16 EFEITO DO EXERCÍCIO CONTRA RESISTIVO EM HIPERTENSOS MARCELO PEREIRA DOS SANTOS DANIEL ALVES FERREIRA JÚNIOR Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA / Volta Redonda / RJ, Brasil [email protected] Resumo As doenças cardiovasculares estão presentes em nossa sociedade e são responsáveis por uma grande mortalidade. Seu aparecimento é devido a fatores genéticos e a fatores ambientais, sendo a hipertensão arterial um dos principais. O tratamento da hipertensão, além dos medicamentos, requer uma mudança no estilo de vida dos hipertensos como diminuição do estress, peso corporal e a prática regular de exercícios físicos. Estes têm se mostrado um importante fator na redução dos níveis da pressão arterial, sendo o exercício aeróbico o mais utilizado. O exercício contra resistivo tem mostrado exercer uma importante resposta hipotensora em curto prazo em hipertensos, mas respostas por períodos mais longos são necessárias. Assim o objetivo desse estudo é observar e analisar as possíveis modificações nos níveis de pressão arterial desta população, em longo prazo, causada pela continuidade do exercício contra resistivo. Para tanto trabalhamos com mulheres hipertensas sem experiência em exercício contra resistivo, submetidas a oito semanas de treinamento onde a pressão arterial foi avaliada periodicamente. Palavras-chave: Hipertensão, Pressão Arterial e Exercício Contra Resistivo. EFECT TO EXERCISE AGANIST HYPERTENSIVE INDIVIDUALS RESISTIVE Abstract Heart diseases are present in our society and are responsible for high death rates. They appear due to genetic and environmental factors, being hypertensive individuals one of the major factors. The treatment the hipertensive individuals, in addition to the drugs, requires a change in life style such as decrease of stress, body weight and regular practice of physical exercises. These have shown themselves very important factors in reducing the level of blood pressure, being the aerobic exercise the most used of all. The counter resistive exercise has shown to be a very efficient answer in the short term, but long term answers are still necessary. As the purpore of this study is to observe and analyze the possible alterations in this population’s blood pressure level, in the long term caused by the counter resistive exercise continuation. In order to work with women who suffer from blood pressure without experience in counter resisted, underwent to a light-hour training where the blood pressure was periodically assessed. Key-word: Hypertension, Blood Pressure e Resistive Exercise. EFECTO DEL EJERCICIO CONTRA RESISTIVO HIPERTENSOS Resumen Las enfermedades cardivasculares estan presentes en nuestra sociedad y son responsables por una gran mortalidad. Sus apariciones se deben a factores genéticos y a factores ambientales, con la hipertensión arterial como uno de los pricipales. Además de los medicamentos, el tratamiento de la hipertensión requiere una mudanza en el estilo de vida de los hipertensos, como disminuición del estrés, peso corporal y la prática regular de ejercicios físicos. Éstos se tienen mostrado un important factor en la redución de los niveles de la présion arterial, utilizándose más el ejercicio aerobico. El ejercicio contra resistivo muestra ejercer una importante respuesta hipotensora en poco tiempo en hipertensos, pero respuestas por períodos más largos son necesarias. Así, el objetivo de este estudo es observar y analisar las posibles modificaciones en los niveles de presión arterial de esta populación, en largo plazo, causada .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 17 pela contiuidad del ejercicio contra resistivo. Para tanto, trabajamos con mujeres hipertensas sin experiencia en ejercio contra resistivo, sometidas a octo semanas de entrenamiento donde la presión arterial fue avaliada. Palabras-chave: hipertensión, Presión Arterial e Ejercicio Contra Resistivo. Introdução Nos dias atuais muitos problemas relacionados à saúde vêm sendo desencadeados por complicações no sistema cardiovascular. As doenças cardiovasculares (DCVs) tem um importante papel nos casos de mortalidade em nossa sociedade. Segundo Negrão, Rondon e Matos (2002) há previsão de que, se nos países desenvolvidos o risco de morte aumentar 20% até 2020, naqueles em desenvolvimento deverá mais do que dobrar. No Brasil, segundo Polito et al. (2003), 32,6% das causas de