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EFEITO DO EXERCÍCIO CONTRA RESISTIVO EM HIPERTENSOS
MARCELO PEREIRA DOS SANTOS
DANIEL ALVES FERREIRA JÚNIOR
Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA / Volta Redonda / RJ, Brasil
[email protected]
Resumo
As doenças cardiovasculares estão presentes em nossa sociedade e são responsáveis
por uma grande mortalidade. Seu aparecimento é devido a fatores genéticos e a fatores
ambientais, sendo a hipertensão arterial um dos principais. O tratamento da hipertensão, além
dos medicamentos, requer uma mudança no estilo de vida dos hipertensos como diminuição do
estress, peso corporal e a prática regular de exercícios físicos. Estes têm se mostrado um
importante fator na redução dos níveis da pressão arterial, sendo o exercício aeróbico o mais
utilizado. O exercício contra resistivo tem mostrado exercer uma importante resposta
hipotensora em curto prazo em hipertensos, mas respostas por períodos mais longos são
necessárias. Assim o objetivo desse estudo é observar e analisar as possíveis modificações
nos níveis de pressão arterial desta população, em longo prazo, causada pela continuidade do
exercício contra resistivo. Para tanto trabalhamos com mulheres hipertensas sem experiência
em exercício contra resistivo, submetidas a oito semanas de treinamento onde a pressão
arterial foi avaliada periodicamente.
Palavras-chave: Hipertensão, Pressão Arterial e Exercício Contra Resistivo.
EFECT TO EXERCISE AGANIST HYPERTENSIVE INDIVIDUALS RESISTIVE
Abstract
Heart diseases are present in our society and are responsible for high death rates. They
appear due to genetic and environmental factors, being hypertensive individuals one of the
major factors. The treatment the hipertensive individuals, in addition to the drugs, requires a
change in life style such as decrease of stress, body weight and regular practice of physical
exercises. These have shown themselves very important factors in reducing the level of blood
pressure, being the aerobic exercise the most used of all. The counter resistive exercise has
shown to be a very efficient answer in the short term, but long term answers are still necessary.
As the purpore of this study is to observe and analyze the possible alterations in this
population’s blood pressure level, in the long term caused by the counter resistive exercise
continuation. In order to work with women who suffer from blood pressure without experience in
counter resisted, underwent to a light-hour training where the blood pressure was periodically
assessed.
Key-word: Hypertension, Blood Pressure e Resistive Exercise.
EFECTO DEL EJERCICIO CONTRA RESISTIVO HIPERTENSOS
Resumen
Las enfermedades cardivasculares estan presentes en nuestra sociedad y son
responsables por una gran mortalidad. Sus apariciones se deben a factores genéticos y a
factores ambientales, con la hipertensión arterial como uno de los pricipales. Además de los
medicamentos, el tratamiento de la hipertensión requiere una mudanza en el estilo de vida de
los hipertensos, como disminuición del estrés, peso corporal y la prática regular de ejercicios
físicos. Éstos se tienen mostrado un important factor en la redución de los niveles de la présion
arterial, utilizándose más el ejercicio aerobico. El ejercicio contra resistivo muestra ejercer una
importante respuesta hipotensora en poco tiempo en hipertensos, pero respuestas por períodos
más largos son necesarias. Así, el objetivo de este estudo es observar y analisar las posibles
modificaciones en los niveles de presión arterial de esta populación, en largo plazo, causada
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pela contiuidad del ejercicio contra resistivo. Para tanto, trabajamos con mujeres hipertensas
sin experiencia en ejercio contra resistivo, sometidas a octo semanas de entrenamiento donde
la presión arterial fue avaliada.
Palabras-chave: hipertensión, Presión Arterial e Ejercicio Contra Resistivo.
Introdução
Nos dias atuais muitos problemas relacionados à saúde vêm sendo desencadeados por
complicações no sistema cardiovascular. As doenças cardiovasculares (DCVs) tem um
importante papel nos casos de mortalidade em nossa sociedade.
