Seminário Internacional Fundación MAPFRE – 08Nov2011, São Paulo, SP Transporte Rodoviário de Cargas: Soluções alinhadas à Década de Ações para Segurança Viária Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias Revista VEJA, edição de 30 de junho de 2004 CARGA MUITO PESADA A sobrecarga é uma das principais causas de acidentes com caminhões nas estradas. O peso excessivo provoca falhas mecânicas e dificulta o controle da direção. Os caminhões participam de 27% dos 180.000 acidentes rodoviários que ocorrem por ano Seis em cada dez caminhões envolvidos em acidentes têm sobrecarga Dois em cada dez caminhões que passam pela pesagem infringem os limites legais JORNAL NACIONAL - Edição do dia 04/08/2011 Caminhoneiros burlam fiscalização em rodovias federais de São Paulo A fraude foi denunciada pelo Jornal Nacional há quatro anos, mas ainda não foi banida das estradas. Na Via Dutra, os motoristas transferem a carga de caminhão para burlar as balanças que pesam as cargas. Um caminhão foi barrado na balança de Queluz, divisa com o Rio de Janeiro. Para ser liberado, ele transfere as placas de madeira para outro caminhão e tem sinal verde para seguir. O que recebeu parte da carga também sai. Três quilômetros à frente, a carga volta para o que estava acima do peso. Sinal vermelho para uma carreta carregada com bobinas de alumínio. Ela transfere parte da carga para o caminhão menor e volta para a estrada. Na saída, há um posto da Polícia Rodoviária Federal. Logo adiante recebe de volta as bobinas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres informou que fiscaliza os caminhões com excesso de peso apenas dentro da área das balanças. A Polícia Rodoviária Federal explica que, onde há balanças, presta assessoria e que atua nas estradas para evitar o desvio e a fuga de veículos que seriam obrigados a fazer a pesagem. PBT / PBTC ou peso por eixo ? Por que pesar por eixo? 25,5 17 6 Portanto, o que destrói o pavimento é o excesso de peso por eixo e não o PBT ou PBTC Por esse motivo, os pavimentos rodoviários são projetados para suportar a carga de um “eixo padrão”, referenciado a 80 KN ( 8,2 tf), sem nenhuma preocupação com o PBT, pois se considera que o PBT será dividido em tantos eixos quantos forem necessários para respeitar as condições de projeto. Influência do Excesso de Carga por Eixo na Vida Útil do Pavimento O gráfico a seguir, extraído de apresentação do Dr. Neuto Gonçalves dos Reis, ilustra muito bem as conseqüências do excesso de carga por eixo Impacto do excesso de peso sobre a vida útil do pavimento (eixo isolado) 12,0 10,0 8,0 6,0 6,6 4,5 4,0 2,0 3,2 2,3 1,7 1,3 1,0 0,8 0,6 0,0 10 ,0 11 ,0 12 ,0 13 ,0 14 ,0 15 ,0 16 ,0 17 ,0 18 ,0 19 ,0 20 ,0 Vida útil (anos) 10,0 Peso por eixo (toneladas) 0,5 No caso de OAEs (pontes e viadutos), a situação é diferente. Aqui importa, sim o PBT ou o PBTC, pois isso se traduz em solicitações nas estruturas, nos apoios, nos pilares e nas fundações. Por esse motivo, nos Estados Unidos todos os veículos de carga estão sujeitos à Bridge Formula, expressão matemática que verifica a adequação do veículo em função de seu carregamento e espaçamento entre eixos, proibindo sua circulação em determinadas pontes. FATOR DE EQUIVALÊNCIA DE CARGA FEC = “dano ao pavimento” “perda de serventia do pavimento” Exemplo: se, para um determinado pavimento a perda de serventia causada por 100.000 passagens de um eixo padrão for a mesma perda de serventia causada por 12.000 passagens de um eixo com 10 ton 100.000 ÷ 12.000 = 8,33 Portanto: Nesse exemplo o FEC do eixo com 10 ton é 8,33 , significando que a perda de serventia causada por 12.000 passagens do eixo com 10 ton é 8,33 vezes a causada por 100.000 passagens do eixo padrão. FEC PARA VÁRIAS SITUAÇÕES DE EIXOS: simples, tandem duplo e tandem triplo Fórmulas: • AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials • USACE – United States Army Corps of Engineers No Brasil utiliza-se com mais freqüência as fórmulas produzidas pelo USACE. FEC PARA VÁRIAS SITUAÇÕES DE EIXOS: simples, tandem duplo e tandem triplo 1º Exemplo: • • Caminhão médio, com PBT de 16 ton, 6 ton no eixo dianteiro e 10 ton no eixo trator. Astra sedã 2.0 