GESTÃO DEMOCRÁTICA: GESTÃO DE RELACIONAMENTOS Ana Paula Silva Santos1, Isabelle Cristine Pereira Guska Maria², Francisca Leidiane Nunes Benício³, Vera Lúcia Morgado4, Juliane Rocha de Moraes n 1 BILAC SANTOS, Ana Paula Silva Faculdade de pedagogia Bilac, graduação, [email protected] BILAC MARIA, Isabelle C. P. Guska, Faculdade de pedagogia Bilac, graduação, [email protected] ³BILAC BENÍCIO, Francisca L. N. , Faculdade de pedagogia Bilac, graduação, [email protected] 4 BILAC MORGADO, Vera Lúcia Faculdade de pedagogia Bilac, graduação, [email protected] n BILAC ROCHA, Juliane Moraes Faculdade de pedagogia Bilac, graduação, [email protected] 2 Resumo- O presente estudo procura analisar o cotidiano de alunos de escolas publicas da região do Vale do Paraíba (cidade de Jambeiro e São José dos Campos), a partir de estudos realizados sobre gestão democrática, reunindo relatos de alunos de escolas onde a gestão democrática está sendo aplicada em ambientes que impõe limites a autonomia na gestão escolar, considerando que o clima organizacional tem grande influencia no comportamento de alunos, partindo dessa premissa é pertinente destacar que a estruturação das relações interpessoais entre os níveis hierárquicos do ambiente escolar é um dos fatores para se constituir uma gestão democrática. Palavras-chave: Gestão, Alunos, Democrática, Participação, Relação. Área do Conhecimento: Humanas (educação) Introdução Estruturar o clima organizacional em ambiente escolar não é de fato uma tarefa fácil, visto que para o mesmo é necessário uma interação produtiva de valores humanos bem como a interpessoalidade, isso em um cenário onde há pouca autonomia para a gestão onde esta, salientado por Paro (2007, p.115) “constitui-se um mero preposto do estado”. Neste analisamos as características de alunos dentro de um ambiente que busca decisões democráticas, fator necessário para a participação da comunidade nas decisões do âmbito escolar. Consideramos que para analisar esse conceito da necessidade de participação dos alunos em uma gestão democrática autores como Paro que em uma de suas obras cita que: “Aqueles que mais se beneficiarão de uma democratização da escola puderem participar ativamente das decisões que dizem respeito a seus objetivos e às formas de alcançá-los" (PARO et al., 1988, p.228). Diante da idealização da democratização do ambiente escolar alguns gestores desviam a atenção de quem realmente deseja esses benefícios, e como alcançar essa gestão sem alcançar os ideais dos alunos, sem dar voz e vez, sem sanar suas duvidas com relação à gestão escolar. E mesmo ao tentar implantar essa gestão democrática visando um bom relacionamento entre alunos e equipe gestora, existem consideravelmente fatores que impossibilitam, como a ausência de autonomia nas tomadas de decisões da gestão escolar. Materiais e Métodos O presente artigo baseou-se em entrevistas realizadas em escolas publicas da região do Vale do Paraíba (Jambeiro e São José dos Campos) em escolas municipais e estaduais, direcionada a gestão da escola, pais ou responsáveis, professores e alunos, com perguntas formuladas (Tabela 1) diretamente para cada um dos citados acima. Os critérios para direcionamento da pesquisa foi buscar escolas publicas, onde segunda as leis de diretrizes bases da educação cita a importância de uma gestão democrática. Para direcionamento da pesquisa selecionamos diretores de escolas municipais e estaduais de ensino fundamental e médio; pedagogos com no mínimo um ano lecionando na escola para a qual direciona suas respostas, e trabalhe com alunos de 5º ao 9º ano de ensino fundamental; pais ou responsáveis de alunos de escolas públicas de ensino fundamental de 5º ao XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 1 9º e alunos também de escolas publicas de 7º ao 9º. Abaixo segue as entrevistas realizadas em ambiente escolar e comunidade (pais e responsáveis), para analise do clima organizacional bem como a autonomia dos gestores. ENTREVISTA PARA O DIRETOR 1. 2. 3. 4. Qual a sua formação? Porque buscou esta função? Defina o seu perfil como diretor da escola? De uma maneira geral, quais são as atribuições do diretor? 