III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 001 - 008 AVALIAÇÃO ESTATISTICA DOS MODELOS GEOPOTENCIAIS EGM2008 E MAPGEO2004 NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ – ALAGOAS JUCIELA CRISTINA DOS SANTOS JOSÉ ANTÔNIO CAVALCANTE CERQUEIRA KAROLINE PAES JAMUR Universidade Federal de Alagoas - UFAL Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - IGDEMA Engenharia de Agrimensura, Maceió, AL [email protected] [email protected] [email protected] RESUMO - O presente trabalho trata da análise do modelo de representação do geopotencial global EGM2008 e do modelo de representação do geóide adotado para o Brasil MAPGEO2004 no município de Maceió, capital do estado de Alagoas. O modelo EGM2008 apresenta grandes expectativas quanto à sua resolução e, segundo alguns autores, resolveriam os problemas dos curtos comprimentos de onda, revolucionando assim a determinação de altitudes ortométricas através de GPS. Para a realização desta análise foram utilizados 116 pontos de altitudes ortométricas conhecidas, existentes na área de estudo, onde foram realizados rastreio GPS. Foram realizados cálculos estatísticos para determinação do desvio padrão e do Erro Médio Quadrático (EMQ) em ambos os modelos a fim de determinar suas precisões e adequações à cidade de Maceió. O modelo que apresentou melhores resultados para as analises realizadas foi o modelo EGM2008, em comparação com o modelo MAPGEO2004, apesar de possuir menor escala, pois seu desenvolvimento teve como principal objetivo representar o geóide no Brasil, apresentou maior erro médio quadrático e maior desvio padrão nos pontos avaliados. ABSTRACT – This paper deals with the analysis of the EGM2008 global geopotential representation model MAPGEO2004, the brazilian geoidal representation model, applied at Maceió city, capital of Alagoas state. According some authors, there are high expectations for the EGM2008 resolution to solve the low wavelengths problem, revolutioning the orthometric height determination using GPS. In this analysis were used 116 points of known orthometric heights, at the study area, being performed by GPS tracking. Statistical calculations were performed to determine the standard deviation and the root mean square error (RMS) in both models to determine their precisions and adjustments to the Maceió city. The better model obtained by the analysis was the EGM2008 model, compared with the MAPGEO2004 model, despite having a smaller scale, since its development was the main objective to represent the geoid in Brazil, had a higher root mean square error and greater standard deviation in the points evaluated. 1 INTRODUÇÃO O geóide é definido como superfície equipotencial do campo da gravidade e é dele que são extraídas as altitudes ortométricas, que são as referidas ao nível médio do mar e utilizadas em obras de engenharia. Porém, por não ser definida matematicamente, em virtude do desconhecimento das massas internas da Terra, a superfície do geóide não é adequada para o posicionamento horizontal. A altitude ortométrica, que é utilizada em trabalhos de engenharia, é obtida por meio de métodos de topografia convencional com destaque para o Nivelamento Geométrico e o Nivelamento Trigonométrico, entre outros. Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. Atualmente é possível utilizar os modernos métodos de posicionamento por satélites artificiais para obtenção da altimetria. Porém, as altitudes obtidas através desse sistema são as alturas elipsoidais, que são puramente geométricas, referentes ao elipsóide de revolução adotado. Para a determinação de altitudes ortométricas com o subsídio de GPS, é necessário que haja um modelo geoidal definido e acurado. As novas missões gravimétricas em plataformas orbitais, notadamente as missões GRECE e GOCE, trouxeram consigo modelos geopotenciais que fornecem alturas geoidais com ótimas precisões, possibilitando a determinação de modelos geopotenciais