Segundo Negrão, Rondon e Matos (2002) há previsão de que, se nos países
desenvolvidos o risco de morte aumentar 20% até 2020, naqueles em desenvolvimento deverá
mais do que dobrar. No Brasil, segundo Polito et al. (2003), 32,6% das causas de mortalidade
foram atribuídos a comprometimentos cardiocirculatórios. A literatura nos mostra que existem
vários fatores que contribuem para o aparecimento destas complicações. O Hábito alimentar, o
stress, a inatividade física e as doenças como obesidade, diabetes e dislipidemia1 são
considerados fatores de risco ao comprometimento da saúde. Um dos principais fatores de
risco para um evento cardíaco ou vascular é a elevação da pressão arterial, a Hipertensão
Arterial (HA), conceituada como síndrome caracterizada pela presença de níveis tencionais
elevados, associados a alterações metabólicas e hormonais e a fenômenos tróficos (III
Consenso Brasileiro de Hipertensão, 1998).
A hipertensão é uma condição mórbida presente em grande parte dos adultos, com alta
associação com doenças cardiovasculares. Nos Estados Unidos, estima-se que 27% da
população adulta seja hipertensa, apenas um quarto com níveis pressóricos controlados. No
Brasil, a Hipertensão Arterial talvez seja a doença mais prevalente no adulto em diversas
regiões, consistindo na 1º causa de aposentadoria por doença e 40% dos óbitos (Farinatti,
Oliveira, Pinto, Monteiro e Francischertti, 2005, p.474).
Se o aumento da pressão arterial não for tratado, a força exercida contra as paredes dos
vasos aumenta podendo acarretar rompimento dos vasos sangüíneos, desencadeando um
Acidente Vascular Encefálico (AVE), eventos coronarianos. Podendo ocasionar também uma
Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo levando a uma Insuficiência Cardíaca e Insuficiência Renal
pelo estreitamento dos vasos dos rins (Nieman, 1999 apud Vianna e Novaes, 2003).
A adesão a um tratamento anti-hipertensivo e com modificações no estilo de vida da
população hipertensa se constituem a melhor forma de tratamento e prevenção de
complicações futuras. Mudanças nos hábitos alimentares, etilismo, tabagismo e a prática de
atividades físicas se fazem essenciais ao tratamento da HA. A prática de exercícios físicos
regulares tem elevado à qualidade de vida, melhorado a aptidão física e os níveis da pressão
arterial dos hipertensos no cotidiano. A redução crônica da PA apresenta-se de forma
consensual na literatura através do exercício aeróbico (Polito et al. 2003). Exercícios como as
caminhadas são os mais adotados para este público em geral.
Sobre o exercício contra resistivo há dados na literatura que apontam para um efeito
hipotensivo. Mediano et al., (2005) mostram que há reduções nos níveis de pressão arterial, em
curto prazo, com apenas uma sessão de exercício resistivo. Polito et al., (2003) também
observam que o exercício contra resistivo exerceu um efeito hipotensivo sobre a pressão
arterial, principalmente sobre a pressão arterial sistólica, e apontam que na literatura alguns
dados mostram que a pressão arterial pode reduzir-se através da continuidade do treinamento
ou não se alterar. Entretanto respostas em longo prazo dos níveis de pressão arterial não têm
sido muito evidenciadas na literatura.
Assim o objetivo desse estudo é observar e analisar as possíveis modificações nos
níveis de pressão arterial, em longo prazo, causada pela continuidade do exercício contra
resistivo. Para tanto foram selecionadas quatro mulheres hipertensas, usando medicação antihipertensiva e submetidas a oito semanas de treinamento contra resistivo,onde elas realizavam
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três series de dez repetições dos exercícios supino inclinado, puxador costas, rosca bíceps na
máquina, rosca tríceps no pulley, leg-press e mesa flexora (Vitally®), três vezes por semana em
dias alternados. A pressão arterial foi avaliada em repouso, antes do exercício, no primeiro dia
de treinamento da semana durante oito semanas.
Etiologia das Doenças Cardiovasculares
O aparecimento das Doenças Cardiovasculares (DCVs) tem origens muito adversas, sua
etiologia está ligada a fatores hereditários e ambientais. A herança genética das doenças
cardiovasculares representa um grande fator para o surgimento de eventos cardíacos em
gerações futuras. Uma história de morte por DCV, paterna ou materna, está associada a um
risco independente aumentado em 30% (Pollock e Schimidt, 2003). Juntamente com os fatores
hereditários, os fatores ambientais contribuem com grande parte do aparecimento de DCVs.
