Primeiros jornais
Necessidade de informações é um dos dados
fundamentais da vida social.
Ter acesso à informação significa estar inserido –
uma forma de inserção social.
Século XV – com o Renascimento, as grandes
descobertas e a Reforma Protestante –
curiosidade do público se multiplica.
Resultado: criação das primeiras folhas volantes.
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Gazetas – cadernos de 4, 8 ou 16 páginas (as
vezes, ilustradas) – relatavam acontecimentos
importantes (festas, guerras ou reproduziam
texto de aviso).
Vendidos em livrarias ou por ambulantes.
Pasquins – relatavam fatos sobrenaturais,
crimes, catástrofes e acontecimentos
extraordinários (Mais antigos são encontrados na
França, 1520).
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Libelos – geralmente usados pela Reforma
Protestante e, depois, pela Contra-Reforma.
Quase sempre suscitavam alguma polêmica
religiosa. Suscitaram legislação repressiva e
censura dos impressos.
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CARACTERÍSTICAS
Eram parciais, passionais.
O que era notícia? Pessoas mordem cães.
Vida comum não vira notícia.
As notícias se concentram sobre as celebridades,
os políticos ou os assassinos.
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O que tinham as notícias?
O extraordinário – fascínio pelo inusitado.
Homicídios apresentavam perspectiva distorcida.
O convencional – temas revisitados. Ausência de
reflexões sobre os temas noticiados.
O inesperado – e para isso, tenta fornecer ao
público perspectivas, conexões, significados.
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A preocupação era não ser enfadonha.
Política tinha abordagem tímida. Preocupação
em manter boa relação com os poderosos.
Assuntos cotidianos é que eram amplificados.
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Como ficam as notícias?
•
O mundo aparece em poses exageradas,
desajeitadas, rostos assustadores.
•
Não há notícia sem espanto. Elemento
surpresa. Impacto emocional.
•
A notícia não se constitui da realidade
política, social ou da realidade diária. A notícia
responde nossa incansável busca pelo estranho,
pelo chocante.
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REFLETIR – As notícias revelam muito daquilo
que ocupa o pensamento da sociedade como um
todo, mas pouco transmitem sobre a forma
como as pessoas dessa sociedade levam a vida
delas.
Primeiros jornais
PRIMEIROS JORNAIS
Essas características são preservadas quando
surgem os primeiros jornais.
Veneza – constitui-se, no início do século XVI, no
centro mais importante de informação.
Mercadores precisavam coletar informações
Jornal inventado pelos venezianos era escrito a
mão.
Estilo simples – letra manuscrita. Distribuído aos
sábados.
Primeiros jornais
Papel dobrado em dois – formando quatro
páginas.
Matérias curtas de vários locais de toda Europa –
exceção de Veneza.
Por que são caracterizados jornais?
- Variedade de notícias.
- Não tinham título, mas empregava formato
similar.
É desse modelo que descenderiam todos os
outros jornais.
Primeiros jornais
Por que os impressos dos séculos XV e XVI não
são caracterizados jornais?
Para ser classificado jornal é preciso apresentar
três atributos.
- ser publicado regularmente
- incluir uma variedade de histórias
- apresentar um título consistente ou
reconhecível ou um formato (ou seja, ter
identidade própria)
Primeiros jornais
Jornais têm chegada silenciosa. Mas idéia se
espalha pela Europa.
Alemanha – por volta de 1610
Inglaterra – 1621
França – 1630
Itália – 1639
Espanha – 1641
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Impressão de notícias não se constituía em
nenhuma idéia radical. Mas era preciso ser
inovador pra ter um novo jornal a cada semana
(o processo era, digamos, uma espécie de
indústria – notícia, um produto).
REFLEXÃO: Surgimento dos impressos
possibilitou o acesso da população de menor
renda às notícias impressas.
Primeiros jornais
A IMPRENSA FRANCESA: UM
DESENVOLVIMENTO LENTO MAS HARMONIOSO
(1653-1788)
Gazzette foi criada por Thephraste Ranaudot, em
1631.
Não foi o primeiro jornal. Mas se consolidou,
graças ao apoio político e financeiro.
Principalmente ao privilégio da exclusividade.
Em 1635, teve privilégio confirmado de imprimir
e vender notícias – do que acontecia dentro e
fora do reino.
Primeiros jornais
Foi o primeiro a lançar uma folha de anúncios.
Em 1632.
Como praticamente não tinha concorrência,
conseguiu notável estabilidade.
Jornais eram censurados.
Só os jornais oficiais podiam tratar de assuntos
políticos, e ainda com muita prudência.
Primeiros jornais
Por isso, jornais tornaram-se muito mais
literários. Tiveram sucesso considerável – que
serviu de modelo para toda uma série de
publicações em série.
A imprensa oficial - Três títulos dominam a
imprensa nesse período: a Gazzete, o Journal
des Savants e o Mercure.
Primeiros jornais
O monopólio dos três grandes títulos foi respeito
no século XVII, mas no final do reinado de Luís
XIV a curiosidade do público suscitou múltiplas
criações de folhas.
Curiosidade: Para driblar a censura, jornais mais
críticos tinham que ser impressos na Holanda.
Primeiros jornais diários surgiram por volta de
1778.
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A IMPRENSA ALEMÃ: O PESO ESMAGADOR DA
CENSURA (1610-1792)
As guerras da primeira metade do século XVII
favoreceram pouco o desenvolvimento dos
jornais.
