UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Fábio Junges
PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE – PESO MÉDIO
CASCAVEL
2011
Fábio Junges
PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE
Monografia de Conclusão Apresentada ao Curso
de Pós Graduação em Gestão da Cadeia Avícola,
da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista.
Orientadora: Profª. Anderlise Borsoi, MV, Dr
CASCAVEL
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Gestão da Cadeia Avícola no
Programa de Pós Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná.
Cascavel, 09 de dezembro de 2011.
Programa de Pós Graduação
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientadora
Prof. Dra. Anderlise Borsoi, MV, Dr
Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária
Prof. Dr. Sebastião Aparecido Borges
Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária
Prof. Dr. José Maurício França
Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária
Profª. Cleide Esteves
Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária
AGRADECIMENTO
A Deus, pela força espiritual na realização desse trabalho, não nos deixando
desistir.
Aos nossos pais por ser um exemplo em nossa vida.
A nossa família, pelo apoio, compreensão, ajuda e carinho. Por ser nosso porto
seguro.
Aos amigos e colegas de curso pelos momentos especiais de aprendizado e
experiências que vivemos.
A empresa Cooperativa Agroindustrial Copagril por sempre apoiar e contribuir
com o nosso desenvolvimento profissional.
A todos os professores deste curso que dividiram seus conhecimentos e suas
experiências profissionais conosco.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo conhecer a relação entre pododermatite e algumas
variáveis, comparando-as entre si e com conceitos bibliográficos. Foi desenvolvido com
dados de uma Cooperativa situada no oeste do estado do Paraná, referentes aos lotes
abatidos no período de fevereiro a novembro de 2011. A variável escolhida para
relacionar com a pododermatite foi o peso médio dos lotes. As análises foram feitas por
meio de ponderação dos dados em planilha dinâmica do programa Excel. Na análise da
relação entre o peso médio e a pododermatite, o resultado mostrou que quanto mais
pesado o lote, menor o índice de pododermatite. Concluindo que a ocorrência de
pododermatite foi maior nos lotes com frangos mais leves.
Palavras-chave: frango de corte, pododermatite, linhagem, calo de pé.
TABELAS
TABELA 1 - ABATE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010
11
TABELA 2 - EXPORTAÇÕES DE CARNE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010 12
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - PRODUÇÃO BRASILEIRA - 1000 TON................................................ 10
GRÁFICO 2 - PODODERMATITE EM FUNÇÃO DO PESO MÉDIO......................... 28
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - IMAGEM AOS 13 DIAS ............................................................................ 14
FIGURA 2 - IMAGEM AOS 20 DIAS ............................................................................ 14
FIGURA 3 - IMAGEM AOS 45 DIAS ............................................................................ 14
FIGURA 4 - PÉ TIPO "A" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA
INDÚSTRIA. DESCOLORAÇÃO FOCAL DO COXIM PLANTAR ..................... 16
FIGURA 5 - PÉ TIPO "B" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA
INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA, DESTRUIÇÃO DO COXIM
COM FORMAÇÃO DE CROSTA DE TONALIDADE CASTANHA.................... 17
FIGURA 6 - PÉ TIPO "C" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA
INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA MÚLTIPLA. ÁREAS DE
NECROSE NOS COXINS DIGITAIS E PLANTAR COM QUERANTINA
ADERIDA ÀS ÁREAS LESIONADAS.................................................................... 17
FIGURA 7 - CONSTRUÇÃO PADRÃO......................................................................... 22
FIGURA 8 - CONSTRUÇÃO PADRÃO......................................................................... 22
FIGURA 9 - PÉ "A".......................................................................................................... 24
FIGURA 10 - CALO DE PÉ "B"...................................................................................... 25
SUMÁRIO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 14
2.1 EVOLUÇÃO DA PODODERMATITE .......................................................................... 14
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA SEVERIDADE DAS LESÕES ....................................................... 15
2.3 PROVÁVEIS CAUSAS DA PODODERMATITE ............................................................. 18
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 21
3.1 LOCAL DE EXPERIMENTO ...................................................................................... 21
3.2 CARACTERÍSTICA DO GALPÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS AVES ..................................... 21
3.3 DEFINIÇÃO DO PLANO DE AMOSTRAGEM ............................................................... 22
3.4 COLETA E LOCAL DE AVALIAÇÃO .......................................................................... 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 27
4.1 RELAÇÃO ENTRE PODODERMATITE E PESO MÉDIO DO FRANGO DE CORTE .............. 27
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 30
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 31
10
1 INTRODUÇÃO
O Brasil desponta em produção de frango de corte, ocupando o terceiro lugar
como produtor e o primeiro lugar como exportador mundial de carne de frango.