São identificados como fatores ambientais, multifatores ligados à etiologia da doença
cardíaca. Fatores como o ganho de peso, ou obesidade, tabagismo, consumo de álcool,
inatividade física e stress possuem um papel causal no surgimento de DCVs. Estes fatores de
risco podem aumentar o risco de complicações se estiverem associados a doenças como
diabetes, dislipidemias entre outras.
O desenvolvimento da Aterosclerose, por exemplo, inclui desordens em fatores como
lipídios sanguíneos, pressão arterial, intolerância a glicose. Com o surgimento da Aterosclerose
estaria associado o aparecimento de Doença Arterial Coronariana (DAC) que por sua vez
levaria ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). As complicações cardiovasculares estão
intimamente ligadas umas as outras e associadas aos fatores de risco, formando um ciclo de
eventos cardíacos ou um efeito cascata. Este ciclo inclui eventos como Acidente Vascular
Encefálico (AVE), que estaria ligado a fatores como Fibrilação Atrial, PAS, Hipertrofia de
Ventrículo Esquerdo (HVE), idade, estado diabético e tabagismo. Doenças como Insuficiência
Cardíaca (IC), Doença Vascular Periférica (DVP), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) tem seu
surgimento relacionado a fatores de risco e da associação deles as doenças cardíacas como a
hipertensão.
A hipertensão arterial contribui na maior parte dos casos de Doenças Cardiovasculares,
tanto a pressão arterial sistólica quanto diastólica são importantes precursores do Infarto Agudo
do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Encefálico (AVE) (Pollock e Schimidt, 2003, p.4).
Também é um dos principais fatores de risco para Doença Coronariana (DC), contribuindo com
25% nos casos de morte, Insuficiência Cardíaca (IC) e Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo
(HVE). As arteríolas retinianas e renais são particularmente sensíveis à Degeneração Vascular
Hipertensiva.
Hipertensão Arterial Sistêmica
A hipertensão arterial possui uma característica multifatorial no seu surgimento, em sua
definição ela está associada, não somente a alterações nos níveis tencionais da pressão
sanguínea, mas também a alterações em níveis maiores como metabólicas, atrofias cardíacas
e outras doenças. Por isso torna-se importante saber a classificação dos valores da pressão
arterial como forma de prevenção e medidas a serem tomadas.
A hipertensão é classificada de acordo com os valores das pressões sistólica (PAS) e
diastólica (PAD). Segundo o 7º Joint National Committe (2003), valores normais de pressão
arterial seriam menores que 120 mmHg para sistólica e menores que 80 mmHg para diastólica,
neste estágio são encorajados mudanças no estilo de vida; pessoas com pré-hipertensão
estariam com valores de 120-139 mmHg para sistólica e 80-89 mmHg para diastólica não
sendo necessário o uso de medicamentos anti-hipertensivos e sim uma mudança no estilo de
vida; pessoas com hipertensão nível 1 estariam com valores de 140-159 mmHg para sistólica
e 90-99 mmHg para diastólica, no caso estariam fazendo uso de diuréticos para a maioria ou
outro tipo de medicação como beta-bloqueador, bloqueadores dos canais de cálcio entre
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outros; e pessoas com valores maiores ou iguais a 160 mmHg para sistólica e 100 mmHg para
diastólica estariam classificadas em hipertensão nível 2, fazendo uso de uma combinação de
remédios como Diuréticos e Beta-bloqueadores e modificações no estilo de vida.
As modificações no estilo de vida seriam, redução do peso corporal, redução da
ingestão de sódio, maior ingestão de alimentos ricos em potássio, redução do consumo de
bebidas alcoólicas, exercícios físicos regulares, suplementação de cálcio e magnésio, dietas
vegetarianas ricas em fibras, medidas antiestresse, abandono do tabagismo, controle das
dislipidemias, controle do Diabetes Melitus e evitar drogas que potencialmente elevem a
pressão arterial. (III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998, p.22).
Exercícios físicos como fator na modificação do estilo de vida vem demonstrando ser
importante ferramenta acerca do aumento na qualidade de vida dos hipertensos. Programas de
tratamento sejam eles intramuros ou extramuros, onde se incluem os exercícios físicos como
prática constante da terapia anti-hipertensiva têm sido associadas a diminuições de acidente
vascular cerebral, 35-40%, doenças arterial coronariana, 20-25%, e insuficiência cardíaca
>50% (Mediano et al., 2005), e melhora na aptidão física entre outros.