acurados. Assim, este trabalho consiste na avaliação do modelo geopotencial III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação EGM2008, que apresenta grandes expectativas quanto às suas precisões, em comparação com o modelo MAPGEO2004, modelo adotado para representar o geóide no Brasil, analisando suas precisões na região de Maceió. A base de dados utilizada provém de rastreios GPS sobre marcos com altitudes ortométricas conhecidas, a fim de determinar valores de alturas geoidais utilizados para a avaliação dos modelos analisados, permitindo a definição do modelo mais adequado para a área estudada. 2 SUPERFICIES GEOIDAL E ELIPSOIDAL. Segundo Gemael (1999), o geodesista trabalha rotineiramente com três superfícies, a superfície física, onde são executados os levantamentos geodésicos, a superfície elipsoidal, também conhecida como superfície geométrica, por se tratar de uma forma puramente geométrica, de onde são extraídas as coordenadas para referência, e por fim, o Geóide, também conhecido como superfície de nível, por se tratar de uma superfície equipotencial do campo da gravidade, tomada como base para cálculos altimétricos. O Geóide (Figura 1) pode ser definido como uma superfície homogênea sujeita à ação da gravidade, decorrente dos campos gravitacional e centrífugo, atingindo dessa forma o estado de equilíbrio, sendo uma superfície equipotencial. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 002 - 008 território brasileiro é referente ao GRS-80, calculado por Sá, combinando o modelo do Geopotencial GEM-T3, truncado no grau 30, com a Integral de STOKES modificada. Como a Superfície Física e a Superfície do Geóide são irregulares, para cálculos matemáticos a Cartografia teve a necessidade de estabelecer uma superfície geométrica de referência para embasar-se matematicamente nos estudos e representações da Terra. É através do elipsóide de revolução que são projetadas todas as posições da superfície física, servindo também para efetuar os cálculos das posições de pontos de referência geodésicos. É nesta superfície que se projeta o plano cartográfico onde se reflete a imagem rigorosa da superfície topográfica sobre as cartas. No Brasil, os cálculos geodésicos são conduzidos atualmente sobre o Elipsóide GRS 80. O Elipsóide de Referência Internacional (ERI67) foi, até 2004, adotado como elipsóide padrão do sistema Geodésico Brasileiro (SGB). O Elipsóide de Hayford foi durante muito tempo o elipsóide adotado no Brasil, tendo sido recomendado pela Assembléia Geral da Associação Internacional de Geodésia, IAG, da União de Geodésia e Geofísica Internacional em Madrí, no ano de 1924, como Elipsóide de Referencia Internacional (Silva, 2006). 3 ALTITUDES E SUAS DETERMINAÇÕES Figura 1: Superfície Geoidal (IAG/GFZ, 2009) Devido à complexidade do geóide, seria necessária uma série infinita de funções matemáticas pra descrevê-la exatamente. Em virtude da impossibilidade dessa determinação, é utilizada uma série finita de harmônicas esféricas. Essas funções finitas são aplicadas a fim de normalizar o geóide. Os modelos geopotenciais são utilizados para calcular a ondulação geoidal, com a incorporação das anomalias da gravidade. Vários modelos são utilizados com a finalidade de representar melhor o geóide em cada região. O modelo geopotencial EGM2008 (Earth Gravity Model 2008) contém um conjunto de parâmetros até o grau e ordem 2159. No Brasil, a determinação do geóide é feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com várias instituições. O geóide para o Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. A procura pela identificação e definição das altitudes está diretamente relacionada com a superfície a que se referem. Uma das superfícies de nível mais importantes é a superfície geoidal. É a partir dessa superfície que é encontrada a altitude utilizada para fins de desnível na superfície física, denominada de altitude Ortométrica. Existem diversas altitudes importantes para a