Método Funcional: uma contribuição original à auto-avaliação e descrição da
personalidade.
Já escrevemos em vários artigos acessíveis neste site sobre o Método Funcional que
representa, ao nosso sentido, uma alternativa interessante – para não dizer a solução - em
comparação à abordagem linear clássica.
De fato a democratização da informática nos últimos vinte anos permitiu o surgimento de
métodos de construção de provas psicométricas alternativas bem mais sofisticadas e precisas: para
os testes objetivos a TRI (Teoria de Resposta ao Item) e para as provas subjetivas o Método
Funcional. Como precisa um de seus principais inventores e desenvolvedores, R. Capel (2008, p.93),
“A principal característica dos testes funcionais, e que os distingue de todos os outros testes
construídos até agora, é que os itens são caracterizados por diversas dimensões. Pedir a um sujeito
que anote os itens de acordo com a atração que eles exercem sobre ele mesmo, corresponde a
medir a sua atração “fundamental” para as dimensões subjacentes que são precisamente estas
características.”
Vamos explicitar nas próximas linhas esta sutiliza. Operando desta forma é fácil perceber que
ao lugar de apresentar uma pergunta direta, evidente, ao respondente - e maximizar assim o risco
que a sua resposta não seja autêntica ou, pelo menos, pobre em informação - a abordagem do
Método Funcional utiliza os itens como atratividades potenciais que veiculam em si “uma paisagem”
modelada pelas características fundamentais que os compõem. A maneira como o maior número de
respondentes se posiciona em relação à cada item módula e ajusta permanentemente as
ponderações que determinam especificamente as características fundamentais.
Descrever um sujeito situando-o em relação ao contexto no qual evolui, se revela portanto
possível medindo a distância entre o seu próprio modo de responder e a estratégia que pode-se
esperar dele - e que é em função das características fundamentais dos itens como imagem da
posição da população de referência; de fato, a composição dos itens em dimensões fundamentais
constitui um vetor tipo que pode ser utilizado como preditor das respostas do sujeito. As correlações
entre o vetor de respostas do sujeito e este vetor preditor correspondem aos escores brutos que o
sujeito obtém às dimensões fundamentais medidas pelo teste. (Capel, 2008)
A finalidade desta abordagem consiste a restituir um caráter dinâmico à avaliação da
personalidade, conservando ao mesmo tempo uma perspectiva psicométrica, ou seja, recorrendo à
medida das dimensões da personalidade.
Lista de Adjetivos Bipolares em Escala de Likert (L.A.B.E.L.® , Gendre, Capel e Oswald, 2009)
O L.A.B.E.L.® é construído como um modelo funcional. 174 itens são apresentados ao sujeito
que se posiciona em uma escala de Likert de cinco pontos - não me corresponde de forma alguma
(1), me corresponde pouco (2), neutro (3), me corresponde bastante (4) e corresponde-me
completamente (5). 87 itens suplementares (na parte bipolar) são calculados por dedução - cada um
representa o contrário de um item apresentado e induz-se um escore simétrico em relação ao nível
de indiferença do sujeito (3). Os perfis padronizados são exprimidos em escores G (média=50, desvio
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patrão= 20) que representam Stanine de dois dígitos. Em definitiva, as escalas do perfil básico são
compostas de no mínimo 260 itens que “pesam” cada um mais ou menos em cada escala. A título de
exemplo, propomos aqui o inventário das palavras-chaves para os escores extremos a cada uma das
escalas do L.A.B.E.L.® (in Gendre, Capel & Oswald, 2009):
Maturidade psicossocial
• escores elevados: maduro, responsável, adaptado, estável, tolerante, caloroso
• escores baixos: distante, desencorajado, distraído, imaturo, irresponsável, irritável, frágil
Extroversão/Introversão
• escores elevados: diretivo, audacioso, enérgico, direto, irrequieto, tagarela
• escores baixos: calmo, discreto, reservado, tímido, silencioso, contido
Estereótipo masculino/feminino
• escores elevados: combativo, engenhoso, lógico, masculino, fleumático, forte
• escores baixos: dependente, emotivo, feminino, sentimental, espontâneo, caprichoso
Conformismo/Originalidade
• escores elevados: consciencioso, conservador, metódico, preciso, dócil, ecônomo
• escores baixos: artista, complicado, idealista, imaginativo, individualista, sensível
Tensão/Descontração
• escores elevados: agressivo, combativo, exigente, intolerante, tenso, vingativo, tenso
• escores baixos: encantando, despreocupado, inconstante, vagaroso, relaxado, tem o coração mole
Racionalidade/Expressividade
• escores elevados: trabalhador independente, inteligente, lógico, metódico, previdente, pouco
emotivo
• escores baixos: afetuoso, grato, paquerador, alegre, amigável, simpático
Uma série de escalas externas (70 escalas no total) - como “o Big Five”, a Análise
Transacional, as Motivações de Murray, etc. - são calculadas por ponderação a partir das seis
escalas fundamentais.
A confiabilidade da auto-descrição é exprimida nas escalas (ou índices) de controle; as duas
principais - coerência bruta e fidelidade bruta – refletem a estabilidade da estratégia de resposta do
sujeito, em relação ao perfil da população de referência para a coerência, e em relação a estrutura à
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interna do teste, para a fidelidade e, conseqüentemente para as características que compõem os
itens.
Assim, é possível dizer algo da maneira como o teste foi passado: respostas aleatórias,
incoerência talvez também devida à problemas de compreensão dos itens ou ligada à perturbações
do pensamento. É também possível determinar se o sujeito se identificou aos itens com forte teor
em desejabilidade social ou laboral (positividade) ou pelo contrário que não o coloquem em valor
(negatividade).
Na hora de comentar os resultados em uma devolutiva, o psicólogo considera os escores
padronizados - relativos à norma da população de referência - e não estandardizados - absoluto, ou
seja que são em função das respostas brutas do sujeito em relação a estrutura interna do teste. Esta
dupla perspectiva permite discutir o perfil de personalidade sobre dois planos, o do sujeito (“como
me percebo”) e o do seu ambiente (“como sou percebido”).
Esta perspectiva é extremamente rica e instrutiva tanto para o respondente quanto para a
empresa que terá a sua disposição todas as informações para integrar, formar, motivar, desenvolver
e manter a empregabilidade de seu colaborador. Quem continua utilizando o ferramental clássico
sabe quanto esta tarefa não só é complicada, mas em muitos casos frustrante.
Querendo que RH se torne realmente estratégico em sua empresa adote as ferramentas de
Método Funcional: agregar realmente valor, medí-lo, trabalhar com mais qualidade e ínfimo risco de
erro já pode ser uma realidade.
Entre em contato para conhecer mais a respeito - Renzo: [email protected]
Renzo Oswald
São Paulo, Fevereiro de 2009, atualizado 2011
Fontes bibliográficas:
Capel, R. (2008). Théories et Techniques de Base en Analyse de Données - Cours 2008. Université de
Lausanne, Faculté des Sciences Sociales et Politiques.
Gendre, F., Capel, R. & Oswald, R. (2009). L.A.B.E.L.® , Manual Prático, 15a edição,
Moityca.
© Moityca Eficiência Empresarial Ltda.
São Paulo, Ed.
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