mortalidade foram atribuídos a comprometimentos cardiocirculatórios. A literatura nos mostra que existem vários fatores que contribuem para o aparecimento destas complicações. O Hábito alimentar, o stress, a inatividade física e as doenças como obesidade, diabetes e dislipidemia1 são considerados fatores de risco ao comprometimento da saúde. Um dos principais fatores de risco para um evento cardíaco ou vascular é a elevação da pressão arterial, a Hipertensão Arterial (HA), conceituada como síndrome caracterizada pela presença de níveis tencionais elevados, associados a alterações metabólicas e hormonais e a fenômenos tróficos (III Consenso Brasileiro de Hipertensão, 1998). A hipertensão é uma condição mórbida presente em grande parte dos adultos, com alta associação com doenças cardiovasculares. Nos Estados Unidos, estima-se que 27% da população adulta seja hipertensa, apenas um quarto com níveis pressóricos controlados. No Brasil, a Hipertensão Arterial talvez seja a doença mais prevalente no adulto em diversas regiões, consistindo na 1º causa de aposentadoria por doença e 40% dos óbitos (Farinatti, Oliveira, Pinto, Monteiro e Francischertti, 2005, p.474). Se o aumento da pressão arterial não for tratado, a força exercida contra as paredes dos vasos aumenta podendo acarretar rompimento dos vasos sangüíneos, desencadeando um Acidente Vascular Encefálico (AVE), eventos coronarianos. Podendo ocasionar também uma Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo levando a uma Insuficiência Cardíaca e Insuficiência Renal pelo estreitamento dos vasos dos rins (Nieman, 1999 apud Vianna e Novaes, 2003). A adesão a um tratamento anti-hipertensivo e com modificações no estilo de vida da população hipertensa se constituem a melhor forma de tratamento e prevenção de complicações futuras. Mudanças nos hábitos alimentares, etilismo, tabagismo e a prática de atividades físicas se fazem essenciais ao tratamento da HA. A prática de exercícios físicos regulares tem elevado à qualidade de vida, melhorado a aptidão física e os níveis da pressão arterial dos hipertensos no cotidiano. A redução crônica da PA apresenta-se de forma consensual na literatura através do exercício aeróbico (Polito et al. 2003). Exercícios como as caminhadas são os mais adotados para este público em geral. Sobre o exercício contra resistivo há dados na literatura que apontam para um efeito hipotensivo. Mediano et al., (2005) mostram que há reduções nos níveis de pressão arterial, em curto prazo, com apenas uma sessão de exercício resistivo. Polito et al., (2003) também observam que o exercício contra resistivo exerceu um efeito hipotensivo sobre a pressão arterial, principalmente sobre a pressão arterial sistólica, e apontam que na literatura alguns dados mostram que a pressão arterial pode reduzir-se através da continuidade do treinamento ou não se alterar. Entretanto respostas em longo prazo dos níveis de pressão arterial não têm sido muito evidenciadas na literatura. Assim o objetivo desse estudo é observar e analisar as possíveis modificações nos níveis de pressão arterial, em longo prazo, causada pela continuidade do exercício contra resistivo. Para tanto foram selecionadas quatro mulheres hipertensas, usando medicação antihipertensiva e submetidas a oito semanas de treinamento contra resistivo,onde elas realizavam .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 18 três series de dez repetições dos exercícios supino inclinado, puxador costas, rosca bíceps na máquina, rosca tríceps no pulley, leg-press e mesa flexora (Vitally®), três vezes por semana em dias alternados. A pressão arterial foi avaliada em repouso, antes do exercício, no primeiro dia de treinamento da semana durante oito semanas. Etiologia das Doenças Cardiovasculares O aparecimento das Doenças Cardiovasculares (DCVs) tem origens muito adversas, sua etiologia está ligada a fatores hereditários e ambientais. A herança genética das doenças cardiovasculares representa um grande fator para o surgimento de eventos cardíacos em gerações futuras. Uma história de morte por DCV, paterna ou materna, está associada a um risco independente aumentado em 30% (Pollock e Schimidt, 2003). Juntamente com os fatores hereditários, os fatores ambientais contribuem com grande parte do aparecimento de DCVs. São identificados como fatores ambientais, multifatores ligados à etiologia da doença cardíaca. Fatores