geodésia como: altitude científica, altitude geométrica (h), altitude ortométrica (H), anomalia de altura (ζ) e altitude normal (HN), que se referem à diversidade de superfícies que surgiram da procura de componentes que auxiliaram no aperfeiçoamento dos modelos de representação. Essas altitudes representam significados importantes no meio dos geodesistas, devido às dificuldades em suas determinações. A determinação da altitude ortométrica é hoje um dos maiores problemas, por conta da determinação do geóide. Essa superfície, como já visto, apresenta dificuldades em sua determinação devido à distribuição das massas no interior da Terra, tendo como conseqüência o “Problema de Valor de Contorno da Geodésia (PVCG)”. Chama-se de problema de valor de contorno a determinação dos valores de uma variável sobre uma superfície limite, através de observações diretas e indiretas (Hofmann_Wellenhof & Moritz,2005). A altitude ortométrica, representada por (H), pode ser definida como a distância contada sobre uma linha vertical de um ponto “P” na superfície física (SF), do geóide no mesmo ponto (Gemael,1999). III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Sendo uma altitude diretamente relacionada com o campo da gravidade terrestre, a altitude ortométrica (H) pode ser expressa pelas equações (01) e (02): (01) Com: (02) Em que: é o número geopotencial; é o valor médio da gravidade contada ao longo de uma vertical, da superfície física ao geóide; é o potencial da gravidade no geóide; é o potencial da gravidade no ponto; é o valor médio da gravidade nos pontos nivelados; é o desnível entre os pontos. Essa altitude é comumente determinada através de nivelamento geométrico com associação da gravimetria, apesar de no Brasil essas altitudes não possuírem valores de gravidade inclusos em suas determinações. Porém, com o avanço da tecnologia GPS a possibilidade dessa determinação se dá a partir da determinação de alturas elipsoidais e do conhecimento da altura Geoidal (N). A altitude que separa a superfície física da superfície elipsoidal, tendo como direção a linha Normal, é denominada de altitude elipsoidal ou altitude geométrica (h). Esse tipo de altitude é obtido diretamente de observações GPS (Global Positioning System) ou por coordenadas cartesianas diretamente referenciadas ao elipsóide (Freitas e Blitzkow, 1999). É importante salientar que essa altitude é puramente geométrica, não tendo qualquer vinculação com o campo da gravidade da Terra. Isso implica na possibilidade de aparição de valores iguais para essa grandeza em pontos situados em diferentes níveis, ou o contrário, quando valores diferentes dessa altitude podem ocorrer sobre a mesma superfície equipotencial do campo da gravidade. 4 Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 003 - 008 MODELOS GEOPOTENCIAIS. Os modelos do geopotencial trazem consigo uma gama de informações referentes aos valores do campo da gravidade externa da Terra, bem como valores geopotenciais. Com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da Geodésia espacial, os modelos do geopotencial apresentaram consideráveis evoluções, apoiados principalmente pelas necessidades associadas às predições orbitais para satélites artificiais. Tais modelos, desenvolvidos em séries de harmônicos esféricos, se constituem na técnica mais utilizada de representação do campo da gravidade externa da Terra (Gemael, 1999). Dessa forma, pode-se considerar de forma genérica, que um modelo Global do Geopotencial compreende um conjunto completo dos coeficientes harmônicos normalizados com o comprimento de onda, com características do campo da gravidade externa da Terra (Ferreira, 2008). A partir de um modelo do geopotencial, é possível relacionar altitudes geométricas, obtidas a partir de rastreio GPS, e as ortométricas, através das alturas geoidais obtidas dos coeficientes da expansão do potencial do campo da gravidade em harmônicos esféricos. A resolução dos modelos do geopotencial é calculada de forma a atingir o mais alto desempenho na superfície da Terra, sendo determinado pelo seu grau ) de acordo com a equação (03). Assim, a maximo ( resolução máxima dos modelos globais do geopotencial é dada pela metade do comprimento de onda máximo através da equação (04). (03) Em que: é o comprimento de onda máximo; é o grau máximo do modelo e é o raio de curvatura terrestre. (04) Em que: R é o raio de curvatura terrestre; é a resolução máxima; é o máximo comprimento de onda do modelo. 