"A REQUALIFICAÇÃO DOS POLÍTICOS" DEVÍAMOS ESTAR DE LUTO PELA HUMILHAÇÃO E FALTA DE ÉTICA DE QUEM NOS TEM GOVERNADO. ESTAMOS PELA NOSSA PASSIVIDADE A COMPROMETER A NOSSA PRÓPRIA HONRA. PORTUGAL TEM DE MUDAR DE RUMO PELA FORÇA DA RAZÃO. A destruição da economia agravou a recessão que conduziu à INACEITÁVEL DEGRADAÇÃO SOCIAL com trágico nível de desemprego. Sem CONFIANÇA não haverá recuperação do investimento. O poder político (SEM PODER) não tem capacidade de decidir os destinos do País e os portugueses têm dificuldade em decidir sobre o seu próprio destino! A principal característica deste Governo é a acção política com falta de adesão à realidade e contraditória com RADICALIZAÇÃO e DRAMATIZAÇÃO do discurso que provoca INCERTEZA E POTENCIA A CONFLITUALIDADE. Coexiste a perigosa combinação da INCOMPETÊNCIA e “REVANCHISMO”! O Governo (representante da troika) omite a realidade sobre a AUSTERIDADE os seus autores assumem publicamente – que é AUTODESTRUTIVA da economia. As medidas são anunciadas com encenação da inevitabilidade para condicionar pelo medo. Como já foi fundamentado a maioria da dívida pública (70%) deve-se à falta de ética política, aos organismos do Estado altamente deficitários e transferência de avultados recursos para os principais GRUPOS FINANCEIROS e ECONÓMICOS que controlam o sistema político e CAPTURARAM O ESTADO. Dívida escondida durante vinte anos com “maquilhagem” das contas públicas. Desacredita a política e degrada a democracia. Confunde-se REFORMA DO ESTADO com cortes cegos (sem “Guião” inconveniente) no estado social (desmantelamento?), direitos com privilégios (menos para os políticos) e o risco de coesão social com “união nacional” ou “salvação nacional”. O Estado tem dois sérios problemas: as CLIENTELAS POLITICAS que não são despedidas e a BUROCRACIA, que não é eliminada porque serve os interesses partidários. A DEMOCRACIA inclui o PRIMADO PELA LEI, que o Tribunal Constitucional (TC) representa. É o Governo que tem de conformar a acção política com a Constituição. A divergência da constitucionalidade das normas é entre o Governo e o Chefe do Estado. Isto é que é HIPOCRISIA! VIOLAM-SE OS PRINCÍPIOS DE QUALQUER CONSTITUIÇÃO. Há quem considere a Constituição um RISCO para o País. Ao contrário, é a Constituição AMEAÇADA pelos problemas financeiros resultantes do prejuízo causado por outros órgãos que permitiram o endividamento excessivo (ilícito?) do País, ao longo de décadas, fora do âmbito regulado nos acordos e tratados. A grave crise económica, social e política conduz o País a um ESTADO DE EMERGÊNCIA PERMANENTE, que põe em causa o normal funcionamento de um Estado de direito. A EXCEPCIONALIDADE DA NECESSIDADE FINANCEIRA, sem o Governo densificar o conceito, em tempo, utiliza o DUPLO CRITÉRIO de observância dos contratos: com os cidadãos (confisco fiscal e social); com grupos económicos e privados (intocáveis). Afinal quem tem “ESPERTEZA SALOIA”, quando o primeiro-ministro (PM), na oposição, disse conhecer bem a situação do País: "… a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."; “Se formos governo, posso garantir que não será necessário despedir nem cortar mais salários…”; “…. têm direito às suas reformas e às suas pensões …., sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu”; "Como é possível manter um governo em que um PM mente?". Haverá legitimidade política para governar? O Memorando Da Troika foi utilizado como o desejado PROGRAMA DE GOVERNO “ALÉM DA TROIKA”. E a “chantagem da dívida” com cegueira dogmática – criando a convicção que não há alternativa à deriva liberal acelerou a implementação do dobro das medidas (não previstas) de austeridade (punitiva?). O Governo em ESTADO DE NEGAÇÃO não assume os erros e necessita de um “inimigo” utilizando pretextos - o TC como “força de bloqueio” – para justificar o fracasso assumido por Vítor Gaspar em carta de demissão. Os erros do PASSADO são culpa da oposição; do Presente do povo que já não consome o que se previa, bem como a incompreensão dos mercados; e do FUTURO da Constituição ou do TC. A soberba autocrática é apenas um reflexo da estupidez arrogante das elites do Poder que nos atrasam há décadas. O País não se dirige com retórica arrogante ou mistificação e “actos de dissimulação”, promovendo a HOSTILIDADE INTERGERACIONAL e INTERCLASSES – com a identificação de privilegiados -, cujo principal objectivo parece ser “DIVIDIR PARA REINAR”. Descredibiliza as Instituições e a democracia. A crise não se resolve com estados de alma dirigindo “lamúrias” ao povo. Mas com combate firme à promiscuidade entre público e privado, que prejudica objectivamente o Estado e os cidadãos. O Parlamento NÃO EXERCE A FISCALIZAÇÃO CONVENIENTE das competências que descredibiliza o sistema político em risco de implosão. A LÓGICA DOS MERCADOS