como o ganho de peso, ou obesidade, tabagismo, consumo de álcool, inatividade física e stress possuem um papel causal no surgimento de DCVs. Estes fatores de risco podem aumentar o risco de complicações se estiverem associados a doenças como diabetes, dislipidemias entre outras. O desenvolvimento da Aterosclerose, por exemplo, inclui desordens em fatores como lipídios sanguíneos, pressão arterial, intolerância a glicose. Com o surgimento da Aterosclerose estaria associado o aparecimento de Doença Arterial Coronariana (DAC) que por sua vez levaria ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). As complicações cardiovasculares estão intimamente ligadas umas as outras e associadas aos fatores de risco, formando um ciclo de eventos cardíacos ou um efeito cascata. Este ciclo inclui eventos como Acidente Vascular Encefálico (AVE), que estaria ligado a fatores como Fibrilação Atrial, PAS, Hipertrofia de Ventrículo Esquerdo (HVE), idade, estado diabético e tabagismo. Doenças como Insuficiência Cardíaca (IC), Doença Vascular Periférica (DVP), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) tem seu surgimento relacionado a fatores de risco e da associação deles as doenças cardíacas como a hipertensão. A hipertensão arterial contribui na maior parte dos casos de Doenças Cardiovasculares, tanto a pressão arterial sistólica quanto diastólica são importantes precursores do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Encefálico (AVE) (Pollock e Schimidt, 2003, p.4). Também é um dos principais fatores de risco para Doença Coronariana (DC), contribuindo com 25% nos casos de morte, Insuficiência Cardíaca (IC) e Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo (HVE). As arteríolas retinianas e renais são particularmente sensíveis à Degeneração Vascular Hipertensiva. Hipertensão Arterial Sistêmica A hipertensão arterial possui uma característica multifatorial no seu surgimento, em sua definição ela está associada, não somente a alterações nos níveis tencionais da pressão sanguínea, mas também a alterações em níveis maiores como metabólicas, atrofias cardíacas e outras doenças. Por isso torna-se importante saber a classificação dos valores da pressão arterial como forma de prevenção e medidas a serem tomadas. A hipertensão é classificada de acordo com os valores das pressões sistólica (PAS) e diastólica (PAD). Segundo o 7º Joint National Committe (2003), valores normais de pressão arterial seriam menores que 120 mmHg para sistólica e menores que 80 mmHg para diastólica, neste estágio são encorajados mudanças no estilo de vida; pessoas com pré-hipertensão estariam com valores de 120-139 mmHg para sistólica e 80-89 mmHg para diastólica não sendo necessário o uso de medicamentos anti-hipertensivos e sim uma mudança no estilo de vida; pessoas com hipertensão nível 1 estariam com valores de 140-159 mmHg para sistólica e 90-99 mmHg para diastólica, no caso estariam fazendo uso de diuréticos para a maioria ou outro tipo de medicação como beta-bloqueador, bloqueadores dos canais de cálcio entre .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 19 outros; e pessoas com valores maiores ou iguais a 160 mmHg para sistólica e 100 mmHg para diastólica estariam classificadas em hipertensão nível 2, fazendo uso de uma combinação de remédios como Diuréticos e Beta-bloqueadores e modificações no estilo de vida. As modificações no estilo de vida seriam, redução do peso corporal, redução da ingestão de sódio, maior ingestão de alimentos ricos em potássio, redução do consumo de bebidas alcoólicas, exercícios físicos regulares, suplementação de cálcio e magnésio, dietas vegetarianas ricas em fibras, medidas antiestresse, abandono do tabagismo, controle das dislipidemias, controle do Diabetes Melitus e evitar drogas que potencialmente elevem a pressão arterial. (III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998, p.22). Exercícios físicos como fator na modificação do estilo de vida vem demonstrando ser importante ferramenta acerca do aumento na qualidade de vida dos hipertensos. Programas de tratamento sejam eles intramuros ou extramuros, onde se incluem os exercícios físicos como prática constante da terapia anti-hipertensiva têm sido associadas a diminuições de acidente vascular cerebral, 35-40%, doenças arterial coronariana, 20-25%, e insuficiência cardíaca >50% (Mediano et al., 2005), e melhora na aptidão