2.1 Modelos Geopotencial EGM2008. Segundo Pavlis et al. (2008), o modelo geopotencial EGM2008 da US National Geospatial-Intelligence Agency está completo até o grau e ordem 2159 dos coeficientes harmônicos esféricos e resolve assim os curtos Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação comprimentos de ondas do geóide e da anomalia da gravidade, podendo ser estendido até o grau 2190 e ordem 2159. O EGM2008 incorpora dados de anomalias da gravidade que têm beneficiado as mais recentes soluções via missões dos satélites GRACE. Incorpora também dados altimétricos derivados utilizando PGM2007B (uma variante do PGM2007A) e o modelo Dynamic Ocean Topografic (DOT) como referência. Foi utilizado o ITGGRACE03S (MAYER-GÜRR, 2007), juntamente com o seu erro complementar da matriz covariância para nmáx =180 e ajustamento por mínimos quadrados em termos de coeficientes harmônicos, a fim de combinar informações somente da missão GRACE com os coeficientes implícitos exclusivamente por dados terrestres. O EGM2008 está disponível para o potencial externo da Terra, levando a um nível sem precedentes da amostragem da resolução espacial (~9 km) para o campo da gravidade ao longo de todo o globo terrestre. Esse passo revolucionário contribui para a continuação dos esforços da comunidade geodésica nos últimos anos (após o lançamento dos satélites das missões CHAMP e GRACE) para uma alta resolução e alta precisão do modelo do campo gravitacional da Terra de referência estática. Esse modelo Geopotencial é um modelo combinado, onde foram analisadas orbitas de satélites até a ordem e grau 70 combinados com dados de observações terrestres da gravidade (aéreos, marinhos e continentais) e dados de altimetria por satélites, de onde foram extraídas as informações de anomalias de gravidade ou as alturas geoidais. Todas essas informações permitiram ao modelo uma resolução superior ao seu antecessor, o EGM96, chegando este novo modelo ao grau e ordem 216. A Figura (02) apresenta o desempenho quanto a resolução espacial do modelo EGM2008. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 004 - 008 2005). Para o cálculo do modelo, foram concentrados esforços de mais de 12 anos a fim de diminuir os chamados “Vazios Gravimétricos”, que são as ausências de informações de dados gravimétricos em todo o território brasileiro. Para isso foram feitas cerca de 20.000 determinações de estações gravimétricas pelo IBGE, principalmente nas regiões Centro- Oeste, Norte e Nordeste (Blitzkow,2004). Essas informações gravimétricas associadas a informações de outras instituições brasileiras, bem como de países vizinhos, permitiram a obtenção das anomalias médias de Helmert, em quadriculas de 10’ x 10’ em áreas continentais. A Figura (03) apresenta os valores observados e os valores interpolados de toda a rede gravimétrica utilizada para a determinação do MAPGEO2004. Todos esses esforços deram ao Modelo de Ondulação Geoidal – MAPGEO2004 um erro médio associado de +/- 0,5m a partir das comparações de dados de rastreio GPS sobre Referenciais de Nível (RN´s), Isso significa que no Brasil poderão ocorrer erros maiores que 0,5 metro em regiões onde existe carência de informações para subsidiar a elaboração do modelo, como por exemplo, a Região Amazônica Figura (02): Resolução espacial do modelo EGM2008 (PAVLIS et al. , 2008). 