1 ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO FACULDADES INTEGRADAS DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO CURSO DE PEDAGOGIA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A importância da leitura para a formação do cidadão crítico, nas escolas públicas de Gravatá. A pesquisa realizada refere-se ao artigo elaborado para o Trabalho de Conclusão de Curso que objetiva a aprovação da disciplina de Pesquisa e Prática Pedagógica III (Trabalho de Conclusão de Curso – TCC) para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia nas Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão. Aluno(a): Ana Patricia de Siqueira Oliveira Juliana da Silva Freitas Orientador(a): Profª. Ms. Renata Araújo Jatobá de Oliveira Vitória de Santo Antão Junho/2011 2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A importância da leitura para a formação do cidadão crítico, nas escolas públicas de Gravatá ALPHABETIZATION AND LITERACY: The importance of reading for the formation of the critical citizen, in public schools Gravatá OLIVEIRA, Ana Patricia de Siqueira1 FREITAS, Juliana da Silva 2 OLIVEIRA, Renata Araújo Jatobá de 3 RESUMO Diante da necessidade de analisar como ocorre a alfabetização e o letramento, além do incentivo à leitura nas séries iniciais do ensino fundamental, fundamentado em teóricos como Brandão (2003), Soares (1998), Tfouni (1995), Colello (2003), Frade (et al. 2010), Oliveira (2008), Ferreiro (2001) e Freire (1991) o presente artigo tem o objetivo de analisar como se dá o processo de alfabetização e letramento na rede pública de ensino, verificando como o aluno é incentivado à prática da leitura. Apresenta um caráter qualitativo (MINAYO, 2003), com dados analisados pela metodologia de análise do discurso (MINAYO, 2008). A coleta de dados foi realizada através de observações e entrevistas numa escola da rede municipal da cidade de Gravatá. Palavras-chave: Alfabetização e letramento, importância da leitura, formação crítica. ABSTRACT Faced with the need to analyze as it occurs on alphabetization and literacy, in addition to encouraging reading in the early grades of elementary school, based on theoretical and Brandão (2003), Smith (1998), Tfouni (1995), Colello (2011), Friar (et al. 2010), Oliveira (2008), Smith (2001) and Freire (1991), this article aims to analyze how is the process of literacy and literacy in public schools, noting how the student is encouraged to reading practice. Presents a qualitative (MINAYO, 2003), with data analyzed by the methodology of discourse analysis (MINAYO, 2008). Data collection was conducted through observations and interviews in a school in the city's municipal Gravatá. 1 Aluna concluinte do Curso de Pedagogia - FAINTVISA (Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão). A elaboração e apresentação deste artigo científico é requisito para o grau de Licenciatura Plena em Pedagogia. ² Mestre em Educação pelo Núcleo de Didática de Conteúdos Específicos – Linguagem – do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco. Professora da PCR (Prefeitura da Cidade do Recife). Membro da Rede de Pesquisadores da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer, PCR. Técnica Pedagógica da Secretária de Educação do Estado de Pernambuco. Professora, Coordenadora e Orientadora de TCC do Curso de Pedagogia da FAINTVISA – Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão. 3 Key words: Alphabetization and literacy, importance of reading, critical training. I. INTRODUÇÃO Há muitos anos, temos lidado com o desafio de ensinar a ler e escrever, convivendo com um grande percentual de brasileiros que não tem acesso à leitura de maneira clara e objetiva, como revela a segunda edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2010, pelo Instituto Pró-Livro, mostrando que 66% dos livros estão nas mãos de apenas 20% da população, ao passo que 8% dela não têm nenhum livro em casa e 4% somente um. Segundo dados do Ministério da Educação, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que avalia a partir do resultado da “Prova Brasil” e das taxas de aprovação dos educandos, tem avançado com o passar dos anos, como mostra o gráfico de projeção de metas dos anos iniciais do ensino fundamental. Projeção de metas / Resultados do IDEB das séries iniciais, 2005 a 2011. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. O índice nacional alcançado em 2009 foi de 4,6 ao passo que o resultado da cidade de Gravatá, foi de 3,3, sendo o IDEB dos países desenvolvidos 6,0, que é onde o Brasil pretende chegar até o ano de 2022. 