
na fase de postura, resultaram em maior produção de MO e melhor CAMO (Tabela 8).
49
Tabela 8 – Médias das características de desempenho de codornas japonesas em postura
alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Bases de formulação
NRC-T UFPB-T UFPB-D
Variáveis
Consumo de ração (g/ave)
Peso do ovo (g)
1
1
Massa de ovo (g/ave/dia)
1
Conversão por massa de ovo (g/g)
1
Suplementação
Sem Ile Com Ile
CV
(%)
20,6
21,7
20,6
21,0
21,0
5,61
11,7
11,7
11,7
11,6
11,9
3,64
9,6
9,9
9,7
9,5 B
9,8 A
5,65
2,159
2,180
2,171
2,227 A 2,117 B
6,06
1
Conversão por dúzia de ovo (kg/dúzia)
0,304
0,307
0,305
0,309
0,302
5,99
Médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade; 1 Interação não significativa.
A redução média de PB das dietas da fase de postura com suplementação de
isoleucina em relação às dietas sem suplementação com este aminoácido foi somente de
0,9 pontos percentuais (21,5 vs 20,6% PB). Desta forma, a redução protéica pode ter
promovido um melhor balanceamento entre os aminoácidos da dieta sem causar
deficiência de nitrogênio para a síntese de AANE, resultando em maior síntese protéica
e maior produção de MO, bem como o melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta,
melhorando a CAMO. Como se trata de um programa de alimentação, pode-se também
inferir que a redução protéica das dietas das fases anteriores com a suplementação de
lisina e treonina não influenciou o GP médio das aves, somente das alimentadas com a
dieta UFPB-D, não prejudicando a produção de MO e a CAMO durante a fase de
postura.
Lima Neto et al. (2008), trabalhando com diferentes níveis de PB e energia
metabolizável (EM) para frangas semipesadas, verificaram um efeito linear significativo
dos níveis residuais de PB das fases de cria e recria sobre a CADZ, que piorou com o
aumento do nível protéico da dieta, sendo que a cada 1% de PB a mais na ração, as aves
precisaram consumir 21,017g a mais para produzir uma dúzia de ovos. Desta forma,
ficou evidente que os níveis de PB que promoveram maior GP na fase de recria
prejudicaram a posterior produção de ovos, mostrando que o GP não é a melhor
característica indicativa de melhores índices produtivos da fase de postura.
Para as dietas de alta PB, não suplementadas com aminoácidos industriais houve
efeito das bases de formulação sobre a produção de ovos (PR), sendo que a formulação
das rações seguindo as recomendações da UFPB em aminoácidos totais (UFPB-T)
resultou em maior número de ovos por ave alojada. Por outro lado, quando foi utilizada
50
a mesma tabela, porém com recomendações em aminoácidos digestíveis (UFPB-D) a
PR diminuiu significativamente. A utilização de dietas formuladas segundo o NRC-T
resultou em valores intermediários de postura (Tabela 9).
Tabela 9 – Médias de produção de ovos de codornas japonesas em postura alimentadas
com dietas formuladas com base em diferentes critérios de exigências
nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Bases de formulação
CV
(%)
NRC-T
UFPB-T
UFPB-D
Sem ile
83,1 AB
85,2 A
77,6 B b
Produção de ovo (%)1
4,46
Com ile
79,7
83,8
88,1 a
A, B, a, b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes
na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; 1 Interação
significativa.
Variáveis
Suplementação
No entanto, quando foram utilizadas dietas com redução protéica e
suplementadas com aminoácidos industriais, não foram verificadas diferenças
estatísticas entre as bases de formulação estudadas.
Quando a suplementação aminoacídica foi avaliada dentro de cada uma das
bases de formulação utilizadas, somente houve diferença estatística para a PR das aves
alimentadas com as dietas formuladas segundo a UFPB-D, sendo que a redução protéica
das dietas com suplementação aminoacídica promoveu maior PR.
Pesti (1992) ressalta que a redução dos níveis de PB das rações com a
suplementação de aminoácidos sintéticos (metionina, lisina e treonina) traz benefícios à
produção de ovos, principalmente quando as aves são criadas em condições ambientais
de temperaturas elevadas, minimizando a produção de calor endógeno gerado pela
digestão protéica.
