Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha DISCIPLINA: Filosofia PROFESSOR: Jean Carlos 1º TURMA: ALUNO: ATIVIDADE: TD de Revisão DATA: ___/___/___ Nº: 01 – Exponha a concepção dualista da realidade de Platão. Para Platão, existem duas realidades diametralmente opostas: o mundo sensível (kósmos horatós, em grego), correspondente à matéria e composto das coisas como as percebemos na vida cotidiana (isto é, das sensações), as quais surgem e desaparecem continuamente e o mundo inteligível (kósmos noetós, em grego), correspondente às idéias, que são sempre as mesmas para o intelecto, de tal maneira que nos permitem experimentar a dimensão do eterno, do imutável, do perfeito, e todas as idéias derivem da idéia do bem. 02 – O que é e qual o papel do demiurgo na teoria da realidade platônica? Na teoria platônica, o demiurgo é uma terceira realidade (nem mundo sensível, nem mundo inteligível) que teria operado na criação do mundo, pois tudo o que foi gerado deve ter tido um princípio gerador, isto é, uma causa. Assim, o demiurgo foi uma espécie de “construtor” que buscou as idéias eternas do mundo inteligível como modelo para dar forma à matéria indeterminada. 03 – Qual é a diferença, na teoria das idéias de Platão, entre o mundo das sombras e o mundo das idéias? De acordo com a teoria das idéias, o mundo das sombras é dominado pelas impressões e sensações advindas dos sentidos. Nele, tudo é aparência e ilusão, daí, a diversidade das coisas e das opiniões. Por sua vez, o mundo das idéias é dominado pela luz da razão e da sabedoria, que rompe com as aparências e a diversidade ilusória e permite ver o ser absoluto, eterno e imutável. 04 – Analise a dialética platônica. A dialética constitui o método proposto por Platão para realizar a passagem das aparências às essências, isto é, para atingir o conhecimento autêntico (epistéme). Equivalente aos diálogos críticos de Sócrates, a dialética socrático-platônica consiste, basicamente, na contraposição de uma opinião à crítica que dela podemos fazer, ou seja, na afirmação de uma tese qualquer seguida de uma discussão e negação dessa tese, com o objetivo de purificá-la dos erros e equívocos. 05 – A teoria das idéias de Platão é outra tentativa de conciliar o grande debate da filosofia grega entre Parmênides e Heráclito. Você está de acordo com essa afirmação? Justifique. Sim. Na teoria das idéias há um lugar para o ser eterno e imutável de Parmênides: o mundo das idéias, da luz racional, da essência e da realidade pura. Há também um lugar para a pluralidade e a mutabilidade das coisas de Heráclito: no mundo das sombras, sensações, aparências e ilusões. A balança, no entanto, caiu para o lado parmenídico. 06 – Explique a teoria hilemorfista de Aristóteles. Para Aristóteles, todas as coisas estariam constituídas de dois princípios inseparáveis: a matéria (hylé, em grego), o princípio indeterminado dos seres, mas que é determinável (pela forma); e justamente a forma (morphé, em grego), princípio determinado em si próprio, mas que é determinante em relação à matéria. É a forma que faz com que as coisas sejam o que são, enquanto a matéria constitui apenas o substrato que permanece. 07 – Como Aristóteles explica o movimento e a mudança das coisas? Mediante uma nova interpretação do ser. Aristóteles distingue do ser duas instâncias: o ser em ato (isto é, a manifestação atual do ser, que já existe) e o ser em potência (as possibilidades do ser, aquilo que ele ainda não é mas pode vir a ser). O movimento e a transitoriedade ou mudança das coisas seria o resultado da passagem do ser de uma instância para outra. 08 – Explique os quatro tipos de causas fundamentais que levariam à passagem de uma cadeira de balanço em potência para uma em ato. A causa material poderia ser, por exemplo, uma madeira, pois se refere à madeira de que é feita uma coisa. A causa formal poderia ser, por exemplo, a forma própria e uma cadeira de balanço, pois se refere à configuração específica de uma coisa, qe faz com que ela seja ela e não outra coisa. A causa eficiente poderia ser, por exemplo, um marceneiro, pois essa causa refere-se ao agente que produz diretamente uma coisa. A causa final poderia ser, por exemplo, ter uma cadeira confortável para assistir à televisão, pois se refere ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa. 09 – Analise e defina as diferenças básicas entre a teoria do conhecimento de Platão e a de Aristóteles. Embora afirmasse que o ser individual, concreto, único não pode ser objeto da ciência, Aristóteles validava a dimensão sensorial. Para ele, a ciência deveria buscar as estruturas essenciais de cada ser, tendo como ponto de partida a própria experiência empírica. Seria a partir da existência do ser que atingiríamos a sua essência, em um processo e conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico. Assim, Aristóteles estava em frontal desacordo com Platão, pois este dizia que o conhecimento autêntico e vivo viria primeiro da negação (ou purificação) das impressões sensoriais para só então ser possível o contrato com as idéias e o conhecimento autênticos. 