4 Nosso interesse por este tema começou através da necessidade de se analisar como ocorre a alfabetização e o incentivo à leitura nas séries iniciais do ensino fundamental. Segundo Brandão (2003) a educação teve que enfrentar o desafio de incorporar extensivamente o conhecimento acumulado pela herança universal, sem perder a densidade do processo de construção do conhecimento em cada indivíduo singular. Logo, podemos perceber que a alfabetização recebeu influencia durante os anos até a criação do novo termo letramento, que segundo Soares (1998) alfabetizar e letrar são duas ações distintas, porém pode-se alfabetizar letrando, ou seja, embasado no contexto social em que atual. Diante disso, elaboramos uma pesquisa que busca analisar como ocorre a alfabetização e o incentivo à leitura nas séries iniciais do ensino fundamental. Analisaremos como sucede a alfabetização na rede pública de ensino, no município de Gravatá, verificando como é feito o processo que leva o aluno à utilização da leitura e da escrita em seu cotidiano. Averiguando como se dá o trabalho do professor para a formação do aluno pensante e buscando conhecer os gêneros textuais e materiais utilizados para despertar o gosto pela leitura, nos alunos da rede pública de ensino, pois para Tfouni (1995), a alfabetização está intimamente ligada à instrução formal e às práticas escolares, já que quando o educando apodera-se do conhecimento sobre a leitura, incorpora-a no seu dia-a-dia. Acreditamos que os alunos da rede pública de ensino não sejam devidamente estimulados à prática da leitura, isto é, com textos variados e oportunidade de interpretação dos mesmos. Presumimos também, que os educandos sejam pouco incentivados à formação crítica, deixando de analisar textos relevantes ao seu cotidiano, tendo como opção básica o livro didático. Para análise dos elementos acima descritos, serão realizadas pesquisas de campo, bem como a investigação das referencia sobre o tema, buscaremos atingir os objetivos: geral- analisar como se dá o processo de alfabetização e letramento na rede pública de ensino, verificando como o aluno é incentivado à prática da leitura. E específicos (1) compreender como o professor possibilita a formação crítica do aluno, através da alfabetização e do letramento; (2) identificar o que leva o aluno à não 5 compreensão dos textos lidos; e, (3) analisar os materiais utilizados para despertar a leitura crítica nos educandos. II. REFERENCIAL TEÓRICO A LEITURA COMO BASE PARA A FORMAÇÃO CRÍTICA: Como alfabetizar letrando. A partir dos anos 80, houve vários estudos sobre a psicogênese da língua, que segundo Colello (ano) trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação lingüística. Surgindo como um termo novo e sendo usada pela primeira vez por Mary Kato, em 1986, na obra “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguistica”, a palavra letramento segundo Soares (1998), vem do inglês literacy que é o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever, para esta, quem é letrado assume uma postura, utilizando os mecanismos construídos pela nova condição no seu grupo social, ou seja, apreende e faz uso em seu cotidiano. Para Frade (et al. 2010) houve várias questões sobre alfabetização sendo repensadas, outras abandonadas, nos últimos anos, tendo como justificativa o construtivismo, o que fez com que fossem refletidas as estratégias de ensino e a didática da alfabetização, entre outros pontos destacados, foi vista a necessidade da incorporação de mais um ano no ensino fundamental. Com as novas políticas de educação, através do ensino de nove anos, há controversas sobre a infância e a alfabetização. Para Baptista (2010, p. 19) “a alfabetização sendo iniciada no 1° ano, em uma primeira tendência, é inadequada por roubar das crianças outros aprendizados e, na segunda, ela seria importante como ação compensatória e preventiva do sucesso.” Acreditamos, no entanto, que o contato da criança com livros, mesmo antes do ingresso na escola, facilita o seu aprendizado e interesse pela leitura. Para Oliveira (2008) é inegável a importância da apropriação do sistema alfabético de escrita, mas a inserção social do leitor no mundo da escrita deve ter 6 continuidade com intervenções didáticas seqüenciadas e pautadas nos diferentes gêneros discursivos, visando à formação do leitor crítico. Soares (2003) defende que, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. Desta forma o letramento envolve tanto a assimilação das técnicas para a alfabetização, quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita, logo, "se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada" (D`ESPINDOLA, aput Soares, 2009). Partindo dessa concepção da língua escrita Ferreiro (2001) afirma que: “A escrita é importante na escola, porque é importante fora dela e não o contrário”. Então fica claro que para uma alfabetização plena, faz-se necessário levar objetos e situações do cotidiano para a sala de aula, afim de que o aluno utilize os conhecimentos adquiridos na escola, no seu contexto social, pois como afirma Freire (1991, p.68) a escrita é uma prática discursiva que na medida em que possibilita uma leitura critica da realidade, se constitui como um importante