física entre outros. Segundo Amodeo e Lima (1996) o exercício físico recomendado na prevenção e tratamento da hipertensão arterial é o aeróbico como caminhada, corrida, natação e ciclismo que levam a uma redução de 11 mmHg para PAS e 6 mmHg para PAD de repouso. Já V Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2006) aponta reduções de 6,9 mmHg para PAS e 4,9 mmHg para PAD. Podemos observar que há uma redução dos níveis de PA, porém, esta variação de valores não é homogênea. Esta não homogeneidade, segundo Negrão, Rondon e Matos (2002), esta ligada a fatores como idade, etnia e intensidade do exercício. A diminuição da PA relacionada ao exercício físico está diretamente relacionada a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais (Monteiro e Filho, 2004). Com o exercício aeróbico há uma redução da atividade simpática e melhora no tônus vago no coração acarretando uma diminuição na freqüência cardíaca, conseqüentemente uma diminuição no débito cardíaco, diminuindo também a pressão arterial. Há queda na resistência vascular sistêmica devido à liberação de substâncias vasoativas, causando vasodilatação e diminuindo a resistência vascular sistêmica (Monteiro e Filho, 2004). Os exercícios resistivos até pouco tempo não eram aconselháveis e não faziam parte de programas para hipertensos por se acreditar que a contração muscular causaria grande estreitamento dos vasos sanguíneos e acarretaria um aumento da pressão arterial. De fato esse efeito é observado durante a execução do exercício, mas estudos têm demonstrado que existe um efeito hipotensivo pós-exercício. Mediano et al. (2005) estudou 20 indivíduos hipertensos, de ambos os gêneros onde foram submetidos a um programa de exercícios contra-resistivos em que um dia eles executavam os exercícios apenas uma vez (1 série). No outro dia eles executavam a mesma seqüência de exercícios três vezes (3 séries). A pressão arterial foi avaliada pré e pós-exercício e durante 60 minutos com verificações a cada 10 minutos. O resultado foi que em ambas as sessões os valores pós-exercício foram mais elevados que os valores pré-exercício. Na sessão com uma série só houve redução de PAS no 40º minuto enquanto PAD não caiu. No resultado com três séries, PAS caiu consideravelmente durante os 60 minutos subseqüentes e PAD no 30º e 50º minuto. Polito et al. (2003) estudaram a resposta da pressão arterial em 16 jovens normotensos de ambos os gêneros onde eles faziam três séries de seis repetições máximas (6RM) em um dia e no outro dia, três séries de doze repetições com 50% de 6RM. A pressão arterial foi avaliada durante 60 minutos em ciclos de 10 minutos. Em conclusão o exercício contraresistivo causou efeito hipotensivo sobre a PA, principalmente sobre a pressão sistólica. Em revisão a literatura, Farinatti e Polito (2003) citando um estudo de Kelley e Kelley (2000) constataram que o treinamento apenas de força é potencialmente benéfico para reduzir a PA, tanto em sujeitos normotensos quanto hipertensos. Citam também um estudo de Harris e Holly (1987) onde nove semanas de treinamento com pesos em circuito em homens .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 20 hipertensos não puderam induzir qualquer modificação na PAS de repouso, porem, houve uma diminuição nos valores médios da PAD em repouso. Desse modo, o objetivo do presente estudo é analisar as alterações na pressão arterial em hipertensos controlados, submetidos ao treinamento contra resistivo durante oitos semanas. Materiais e Métodos Para essa pesquisa foram selecionadas 4 mulheres hipertensas (54 ± 5,25 anos; 77,2 ± 13 kg; 155,5 ± 4,6cm; IMC 31,94 ± 4,49 Kg/m²), fazendo uso de medicamentos antihipertensivos e participantes do programa da Secretaria Municipal de Valença, chamado HIPERDIA, onde elas faziam o controle da patologia bem como os tratamentos e orientações. Todas eram praticantes de exercícios físicos regulares (caminhadas), porém sem experiência prévia em exercícios contra resistivos. Embora o grupo faça uso de medicamentos antihipertensivos, não houve uma homogeneidade quanto ao controle do fármaco. Os participantes foram orientados a não praticarem qualquer outro tipo de exercício físico regular durante o período da pesquisa e coleta de dados. Todos os participantes chegavam de ônibus ao local da pesquisa. Como critérios de exclusão foram considerados indivíduos que possuíam outra