flexpower, 1.220 kg, com quatro passageiros, cada um com 70 kg, peso total 1.500 kg, cada eixo terá uma carga de 750 kg. Tipo de eixo Faixa de carga (ton) Fórmula (P = ton) Simples 0–8 ≥8 FEC = 2,0782 x 10-4 x P 4,0175 FEC = 1,528 x 10-6 x P 5,484 Aplicando as fórmulas, temos: FEC para 750 kg = 2,0782 x 10-4 x 0,754,0175 = 0,00007 FEC para 6 ton = 2,0782 x 10-4 x 6 4,0175 = 0,278 -6 6,2542 FEC para 10 ton = 1,8320 x 10 x 10 = 3,289. Fator de Veículo = soma dos respectivos fatores de equivalência dos eixos. Para o caminhão: 0,278 + 3,289 = 3,567. Para o Astra: 0,00007 + 0,00007 = 0,00014. Dividindo um pelo outro temos = 25.478. Isso nos diz que são necessárias mais de 25.000 passagens do Astra para causar ao pavimento a mesma perda de serventia causada por uma única passada do caminhão. FEC PARA VÁRIAS SITUAÇÕES DE EIXOS: simples, tandem duplo e tandem triplo 2º Exemplo: • • Bi-trem de 7 eixos e PBCT de 57 ton, 6 ton no eixo dianteiro e 17 ton em cada um dos três tandens duplos. O Astra sedã continua o mesmo. Tipo de eixo Faixa de carga (ton) Fórmula (P = ton) Simples Tandem duplo 0–8 ≥ 11 FEC = 2,0782 x 10-4 x P 4,0175 FEC = 1,528 x 10-6 x P 5,484 Aplicando as fórmulas, temos: FEC para 6 ton = 2,0782 x 10-4 x 6 4,0175 = 0,278 FEC para 17 ton = 1,528 x 10-6 x 17 5,484 = 8,549. Fator de veículo para o bi-trem, 0,278 + (3 x 8,549) = 25,925. Fator de veículo para o Astra: o mesmo já calculado anteriormente, 0,00014. Dividindo um pelo outro, temos 185.178. Ou seja, são necessárias mais de 185.000 passagens do Astra para causar ao pavimento a mesma perda de serventia causada por uma única passada do bi-trem. FEC PARA VÁRIAS SITUAÇÕES DE EIXOS: simples, tandem duplo e tandem triplo 3º Exemplo: • • Vamos, agora, supor que o bi-trem esteja com 5% de sobrecarga, o que significa 6,3 ton no eixo dianteiro e 17,85 ton em cada um dos 3 tandens duplos. O Astra continua o mesmo Aplicando as fórmulas, temos: FEC para 6,3 ton = 2,0782 x 10-4 x 6,3 4,0175 = 0,338 FEC para 17,85 ton = 1,528 x 10-6 x 17,85 5,484 = 11,171 Fator de veículo para o bi-trem, 0,338 + (3 x 11,171) = 33,852. Fator de veículo para o Astra: o mesmo já calculado anteriormente, 0,00014. Dividindo um pelo outro, temos 241.801. Ou seja, com 5% de sobrecarga, são necessárias mais de 241.000 passagens do Astra para causar ao pavimento a mesma perda de serventia causada por uma única passada do bi-trem Ou ainda: 5% de sobrecarga no bi-trem representa uma perda de serventia do pavimento equivalente a 56.000 passagens do Astra. Conseqüências do excesso de carga As pesquisas indicam que as conseqüências imediatas dessa destruição dos pavimentos são: • Aumento de até 58% no consumo de combustível • Aumento de até 100% no tempo de percurso Extrato de Relatório do LASTRAN Laboratório de Sistemas de Transportes (UFRGS): “Quando determinado trecho é submetido a rigoroso controle de tráfego pesado, chega-se a ciclos médios de recapeamento três vezes maiores do que em rodovias sem controle de peso, além, é claro, de reduzir os riscos de acidentes. A conclusão recente de uma análise revela que a vida útil do pavimento se reduz em até 85% quando a carga por eixo e a pressão dos pneus aumentam de condições normais para condições de sobrecarga e alta pressão de inflação” Conseqüências do excesso de carga Mas sobrecarga, acarreta, ainda, outras – e sérias – conseqüências: Compromete o veículo Compromete o nível de serviço da rodovia Motor Pneus Câmbio Freios Combustível, etc. Reduz a velocidade média Aumenta o tempo de viagem Aumenta a possibilidade e a gravidade dos acidentes CONCLUINDO CONCIENTIZAÇÃO A sobrecarga é danosa para todos, mas principalmente para os pavimentos, sejam eles de rodovias concedidas ou não. Seguir sobrecarregando os veículos significa privatizar os lucros e socializar os prejuízos. FISCALIZAÇÃO Onde não houver ação fiscalizadora ou onde a fiscalização ocorrer de forma eventual ou até mesmo omissa, pode ser dado como fato consumado a redução da vida útil dos pavimentos e o aumento na quantidade e na gravidade dos acidentes. OBRIGADO Eng. Gil Firmino Guedes Coordenador Técnico Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR [email protected]