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É FEIO NÃO SER CONSTRUTIVISTA?
Professor e orientador: Luiz Carlos Ramirez1
Alunas do 2º Ano do Curso de Letras da AEDB
Ana Carolina da S. Pizzarino
Anaura Sales Baptista
Carla Cristina P. de Oliveira
Natalia Figueiredo de Castro
Mariane S. de Carvalho Silva
RESUMO
Este Artigo pretende responder ao enunciado supracitado partindo da premissa de que o
Construtivismo não é apenas o termo pelo qual é conhecida a linha pedagógica que mais
ganha adeptos entre os professores. Possui outro significado, mais antigo e mais amplo, que
ultrapassa as fronteiras do universo escolar. Por ser o nome do sistema que se refere a Piaget,
a palavra Construtivismo passou a designar também a linha pedagógica inspirada em sua
obra. Criador da “Teoria Epistemológica Genética” ou “Teoria Psicogenética”, que é a
mais conhecida concepção construtivista da formação da inteligência, Jean Piaget trouxe
memoráveis conseqüências pedagógicas à Educação e, por isso, sua vida, sua obra e seus
pressupostos teóricos (principalmente o construtivista) interessam de imediato à Didática e à
Pedagogia.
Palavras-chave: Construtivismo. Jean Piaget. Educação. Pressupostos teóricos.
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Professor de Didática Geral dos Cursos de Letras, Pedagogia e Normal Superior da AEDB
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RESUMEN
Este Artículo pretiende contestar al enunciado supracitado partiendo de la premisa de que el
Constructivismo no es sólo un término en el cual es conocida la línea pedagogica que más
gana adeptos entre los profesores. Posee otro significado, más antiguo y más amplio que
ultrapasa las fronteras del universo escolar. Por ser el nombre del sistema que se refiere a
Piaget, la palabra constructivismo pasó a designar también la línea pedagógica inspirada en su
obra. Creador de la “Teoria Epistemologica Genética” o “Teoria psicogenetica”, que es la
más conocida concepción constructivista de la formación de la inteligencia, Jean Piaget ha
traído memorables consecuencias pedagogicas a la Educación y, por ello, su vida, su obra y
sus presupuestos teóricos (principalmente el constructivista) interesan de inmediacto a la
Didactica y a la Pedagogia.
Palabras-clave: Constructivismo. Jean Piaget. Presupuestos teóricos.
1 INTRODUÇÃO
Este Artigo propõe-se a compreender o Construtivismo, os estágios pedagógicos
estipulados pela teoria construtivista piagetiana e suas conseqüências para a Educação. De
antemão, é preciso esclarecer que o Construtivismo é, sobretudo, o nome das três grandes
correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve. As
outras duas são o Empirismo e o Racionalismo, assuntos que aqui serão brevemente
definidos. Essas três escolas divergem quanto à relação entre meio ambiente e inteligência.
Cabe esclarecer também que além de Jean Piaget, outros estudiosos importantes para a
Educação, como o russo Lev Vygotsky (1896-1934) e o francês Henry Wallon (1879-1962),
também são construtivistas e a opção (ou o interesse) por Piaget deve-se às pesquisas e
experiências realizadas nas aulas de Didática Geral sob orientação docente.
1.1 O QUE É CONSTRUTIVISMO?
É a concepção teórica que parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência
é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. A idéia é que o homem não
nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio. Ao contrário, responde
aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio
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conhecimento, de forma cada vez mais elaborada. De acordo com o psicólogo Fernando
Becker (UFRS): "Construtivismo, segundo pensamos, é esta forma de conceber o
conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento – e, por conseqüência, um novo modo de
ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais”.
As teorias Empiristas e Racionalistas são chamadas de reducionistas porque reduzem o
desenvolvimento intelectual só à ação do indivíduo ou só à força do meio. Já o construtivismo
atribui um papel ativo ao indivíduo, sob a influência do meio. É a pessoa que constrói o seu
próprio conhecimento.
1.1.2 JEAN PIAGET: vida e obra
Jean Piaget nasceu em Neuchâtel (Suíça) em 9 de agosto de 1896, tendo falecido em
Genebra, em 16 de setembro de 1980. Ele foi o filho primogênito de Arthur Piaget, professor
universitário de literatura, e de Rebecca Jackson. Aos 11 anos de idade, durante suas aulas de
latim, Jean Piaget escreveu seu primeiro artigo científico (uma comunicação científica curta),
referente ao pardal albino. Este pequeno artigo é considerado por seus biógrafos como o ponto
de partida de uma brilhante carreira científica, baseada na publicação de mais de sessenta
livros e várias centenas de artigos.