A produção de carne de frango chegou a 12,23 milhões de toneladas em 2010
(GRÁFICO 1), em um crescimento de 11,38% em relação a 2009, quando foram
produzidas 10,980 milhões de toneladas. Com este desempenho o Brasil se aproxima da
China, hoje o segundo maior produtor mundial, cuja produção de 2010 teria somado
12,55 milhões de toneladas, abaixo apenas dos Estados Unidos, com 16,65 milhões de
toneladas, conforme projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O
crescimento em 2010 foi impulsionado principalmente pelo aumento de consumo de
carne de frango e pela expansão de 5,1% nas exportações (UBABEF, 2011).
GRÁFICO 1 - PRODUÇÃO BRASILEIRA - 1000 TON
FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.
11
Neste contexto, o estado do Paraná ocupa lugar de destaque, sendo o primeiro
colocado na produção (TABELA 1), com 27,77% do volume de frango abatido no Brasil
em 2010 e o segundo em exportações (TABELA 2), com 26,19% do volume de carne de
frango exportada (UBABEF, 2011).
TABELA 1 - ABATE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010
FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.
12
TABELA 2 - EXPORTAÇÕES DE CARNE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010
FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.
13
A comercialização de pés de frango, no Brasil, está direcionada aos mercados
asiáticos, especialmente China e Hong Kong, este fator agrega valor a um produto de
baixa aceitação no mercado interno, favorecendo a lucratividade das empresas brasileiras.
Com isso as empresas estão se desenvolvendo para atender as exigências
comercias e técnicas em relação à qualidade e segurança deste produto.
No Brasil não há uma legislação clara que define o Padrão de Identidade e
Qualidade de pés de frango, fazendo com que as empresas se adéquem ao atendimento
das especificações do cliente ou país exportador. Em 2010, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento publicou a Circular Nº 599/2010/CGPE/DIPOA, Brasília,
restringindo a remoção do calo apenas com o uso de faca, inviabilizando a possibilidade
de transformar um produto de classificação nível “B” em nível “A”.
Atualmente os pés de frango classificados como “PÉ B” são comercializados em
valor consideravelmente inferior, em relação ao “PÉ A”, podendo chegar a uma diferença
de até 30% (COPAGRIL, 2011).
Podemos citar a pododermatite como o maior fator limitante da qualidade dos
pés de frango para a exportação. Dependendo do grau da lesão, temos a depreciação do
produto com o corte para retirada da lesão ou mesmo o descarte dos pés, que ocorre nos
casos mais graves (TEIXEIRA, 2008).
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Evolução da pododermatite
A evolução desta lesão foi demonstrada por Santos et al. (2002), aos 13 dias
observaram-se alterações macroscópicas discretas caracterizadas por fissuras cutâneas no
coxim plantar (FIGURA 1), aos 20 dias surgem as alterações macroscópicas
caracterizadas por erosão com formação de crostas nos coxins plantares e na face plantar
das regiões articulares dos dígitos (FIGURA 2) e aos 45 dias, o aspecto macroscópico foi
semelhante ao observado aos 20 dias (FIGURA 3).
FIGURA 1 - IMAGEM AOS 13 FIGURA 2 - IMAGEM AOS 20 FIGURA 3 - IMAGEM AOS 45
DIAS
DIAS
DIAS
FONTE: SANTOS, R.L. et al (2002).
15
2.2 Classificação da severidade das lesões
Em outros países e principalmente em países da Europa, pesquisadores têm
desenvolvido métodos para avaliar o grau de severidade das lesões de pododermatite,
alguns preocupados com a questão do bem-estar animal, outros visando o valor de
mercado desse produto. Teixeira (2008) descreve o programa de vigilância de saúde dos
pés das aves e seus métodos de coleta de dados. Esse sistema avaliava tanto a
percentagem de aves acometidas nos plantéis quanto o grau de lesões macroscópicas que
elas apresentavam. O sistema utilizou uma escala de três pontos, onde o escore 0 (zero)
indica ausência de lesão, o escore 1 indica lesões brandas e o escore 2 indica lesões
severas. Além do sistema de escala, para cada amostra dos lotes avaliados foi feito um
valor médio, que era calculado atribuindo pesos aos escores de lesões e calculando suas
frequências relativas. Os valores possíveis nesse sistema variaram de zero a 200, onde 0
representava amostras sem pododermatite e 200 representava amostras onde todos os pés
avaliados apresentaram lesões severas de pododermatite.
