Massas Anexiais Como faço a abordagem diagnóstica e terapêutica? Daniel Pereira da Silva IPO - Coimbra Dados gerais • 5 a 10% das mulheres sofrem uma cirurgia ao longo da vida por massas anexiais. • 1 a 2% são malignas Nas mulheres com <45 anos – 6 a 10% Nas mulheres com >45 anos – 33 a 50% Cancro do Ovário – Annual Report 2003 Estadios I II III 21 (41.2%) 41 (30.2%) 28 (19.7%) 11 (18.6%) 27 (35.1%) 49 (24.8%) 24 (22.2%) 15 (29.4%) 23 (37.1%) 7 (13.7%) 15 (11.0%) 18 (12.7%) 7 (11.9%) 6 (7.8%) 21 (10.7%) 9 (8.3%) 6 (11.8%) 9 (14.5%) 17 (33.3%) 63 (46.3%) 75 (52.8%) 36 (61.0%) 30 (39.0%) 112 (56.6%) 58 (53.7%) 29 (56.9%) 5 (8.1%) 2216(27.1%) 875(10.7%) Amesterdão Atenas Atlanta Bordéus Coimbra Edimburgo Helsínquia Padova Porto Total IV 6 (11.8%) 17 (12.5%) 18 (12.7%) 5 (8.5%) 11 (14.2%) 16 (8.1%) 17 (15.8%) 1 (2.0%) 25 (40.3%) ? Total 0 (0.0%) 0 (0.0% 3 (2.1%) 0 (0.0%) 3 (3.9%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 51 136 142 59 77 198 108 51 62 3534(43.2%) 1320(16.2%) 229(2.8%) 8174 Diagnóstico • História clínica Sintomatologia Pobre Antecedentes pessoais Ovário poliquistico Indutores da ovulação Não uso de pílula Antecedentes familiares Exame Cancro do ovário Uni ou bilateralidade Mobilidade físico Sinais associados Dimensões Parede Septos Ecogenicidade • Ecografia Tipo • Marcadores tumorais Epiteliais C. Germinativas Estroma Não específicos 20-50 >50anos 73% 12% 5% 10% 85% 6% 3% 6% CA 125 Ecografia 2D Estudo 3D Nº casos / Malignos Sensibilidade Especificidade Sensibilidade Especificidade Kurjak e col 20001 90 10% 67% 94% 78% 98% Cohen e col 20012 71 20% 100% 54% 100% 75% Alcazar e col 20033 44 48% 90% 61% 100% 78% Alcazar e col 20054 96 65% 98% 88% 98% 79% 181 20% 91% 63% 57% 85% Geomini e col 20065 1Obst Gyn 2000, 16:365-71; 2Gyn Oncol 2001, 82:40-8; 3J Ult Med 2003, 22:249-54; 4Am J Obst Gyn 2005, 192:807-12; 5Obst Gyn 2006, 108:1167-75 Protocolo de orientação das massas anexiais Massa anexial Quistica Simples e unilateral < 4 / 8 cm Ca 125 normal Vigilância: Ecografia CA 125 Sólida Ecografia suspeita > 4 / 8 cm Ca 125 elevado Cirurgia: Laparoscopia / Laparotomia Results of Laparoscopy Versus Laparotomy for Removal of a Benign Adnexal Mass Author Patients OR Mean Time, min (range) EBL (mL) Hospital days (nº) Laparoscopy Pittaway et al, 1999 64 Mays et al, 2001 20 Total or mean 84 88 72 1 70(50-90) minimal<3 days,95% 79 Laparotomy Pittaway et al, 1999 26 Mays et al, 2001 20 Total or mean 46 107 222 3 67 (55-79)Minimal<3 days,15% 87 Recovery (wk) 1 At 2wks, 90% 4 At 2wks, 10% Magrina, J.F., Clin. Obst. Gyn. 2004;3:619-640. Perioperative Data Relative to the Laparoscopic Staging of Patients With Early Ovarian Cancer Author Childers et al, 1999 Querleu, 1999 Patients 14 9 Pomel et al, 2001 10 Total or mean 33 OR Mean Time, min (range) Blood loss (mL) Hosp days mean nº (range) NA 1.6 (0-3) Vena cava injury Postop. hematoma 2.8 (1-5) Postop. echymosis 149,196* (120-240) 227(130-360) <300 313 NA 3.1 Complications Postop. Bleeding requiring laparot. 