Sakomura et al. (2005), trabalhando com diferentes níveis de PB para poedeiras
leves, verificaram que a menor ingestão de proteína durante a fase de crescimento não
comprometeu o desempenho produtivo das aves até 35 semanas de idade.
De forma interessante, o programa de alimentação que promoveu a maior PR
(88,1%) numérica foi a associação das exigências nutricionais recomendadas nas tabelas
da UFPB em aminoácidos digestíveis (UFPB-D) com a suplementação de aminoácidos
industriais, justamente aquele que resultou em menor GP (138,7 g) das aves na fase de 1
a 42 dias. Por outro lado, o programa de alimentação que resultou em maior GP
numérico (147,5 g) na fase de 1 a 42 dias foi o mesmo que promoveu a menor PR
51
numérica (77,6%), sendo este programa o de alta PB (sem suplementação aminoacídica)
e formulado segundo a UFPB-D. Estes dados evidenciam que o GP isoladamente não é
um bom parâmetro para basear a recomendação nutricional para as fases inicial e de
crescimento de codornas de postura.
Segundo Barros et al. (2006) o GP das aves pode estar relacionado tanto à
deposição de tecido muscular como tecido gorduroso, ficando difícil estabelecer a
proporção entre estes componentes sem o abate das aves para avaliação da deposição de
gordura abdominal e deposição de proteína corporal. Desta forma, se a deposição de
gordura contribuir com parte significativa do GP, pode haver comprometimento da PR,
pois de acordo com Scott et al. (1982), o aumento da deposição de gordura pode resultar
em prejuízos no desempenho produtivo devido ao menor desenvolvimento dos órgãos
reprodutivos que podem ser envolvidos pela gordura depositada na região abdominal.
Em relação às características de qualidade de ovos, não foi verificada interação
entre as bases de formulação utilizadas e a suplementação aminoacídica para nenhuma
das variáveis avaliadas.
Os pesos e percentagens de albúmen e de gema, a percentagem e espessura de
casca e a pigmentação da gema não foram influenciados significativamente nem pelas
bases de formulação utilizadas nem pela suplementação com aminoácidos industriais
(Tabela 10).
Tabela 10 – Médias das características de qualidade dos ovos de codornas japonesas
alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Variáveis
Peso do albúmen (g)
NRC-T
6,54
Bases de formulação
UFPB-T UFPB-D
6,28
6,28
Suplementação
Sem Ile Com Ile
6,37
6,36
CV
(%)
4,21
Percentagem de albúmen (%)
55,8
54,1
54,0
55,5
53,6
5,32
Peso da gema (g)
3,93
3,71
3,69
3,83
3,70
10,34
Percentagem de gema (%)
33,4
31,9
31,7
32,4
32,2
9,69
Peso da casca (g)
1,02 A
1,00 AB
0,96 B
1,00
0,98
3,89
Percentagem de casca (%)
8,7
8,6
8,3
8,6
8,5
5,09
Gravidade específica (g/cm3)
1,0724 A 1,0722 AB 1,0714 B
1,0720
1,0719
0,07
Espessura da casca (mm)
0,274
0,267
0,266
0,275
0,264
8,68
Pigmentação da gema
4,1
4,1
4,1
4,2 A
4,0 B
3,34
Médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade.
52
Para poedeiras, o nível de proteína na dieta é importante devido à grande
quantidade deste nutriente, necessária, para a formação do material da gema e,
especialmente, do albúmem do ovo. Considerando que a habilidade das poedeiras em
estocar proteína é limitada, e o tamanho do ovo é altamente dependente da sua ingestão
diária, torna-se imprescindível que a concentração de proteína e o consumo de ração
estejam adequados para atingir a produção de ovos desejada (Pesti, 1992).
O peso da casca e a gravidade específica foram significativamente influenciados
pelas bases de formulação, sendo que os ovos das aves que receberam dietas formuladas
de acordo com as recomendações do NRC-T apresentaram maior peso da casca e
gravidade específica, enquanto que as dietas formuladas pela UFPB-D resultaram em
menores valores para estas variáveis.