10 – Aristóteles e Platão aplicam o mesmo método para chegar ao conhecimento verdadeiro? Justifique. Não. Platão emprega a dialética e Aristóteles aplica a indução, operação mental que vai do particular para o geral, do individual para o universal. 11 – Explique o primeiro motor de Aristóteles e compare-os com o demiurgo de Platão. A idéia de primeiro motor está vinculada ao problema do movimento do mundo, pois tudo o que se move deve ter sido colocado em movimento por algo (um agente motor) que, por sua vez, foi colocado em movimento por algo mais, e assim por diante. Como isso não pode prosseguir infinitamente, deve haver algo que seja a causa primeira do movimento: o primeiro motor ou motor imóvel. Embora imóvel (porque, do contrário, necessitaria de algum outro motor que causasse seu mover), ele geraria o movimento no mundo por atração (pois todas as coisas tendem àquilo que é bom, belo ou inteligente, e o primeiro motor é um ser que é tudo isso). Ou seja, o primeiro motor funciona como causa final do mundo. O demiurgo, por sua vez, seria construtor do mundo, que se serviu da matéria indeterminada e das idéias eternas. Seria, portanto, usando a terminologia de Aristóteles, uma espécie de causa eficiente do mundo. 12 – Em que consiste a virtude para Aristóteles? Aristóteles formulou o clássico conceito de virtude como meio-termo, isto é, a justa medida, o equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. 13 – Como Epicuro concebia a realidade? Para ele tudo é matéria? Como sua concepção de realidade determina seu entendimento do que é ser feliz? Epicuro tinha uma concepção ontológica materialista, daí sua concepção sensualista da felicidade. Ele dizia que todos os seres buscam o prazer e fogem da dor e que, para sermos felizes, devemos gerar, primeiramente, as condições materiais e psicológicas que nos permitam experimentar apenas o prazer na vida. E prazer, para esse filósofo, é principalmente ausência de dor. 14 – Em que sentido se afirma que a concepção de felicidade de Epicuro contrapõem-se à de Aristóteles e, especialmente, à de Platão? Aristóteles e Platão tinham um enfoque intelectualista da felicidade, priorizando a vida teórica e contemplativa, embora o primeiro considerasse também a importância de fatores mais tangíveis como os bens materiais e a vida social. Epicuro, por sua vez, desenvolveu um conceito sensualista. 15 – Em que aspectos o caminho epicurista da felicidade parece dar uma guinada intelectualista ou Racionalista? Pode-se afirmar, em certo sentido, que há uma guinada intelectualista em Epicuro quando o filósofo, apesar de seu sensualismo, afirma que nem todos os prazeres contribuem para uma vida feliz e propõe um caminho que busca prazeres mais duradouros e que encantam o espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes e a audição de música. Ele também recomenda o desenvolvimento da autarquia (o governo da própria vida e a não dependência de elementos externos), até chegar à ataraxia (estado de impertubabilidade da alma, caracterizado pela indiferença total ao que ocorre no mundo). 16 – Hoje, na cultura ocidental contemporânea, é inaceitável a idéia estóica de que uma pessoa deve amar sua condição miserável ou de escravo. Portanto: a) Como você explicaria, em termos históricos, essa visão dos antigos estóicos? O pensamento estóico nasceu no contexto histórico da Grécia antiga, onde imperava o sistema econômico escravista e, no plano político, ainda não havia surgido valores como a igualdade entre as pessoas, a liberdade, a noção de direitos universais no ser humano etc. Assim, pobreza e escravidão podiam perfeitamente ser justificadas como naturais, fazendo parte de uma ordem cósmica. b) Fazendo uso dos próprios conceitos do pensamento estóico, você seria capaz de descobrir em que eles “erraram”, mas validando o restante de suas concepções? Uma possibilidade seria dizer que os estóicos, entendendo a pobreza e a escravidão como algo que fazia parte da ordem cósmica, colocavam essas duas condições entre as coisas que “não dependem de nós”. No entanto, se eles considerassem a pobreza e a escravidão como resultado das condições histórico-econômicas em que nasce e vive um indivíduo, isto é, produzidas pelos grupos humanos (adotando uma perspectiva mais moderna), reconheceriam que essas duas condições “dependem de nós” e que não apenas podem, mas devem ser modificadas pelos indivíduos, para a construção de suas felicidades. 