Segundo Amodeo e Lima (1996) o exercício físico recomendado na prevenção e
tratamento da hipertensão arterial é o aeróbico como caminhada, corrida, natação e ciclismo
que levam a uma redução de 11 mmHg para PAS e 6 mmHg para PAD de repouso. Já V
Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2006) aponta reduções de 6,9 mmHg para PAS e 4,9
mmHg para PAD. Podemos observar que há uma redução dos níveis de PA, porém, esta
variação de valores não é homogênea. Esta não homogeneidade, segundo Negrão, Rondon e
Matos (2002), esta ligada a fatores como idade, etnia e intensidade do exercício. A diminuição
da PA relacionada ao exercício físico está diretamente relacionada a fatores hemodinâmicos,
humorais e neurais (Monteiro e Filho, 2004). Com o exercício aeróbico há uma redução da
atividade simpática e melhora no tônus vago no coração acarretando uma diminuição na
freqüência cardíaca, conseqüentemente uma diminuição no débito cardíaco, diminuindo
também a pressão arterial. Há queda na resistência vascular sistêmica devido à liberação de
substâncias vasoativas, causando vasodilatação e diminuindo a resistência vascular sistêmica
(Monteiro e Filho, 2004).
Os exercícios resistivos até pouco tempo não eram aconselháveis e não faziam parte de
programas para hipertensos por se acreditar que a contração muscular causaria grande
estreitamento dos vasos sanguíneos e acarretaria um aumento da pressão arterial. De fato
esse efeito é observado durante a execução do exercício, mas estudos têm demonstrado que
existe um efeito hipotensivo pós-exercício. Mediano et al. (2005) estudou 20 indivíduos
hipertensos, de ambos os gêneros onde foram submetidos a um programa de exercícios
contra-resistivos em que um dia eles executavam os exercícios apenas uma vez (1 série). No
outro dia eles executavam a mesma seqüência de exercícios três vezes (3 séries). A pressão
arterial foi avaliada pré e pós-exercício e durante 60 minutos com verificações a cada 10
minutos. O resultado foi que em ambas as sessões os valores pós-exercício foram mais
elevados que os valores pré-exercício. Na sessão com uma série só houve redução de PAS no
40º minuto enquanto PAD não caiu. No resultado com três séries, PAS caiu consideravelmente
durante os 60 minutos subseqüentes e PAD no 30º e 50º minuto.
Polito et al. (2003) estudaram a resposta da pressão arterial em 16 jovens normotensos
de ambos os gêneros onde eles faziam três séries de seis repetições máximas (6RM) em um
dia e no outro dia, três séries de doze repetições com 50% de 6RM. A pressão arterial foi
avaliada durante 60 minutos em ciclos de 10 minutos. Em conclusão o exercício contraresistivo causou efeito hipotensivo sobre a PA, principalmente sobre a pressão sistólica.
Em revisão a literatura, Farinatti e Polito (2003) citando um estudo de Kelley e Kelley
(2000) constataram que o treinamento apenas de força é potencialmente benéfico para reduzir
a PA, tanto em sujeitos normotensos quanto hipertensos. Citam também um estudo de Harris e
Holly (1987) onde nove semanas de treinamento com pesos em circuito em homens
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hipertensos não puderam induzir qualquer modificação na PAS de repouso, porem, houve uma
diminuição nos valores médios da PAD em repouso.
Desse modo, o objetivo do presente estudo é analisar as alterações na pressão arterial
em hipertensos controlados, submetidos ao treinamento contra resistivo durante oitos
semanas.
Materiais e Métodos
Para essa pesquisa foram selecionadas 4 mulheres hipertensas (54 ± 5,25 anos; 77,2 ±
13 kg; 155,5 ± 4,6cm; IMC 31,94 ± 4,49 Kg/m²), fazendo uso de medicamentos antihipertensivos e participantes do programa da Secretaria Municipal de Valença, chamado
HIPERDIA, onde elas faziam o controle da patologia bem como os tratamentos e orientações.
Todas eram praticantes de exercícios físicos regulares (caminhadas), porém sem experiência
prévia em exercícios contra resistivos. Embora o grupo faça uso de medicamentos antihipertensivos, não houve uma homogeneidade quanto ao controle do fármaco.