enfermidade que comprometesse as respostas cardiovasculares, como também problemas osteo-mio-articulares que comprometessem a execução de algum exercício. Para tratamento dos dados e tabulação foi usado o software Microsoft Excel 2003®. Protocolo Experimental Após seleção das participantes da pesquisa, foram marcados dois encontros. No primeiro elas passaram por uma anamnese e foram explicados os procedimentos e os fins da pesquisa. Na outra semana houve outro encontro, no local em que seria realizada a pesquisa, onde os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que prevê as normas para pesquisas em seres humanos e conheceram os exercícios a serem executados. Após três dias elas voltaram ao local da pesquisa e realizaram teste de 10 repetições máximas (10RM) nos exercícios supino inclinado, puxador costas, rosca bíceps na máquina, rosca tríceps no pulley, leg-press e mesa flexora (Vitally®). Foram permitidas até cinco tentativas para determinar a carga com intervalos de cinco minutos. Após determinado o valor de 1RM para cada exercício, o grupo trabalhou com o valor de 70% de 10RM para cada exercício onde deveriam ser executadas três séries de dez repetições, com intervalo de dois minutos entre as séries, três vezes na semana em dias alternados. O tempo de duração das sessões foram de 1h30min. A PA foi avaliada antes do começo do treinamento em repouso de 10 minutos, a partir da hora de chegada no local da pesquisa, em ambiente calmo onde os sujeitos permanecessem sentados. As aferições se deram entre o horário de 12h00min e 12h15min. Esta conduta se deu durante as demais avaliações da PA, sendo avaliada sempre no primeiro dia de treinamento nas demais semanas por um avaliador treinado através de método auscultatório, utilizando-se esfigmomanômetro aneróide (BD®) e estetoscópio (BD®). Durante as oito semanas as cargas utilizadas no treinamento eram ajustadas de acordo com o Índice de Percepção de Esforço (IPE). Na execução dos exercícios os sujeitos foram orientados a não realizarem a manobra de Valsalva. Resultados A tabela 1 apresenta os valores médios para as pressões sistólica e diastólica antes do treinamento e a cada semana. Foi verificada uma redução significativa nos valores da pressão arterial em todas as semanas exceto, na 7º semana onde os valores da pressão arterial .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 21 sistólica e diastólica mostraram-se elevados, a PAD estava acima do valor de pré-treinamento. No que diz respeito à variação da queda, não houve decréscimos lineares. A pressão arterial sistólica apresentou curvas de variações de valores mais inconstantes do que a pressão arterial diastólica que apresentou variações menores. Para melhor visualização, as figuras 1 e 2 ilustram o comportamento da pressão arterial sistólica e diastólica no pré-treinamento e a cada semana. Tabela 1 Valores médios (± desvio padrão) da pressão arterial sistólica e diastólica no pré-treinamento e a cada semana. Pressão Arterial Sistólica Pressão Arterial Diastólica Período (média±desvio padrão) (média±desvio padrão) Pré-treinamento 130 ± 8,16 85 ± 4,08 1º semana 125,5 ± 5,97 79 ± 3,82 2º semana 124,5 ± 2,51 79 ± 6,21 3º semana 125 ± 7,02 80,2 ± 2,06 4º semana 125,5 ± 1,91 77,5 ± 5,25 5º semana 120,7 ± 3,40 78,7 ± 2,98 6º semana 123,5 ± 5,50 80 ± 1,63 7º semana 129 ± 9,86 86,5 ± 8,22 8º semana 120 ± 2,82 80 ± 1,63 140 130 m m Hg 120 110 PAS 100 90 80 prétreinamento 1 2 3 4 5 6 7 8 Semanas de Treinamento Figura 1 Valores da PAS durante o treinamento .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 22 100 98 96 94 92 90 m m Hg 88 86 PAD 84 82 80 78 76 74 72 70 prétreinamento 1 2 3 4 5 6 7 8 Semanas de Treinamento Figura 2 valores da PAD durante o treinamento .