5. Você concorda com os mecanismos de provimento do cargo de diretor escolar? 6. Quais os conhecimentos básicos que uma pessoa precisa ter para exercer a função de diretor escolar? 7. Você acredita na descentralização para autonomia da escola? Justifique 8. Como transformar a gestão em gestão democrática? 9. Como é o planejamento escolar? 10.Quais as maiores dificuldade encontradas para realizar uma gestão democrática? 11.Como é seu relacionamento com o corpo docente? ENTREVISTA COM PROFESSORES 1. Como é a gestão de sua escola? 2. Como é a participação dos professores nas decisões? 3. Como são as relações no ambiente escolar? 4. Descreva características da equipe gestora da sua escola 5. O que você faria se fosse diretor da sua escola? ENTREVISTA PARA OS PAIS (RESPONSÁVEIS) 1. Como é o diretor da sua escola? 2. Você participa das decisões da escola? 3. Você gosta da escola? Por quê? 4. Descreva características da equipe gestora da sua escola 5. O que você faria se fosse diretor da sua escola? 6. Como são tratados os pais na sua escola ENTREVISTA PARA ALUNOS 1. Você gosta da sua escola? 2. Como é a participação dos alunos nas decisões? 3. Como são as relações no ambiente escolar? 4. Como é a relação dos alunos com o diretor? 5. O que você faria se fosse diretor da sua escola? 6. O que você mudaria em sua escola? Tabela 1- Questionário Discussão Diante desses dados coletados e analisados nesse, concretizou-se dificuldades com as quais não se esperava que existisse em ambientes democráticos como escolas publicas, onde é de grande importância a participação da comunidade. Diretores que não se colocaram a disposição para realização da pesquisa ou mesmo o difícil acesso como horários de atendimento dificultados e ausência dos mesmos. Já as dificuldades encontradas com pedagogos encontra-se na falta de segurança para responder aos questionamentos acreditando não estarem preparados para o mesmo sem ao menos ler as questões, bem como a falta de responsabilidade para a entrega das respostas, isto diante do fato dos que desejaram responder com mais tranquilidade. Resultados Quando se trata de gestão democrática logo entende-se a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar, no entanto o que se observa em diversas escolas ditas 'Democráticas' é que geralmente os que tem menos voz , tem menor participação nas decisões de ambito escolar, assim como no caso dos alunos que responderam a pesquisa representado abaixo no gráfico. 25 20 Participam 15 Não Participam 10 Alguma situações 5 0 Total de alunos Participação nas Decisões Grafico 1- Pesquisa de participação dos alunos nas decisões. É necessario ter o envolvimento com o aluno para que todas as ações da escola sejam de fato de entendimento dos mesmo. XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 2 Na pesquisa direcionada aos alunos observa-se que grande parte destes deseja que a escola desenvolva projetos pedagógicos diferenciados como relata o aluno Joaquim¹: Eu daria mais voz aos alunos e montaria times de diversos esportes representando nossa escola e também montaria times para representar ela em olimpíadas e disputas de matérias como matemática, português, inglês, entre outros'. (Joaquim¹) Assim como descreve Paro: 'É preciso transformar o modo de ensinar tradicional que ainda domina o cotidiano nas salas de aula.Deve-se tomar como regra basica e radical que a função educativa consiste em propiciar condições para que o aluno queira aprender...“ (PARO;2007, p.114) Salientando assim que mesmo os menores níves da hierarquia escolar também devem ser ouvidos, considerando necessariamente que os mesmos são parte primordial para se dar a construção do conhecimento. Esse contato que neste focamos nos alunos tambem deve acontecer com a comunidade,tendenciando a proximidade das relações no ambiente escolar concretizando assim o entendimento de que, sem autonomia a gestão escolar não alcança os objetivos educacionais desejados pela comunidade. O relacionamento da equipe gestora com os alunos fortalece a construção das relações interpessoais, criando assim um ambiente empático, onde