17 – Como o estóico concebe a realidade? O estóico concebe o universo como kosmos, “universo ordenado e harmonioso”, composto de um princípio passivo (a matéria) e um princípio ativo, racional, inteligente (logos ou deus imanente) que permeia, anima e conecta todas as suas partes. Portanto, para o estóico, nem tudo é matéria. 18 – Qual é a importância da cosmologia estóica na determinação de sua ética sobre a felicidade? Tudo é matéria para o estóico? O conceito de kosmos, “universo ordenado e harmonioso”, com o logos ou deus imanente que permeia tudo, implica que tudo o que existe e que acontece tem um objetivo e uma razão de ser, faz parte da inteligência universal e divina, o que quer dizer também que tudo é necessário e prédeterminado, inclusive a vida das pessoas, e que, aconteça o que acontecer, isso deve ser bom. Portanto, para os estóicos, não devemos acreditar que a felicidade é ter tudo o que desejamos, pois essa possibilidade não existe. O que temos e o que somos tem uma razão de ser. 19 – Explique o papel da vontade e do controle sobre os pensamentos na ética estóica. Pela vontade conseguimos uma brechinha de liberdade para construir uma vida feliz, pois ela nos permite querer ou não querer as coisas. Assim, devemos usá-la no sentido de querer apenas aquilo sobre o que eu tenho poder que depende de mim, evitando querer o que não depende de mim e que, por isso, me faz sofrer. 20 – Como é a felicidade que se alcança pela via do amor fati? O amor fati é a via positiva do estoicismo. É a felicidade que se alcança não apenas pela aceitação do próprio destino, mas por querer e amar esse destino, no entendimento de que, se tudo é animado pelos princípios racionais que governam o universo, que visa a ordem e o bem da totalidade, tudo o que acontece comigo e não depende de mim é necessário e bom. Assim, para o estoicismo, a pessoa que tem amor por seu destino só poderá ser feliz. 21 – Confronte o epicurismo com o estoicismo, destacando semelhanças e diferenças. O epicurismo é uma corrente filosófica fundada por Epicuro, que defendia ser o prazer o princípio e o fim de uma vida feliz. Ele valorizava, no entanto, os prazeres mais duradouros que encantam o espírito, com a boa conversação, a contemplação das artes, e condenava os prazeres mais imediatos, como os movidos pelas paixões, que no final podem resultar em dor e sofrimento. Os estóicos, por sua vez, propunham o dever, vinculando a compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para a felicidade; seria feliz aquele que vivesse segundo sua própria natureza, a qual, por sua vez, integra a natureza do universo. As duas escolas tinham em comum, no entanto, a defesa de uma atitude de austeridade física e moral e a busca de um estado de ausência de dor, serenidade plena, de imperturbabilidade da alma (a ataraxia). 22 – Por que o pirronismo é considerado uma forma de ceticismo? De que maneira seu ceticismo definia o modo de vida que propunha? O pirronismo constituiu uma forma de ceticismo, pois professava a impossibilidade do conhecimento, da obtenção da verdade absoluta. Seus argumentos eram os de que nenhum conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser contestado. Por isso, para levar uma vida feliz, seus seguidores propunham que as pessoas adotassem a suspensão do juízo (epokhé, em grego), a abstenção de fazer qualquer julgamento, já que a busca de uma verdade plena é inútil. 23 – Explique a origem da palavra cinismo, destacando sua relação com a corrente filosófica que denomina. A palavra cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”; cínico, do termo kynicos, significa “como um cão”. O termo cinismo designa, assim, a corrente dos filósofos que se propuseram viver como os cães da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto. Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais.