Entrevista com Miguel Saad e Roberto Sahade: “CPFL, mais compras a caminho” GRANDIN, Felipe. “Entrevista com Miguel Saad e Roberto Sahade: CPFL, mais compras a caminho”. EnergiaHoje. Rio de Janeiro, 27 de abril de 2011. Como surgiu o interesse da CPFL pela área de energias renováveis? Miguel Saad: Desde a criação da CPFL Geração, nós investimos em energia renovável. Inicialmente grandes hidrelétricas. Depois, em PCHs. Nós já tínhamos 18 PCHs e acabamos de modernizar 11 dessas usinas. Mais recentemente, vimos que o mercado estava bastante interessante e começamos a investir em biomassa e eólicas. E a parceria com a Ersa? MS: Apesar de ser uma empresa nova, a Ersa tem uma linha de trabalho parecida com a nossa, já conhecíamos a qualidade dos projetos executados, da mão-de-obra, dos executivos e dos investidores da companhia. Por que a predileção pelo setor eólico? A empresa vai se concentrar nessa área? MS: Não é verdade que o investimento será concentrado em eólicas. No nosso portfólio, as eólicas respondem por 45% do total, a biomassa 36% e as PCHs por 18%. Hoje, começamos com mais PCHs, mas essa fonte tem limitações. Para instalar uma usina, de até 30 MW, tem um local único, que é exclusivo e temos que levar em conta a topografia, geologia, impacto ambiental naquela localização. No caso da eólica, não há essa limitação. Existe uma faixa de vento onde é possível instalar vários parques de 30 MW, o que torna a ampliação mais fácil. E economicamente, continua interessante mesmo com a queda dos preços nos últimos leilões? Com qual cenário a empresa trabalha para os próximos anos? Roberto Sahade: Os últimos leilões mostraram uma grande queda dos preços dos PPAs (Power Purchase Agreement, contratos de compra e venda de energia) e a instalação de cinco fabricantes no Brasil (Wobben, Impsa, Suzlon, GE e Vestas) está permitindo a redução dos custos de instalação, o que aumenta a competitividade do setor. Nós acreditamos que o preço deve se estabilizar nos próximos anos, porque os valores já estão se aproximando do mercado internacional. O custo está na faixa de R$ 4 milhões por megawatt instalado, quando no Proinfa era de R$ 6 milhões por megawatt, sem considerar a inflação. É uma queda significativa. Mas não vai ficar mais difícil porque vai se estabilizar. MS: O mercado renovável é mais atraente. As grandes hidrelétricas estão com taxas de retorno muito baixas. Qualquer renovável tem taxa de retorno melhor do que as hidrelétricas E os planos da CPFL Renováveis incluem nova aquisições? RS: Nosso portfólio é variado. Temos projetos em operação e em construção em sete estados brasileiros. Eólicas na região Nordeste, PCHs no sudeste e no Sul e biomassa em São Paulo e no Centro-Oeste. Temos 1034 MW em construção, 1057 MW com licença e 2283 MW em projeto. É uma carteira grande e diversificada que nos permite crescer. MS: A CPFL Renováveis tem um portfólio muito grande. É óbvio que a atenção está voltada para esses projetos, mas se tiver uma aquisição que traga valor para a companhia, vamos avaliar. Estamos sempre de olho no nosso negócio. Mas tem alguma negociação em andamento? RS: Sempre tem negociações em andamento. Mas não tenho como falar para você especificamente.