2.2 Modelos Geopotencial MAPGEO2004. O modelo de Ondulação Geoidal – MAPGEO2004, foi desenvolvido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com a EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), com o objetivo primário de determinar a ondulação geoidal (N) em todo o território brasileiro (Blitzkow,2004). Esse modelo apresenta uma resolução de 10’ de arco, e para seus cálculos foram feitas aplicações da Integral modificada de Stokes, através da técnica da Transformada Rápida de Fourier (FFT) (Lobianco et. al, Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. Figuga (03): Alturas Geoidas do modelo MAPGEO2005 (IBGE 2009) 5 ÁREA DE ESTUDO A cidade de Maceió está localizada na região Nordeste do Brasil, entre as latitudes 9º e 10º Sul e longitudes 35° e 36º Oeste. A mesma foi escolhida como área de estudo para o presente trabalho, destacando-se uma sub-região na qual se encontra a concentração de pontos de uma rede geodésica. As figuras (04) e (05) III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Figura (04): Área de estudo A área estudada é composta pela maioria dos bairros da cidade de Maceió, sendo uma pequena parcela pertencente à região de expansão urbana. A escolha de um sub-domínio deu-se pela carência de pontos de apoio geodésico fora da área de estudo. Figura (05): Distribuição dos pontos geodésicos. 6 DETERMINAÇÃO DAS ALTURAS GEOIDAIS ATRAVÉS DOS MODELOS EGM2008 E MAPGEO 2004. A determinação das alturas geoidais através do modelo EGM2008 deu-se através dos programas disponibilizados pela página do NGA (http://earthinfomil/GandG/wgs84/gravitymod/egm2008/egm08_wgs84 .html), sendo calculadas as alturas geoidais por meio de sínteses harmônicas em função da dificuldade de processamento computacional encontrada na aplicação dos cálculos por meio de interpolação. Outra forma disponibilizada pelo NGA e que compõe o EGM2008, o programa < EGM2008_ to2190 _TideFree.gz>, contém os coeficientes de harmônicos esféricos do potencial Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 005 - 008 gravitacional terrestre livre de maré (<Zeta-toN_to2160_egm2008.gz>), que contém os coeficientes normalizados, possibilitando a conversão das anomalias de altura em alturas geoidais. O arquivo < und_ min1x1 _ egm2008 _isw = 82_WGS84_ TideFree.gz>, contém uma malha de valores de ondulação geoidal de 10.801 linhas por 21.600 colunas, totalizando 233.301.600 valores, que correspondem a um espaçamento de arco de 1’x1’ com cobertura global. O arquivo <EGM2008_to2190_TideFree.gz> foi utilizado para o desenvolvimento do potencial gravitacional V(r,φ,λ), que possui 2.401.333 registros no formato ASCII. Cada registro possui os valores dos coeficientes harmônicos. O arquivo <Zeta-to-N_to2160_egm2008. gz> foi utilizado para o desenvolvimento dos coeficientes normalizados que possibilitaram a conversão da anomalia de altura geoidal, que possui 2.336.041 registros. Para a aquisição das alturas geoidais utilizando o software fornecido pelo site do NGA, foi necessária a geração de um arquivo com a lista das coordenadas (latitude e longitude), utilizando o programa denominado “interp_1min.exe”. Para sua execução foi necessário fornecer um arquivo com as coordenadas dos pontos para a determinação das alturas geoidais. O programa utilizou o arquivo Und _min1x1 _egm2008 _isw=82_ WGS84_ TideFree>, e gerou por interpolação um arquivo de saída contendo as coordenadas fornecidas e suas respectivas alturas geoidais referentes ao WGS84. Já para a determinação das alturas geoidais através do modelo de ondulação geoidal MAPGEO2004, foi utilizada o programa MAPGEO na versão 3.0, cuja fonte executável é disponibilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística), no site: http://www.ibge.gov.br/home/geociências/geodésica/model o_ geoidal_3.shtm. O programa possui uma interface amigável, sendo determinadas as alturas geoidais, fornecendo-se pontos contidos no arquivo “coordenadas_Maceió.txt”, contendo o nome dos pontos e as suas respectivas coordenadas geodésicas em graus decimais, separadas por tabulação. O resultado foi a disponibilizado através do arquivo de saída, nomeado “Geóide_Maceió.txt”, que, por sua vez, continha os nomes dos pontos, suas coordenadas e as alturas geoidais calculadas. O programa também oferece a possibilidade de escolha do sistema de referência em que se deseja trabalhar, SAD69 ou SIRGAS2000, tendo em vista que estes dois sistemas estão em estado ativo no Brasil. Foi utilizado o sistema de referência SIRGAS2000, tendo em vista sua similaridade com o sistema WGS84, utilizado no cálculo das alturas geoidais para o modelo EGM2008. 