Outra metodologia mencionada por Teixeira (2008), utilizada para avaliação das
lesões de pododermatite em matadouros avícolas descreveu uma escala de quatro pontos
de observação onde zero indicava coxim plantar íntegro, escore 1 menos de 25% do
coxim acometido; 2, lesão cobrindo de 26 a 50% do coxim; e 3, lesão cobrindo mais de
50% do coxim. Essa avaliação foi realizada visualmente por observadores treinados.
16
No trabalho realizado por Teixeira (2008), visando a exportação, os pés são
classificados por profissionais da empresa, treinados conforme as características
macroscópicas do coxim plantar:
A = sem lesão, aparentemente íntegros sem alteração da camada córnea (FIGURA 4);
B = lesões brandas, presença de edema e descamação da camada córnea (FIGURA 5);
C = lesões graves ou múltiplas, descamação intensa da camada córnea, acúmulo de
material orgânico, focos de necrose – destinados à graxaria (FIGURA 6).
FIGURA 4 - PÉ TIPO "A" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA.
DESCOLORAÇÃO FOCAL DO COXIM PLANTAR
FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).
17
FIGURA 5 - PÉ TIPO "B" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA.
PODODERMATITE ULCERATIVA, DESTRUIÇÃO DO COXIM COM FORMAÇÃO DE CROSTA
DE TONALIDADE CASTANHA
FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).
FIGURA 6 - PÉ TIPO "C" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA.
PODODERMATITE ULCERATIVA MÚLTIPLA. ÁREAS DE NECROSE NOS COXINS DIGITAIS E
PLANTAR COM QUERANTINA ADERIDA ÀS ÁREAS LESIONADAS
FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).
18
2.3 Prováveis causas da pododermatite
Trabalhos prévios relacionam as dermatites a uma combinação de umidade na
cama, altas concentrações de amônia e outros fatores químicos associados à cama
(MEDEIROS, 2005; OTT, 2005; MUNIZ 2006; TEIXEIRA, 2008; MELLO, 2011).
O aparecimento da lesão, que inicia com uma inflamação da pele, em geral está
associado a fatores corrosivo presentes na cama. Isto está relacionado à grande
quantidade de fezes na cama, causada pelas altas densidades de aves em produções
comerciais. Essa doença é um importante marcador da degradação da cama aviária,
devido à alta densidade de alojamento que é severamente criticada pelas associações de
bem-estar animal (TEIXEIRA, 2008; BERNARDI, 2011).
Em alguns casos a pododermatite é o problema predominante em criações de alta
densidade e em linhagens de crescimento rápido (MUNIZ, 2006; TEIXEIRA, 2008).
De acordo com Teixeira (2008) a pododermatite é uma enfermidade que atinge,
principalmente, o coxim plantar, podendo afetar também os coxins digitais. Dependendo
da gravidade das lesões, causa claudicação e dificulta a locomoção, restringindo o acesso
das aves a alimento e água. Fatores relacionados ao manejo como alta umidade de cama,
alta densidade dos planteis, tipo de criação e deficiência de biotina, podem predispor à
pododermatite.
Sobre os efeitos genéticos que propiciam a pododermatite, os estudos são muito
escassos (TEIXEIRA, 2008; BERNARDI, 2011).
19
A seleção para rápida taxa de crescimento em frango de corte é acompanhada
por uma diminuição da capacidade de locomoção. Há ainda uma correlação altamente
desfavorável entre o peso corporal e a habilidade de locomoção (BERNARDI, 2011).
Santos, et al. (2002) concluíram que a mais provável causa desta lesão foi o
excesso de umidade da cama nas áreas de aquecimento dos pintos.
Em experimento realizado por Martins et al. (2011) foi evidenciado que a
freqüência de pododermatite não sofreu influência da linhagem.
Os trabalhos têm mostrado que altas temperaturas contribuem para aumentar os
índices de pododermatite devido ao aumento do consumo de água pelas aves, propiciando
fezes mais líquidas. Esta condição torna a cama mais úmida, reduzindo a capacidade de
absorção e favorecendo a compactação (MEDEIROS, 2001; MEDEIROS, 2005;
MELLO, 2011).