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 23 Discussão No presente estudo verificou-se uma redução significativa tanto nos valores da pressão arterial sistólica quanto diastólica. Essas reduções estão relacionadas a algumas variáveis do treinamento, como volume, intensidade e freqüência que causam importantes adaptações cardiovasculares. Polito et al. (2005) em seu estudo constatou um maior efeito hipotensivo pós-esforço para um maior volume de treinamento que, estaria relacionado a alterações sistêmicas não identificadas em treinamentos com volumes reduzidos. Somente foram observadas reduções em PAS não sendo observadas reduções em PAD. Além disso, a sucessão continuada do efeito hipotensivo pós-esforço, segundo Polito, repercute cronicamente sobre a PA de repouso, tornando-a mais reduzida que os valores prétreinamento. Foi observado no estudo que, com a continuidade do treinamento, o volume aumentado manteve-se durante várias semanas, potencializando o efeito hipotensivo pósexercício estando relacionado a uma maior adaptação sistêmica, onde a PA alcançou valores, durante as semanas, mais reduzidos em comparação ao valor de pré-treinamento. Com relação à intensidade do treinamento, Forjaz et al. (2003) aponta que o exercício de baixa intensidade, que promovem melhora da resistência muscular localizada (RML), em longo prazo, podem promover uma pequena queda da pressão arterial de hipertensos e exercícios que visam força/hipertrofia, utilizando cargas elevadas aumentam o risco de lesões por aneurismas e não apresentam efeito hipotensor em longo prazo. Isto é observado quando se trabalha utilizando valores de cargas absolutas ou repetições máximas (Polito et al. 2005). As respostas da PA mostram que a intensidade do treinamento pode promover um efeito hipotensivo prolongado, pois não se trabalhou com valor absoluto de dez repetições máximas (10RM) e sim com 70% deste valor. Esta carga de trabalho mostrou exigir um trabalho muscular vigoroso, porém, não extremo, onde os sujeitos não relataram desconfortos como tonteira, dores no peito, mal estar entre outros. Outro fator interveniente neste estudo é em relação a freqüência do treinamento. O fato de os sujeitos realizarem o exercício contra resistivo mais vezes na semana manteve a resposta hipotensora pós-exercício contribuindo para uma diminuição da PA ao longo das semanas. O fato de haver um dia de intervalo entre as sessões de treinamento não interferiu na resposta da PA, pois não houve relatos dos sujeitos de aumentos na PA neste período. No estudo foi observado uma redução significativa da PAD. Esta redução não foi observada em outros estudos a curto prazo. Somente no estudo de Harris e Holly (1987 apud Farinatti e Polito, 2003) quando eles trabalharam com 9 semanas de treinamento com pesos em circuito, mostrando que a PAD tende a ter uma redução maior com a continuidade do treinamento. Uma observação a se fazer é em relação ao aumento da PAS e PAD, na 7º semana de treinamento. Existem variáveis que influenciam os níveis pressóricos que são difíceis de se controlar como estress, ansiedade, nervosismo, irritação. Isto foi observado nesta semana visto que três dos sujeitos mostraram-se nervosos e irritados, apresentando valores de PAS entre 128-142 mmHg e de 86-96 mmHg para PAD, enquanto apenas um apresentou valores correspondentes as outras semanas de treinamento. Conclusões Iniciais O estudo apresentou algumas limitações quanto ao grupo estudado. Uma delas aconteceu em virtude da não homogeneização dos fármacos. Como no estudo de Polito et al. (2005) a diversidade de fármacos não permite afirmar que o exercício contra resistivo tenha exercido o mesmo efeito em todos os sujeitos. Outra limitação é quanto ao número de participantes que limitou a pesquisa a apenas um grupo de estudo não podendo comparar os resultados a outros grupos investigados. Estas limitações serão solucionadas em razão de uma pesquisa de maior abrangência que está sendo projetada. Como conclusão podemos afirmar que: .Revista Meta Science - ISSN 1807-121X. - Livro de Memórias Eletrônico da IV Jornada Brasileira Científica da FIEP / Cabo Frio 24 1. O exercício contra resistivo causou um efeito hipotensivo nos hipertensos medicados, tanto em PAS quanto PAD; 2. O trabalho com um maior volume e uma carga submáxima favoreceu um trabalho mais seguro e um maior efeito hipotensivo no decorrer das semanas; 3. Os intervalos entre os dias de treinamento mostraram não influenciar em nenhum aumento da pressão, e sim mantiveram a PA estabilizada; 4. A PA mostrou-se sensível a alterações relacionadas ao estado emocional dos sujeitos, mesmo todos tendo tomado os fármacos. Referências Bibliográficas III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. Campos do Jordão, 12 a 15 de fevereiro, 1998. V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. São Paulo, 2006. VII JOINT NATIONAL COMMITTE ON DETECTION, EVALUTION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE (JNC). 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