7 AVALIAÇÃO ESTATISTICA PARA OS MODELOS MAPGEO2004 E EGM2008. Para a avaliação absoluta, foram analisados os resultados de cada modelo e calculada a respectiva precisão Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 006 - 008 III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação da amostra. Após a interpolação das alturas geoidais, foram calculadas suas precisões. O modelo mais adequado à área de estudo, foi aquele que apresentou menor desvio padrão, sendo estes avaliados também através do erro médio quadrático apresentado para os pontos interpolados. Para o cálculo do desvio padrão, foram consideradas como reais as alturas geoidais obtidas em campo, ou seja, adquiridas através de levantamentos GPS sobre pontos de altitude ortométrica conhecida. Considerado n alturas geoidais (NGPS), avaliadas com GPS sobre estes marcos de altitudes conhecidas e que a altura geoidal (N) advém de um modelo geoidal, as discrepâncias foram dadas pela equação (05) e (06). (05) ∀ i ∈ [1, 2, 3, L , n] . (06) A média da discrepância foi calculada pela equação (07). (07) . Dessa forma, o desvio padrão foi calculado através das equações (08) e (09) 2 2 2 2 ∆N1 − ∆N + ∆N 2 − ∆N ) + ∆N 3 − ∆N ) + ... + ∆N n − ∆N ) = n −1 σ (08) ∆N Ou σ = ∆N 1 n i 2 ∑ ( ∆N − ∆ N ) n − 1 i =1 (09) (10) Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. O processo de cálculo do desvio padrão e do erro médio quadrático foi efetuado para ambas as alturas geoidais obtidas com os modelos EGM2008 e MAPGEO2004, tendo como finalidade a definição do melhor modelo para a área em questão. A partir das alturas geoidais obtidas através dos modelos foram gerados mapas ilustrativos para a visualização das isolinhas que representam o geóide na área estudada. A avaliação absoluta dos modelos foi realizada através do método de Validação Cruzada, onde, para cada ponto da amostra, foi realizada uma interpolação utilizando-se todos os demais pontos e excluindo-se o ponto avaliado, utilizando-se apenas a sua localização como o local para a estimativa. Para a validação cruzada foram utilizados alguns parâmetros que foram estabelecidos a fim de melhorar os resultados na avaliação dos modelos. A tabela (01) apresenta os valores utilizados da potência otimizada, os valores máximos e mínimos da amostra a incluir e os raios de busca determinados. Esses valores foram utilizados para ambas as análises dos modelos. EGM2008 E MAPGEO2004 Potência otimizada 3, 06890 Amostra a incluir max - 15; min - 8 Raios de busca circular 5.000m Tabela 01: Valores utilizados para a validação cruzada Para a avaliação dos modelos Geopotenciais, o desvio padrão foi adotado como forma mais adequada por ser desprovido do termo de ordem zero. Ao modelo geoidal obtido nos cálculos do MAPGEO2004 foram adicionados termos de ordem zero igual a 0,5m, para que houvesse a compatibilização com as referenciais SIRGAS (Blitzkow et. al, 2004). Para o cálculo do erro médio quadrático (EMQ), parte-se do mesmo princípio para a determinação das discrepâncias e de sua média, fazendo-se uso das equações (10) e (11). Ou (11) Os resultados da avaliação podem ser visualizados na Tabela (02), onde são representados os valores máximos, mínimos e médios das interpolações bem como os valores de erro médio quadrático e desvio padrão. MODELO MAX MIN MÉDIO RMS σ EGM2008 17, 82 17, 71 17, 76 0,004707 0,1787 Tabela 02: Resultado da validação cruzada para o mpdelo EGM2008. A Figura (06) apresenta o resultado da interpolação através da validação cruzada para a área estudada. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Figura 06: Interpolação para o modelo EGM2008. As mesmas informações foram utilizadas para o modelo MAPGEO2004, a Tabela (03) apresenta o resultado dos valores da interpolação para o modelo MAPGEO2004. MODELO MAX MIN MÉDIO RMS σ MAPGEO2004 17, 650 16,91 17, 203 0,0099 0,2902 Tabela 03: Valores da validação cruzada para o modelo MAPGEO2004. A figura (07) apresenta o resultado da validação cruzada para o modelo MAPGEO2004. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 007 - 008 O modelo geopotencial EGM2008 foi avaliado em seu grau máximo (2.160), porém existe a possibilidade de fazer variações em seu grau com a finalidade de avaliação e adequação do modelo à região de interesse. Por não se tratar de um modelo geopotencial e sim, de um modelo de ondulação Geoidal e por ser totalmente adaptado à realidade brasileira, o MAPGEO2004 não apresenta possibilidade de variações em termos geopotenciais, pois algumas das informações para o cálculo do mesmo já foram extraídas de modelos globais. Por este motivo não se viu a necessidade de avaliação do modelo geopotencial em vários graus com a finalidade de compará-lo com o modelo de ondulação geoidal. O melhor desempenho do modelo EGM2008 pode ser justificado em virtude da maior quantidade de informações inseridas para a geração do mesmo, onde as maiores inconsistências ocorrem nas regiões com poucas informações gravimétricas, porém, este modelo apresenta comprimentos de onda em nível global, diferenciando-se do MAPGEO2004, que foi desenvolvido para representar o geóide especificamente no Brasil, onde se esperava melhores resultados. A ausência de informações de campo, neste caso, prejudicou a geração do modelo MAPGEO2004, tendo a área em questão uma melhor adequação do modelo EGM2008 que pode servir de auxiliar na aquisição de alturas geoidais com maior precisão. As recomendações para melhorar a avaliação realizada no presente trabalho e fazer a verificação dos modelos são: •Utilizar uma malha com maior quantidade de pontos nivelados, preenchendo as áreas com ausência desse tipo de informação; •Fazer uso de pontos fora da região urbana da cidade de Maceió, servindo estes como pontos de controle da amostra; •Utilizar receptores de dupla freqüência na aquisição dos pontos, sabendo que estes são mais indicados para estudos altimétricos; •Analisar o modelo EGM2008 em vários graus e ordens para avaliar os resultados alcançados por este modelo sem seu grau máximo; •Acrescentar dados gravimétricos nos cálculos das altitudes ortométricas calculadas; • Recalcular o modelo MAPGEO2004 utilizando dados geopotenciais do modelo EGM2008 e preferencialmente acrescentando informações levantadas em campo da área estudada para melhorar as precisão deste modelo. REFERÊNCIAS Figura 07: Resultado da interpolação para o modelo MAPGEO2004. 7 CONCLUSÕES. Santos, J.C. Cerqueira, J.A.C. Jamur, K.P. BLITZKOW, D.; CAMPOS, I.O.;FREITAS, S.R.C. Altitude: O que interessa e como Equacionar. In: anais do I Simpósio de Ciências Geodésicas e Tecnologia da Geoinformação. Recife, 2004. 1CD-ROM. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação FREITAS, S. R. C. de & BLITZKOW, D.. Altitudes e Geopotencial. In: IGeS Bulletin N.9 – International Geoid Service, Special Issue for South América, 1999, 47 – 62, Milan”. GEMAEL, C. Introdução a Geodésia Física. Curitiba: Editora UFPR, 1999. HOFMANN-WELLENHOF, B.; MORITZ H., Physical Geodesy. Wien: Springer, 2005. xvii, 403 p. IAG/GFZ, International Centre for Global Earth Models (ICGEM), 2007. Disponível em: http://icgem.gfzpotsdam.de/icgem/. Acessado em 2007. IBGE – (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) disponível em http://www.ibge.gov.br/. Acessado em 20 de junho de 2009. 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