COMUNICADO DE IMPRENSA EMBARGO O conteúdo deste comunicado de imprensa e do respectivo Relatório não pode ser citado ou resumido na mídia impressa, radiodifusão ou eletrônica antes de 6 de outubro de 2015, 17:00 GMT (13:00 Nova Iorque, 19:00 Genebra, 22:30 Nova Déli, 02:00 - 7 de outubro de 2015 Tóquio) UNCTAD/PRESS/PR/2015/29∗ Original: Inglês Unofficial Translation (Portuguese) FRENTE AOS IMPACTOS DOS MERCADOS FINANCEIROS VOLÁTEIS SOBRE OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO, O RELATÓRIO DA UNCTAD PLEITEIA NOVAS POLÍTICAS Genebra, 06 de outubro de 2015 - Para a maioria das economias em desenvolvimento, a integração nos mercados financeiros globais teve, até o presente, ligações apenas tênues com as suas metas de desenvolvimento de longo prazo, afirma o Relatório sobre o Comércio e Desenvolvimento de 20151 da UNCTAD. Juntamente com os fluxos de capitais cada vez maiores e mais voláteis, exacerbando vulnerabilidades a choques externos, está havendo uma perda de eficácia dos instrumentos de política destinados a gerenciar o crescimento e o desenvolvimento. Desde o início dos anos 2000, os fluxos de capitais privados para as economias em desenvolvimento e em transição aumentaram substancialmente. Os fluxos externos para esses países, como proporção da renda nacional bruta, aumentaram de 2,8% em 2002 para 5%em 2013, depois de atingir dois recordes históricos de 6,6% em 2007 e 6,2% em 2010. As preocupações com uma súbita ou substancial saída desses fluxos começaram com a desaceleração econômica e tornaram-se mais pronunciadas com o aumento da volatilidade dos últimos meses. Os laços estreitos entre os fluxos de capitais e os preços-chave da economia também aumentam o perigo de uma espiral deflacionária (ver figura). Particularmente após a crise de 2008, os fluxos de capitais foram estimulados tanto pelas decisões de política nas economias avançadas como pela melhoria dos fundamentos nos países receptores. Antes da crise, empréstimos e apreciação de ativos alimentaram booms de consumo e bolhas de investimento privado em algumas das grandes economias, assim como as exportações líquidas em outros países. Após o colapso inevitável que se seguiu, políticas de forte expansão monetária [quantitative easing], ao lado austeridade fiscal, contribuíram em boa medida para a continuidade desse padrão de geração de excesso de liquidez no setor privado. Em meados de 2015, os mercados financeiros globais revelaram preocupação com as recessões no Brasil, na Rússia e na África do Sul e com os sinais de desaceleração econômica na China. Os * Contacts: UNCTAD Communications and Information Unit, 41 22 917 58 28, 41 79 502 43 11, [email protected], http://unctad.org/press 1 The Report (Sales No. E.15.II.D.4, ISBN: 978-92-1-112890-1) may be obtained from United Nations Publications Sales and Marketing Office at the address mentioned below or from United Nations sales agents throughout the world. Customers may send orders or inquiries to: United Nations Publications Sales and Marketing Office, 300 E 42nd Street, 9th Floor, IN-919J New York, NY 10017, United States of America. tel.: +1 212 963 8302, fax: +1 212 963 3489, e-mail: [email protected], https://unp.un.org. UNCTAD/PRESS/PR/2015/29 Página 2 investidores globais, já antecipando uma subida das taxas de juros nos Estados Unidos e uma queda contínua nos preços das commodities, moveram-se rapidamente em direção à porta de saída, deixando os mercados de ações e títulos das economias emergentes. "Administrar a volatilidade persistente dos fluxos financeiros de curto prazo exige como resposta políticas internacionalmente coordenadas”, disse o Secretário Geral da UNCTAD Mukhisa Kituyi, e não apenas uma correção financeira com poucas consequências sérias para a economia real. Com os países em desenvolvimento contribuindo com mais de 60 por cento do crescimento global desde 2011, as repercussões das dificuldades recentes nos mercados emergentes poderiam ser amplamente sentidas." Em geral, o crescimento dos países em desenvolvimento está previsto para recuar para cerca de 4% em 2015, dando continuidade a uma desaceleração que começou em 2011, após o que inicialmente parecia ser uma recuperação robusta da crise em 2008/09, quando o crescimento anual atingiu 7,8% em 2010. Essa previsão, porém, depende de um crescimento robusto na região da Ásia; eventos adversos poderiam resultar numa desaceleração ainda mais forte no último trimestre de 2015. Durante grande parte da última década, muitos países em desenvolvimento experimentaram um forte crescimento e melhoras nas contas correntes, acumulando, no conjunto, consideráveis reservas externas. A promessa de retornos mais elevados para os investimentos nesses países apresentou uma alternativa atraente para os investidores internacionais diante das baixas taxas de juros vigentes nas economias avançadas. As entradas de capitais, no entanto, geraram pressões para a valorização das moedas domésticas. Contas de capital mais abertas também significaram que os governos tiveram de conduzir as políticas monetárias e fiscais levando em consideração as preferências do mercado financeiro internacional. Os estimados US$ 2 trilhões de carry trade em mercados de economias emergentes eram "um acidente esperando para acontecer". O crescimento do comércio mundial também está parando, com a desaceleração na maioria das regiões em desenvolvimento em 2014 devendo prosseguir ou intensificar este ano. Os preços das commodities caíram significativamente durante 2014 e no primeiro semestre de 2015, prolongando a tendência de queda a partir dos picos observados em 2011/12. A queda mais dramática foi a dos preços do petróleo, mas os grupos de commodities cujas demandas estão mais intimamente ligadas à atividade econômica global também sofreram reduções substanciais. O declínio resultante nos termos de troca para os exportadores de commodities, somado às crescentes saídas de capitais, enfraqueceu fortemente as perspectivas econômicas para muitos países em desenvolvimento, observa o relatório. A consequente depreciação das moedas dos mercados emergentes não significa, contudo, a promessa de um aumento das exportações. Em vez disso, os menores preços globais tendem a resultar mais em pressões deflacionárias do que na expansão do comércio, dadas as atuais debilidades da demanda agregada global. A combinação de políticas monetária e fiscal visando administrar melhor os fluxos de capitais privados, em especial os de natureza instável ou especulativa, e os seus efeitos macroeconômicos, ajudaria os países em desenvolvimento a enfrentar os desafios e a usufruir possíveis ganhos decorrentes de uma integração nos mercados financeiros globais, argumenta o relatório. Medidas no âmbito nacional, incluindo o uso criterioso de controles de capital e políticas de alocação de crédito, precisam ser complementadas por medidas globais que desestimulem a proliferação dos fluxos financeiros especulativos e que venham a fornecer mecanismos mais robustos para apoio ao crédito e fundos de reserva comuns em âmbito regional. A turbulência financeira recente aumentou a urgência para a adoção de tais medidas. UNCTAD/PRESS/PR/2015/29 Página 3 Gráfico 1: Fluxos de capital líquidos e taxa de câmbio Nota: os países incluídos são Brasil, China, Índia, Indonésia, Malásia, Rússia, África do Sul, Tailândia e Ucrânia. Abreviação: Q, trimestre. *** ** ***