sabe-se o que esperam e o que se pode esperar; isto é, com a ampliação da criticidade dos alunos diante do melhoramento do clima organizacional , sabe-se o que esperar dos alunos e entende-se o que os mesmos esperam da gestão escolar e do corpo docente. Assim como salienta Chiavenato: “(...) o clima organizacional reflete como as pessoas interagem uma com as outras, com os professores e alunos internos e externos, bem como o grau de satisfação com o contexto que as cerca.” Chiavenato, (2004,p.504) O clima organizacional bem estruturado e acompanhado pela direção constroe uma interligação com a gestão democrática, pois analisa-se que em um ambiente onde cada nivel do sistema hierarquico respeita de forma que a opnião do outro seja levada em consideração, todos terão o incentivo necessário para desenvolver uma participação efetiva nesse ambiente por fim democrático, desse modo a aproximação principalmente dos alunos traz a possibilidade de construir neles criticidade necessaria para se buscar a autonomia necessaria para a gestão escolar nas tomadas de decisões. Com o aumento da comunicação advindada melhoria relacional traz a possiblidade de se ter praticas pedagógicas mais direcionadas as necessidades dos educandos; enfatizando que a utilização dos mesmos metodos não mudará os resultados, o que não é indicado para esse ambiente onde prevalece a individualidade de cada um. O que muito se realiza na escola é a construção de pré consceitos que subestimam o entendimento dos alunos diante das ações tomadas, outro fator importante citado nas entrevistas é a falta de respeito; os educandos não são seres alienados; o mal comportamento ou a falta de interesse aos assuntos pedagógicos podem estar diretamente relacionados com esse subestimar e falta de respeito, muito do que hoje se observa na escola é a generalização de que 'Eles não sabem a importancia da escola“, diante disso reflete-se qual seria a importancia da escola defronte da inexistencia dos alunos; com isso deve a escola relacionar esses fatores citados acima para fortalecer os laços entre escola e alunos. Diferente do que se imagina os alunos sabem o papel da construção do conhecimento que a escola propoe assim como nos relatos dos alunos quando questionados se gostam da escola: Sim, porque através da escola podemos aprender muitas coisas.' (Beatriz) Gosto sim, porque as pessoas aqui se preocupam com nosso aprendizado e com o ambiente escolar. ”(Giovana) Permitir-se perceber que é necessária a participação dos alunos mesmo este ainda em fase de desenvolvimento do ser crítico favorece para que de fato ocorra a representatividade social, com isso se estruturaria a democracia, assim como sucinta Bastos: “A gestão democrática da escola pública deve ser incluída no rol de práticas sociais que podem contribuir para a consciência democrática e a participação popular no interior da escola.” (BASTOS, 2005. p.22) XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 3 Ante todas essas considera Horta colocações assim como “a decisão de criar e ampliar os canais de participação no processo educativo é uma decisão política (...) não há neutralidade nestas opções, pois a educação não é neutra”.(HORTA, 1978, p. 16). Desse modo consideramos que se faz necessária a participação de todos e essencialmente de educandos no que se diz respeito à democracia e organização do clima organizacional de maneira que fatores externos e internos da sala, não interfiram na construção de conhecimento dos alunos, desse modo percebendo a intencionalidade de todas as atitudes advindas do ambiente escolar, assim pode-se dizer que diversos problemas educacionais possam ser reduzidos, como evasão escolar ou indisciplina. A satisfação ou insatisfação com o ambiente educacional advém primordialmente das relações humanas do local vivenciado, no que se refere a pratica intencional observa-se que diretores, professores e funcionários podem influenciar de maneira significativa características individuais dos alunos com valores, atitudes, crenças, motivação, diante desses fatores a estrutura organizacional deve estar bem estabelecida reduzindo