229.6; 245.3* * With hysterectomy Magrina, J.F., Clin. Obst. Gyn. 2004;3:619-640. Cancro do Ovário – Cirurgia primária Colheita de ascite / Lavado peritoneal Avaliação de todo o abdómen Biópsia /Anexectomia / Ovariectomia /Quistectomia Estudo Extemporâneo Doença limitada à pelvis: Doença além da pélvis: •Possível tumor resídual < 2cm: CIRURGIA RADICAL •Exérese de aderências peritumorais Cirurgia radical/Cirurgia de máximo erforço + biópsias •HT/AB •Omentectomia infracólica •Tumor resídual > 2cm: •Apendicectomia (t. mucinosos) Exérese de grandes massas •Linfadenectomia selectiva tumorais + biópsias pélvica e lomboaortica •Biópsia do peritoneu pélvico, ligamento infundibulopélvico e goteiras parietocólicas •Citologia/biópsia das cúpulas subdiafragmáticas Protocolo de orientação das massas anexiais Massa anexial Quistica Simples e unilateral < 4- 8 cm CA 125 normal Vigilância: Ecografia CA 125 Sólida Ecografia suspeita > 4 - 8cm Ca 125 elevado ! Cirurgia: Laparoscopia / Laparotomia Quem faz? O cirurgião é factor de prognóstico independente Ginecologista Oncológico Obstetra Ginecologista Cirurgião Geral 97% 52% 35% Estadiamento bem feito Nº de casos: 299 Obst. Gynecol:1988; 65, 568 O cirurgião é factor de prognóstico independente Tumor residual após cirurgia primária por cancro do ovário e o RR de morte Diâmetro (cm) <2 2 – 2.9 3 – 3.9 4 – 5.9 6 – 7.9 8 – 9.9 > 10 Nº de doentes 31 45 45 80 42 16 35 RR 1.00 1.90 1.91 1.74 1.85 2.16 1.83 GOC - A. J.Obst. Gynecol:1994; 170, 974 O cirurgião é factor de prognóstico independente Sucesso na cirurgia primária de máxima redução tumoral Cirurgião Young Smith Delgado Neijt Wharton Redman Heintz Neijt Piver 1978 1979 1984 1984 1984 1986 1986 1987 1988 Nº doentes Tumor residual < 2cm 80 792 75 186 184 86 70 191 40 24 24 17 41 41 40 70 49 87 Ozols e col. – Principles and practice of Gynecologic Oncology :1997, 951 Cirurgia do cancro do ovário Princípios : Deve ser realizada por médico com treino em cirurgia oncológica ginecológica. Deve haver garantia de tratamento sequencial em tempo útil. Constitui a primeira abordagem e é fundamental no diagnóstico, estadiamento e tratamento. Deve ser possível a histologia e a citologia intra-operatória, sobretudo nos estádios iniciais. Deve realizar-se uma cirurgia de reavaliação, sobretudo nos estádios iniciais, sempre que a cirurgia tenha sido incompleta. Reunião Nacional de Consenso do Cancro Ginecológico, SPG, Junho de 2003. Massas anexiais: RMA Score de avaliação pré-operatória Ecografia: Unilocular Áreas sólidas Bilateral Ascite Metástases intra-abdominais Menopausa: E1 E2 E2 E3 E5 CA 125: Pré-menopausa M1 Pós-menopausa M2 30 U/ml Score = E x M x CA125 Cut off = 200 Sem cancro – 286 (92%) Score <200 Cirurgia hospital local (290 casos) Com cancro – 24 (8%) Sem cancro – 22 (29%) Score >200 Cirurgia gin. oncológica (75 casos) Com cancro – 53 (71%) Bjørn Hagen, FIGO 2000, Congresso SPG 2002 Massas anexiais: RMA Score de avaliação pré-operatória 286 casos Score <200 Sem cancro Cancro ou borderline* 265 (92.6%) 21 (7.4%) 87 casos Score >200 Sem cancro** Cancro ou borderline 45 (51.7%) 42 (48.3%) * 3 malignos e 18 borderline; ** tumores sólidos E. Castelo Branco e col, Congresso Português de Ginecologia, Estoril 2005 Improving Outcomes in Gynaecological Cancers GOOD PRACTICE Massas Anexiais: Conclusões: 1. A qualidade da ecografia tem um papel decisivo. 2. Massas quisticas uniloculares < de 4 - 8 cm. c/ CA 125 normal – vigilância restantes condições – cirurgia 3. O Score RMA é um bom indicador de gravidade Massas Anexiais : Conclusões: 4. A laparoscopia é a técnica mais recomendada na presunção de benignidade. 5. A laparotomia realizada por ginecologista com treino em cirurgia oncológica é a técnica mais recomendada na suspeita de malignidade, podendo ser substituída ou auxiliada pela laparoscopia quando a experiência do cirurgião o permite. DPS, Braga 2006