Após a graduação no ensino médio, Piaget iniciou estudos em ciências naturais na
Universidade de Neuchâtel, onde obteve seu Ph.D. Durante este período, Piaget publicou dois
ensaios filosóficos que ele considerava “trabalho de adolescente”, mas que foram importantes
para a orientação geral de seu pensamento teórico e epistemológico. Depois de um semestre
na Universidade de Zürich, onde Piaget desenvolveu certo interesse pela Psicanálise, ele
deixou a Suíça, indo para a França. Lá permaneceu um ano, trabalhando na Ecole de la rue de
la Grange-aux-Belles, uma instituição de ensino para meninos criada por Alfred Binet e nesse
período dirigida por De Simon, que havia desenvolvido com Binet um teste para a
mensuração da inteligência. Durante sua permanência em tal escola, Piaget trabalhou na
padronização do teste de inteligência de Burt, e realizou seu primeiro trabalho de pesquisa
voltado para o desenvolvimento da mente.
Em 1921, Piaget torna-se diretor de estudos no Instituto J. J. Rousseau, em Genebra,
atendendo convite de Sir Ed. Claparède e P. Bovet. Em 1923, Piaget se casa com Valentine
Châtenay, com quem teve três filhos, Jacqueline, Lucienne e Laurent, cujo desenvolvimento
intelectual na primeira infância foi minunciosamente estudado pelo “papai” Piaget.
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Ocupou diversas cátedras acadêmicas: Psicologia, Sociologia e História das Ciências
em Neuchâtel, de 1925 a 1929; História do Pensamento Científico em Genebra, de 1929 a
1939; diretoria do International Bureau of Education de1929 a 1967; Psicologia e Sociologia
em Lausanne, de 1938 a 1951; Sociologia em Genebra, de 1939 a 1952, seguido de Psicologia
Genética e Experimental de 1940 a 1971. Piaget foi o único suíço até hoje a ser convidado
como professor da Sorbonne, de 1952 a 1963. Em1955, ele criou e dirigiu até seu falecimento
o International Center for Genetic Epistemology.
A obra de Piaget é conhecida no mundo inteiro, sendo ainda uma fonte de inspiração
em campos como a Psicologia, a Sociologia, a Educação, a Epistemologia, a Economia e o
Direito, como pode ser demonstrado pelos catálogos dos Jean Piaget Archives. Jean Piaget
ganhou, durante sua vida, numerosos prêmios e graus honorários em centros acadêmicos do
mundo inteiro. Suas pesquisas em psicologia do desenvolvimento e epistemologia genética
tiveram um único objetivo: demonstrar que o desenvolvimento do conhecimento é uma
construção progressiva de estruturas lógicas hierárquicas, que se seguem umas às outras por
um processo de inclusão das estruturas menos poderosas nas superiores, mais poderosas até a
fase adulta. Em vista disso, a lógica da criança e seus modos de pensamento são inicialmente
completamente diferentes do pensamento adulto.
2 ELEMENTOS BÁSICOS DE CARACTERIZAÇÃO DA TEORIA PIAGETIANA
Piaget, um dos grandes pensadores do século XX, trouxe revolucionárias contribuições
para a teoria dos processos de aquisição de conhecimentos. Inúmeros são os trabalhos por ele
apresentados, os quais, ainda, se fazem alvo de discussões e base para novos estudos daqueles
que desejam compreender os estágios do desenvolvimento da inteligência.
A fim de que se possa compreender todos os aspectos relacionados nessa teoria
construtivista, torna-se necessário definir alguns conceitos, além de procurar entender a razão
dos desequilíbrios e o mecanismo das equilibrações e reequilibrações, pois como o próprio
teórico afirma, a produção do conhecimento passa pelas perturbações e são elas que
dificultam ou não permitem a adaptação. Piaget (1977) afirma que o conhecimento não
origina da experiência única do objeto e nem de uma programação inata pré-formada no
sujeito, mas de uma interação entre ambos, que resulta em construções sucessivas com
elaborações constantes de estruturas novas graças a um processo de equilibrações
majorantes que corrigem e completam as formas precedentes de equilíbrio. No decorrer desse
processo, o sujeito passa por momentos de desequilíbrios e de reequilibrações, e por seus
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postulados fundamentais, que são a assimilação e a acomodação, considerados processos
fundamentais do equilíbrio cognitivo.
- Pressupostos biológicos: Adaptação. Acomodação. Assimilação;
- Mudança das estruturas de conhecimento do indivíduo de forma a se adaptar ao novo;
- Mudança das informações recebidas pelo indivíduo de forma a adaptar o novo (não
radicalmente) ao conhecimento disponível;
- Evolução do conhecimento: epistemologia genética;
- Uma criança não é um adulto em miniatura e mais ignorante (algo como um recipiente
menor, e com menos líquido).;
- Estágios do desenvolvimento;
- Aprendizagem;
- Características estruturais dos estágios piagetianos:
1. Sucessão constante de comportamentos, independentemente de especificidades sócioculturais.
2. Cada estágio definido não por uma propriedade simplesmente dominante, mas por uma
estrutura de conjunto, os invariantes lógico-operatórios. Exemplos: permanência de objeto1,
conservações e inclusão de classes.