De acordo com Scott et al. (1982), o cálcio é um nutriente essencial para a
formação dos ossos na fase de crescimento das aves, enquanto que na fase de produção
é mais direcionado para a formação da casca do ovo. Vargas Júnior et al. (2004)
afirmam que uma reserva adequada de cálcio no osso no início da postura é crucial para
a produção de ovos e para a qualidade da casca. Desta forma, a maior concentração de
cálcio nas dietas da fase inicial e de crescimento formuladas de acordo com o NRC-T
em relação às tabelas da UFPB (0,80 vs 0,60% Ca na fase inicial e 0,80 vs 0,50% Ca na
fase de crescimento) pode ter contribuído para o maior teor de cálcio nos ossos das aves
alimentadas com estas dietas. Assim, apesar do menor nível de cálcio na dieta de
postura formulada de acordo com o NRC-T em relação às tabelas da UFPB (2,50 vs
2,95% de Ca), o efeito das fases anteriores pode ter resultado em maior peso da casca e
gravidade específica, quando associados aos efeitos dos níveis de outros nutrientes (PB,
AAE e EM) sobre a produção de ovos (81,4; 84,5 e 82,8% em média, para as bases de
formulação NRC-T, UFPB-T e UFPB-D, respectivamente).
Não foi verificada interação entre as bases de formulação utilizadas e a
suplementação aminoacídica para nenhuma das variáveis do balanço de nitrogênio (N)
(consumo, excreção e retenção de N), nem para o ácido úrico plasmático.
O consumo de N não foi influenciado pelas bases de formulação, nem pela
suplementação com isoleucina na dieta.
A retenção de N, tanto em valores absolutos (g/ave/dia) quanto em valores
relativos ao N consumido (%) foi maior quando as tabelas da UFPB foram utilizadas,
53
independente da dieta ser formulada em aminoácidos totais ou digestíveis (Tabela 11).
No entanto, a excreção de N só somente resultou em diferença significativa quando
estimada em percentagem do N consumido, sendo a maior excreção apresentada pelas
codornas alimentadas com dietas formuladas segundo o NRC-T.
Tabela 11 – Médias do balanço de nitrogênio e ácido úrico plasmático de codornas
japonesas em postura de 130 a 133 dias de idade, alimentadas com dietas
formuladas com base em diferentes critérios de exigências nutricionais,
suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Bases de formulação
NRC-T UFPB-T UFPB-D
Variáveis
Suplementação
Sem Ile
Com Ile
CV
(%)
Consumo de N (g/ave/dia)1
0,759
0,810
0,762
0,762
0,792
8,9
Excreção de N (g/ave/dia)
1
0,469
0,452
0,428
0,419 B
0,481 A
14,7
Retenção de N (g/ave/dia)
1
0,289 B
0,358 A
0,334 A
0,343 A
0,311 B
11,9
61,8 A
55,7 B
55,6 B
54,7 B
60,7 A
9,2
38,2 B
44,3 A
44,4 A
45,3 A
39,3 B
12,6
N excretado: N consumido (%)
N retido: N consumido (%)
1
Ácido úrico plasmático (mg/dL)
2,70
1,93
2,72
2,11
2,79
37,9
Médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade; 1 Interação não significativa.
A suplementação de isoleucina na dieta das codornas em postura, embora tenha
possibilitado a redução média de somente 0,8 pontos percentuais na PB, resultou em
efeitos significativos no balanço de nitrogênio (BN). No entanto, este efeito foi
contrário ao esperado, uma vez que resultou em menor retenção e maior excreção de N,
tanto em valores absolutos quanto relativos ao consumo de N.
De acordo com Waibel et al. (2000), a redução do conteúdo protéico e a
suplementação da ração com aminoácidos industriais são os principais recursos para
redução da excreção de nitrogênio.
Interessantemente, a suplementação deste aminoácido aumentou a produção de
massa de ovo, assim, esperava-se também uma maior retenção de N. O cálculo para a
determinação da retenção do N foi realizado pela diferença entre N consumido e N
excretado, não considerando o quanto do N ficou retido como ganho de peso e o quanto
de N ficou retido na síntese dos componentes dos ovos.