assim a possibilidade de existência de mimese em situações negativas. escola para que possa mudar essa efetiva maneira de crer que alunos e professores têm objetivos dispersos, diante deste observamos que todos trilham caminhos que levam para a mesma direção, a construção do conhecimento, até mesmo os alunos que se mostram desinteressados reconhecem a importância da escola, por meio disso é indispensável a mudanças de hábitos. Hábitos esses que realizam no ambiente escolar a falta de comprometimento, empatia, valorização do seu papel dentro da escola constituindo que seja necessária a busca continua de melhoria no direcionamento de suas ações, conforme relata Robbins (2002.p.401) ''As organizações possuem estruturas diferentes que afetam as atividades e o comportamento de seus funcionários e alunos.”. Em um ambiente onde se visa à democracia, saber utilizar das funções incumbidas a cada um realizará- se a um pilar para estruturar o clima relacional, e para que o mesmo possa de fato efetivar-se acreditamos que seja necessário desenvolver aos gestores educacionais a aptidão e o direito para tomar suas próprias decisões, aptidão porque segundo a entrevista realizada em foi possivel observar que em algumas situações a falta de autonomia se dá apartir da personalidade de cada gestor, mas vale enfatizar que o sistema publico também tem grande participação nesse sentido.Enfatizando, tem- se a resposta de um dos responsáveis entrevistados: 'Não, mesmo que eu participasse não mudaria muito as coisas. Pois o sistema é difícil do município não depende somente da diretora ou da secretária da educação e sim do prefeito.“ (Maria¹) Agradecimentos Agradecemos as diretoras das escolas entrevistadas que nos permitiram a realização da pesquisa em suas respectivas escolas, bem como se colocaram a nossa disposição para esclarecimento de quaisquer duvidas. Assim como pais, professores e sem duvida aos alunos que sem reclamações se empenharam a responder ao questionário. Também a professora que se propôs a nos orientar ao presente artigo. Conclusão Neste observamos a necessidade de autonomia para a gestão do ambiente escolar, e esperançou-nos a acreditar que educadores possam ser mais valorizados se o clima organizacional da escola for bem estruturado, onde não só os que se consideram, hierarquicamente¹ falando, superiores. O Clima organizacional pode influir até no comportamento em sala de aula, por isso se faz necessária à promoção de estratégias dentro da Assim como concretiza Paro: “Uma gestão com maior força diante do Estado e maior legitimidade diante da comunidade educativa.” (PARO;2007, p.115) Com isso formando competências que não sejam meramente burocráticas, é necessário desenvolver as habilidades e coloca-las em pratica. Ademais com toda essa estruturação do ambiente escolar os alunos por fim terão participação efetiva nas decisões de âmbito escolar. Referências BASTOS, João Baptista. Gestão democrática. da educação. In: BASTOS, João Baptista Gestão XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 4 democrática. Rio de janeiro: DP&A: SEPE. 2005, p. 7-30. 4ª edição CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 2.ed.rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier: Campus, 2004. HORTA, J.S. Educação e participação. Revista de Educação, Rio de Janeiro, n. 7, p. 2-17, 1978. PARO, Vitor Henrique. Administração escolar, introdução crítica. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986 -------------, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 9 Ed.São Paulo:Ática, 2005. -------------, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática, 2001 -------------,, Vitor Henrique. O caráter administrativo das práticas cotidianas na escola pública. Em Aberto. Brasília, n. 53, p. 39-45, jan/mar, 1992 -------------,, Vitor Henrique et al. A escola pública de tempo integral: universalização do ensino e problemas sociais. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.65, p. 11-20, maio 1988 Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L939 4.htm> acesso em 26/08/13 XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 5