Os participantes foram orientados a não praticarem qualquer outro tipo de exercício
físico regular durante o período da pesquisa e coleta de dados. Todos os participantes
chegavam de ônibus ao local da pesquisa. Como critérios de exclusão foram considerados
indivíduos que possuíam outra enfermidade que comprometesse as respostas
cardiovasculares, como também problemas osteo-mio-articulares que comprometessem a
execução de algum exercício. Para tratamento dos dados e tabulação foi usado o software
Microsoft Excel 2003®.
Protocolo Experimental
Após seleção das participantes da pesquisa, foram marcados dois encontros. No
primeiro elas passaram por uma anamnese e foram explicados os procedimentos e os fins da
pesquisa. Na outra semana houve outro encontro, no local em que seria realizada a pesquisa,
onde os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que prevê as normas para pesquisas em
seres humanos e conheceram os exercícios a serem executados. Após três dias elas voltaram
ao local da pesquisa e realizaram teste de 10 repetições máximas (10RM) nos exercícios
supino inclinado, puxador costas, rosca bíceps na máquina, rosca tríceps no pulley, leg-press e
mesa flexora (Vitally®). Foram permitidas até cinco tentativas para determinar a carga com
intervalos de cinco minutos.
Após determinado o valor de 1RM para cada exercício, o grupo trabalhou com o valor de
70% de 10RM para cada exercício onde deveriam ser executadas três séries de dez
repetições, com intervalo de dois minutos entre as séries, três vezes na semana em dias
alternados. O tempo de duração das sessões foram de 1h30min. A PA foi avaliada antes do
começo do treinamento em repouso de 10 minutos, a partir da hora de chegada no local da
pesquisa, em ambiente calmo onde os sujeitos permanecessem sentados. As aferições se
deram entre o horário de 12h00min e 12h15min. Esta conduta se deu durante as demais
avaliações da PA, sendo avaliada sempre no primeiro dia de treinamento nas demais semanas
por um avaliador treinado através de método auscultatório, utilizando-se esfigmomanômetro
aneróide (BD®) e estetoscópio (BD®).
Durante as oito semanas as cargas utilizadas no treinamento eram ajustadas de acordo
com o Índice de Percepção de Esforço (IPE). Na execução dos exercícios os sujeitos foram
orientados a não realizarem a manobra de Valsalva.
Resultados
A tabela 1 apresenta os valores médios para as pressões sistólica e diastólica antes do
treinamento e a cada semana. Foi verificada uma redução significativa nos valores da pressão
arterial em todas as semanas exceto, na 7º semana onde os valores da pressão arterial
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sistólica e diastólica mostraram-se elevados, a PAD estava acima do valor de pré-treinamento.
No que diz respeito à variação da queda, não houve decréscimos lineares. A pressão arterial
sistólica apresentou curvas de variações de valores mais inconstantes do que a pressão arterial
diastólica que apresentou variações menores. Para melhor visualização, as figuras 1 e 2
ilustram o comportamento da pressão arterial sistólica e diastólica no pré-treinamento e a cada
semana.
Tabela 1 Valores médios (± desvio padrão) da pressão arterial sistólica e diastólica
no pré-treinamento e a cada semana.
Pressão Arterial Sistólica
Pressão Arterial Diastólica
Período
(média±desvio padrão)
(média±desvio padrão)
Pré-treinamento
130 ± 8,16
85 ± 4,08
1º semana
125,5 ± 5,97
79 ± 3,82
2º semana
124,5 ± 2,51
79 ± 6,21
3º semana
125 ± 7,02
80,2 ± 2,06
4º semana
125,5 ± 1,91
77,5 ± 5,25
5º semana
120,7 ± 3,40
78,7 ± 2,98
6º semana
123,5 ± 5,50
80 ± 1,63
7º semana
129 ± 9,86
86,5 ± 8,22
8º semana
120 ± 2,82
80 ± 1,63
140
130
m
m
Hg
120
110
PAS
100
90
80
prétreinamento
1
2
3
4
5
6
7
8
Semanas de Treinamento
Figura 1 Valores da PAS durante o treinamento
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100
98
96
94
92
90
m
m
Hg
88
86
PAD
84
82
80
78
76
74
72
70
prétreinamento
1
2
3
4
5
6
7
8
Semanas de Treinamento
Figura 2 valores da PAD durante o treinamento
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Discussão
No presente estudo verificou-se uma redução significativa tanto nos valores da pressão
arterial sistólica quanto diastólica. Essas reduções estão relacionadas a algumas variáveis do
treinamento, como volume, intensidade e freqüência que causam importantes adaptações
cardiovasculares. Polito et al. (2005) em seu estudo constatou um maior efeito hipotensivo
pós-esforço para um maior volume de treinamento que, estaria relacionado a alterações
sistêmicas não identificadas em treinamentos com volumes reduzidos. Somente foram
observadas reduções em PAS não sendo observadas reduções em PAD. Além disso, a
sucessão continuada do efeito hipotensivo pós-esforço, segundo Polito, repercute
cronicamente sobre a PA de repouso, tornando-a mais reduzida que os valores prétreinamento. Foi observado no estudo que, com a continuidade do treinamento, o volume
aumentado manteve-se durante várias semanas, potencializando o efeito hipotensivo pósexercício estando relacionado a uma maior adaptação sistêmica, onde a PA alcançou valores,
durante as semanas, mais reduzidos em comparação ao valor de pré-treinamento.