Silva et al. (2010), trabalhando com níveis crescentes de PB para poedeiras
leves, verificaram aumento tanto no consumo quanto na excreção de nitrogênio com o
54
aumento dos níveis de proteína dietética, resultando em efeito não significativo no
balanço e retenção de nitrogênio.
O teor de ácido úrico no plasma sanguíneo não foi influenciado
significativamente pelas bases de formulação, nem pela suplementação da isoleucina na
dieta, variando no presente estudo de 1,93 a 2,79 mg/dL. Estes valores encontram-se
dentro de valores normais para aves poedeiras, pois, segundo Schmidt et al. (2007), os
níveis de ácido úrico normais para aves jovens podem ficar entre 1 até 2 mg/dL,
enquanto que as aves em postura têm níveis entre 2 até 7 mg/dL.
De acordo com Bell (1971), os valores de ácido úrico para aves estão
relacionados ao metabolismo renal e hepático e são a principal forma de excreção de
bases nitrogenadas. A excreção de ácido úrico é utilizada como indicador da qualidade
da proteína ingerida pelas aves, pois menos proteína é depositada no músculo e mais
ácido úrico é excretado quando as aves recebem na alimentação proteína de baixa
qualidade, ou quando são sujeitas ao desequilíbrio de aminoácidos.
Jardim Filho et al. (2010), avaliando níveis crescentes de lisina digestível (0,6;
0,7, 0,8 e 0,9%) na dieta de poedeiras leves, também não encontraram efeitos
significativos nos níveis de ácido úrico plasmático, que variaram de 1,6 a 2,1 mg/dL.
Estudando diferentes níveis de energia (2.850, 2.950 e 3.050 kcal de EM/kg) e PB (16,
18, 20, 22 e 24% de PB) para codornas japonesas na fase de postura, Pinto et al. (2002)
verificaram que não houve efeito dos tratamentos sobre os níveis séricos de ácido úrico,
que variaram de 3,324 a 4,522 mg/dL.
Observa-se que o custo das rações em todas as fases aumentou ligeiramente com
a utilização das recomendações sugeridas pela UFPB (Tabela 12).
55
Tabela 12 – Análise econômica da criação de codornas japonesas de 1 a 133 dias
alimentadas com dietas formuladas com base em diferentes critérios de
exigências nutricionais, suplementadas ou não com aminoácidos industriais
Variáveis
Sem suplementação
Com suplementação
NRC
UFPB-T
UFPB-D
NRC
UFPB-T
UFPB-D
0,91
0,92
0,91
0,85
0,87
0,87
0,162
0,169
0,168
0,161
0,164
0,162
0,15
0,16
0,15
0,14
0,14
0,14
0,91
0,93
0,92
0,85
0,85
0,85
0,392
0,435
0,436
0,402
0,464
0,407
0,36
0,40
0,40
0,34
0,39
0,35
0,85
0,88
0,88
0,86
0,89
0,89
1,865
1,977
1,817
1,849
1,938
1,891
1,59
1,74
1,60
1,59
1,72
1,68
2,09
2,30
2,15
2,07
2,26
2,17
70
72
65
67
70
74
Receita bruta (R$/ave)
4,20
4,32
3,90
4,02
4,20
4,44
Margem bruta (R$/ave)
2,11
2,02
1,75
1,95
1,94
2,27
Margem bruta relativa (%)
100
96
83
92
92
108
Custo da ração inicial (R$/kg)
Consumo de ração de 1 a 21 dias
(kg/ave)
Custo de arraçoamento de 1 a 21 dias
(R$/ave)
Custo da ração de crescimento (R$/kg)
Consumo de ração de 22 a 42 dias
(kg/ave)
Custo de arraçoamento de 22 a 42 dias
(R$/ave)
Custo da ração de postura (R$/kg)
Consumo de ração de postura (kg/ave)
Custo de arraçoamento na fase de
postura de 43 a 133 dias (R$/ave)
Custo de arraçoamento total (R$/ave)
Número de ovos produzidos/ave
Na ração inicial, este aumento pode ser explicado pela necessidade da
suplementação de DL-metionina a fim de alcançar os maiores níveis recomendados
(0,90% met+cis e 0,80% met+cis digestível), em relação ao NRC (0,75% met+cis). Na
ração de crescimento, além da suplementação com DL-metionina, ainda foi necessário
utilizar maiores quantidades de óleo de soja, uma vez que a recomendação da UFPB
para EM é de 3050 kcal/kg, enquanto no NRC é de 2900 kcal/kg. Maiores quantidades
de óleo também foram utilizadas nas rações de postura formuladas pela UFPB, apesar
da recomendação do nível energético ser menor que a verificada no NRC (2850 vs 2900
kcal/kg). No entanto, como estas rações foram formuladas com maiores quantidades de
farelo de soja, de modo a atender as exigências de isoleucina, houve uma redução nas
quantidades de milho e necessidade de maior inclusão de óleo para suprir a energia.