Segundo Paganini apud Santos, (2009), a umidade relativa do ar e a temperatura
ambiente afetam a qualidade da cama e a tentativa de atenuar as oscilações dentro da
instalação deve ser realizada. Em épocas chuvosas, deve-se aumentar a ventilação a fim
de manter a umidade mais baixa. No calor, o uso de nebulizadores para arrefecimento da
temperatura do ar no interior do galpão pode, quando mal ajustado, molhar a cama e
causar seu emplastramento. No frio, na tentativa de manter mais alta a temperatura, é
comum diminuir muito a ventilação, o que leva ao excesso de umidade e de amônia no
interior do galpão.
As anormalidades nas pernas também têm sido associadas com a redução do
ganho de peso em frango de corte. Sabe-se que há uma relação positiva entre o peso
20
corpóreo e a presença de anormalidades de grau médio, porém quando há aves com
graves anormalidades, estas tendem a pesar menos, provavelmente pela dificuldade em se
deslocar até os comedouros e bebedouros (KESTIN et al., 1992). Segundo Weeks et al.,
(2000), aves com claudicação visitam menos os comedouros que aves sadias, além disso,
aves com claudicação escolheram a posição deitada para comer, enquanto aves sadias
escolheram comer em pé.
21
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Locais de experimento
O trabalho foi desenvolvido, utilizando dados do período de fevereiro a
novembro de 2011, da Cooperativa Agroindustrial, no município de Marechal Cândido
Rondon.
A integração de frango de corte está distribuída em 14 municípios da costa-oeste
do estado do Paraná, em 138 propriedades.
3.2 Características do galpão e distribuição das aves
Os barracões de 130 x 14 m, 100 x 14 m e 100 x 12 m, com pé direito de 2,80 m,
distanciado entre si em 18 metros. As instalações seguiam a normativa determinada pela
cooperativa, com telhas de barro, cortinas amarelas de polietileno, com faces norte-sul e
totalmente climatizados (FIGURA 7 e 8).
22
FIGURA 7 - CONSTRUÇÃO PADRÃO
FIGURA 8 - CONSTRUÇÃO PADRÃO
FONTE: Acervo Copagril.
3.3 Definições do plano de amostragem
A amostragem levou em consideração a capacidade da mão de obra e a
referência de plano de amostragem da ABNT (NBR5426, 1985), que determina para lotes
entre 35.000 e 150.000 unidades, amostragem de 200 unidades, no nível geral de
inspeção I.
As avaliações foram realizadas para lotes que variavam entre 29.572 a 44.842
pés. Foram estabelecidos como amostragem padrão, 50 pés por caminhão que chegava ao
abatedouro, quantidade esta superior à estabelecida na normativa da ABNT.
O manejo adotado pela empresa seguiu parâmetros semelhantes aos citados por
Paganini (2004), onde a empresa a empresa estava voltada para corrigir a umidade e a
ventilação de acordo com o período do ano para reduzir o impacto sobre a qualidade da
cama.
Os dez meses foram classificados em “período frio” e “período quente”,
distribuídos conforme segue:
23
• Período Frio: abril, maio, junho, julho, agosto e setembro de 2011.
• Período Quente: fevereiro, março, outubro e novembro de 2011.
O clima da nossa região segundo a classificação do Köppen1 é do tipo Cfa
temperado, úmido com verão quente.
3.4 Coleta e local de avaliação
O fluxo do processo de produção de pés era aprovado dentro das exigências do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo cortados
automaticamente, no setor de evisceração e retornavam para o setor de escaldagem, para
serem escaldados, terem as películas removidas, serem selecionados e enviados ao setor
de pré-resfriamento, por meio de esteiras. A seleção consistia em separar os pés
classificados como “A”, “B” e descartes.
A coleta e avaliação dos pés foram realizadas após a etapa de retirada da
película, por profissionais treinados, do setor de controle de qualidade da empresa.
1
Classificação Climática de Köppen-Geiger: é o sistema de classificação global dos tipos climáticos mais utilizados
em geografia, climatologia e ecologia. A classificação foi proposta em 1900, pelo climatologista alemão Wladimir
Köppen, tendo sido por ele aperfeiçoada em 1918, 1927 e 1936 com a publicação de novas versões preparadas em
colaboração com Rudolf Geiger.
24
3.5 Metodologias de avaliação da pododermatite
O critério de avaliação adotado pelo controle de qualidade da empresa
considerou a especificação técnica do cliente e a recomendação da inspeção federal da
unidade de processamento. A metodologia utilizada seguiu as diretrizes descritas no
procedimento da empresa que determina a classificação “A” para ausência total de lesões
e a classificação “B” para presença limitada de lesões (FIGURA 9 e 10).