subverteu o SENTIDO NOBRE DA POLÍTICA de servir os cidadãos, sendo possível a sua regeneração, desde que restabelecida a conexão entre poder, politica e justiça com o exercício das competências próprias pela jurisdição conveniente. A crise foi agravada pelo Governo, cujos resultados desastrosos evidenciam e os portugueses sentem. O esforço brutal exigido aos cidadãos (23 mil M€) é DESIGUAL e INÚTIL! O PM tem força para cortar nos SALÁRIOS e PENSÕES, mas não consegue nas SUBVENÇÕES DOS POLÍTICOS e RENDAS DE ENERGIA detectada pela troika, cujo défice tarifário ascende a 3,7mi M€ e passará a 8 mil M€ em 2020. Em cada 100€ que se paga só 30% corresponde à energia. Quem comemora com garrafas de champanhe? Os encargos de 36 PPP representam cerca de 33 mil M€ até 2042 (oficialmente são 11 mil M€, porque as projecções de tráfego e juros estão subavaliadas). Não é legitimo associar, com SOFISMA, o PLANO DE “CORTES CEGOS” de 4,7 mil M€ (desvios do défice) à REFORMA DO ESTADO, que devia ter sido conduzida com objectivos estratégicos, compromissos e racionalidade. Todos devem assumir as responsabilidades. Marques Mendes disse (2011), que “HAVIA MUITO POR ONDE CORTAR” na despesa da Administração central e municipal (21 M€/dia) e empresas públicas com duplicação de funções, de despesas e desperdícios (existem 356 Institutos, 20 por cada ministério, e 18 governos civis que aquele elemento do PSD diz não servirem para NADA!). Estão por cobrar 15 mil M€ em contribuições e a evasão e fraude fiscal a aumentar (12 mil M€). A economia paralela já representa cerca de 23% do PIB (37 mil M€). O ESTADO SOCIAL não é dispensável pela cobertura da taxa de pobreza (18%) e é SUSTENTÁVEL. Os seus “inimigos” são o despesismo e o trágico desemprego reflectido no aumento das despesas. Mas o seu desmantelamento facilita a intervenção dos PRIVADOS NUM NEGÓCIO MILIONÁRIO. Urge SUAVIZAR A AUSTERIDADE para assegurar o equilíbrio entre a consolidação orçamental e a necessidade de acelerar o ciclo de crescimento económico gerador de emprego, que garanta a gestão da dívida. Todavia, MANTÊM-SE OS MOTIVOS que conduzem ao EMPOBRECIMENTO declarado pelo PM em “perfeito juízo”. Mas não se pode comprometer o crescimento - garantido na salvação da legislatura – que é contraditório da política recessiva, incompatível com a demissão “irrevogável”, e reprovada pelos mercados. O PIB em queda – já fez perder cerca de 10 mil M€ -, conjugado com a falta de crescimento, impede a REDUÇÃO DO RÁCIO DA DÍVIDA, cuja trajectória é INSUSTENTÁVEL. Se assim for, só a renegociação da dívida libertará recursos para o crescimento da economia, sem o qual o País não é viável. O DIAGNÓSTICO foi MAL AVALIADO PELA TROIKA e o PROGRAMA DE AJUSTAMENTO é considerado (pelos seus mentores) absurdo. Tem como finalidade objectivos conflituantes – redução drástica défice externo e público (para atingir um deles prejudica-se o outro) com deficiente análise da REALIDADE SOCIOECONOMICA dos País. Na resolução da crise o problema, é sobretudo, o DÉFICE DE “ALMA” da sociedade refém do medo, que não é exigente para a classe politica perante um Estado fraco. Portugal não pode ficar REFÉM DA UE com a “subversão” do projecto europeu, fundado nos tratados e princípios. O País tem de conseguir uma estratégia articulada na DEFESA OS SEUS INTERESSES FORA DA UE (i.e. negociar parcerias estratégicas para utilização da Base dos Açores desvalorizada pelo EUA, mas teria muito interesse para a China, etc...vejam o que aconteceu com a Grécia depois do interesse mostrado pela Rússia) revalorizar a sua posição geoestratégica no sistema internacional. A maioria da CLASSE POLÍTICA sabe que NÃO TEM A CONFIANÇA dos cidadãos (9%). A governação e intervenção dos órgãos de soberania não têm correspondido ao exigível em ponderação, racionalidade e sobriedade. A IGNORÂNCIA, INCOMPETÊNCIA e IRRESPONSABILIDADE é uma combinação explosiva de quem governa. Com IMPUNIDADE e DESIGUALDADE não haverá coesão social e a RESILIÊNCIA dará lugar ao DIREITO DE RESISTÊNCIA. Os efeitos colaterais da crise não deviam ser desvalorizados, pois vão provocar modificações da sociedade. Mas impõe-se uma reforma do sistema político e a “REQUALIFICAÇÃO” de alguns políticos – “despedimento por razões atendíveis” - por violarem os compromissos com o Estado e cidadãos. A pobreza e o desemprego são ameaças ao regime democrático. Os desafios que Portugal enfrenta, convocam a sociedade para reflexão com lucidez e ética da sabedoria, que permita as necessárias alterações da estrutura políticoinstitucional pela força da razão. São tempos de inquietação e incerteza para o futuro de Portugal. Temos de decidir o caminho a escolher, que é possível com patriotismo, coesão, enquadramento mobilizador e liderança responsável. José Manuel Neto Simões Capitão-de-Fragata SEF (Res)