Num país onde as oficinas de tipografia eram
numerosas, os partidos em luta utilizaram para
sua propaganda, de preferência, os libelos e
outras folhas volantes.
Primeiros jornais
O restabelecimento da paz em 1648 permitiu a
criação de numerosas folhas periódicas na
maioria dos pequenos e grandes Estados do
Império, mas submetidas a um regime muito
severo de autorização e censura.
Por conta disso, tiveram uma vida medíocre e
seu conteúdo apresentava pouco interesse.
Primeiros jornais
Os periódicos de interesse nacional tiveram
assim uma vida difícil entre as censuras e os
obstáculos que a divisão política colocava para
sua divisão.
Tiveram sucesso algumas publicações
semelhantes ao Journal des Savants (francês)
focadas nas questões literárias e filosóficas.
Primeiros jornais
Só em 1781, José II concedeu a essa imprensa
uma liberdade considerável: tal decisão
provocou uma florescência de jornais, nos quais
o estabelecimento do direto de selo desferiu um
primeiro golpe em 1782 enquanto sua elevação
em 1789, e depois o restabelecimento da
censura em 1791, forçou-os a desaparecer ou a
levar uma vida medíocre.
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A IMPRENSA INGLESA: A CONQUISTA DO
QUARTO PODER (1621-1791)
A vida da imprensa inglesa foi tumultuada até o
final do século XVIII.
Engajada na luta política desde o século XVII,
ela mereceu ser chamada, em 1787, de o quarto
poder.
Estimulados pela concorrência e por um clima de
relativa liberdade, seus jornais foram mais
variados e mais ricos de conteúdo que os da
Franca.
Primeiros jornais
Eram sustentados pelo interesse muito vivo que
seus leitores tinham pelas notícias políticas e
debates parlamentares.
Jornalismo de característica político-noticioso,
partidário e combativo. Jornais usados como
armas políticas.
Modelo britânico de jornalismo de meados do
Século XVII colaborou para formar o modelo
Ocidental, praticado em todos os estados
democráticos de Direito.
Primeiros jornais
Durante certo período, as folhas só puderam
publicar notícias oficiais do reino e de 1632 a
1641 foram proibidas de dar notícias do exterior.
Esse controle severo da imprensa foi instaurado
pelo Parlamento e resultou na publicação, em
1644, de uma violenta defesa da liberdade de
imprensa (referia-se mais aos livros que aos
jornais).
Primeiros jornais
A independência dos jornais era limitada
(corrupção foi freqüentemente empregada pelo
governo).
Monarquistas e parlamentaristas usaram
panfletos e jornais para expressarem seus
respectivos pontos de vista.
O direito de selo inviabilizou a existência de
muitos jornais. Vários fecharam.
Primeiros jornais
Jornais eram lidos em voz alta e discutidos nos
cafés.
Mensagens temáticas não estavam confinadas a
panfletos e jornais – paredes e outros lugares
públicos.
Surgimento dos jornalistas (homens de notícias)
como nova força nos assuntos políticos.
Políticos começaram a ser produzidos pela
própria mídia.
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O COMEÇO DA IMPRENSA NOS ESTADOS
UNIDOS (1690-1830)
A primeira folha americana, The Public
Occurrences, publicada em Boston a 25 de
setembro de 1690, só teve um número.
A segunda, The Boston News Letter, criada em
1704 pelo alugador de cavalos John Cambell,
durou pouco.
A primeira folha original foi a Pennsylvania
Gazzete, lançada na Filadélfia por Benjamin
Franklin em 1728.
Primeiros jornais
Maioria copiava jornais da Inglaterra, mas suas
pequenas tiragens e a severidade do controle
das autoridades inglesas as condenavam a uma
vida medíocre.
Duas folhas impressas tiveram papel importante
no deflagrar da revolta, em 1776, que
possibilitou a Independência dos EUA (Boston
Gazette de Sam Adams e sobretudo o
Pennsylvania Magazine de Thomas Paine).
Primeiros jornais
Assegurada a vitória, publicaram-se os primeiros
diários.
Entretanto, o desenvolvimento da imprensa
permanecia limitado pela pequena densidade da
população e, portanto, pela mediocridade de suas
tiragens.
Os jornais americanos gozavam de uma relativa
liberdade, por causa da Constituição de 1791. Mas
ainda estavam submetidos a graves processos que a
violência das opiniões políticas multiplicava e que se
justificavam pela grosseria dos ataques pessoais.
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Só em 1830 começa a configurar-se uma
renovação na imprensa americana que
resultaria num extraordinário
desenvolvimento.
Primeiros jornais
OBSERVAÇÕES GERAIS
Imprensa era pouco audaciosa.
Principalmente nos assuntos políticos
(exceção de parte da imprensa inglesa e
americana).
Meta era conquistar leitores – uso do
sensacionalismo.
Autoridades pouco se importavam. Entendiam
que sensacionalismo era menos ofensivo que
comentários políticos.
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-
Notícias sobre celebridades
Casamentos transformados em espetáculos
Foco nos poderosos (família real e nobres)
Notícias sobre crimes
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- Comportamentos sexuais
- Tragédias domésticas (homem que mata
mulher etc).
E ainda...
- Notícias ganhava tratamento (adjetivos,
advérbios – ex: puta vira “puta imunda”).
- Jornais sensacionalistas tinham caráter
moralista (davam conselho).
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Primeiros jornais - Professor Ronaldo Nezo