instrumento de resgate da cidadania e que reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação social. A alfabetização, como já foi mencionada anteriormente, ocupa-se da conquista da escrita por um indivíduo, ou grupo. Enquanto o letramento “focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (TFOUNI, 1995). Sendo assim entendemos que a alfabetização e o letramento são dois métodos de desenvolvimento da linguagem que devem estar interligadas durante todo o processo de ensino aprendizagem. A COMPREENSÃO DE TEXTOS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Nas séries iniciais do ensino fundamental deve ser comum a utilização de diversos tipos de textos, onde o professor pode utilizá-los em variados momentos, com 7 enfoque diferente, pois para Solé (1998, p. 27) “a leitura pode ser considerada um processo constante de elaboração e verificação de previsões que levam à construção de uma interpretação”, onde o aluno pode trabalhar com o mesmo texto em situações diferentes, para que tenha oportunidade de compreendê-lo e criar hipóteses a partir dele. Para Weisz (1988, p. 39) “o conhecimento não é algo que está fora e deve ser consumido, posto para dentro do aprendiz, e sim algo a ser produzido, construído pelo aprendiz enquanto sujeito e não objeto do processo de aprendizagem”, então, faz-se necessário, além da leitura de textos, que o professor sensibilize os educandos a darem sua opinião sobre os mesmos, pois para Vygotsky (1988, p. 131) “A compreensão da língua escrita é efetuada primeiramente através da língua falada”, onde após a leitura do texto, o mesmo pode ser debatido entre os alunos, com a intervenção do professor, para depois deste momento os educandos escreverem um novo texto baseado em suas idéias, á luz do que foi lido anteriormente, ampliando sua idéias acerca do tema, pois segundo Smith (1989, p. 21) “O aprendizado pode ser considerado como a modificação do que já sabemos, como uma conseqüência de nossas interações com o mundo que nos rodeia”, ou seja o indivíduo insere no texto os conhecimentos que constrói, suas idéias e inquietações, fazendo uso constante do procedimento a qual apropriou-se, sendo formado assim o indivíduo letrado, que participou de “um processo de aprendizagem social e histórica da leitura e da escrita em contextos formais para uso utilitário. (MARCUSHI 2001, p.21) A compreensão da leitura é uma atividade construtiva, que deve ser efetivada diariamente, tendo como base os conhecimentos prévios dos educandos, pois para Goodman (1990, p. 6) “Los niños llevan a la escuela, junto con el lenguaje que ya aprendido, la tendência natural de querer encontrar sentido el mundo”, logo, a linguagem escrita vem à auxiliar o educando na sua inserção no mundo, ajudando-o à significar as suas ações sociais desenvolvidas através da aprendizagem, que segundo Freire (2005 p.68-69) “só existe saber na invenção, na re-invenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.” 8 Para que o aluno sinta-se capaz de utilizar a leitura e a escrita, como base para expor o que pensa é necessário que o mesmo sinta-se seguro de suas idéias, para Solé (1998, p.27) “Assumir o controle da própria leitura, regulá-la, implica ter um objetivo para ela, assim como poder gerar hipóteses sobre os conteúdos que se lê”, isto é importante, pois, para que o aluno chegue à compreensão do texto, ele precisa interessar-se pelo que está escrito e ter uma finalidade para o ato de ler, inserindo-se na idéia do autor, construindo seus próprios conhecimentos, guiados pela sua vivência no mundo. CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA. De acordo com o princípio freiriano de que a leitura de mundo precede e acompanha a leitura da palavra, podemos refletir sobre as práticas alfabetizadoras de determinados professores em relação aos materiais que os mesmos utilizam para despertar nos seus educandos o gosto pela leitura e escrita para a formação do cidadão. Diante desse contexto como afirma Kleiman (1998) trabalhar nessa perspectiva, implica uma significação dos espaços escolares, sobretudo, das representações ligadas à sala de aula, como um lugar de construção de identidades. Bem como possibilitar conhecimentos, que estejam ligados ao cotidiano dos alunos. Segundo Araújo (2011) O uso cotidiano e sistemático de situações de leitura e de escrita em seu universo cultural marca, desde o primeiro momento, as explorações das crianças com relação à escrita e à leitura, e nesse processo elas vão criando sentidos e se tornando “naturalmente” usuária da língua escrita. Para FERREIRA (1993): Faz necessário criar um ambiente alfabetizador havendo um “canto ou área de leitura” onde se encontrem não só livros bem editados e ilustrados, como qualquer tipo de material que contenha a escrita (jornais, revistas, dicionários, folhetos, embalagens e rótulos comercias, receitas, embalagens de medicamentos etc.). Quanto mais