3. Hierarquia: cada estágio prepara o seguinte.
4. Dois pontos importantes a ressaltar na contribuição piagetiana para a psicologia e são
fatores fundamentais do desenvolvimento: desequilíbrio e reequilibrações.
5. Contribuição metodológica: o Método Clínico Sensório-motor (0 a 2 anos).
6. Nos primeiros dias de vida a criança é reflexo.
7. Por volta do final do primeiro ano a criança começa a desenvolver a permanência de objeto
e a noção de que outros objetos, que não ela mesma, podem causar eventos.
8. Em torno do final do segundo ano, a criança passa a representar eventos e objetos
internamente, o que libera a criança da inteligência sensório-motora, permitindo a invenção de
novos meios para resolver problemas através da atividade mental.
Pré-operatório (2 a 7 anos)
Pensamento pré-conservativo: QUANTIDADE (1)
Onde temos mais objetos?
A criança responderá que em B, mesmo sabendo que 7 é mais que 5.
[1] Permanência de Objeto: um experimento piagetiano.
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Pré-operatório (2 a 7 anos)
Momento 1- a criança está diante de duas fileiras de objetos com a mesma quantidade. A
criança irá responder que elas têm o mesmo “tamanho”.
Pensamento pré-conservativo: QUANTIDADE (2) Pré-operatório (2 a 7anos)
Momento 2 - uma fileira é alongada na frente da criança. A criança responderá que a de baixo
é “maior”, tem “mais” objetos.
Momento 2 - uma fileira é alongada na frente da criança. A criança responderá que a de baixo
é “maior”, tem “mais” objetos.
Pensamento pré-conservativo: QUANTIDADE (3)
1. Há mais cachorros ou gatos?
2. Há mais cachorros ou mais animais?
Pensamento pré-conservativo: INCLUSÃO DE CLASSES
2. E agora? Qual das vacas vai comer mais grama?
1. Qual das vacas vai comer mais grama?
Pensamento pré-conservativo: ÁREA
Operátorio Concreto ( 7 a 11 anos). Nesta etapa os processos mentais das crianças tornam-se
lógicos. “Uma operação lógica consiste num sistema internalizado de ações totalmente
reversíveis” (Piaget).
Características do pensamento operacional concreto:
- descentração;
- transformação;
- reversibilidade;
- conservação;
Operações lógicas: seriação e inclusão de classes.
Operatório formal (11-12 anos)
Nesta etapa a criança constrói o tipo de raciocínio e a lógica que possibilitam a solução de
todas as classes de problemas. O pensamento liberta-se da experiência empírica direta.
Raciocínio hipotético - lida com objetos com os quais não tem experiência.
Raciocínio dedutivo - vai do geral ao específico
Raciocínio hipotético-dedutivo - implica na dedução da conclusão de premissas que são
hipóteses em vez de deduzir fatos verificados.
Piaget propõe uma teoria que se pretende transcultural: críticas das perspectivas sócioculturalistas. Piaget é criticado pelas decalagens no desenvolvimento. É igualmente criticado
por considerar que o desenvolvimento se encerraria por volta da adolescência (estágio das
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operações formais). Piaget propõe uma perspectiva acerca da relação aprendizagemdesenvolvimento em termos de dependência da primeira em relação a este último. Piaget
propõe um primado das estruturas lógico-operatórias abstratas sobre as formas de
representação (linguagem, suportes simbólicos em geral).
2.1 CONSEQÜÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA TEORIA DE PIAGET
A teoria de Piaget trouxe importantes conseqüências pedagógicas para a ação docente.
Se tratam de valiosas diretrizes, verdadeiros princípios pedagógicos que na prática colaboram
direta e eficazmente com a práxis educacional. Suas pesquisas fundamentaram princípios
pedagógicos adotados e proclamados pelo movimento “Escola Nova” (ou Escola Ativa) –
renovação educacional que tentou aplicar as pesquisas efetuadas pelas ciências do
comportamento.
CONCLUSÃO
O não ser construtivista deixou de ser um fator estético já que “feio” é tentar ser
construtivista desconhecendo o sentido real da palavra e sua prática. O construtivismo
Educacional é uma forma teórica ampla que abrange as várias tendências atuais do
pensamento educacional. Tais tendências têm em comum a insatisfação com um sistema
educacional que insiste ideologicamente em continuar essa forma particular de transmissão
que é a Escola, o repetir, o recitar, o aprender, o ensinar o que já está pronto, em vez de fazer
agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida por alunos e professores, isto é, pela
sociedade. A Educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual
ocorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por
outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído.
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REFERÊNCIAS
AFINAL, O QUE É CONSTRUTIVISMO? Disponível em: <http://www.eaprender.ig.br>.
Acesso em: 15 mai. 2006.
FLAVELL, J. A Psicologia do Desenvolvimento de Jean Piaget. São Paulo: Pioneira, 1992
HALDT, Regina Célia Casaux. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 1999.
PIAGET, J. O Desenvolvimento do Pensamento: equilibração das estruturas cognitivas.
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1977.
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