Com relação à intensidade do treinamento, Forjaz et al. (2003) aponta que o exercício
de baixa intensidade, que promovem melhora da resistência muscular localizada (RML), em
longo prazo, podem promover uma pequena queda da pressão arterial de hipertensos e
exercícios que visam força/hipertrofia, utilizando cargas elevadas aumentam o risco de lesões
por aneurismas e não apresentam efeito hipotensor em longo prazo. Isto é observado quando
se trabalha utilizando valores de cargas absolutas ou repetições máximas (Polito et al. 2005).
As respostas da PA mostram que a intensidade do treinamento pode promover um efeito
hipotensivo prolongado, pois não se trabalhou com valor absoluto de dez repetições máximas
(10RM) e sim com 70% deste valor. Esta carga de trabalho mostrou exigir um trabalho
muscular vigoroso, porém, não extremo, onde os sujeitos não relataram desconfortos como
tonteira, dores no peito, mal estar entre outros.
Outro fator interveniente neste estudo é em relação a freqüência do treinamento. O fato
de os sujeitos realizarem o exercício contra resistivo mais vezes na semana manteve a
resposta hipotensora pós-exercício contribuindo para uma diminuição da PA ao longo das
semanas. O fato de haver um dia de intervalo entre as sessões de treinamento não interferiu na
resposta da PA, pois não houve relatos dos sujeitos de aumentos na PA neste período.
No estudo foi observado uma redução significativa da PAD. Esta redução não foi
observada em outros estudos a curto prazo. Somente no estudo de Harris e Holly (1987 apud
Farinatti e Polito, 2003) quando eles trabalharam com 9 semanas de treinamento com pesos
em circuito, mostrando que a PAD tende a ter uma redução maior com a continuidade do
treinamento.
Uma observação a se fazer é em relação ao aumento da PAS e PAD, na 7º semana de
treinamento. Existem variáveis que influenciam os níveis pressóricos que são difíceis de se
controlar como estress, ansiedade, nervosismo, irritação. Isto foi observado nesta semana visto
que três dos sujeitos mostraram-se nervosos e irritados, apresentando valores de PAS entre
128-142 mmHg e de 86-96 mmHg para PAD, enquanto apenas um apresentou valores
correspondentes as outras semanas de treinamento.
Conclusões Iniciais
O estudo apresentou algumas limitações quanto ao grupo estudado. Uma delas
aconteceu em virtude da não homogeneização dos fármacos. Como no estudo de Polito et al.
(2005) a diversidade de fármacos não permite afirmar que o exercício contra resistivo tenha
exercido o mesmo efeito em todos os sujeitos. Outra limitação é quanto ao número de
participantes que limitou a pesquisa a apenas um grupo de estudo não podendo comparar os
resultados a outros grupos investigados. Estas limitações serão solucionadas em razão de uma
pesquisa de maior abrangência que está sendo projetada.
Como conclusão podemos afirmar que:
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1. O exercício contra resistivo causou um efeito hipotensivo nos hipertensos medicados,
tanto em PAS quanto PAD;
2. O trabalho com um maior volume e uma carga submáxima favoreceu um trabalho mais
seguro e um maior efeito hipotensivo no decorrer das semanas;
3. Os intervalos entre os dias de treinamento mostraram não influenciar em nenhum
aumento da pressão, e sim mantiveram a PA estabilizada;
4. A PA mostrou-se sensível a alterações relacionadas ao estado emocional dos sujeitos,
mesmo todos tendo tomado os fármacos.
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