Além disso, estas rações também foram suplementadas com maior quantidade de
metionina industrial.
A suplementação das rações inicial e de crescimento com os aminoácidos lisina
e treonina promoveu uma redução média de 2,9 e 4,1 pontos percentuais na PB,
resultando na redução de cerca de 5,5% no custo das rações, em função da menor
56
inclusão de farelo de soja e óleo, que compensou o custo da suplementação
aminoacídica. No entanto, a suplementação de isoleucina nas rações de postura
aumentou o custo por quilograma de ração, uma vez que este aminoácido ainda
apresenta preço alto de mercado.
Quando o custo por quilograma de ração é associado ao consumo alimentar das
aves em cada uma das fases para o cálculo do custo total de arraçoamento, percebe-se
que a utilização das tabelas da UFPB como base de formulação onera esta variável,
sendo o aumento médio de 9,5% quando a formulação é feita com base em aminoácidos
totais (UFPB-T) e de 4,0% quando se utiliza formulação com base em aminoácidos
digestíveis. No entanto, a suplementação aminoacídica somente aumenta o custo total
de arraçoamento programa alimentar com dietas formuladas com base em aminoácidos
digestíveis.
A receita bruta e a margem bruta diminuíram com a suplementação aminoacídica
para as dietas formuladas com base no NRC e UFPB-T, porém para dietas formuladas
com base na UFPB-D a suplementação com lisina e treonina nas fases inicial e de
crescimento e isoleucina na fase de postura resultou em maiores valores para estas
variáveis.
Utilizando a margem bruta do programa alimentar constituído por dietas
formuladas segundo o NRC e sem suplementação aminoacídica como referência,
verifica-se que a margem bruta relativa foi superior com o programa alimentar no qual
as dietas foram formuladas com base nas recomendações da UFPB, em aminoácidos
digestíveis e com suplementação de lisina e treonina nas dietas inicial e de crescimento
e isoleucina na dieta de postura.
57
CONCLUSÕES
A utilização do programa alimentar com redução da proteína dietética e
suplementação de aminoácidos industriais promove melhor desempenho produtivo de
codornas japonesas, independentemente da base de formulação utilizada.
Quando a suplementação aminoacídica das rações não for utilizada e estas forem
formuladas com alta proteína bruta, recomenda-se a utilização das exigências
nutricionais das Tabelas para Codornas Japonesas e Européias, em aminoácidos totais.
Recomendam-se mais estudos sobre exigências nutricionais específicas para
cada uma das fases de criação das codornas japonesas, principalmente verificando-se os
efeitos residuais da nutrição nas fases inicial e de crescimento sobre o desempenho
produtivo na fase de postura.
Da mesma forma, recomendam-se mais pesquisas para a determinação da
digestibilidade dos aminoácidos dos ingredientes específicas para codornas.
Para o maior retorno econômico, recomenda-se a utilização das exigências
nutricionais das Tabelas para Codornas Japonesas e Européias, em aminoácidos
digestíveis associado à suplementação com os aminoácidos industriais lisina e treonina
nas dietas das fases inicial e de crescimento e isoleucina na fase de postura.
58
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