FIGURA 9 - PÉ "A"
FONTE: Acervo Copagril.
25
FIGURA 10 - CALO DE PÉ "B"
FONTE: Acervo Copagril.
As avaliações foram realizadas por observadores treinados. Os valores
encontrados foram registrados em planilhas e digitados no sistema de informação da
empresa (Sistema de Gerenciamento Agrosys).
3.6 Avaliações de dados
Os dados gerados no sistema de informação foram transferidos para o programa
Excel, convertidos em tabela dinâmica, desenvolvida e já utilizada pela própria empresa
para análise de ganho de peso, GPD (Ganho de Peso Diário), linhagens, IEP (Índice de
Eficiência Produtiva), custos de produção, etc.
26
Com isso foi gerada uma metodologia de pagamento aos produtores que inclui
os resultados de pododermatite junto ao frigorífico, fortalecendo a busca do melhor
manejo.
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Relações entre pododermatite e peso médio do frango de corte
Conforme citação de Kestin et al. (2001), a seleção para rápida taxa de
crescimento em frango de corte é acompanhada por uma diminuição da capacidade de
locomoção e há ainda uma correlação altamente desfavorável entre o peso corporal e a
habilidade de locomoção e segundo Weeks et al., (2000) aves com claudicação visitam
menos os comedouros que aves sadias, além disso aves com claudicação escolheram a
posição deitada para comer, enquanto aves sadias escolheram comer em pé.
Observando os relatos acima e analisando a relação encontrada entre
pododermatite e IEP, considerando que o IEP é formado por quatro fatores de eficiência
que inclui o peso médio, definiu-se por extrair o peso médio para uma análise
comparativa mais específica, relacionando os dois fatores: peso médio e pododermatite.
Os pesos médios encontrados nos 1673 lotes analisados tiveram variação de
2.250 Kg a 3.250 Kg , devido a isso foi necessário uma distribuição em faixas de pesos
para a classificação dos lotes, conforme abaixo:
• Faixa 1: de 2.250 a 2.500 Kg – 60 lotes
• Faixa 2: de 2.501 a 2.750 Kg – 551 lotes
• Faixa 3: de 2.751 a 3.000 Kg – 959 lotes
28
• Faixa 4: de 3.001 a 3.250 Kg – 103 lotes
A distribuição dos lotes por peso médio considerou o cálculo por média
ponderada e para cada faixa foram atribuídos os percentuais de pododermatite dos lotes
apresentado no GRÁFICO 2.
GRÁFICO 2 - PODODERMATITE EM FUNÇÃO DO PESO MÉDIO
FONTE: Dados Copagril.
Na relação entre pododermatite e peso médio, após a extração desde índice do
IEP, o comportamento encontrado mostrou maiores índices de pododermatite nos lotes
com frangos mais leves. Este resultado segue o mesmo padrão da análise anterior,
mostrando um comportamento igual entre Pododermatite x IEP e Pododermatite x Peso
Médio confirmando que problemas locomotores (calos) iniciais podem dificultar o
29
crescimento das aves e assim seu melhor desempenho como citado por alguns autores
neste trabalho.
30
5 CONCLUSÕES
Nas condições do presente estudo pode-se concluir que:
•
A ocorrência de pododermatite foi maior nos lotes com frangos
mais leves.
• Melhores informações e fundamentações podem ser obtidas se adotarmos
outras ferramentas estatísticas para análise dos dados.
• Será importante conduzir novas investigações para a correlação entre
pododermatite e linhagem e pododermatite e estações do ano a fim de
obter mais dados e retirar ou fixar algumas variáveis a mais que possam
tornar o trabalho ainda mais conclusivo.
31
7 REFERÊNCIAS
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Grande Dourados. Dourados, MS. 61 p. Tese de Mestrado. 2011.
CIRCULAR Nº 599/2010/CGPE/DIPOA, Brasília. Hong Kong - Exportação de Cortes
Congelados Pés. 29/07/2010.
Classificação
Climática
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Classifica%C3%A7%C3%A3o_clim%C3%A1tica_de_K%C3%B6ppen-Geiger
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frango de corte. Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n. 4, 277-286, out. dez.,
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WEEKS, C. A. et al. The behavior of broiler chickens and its modifications by lameness.
Applied Animal Behavior Science, v67, n.1-2, p. 111-125, 2000.
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