variados esse material, mais adequado para realizar diversas atividades de exploração, classificação, busca de semelhanças e diferenças para que o professor, ao lê-los em voz alta, dê informações sobre “ o que se pode esperar de um texto” em 9 função da categorização do objeto que veicula. Insisto: a variedade de materiais de materiais não é só recomendável no meio rural, mais em qualquer lugar onde realize uma ação alfabetizadora. Nesse sentido de criar um ambiente alfabetizador que contribui para que as crianças tenham oportunidades de construir conhecimentos sobre a leitura e escrita, FREIRE (1990) diz que o ato de aprender a ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras. Esses são momentos da história. Os seres humanos não começaram por nomear A! F! N! Começaram por libertar a mão e apossar-se do mundo. III. METODOLOGIA Esse artigo está alicerçado na educação, possuindo caráter qualitativo, que segundo Lüdke (1986, p. 18) “desenvolve-se numa situação natural, é rico de dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada”, não podendo ser feita análise quantitativa, pois trata-se de um diagnóstico abstrato. Foi feita a análise do discurso que tem como objetivo básico “realizar uma reflexão geral sobre as condições de produção e apreensão de significação de textos produzidos nos mais diferentes campos” (MINAYO apud Pêncheux, 2008, p. 319), sendo esta importante, pois avalia o objeto como elemento de debate. Diante disso, realizamos visitas em duas escolas da rede pública municipal, uma urbana (instituição A) e uma escola do campo (instituição B), na cidade de Gravatá – PE, sendo escolhidas por apresentarem perfis variados, tendo A uma estrutura com biblioteca e laboratórios, oferecendo o ensino fundamental até o 9° ano e B proporciona o ensino fundamental até o 5° ano, com pouco material à disposição dos educandos. Utilizamos como instrumento, a entrevista com professores, pois esta “permite a captação imediata e corrente da informação desejada” (LÜDKE 1986, p. 34), além de que, ao ouvir a resposta, o entrevistador pode desenvolver outras perguntas, facilitando a análise do instrumento, já que este torna-se completo. 10 Analisamos também as aulas de português no 5° ano do Ensino fundamental, já que “a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que representa uma série de vantagens” (ibid, 1986, p. 26). A escolha do ano, deve-se à esta representar a conclusão de um ciclo da educação básica, onde é possível observar as conseqüências da alfabetização e do letramento, durante os anos anteriores. Através do estudo, percebemos que cada informação coletada deve ser comparada criteriosamente, pois os dados, juntamente com a pesquisa bibliográfica realizada, nos apresentam aos conhecimentos buscados na pesquisa, para construção de conhecimentos perpassando entre a teoria e a prática. IV. RESULTADOS Diante das observações realizadas nas aulas de Língua Portuguesa, em duas salas do 5° ano, sendo A escola urbana e B escola do campo, da rede municipal de Gravatá, detectamos a partir de entrevistas, as dificuldades encontradas em sala de aula, e questionamos sobre as inquietações que tivemos durante esse estudo. Como seu aluno é incentivado a fazer uma leitura crítica do texto? Prof° A: Através de textos variados e dinâmicas para o aluno compreender e refletir sobre o texto. Prof° B: Lendo os textos várias vezes, porque têm alunos que mesmo no 5° ano, não consegue ter uma boa leitura. As respostas dadas acima divergem, pois os alunos da escola A, que observamos lêem com facilidade, dando ao educador o espaço para trabalhar com mais variedade, ao passo que na escola B, há alunos que ainda não são totalmente alfabetizados, restando ao professor a utilização de textos simples, retirados de livros didáticos do 3° e 4° ano. Como afirma Solé (1998) a leitura se dá num processo constante de elaboração e verificação para a construção da interpretação, então o uso de textos variados facilita na construção do aprendizado crítico do aluno. Para um melhor aproveitamento do tempo pedagógico, nas aulas de língua portuguesa, questionamos os educadores sobre a variedade textual presente em suas aulas: 11 Quais os tipos de texto, que são trabalhados na sua sala de aula? Prof° A: São trabalhados todos os tipos de texto, do mais simples, como os usados no livro didático, até textos mais complexos, que cobra que aluno interprete mais. Prof° B: Apesar da variedade que temos ser pouca, procuro trazer textos diferentes para ser trabalhado, além dos textos do livro, que todos os alunos têm. De acordo com Oliveira (2008), as intervenções realizadas pelo professor devem vir acompanhadas de diversos gêneros textuais, enfatizando a importancia da leitura e da escrita em seu cotidiano. Percebemos que esta é a preocupação de ambos professores, que visam a construção da interpretação do texto por seu aluno, onde buscam materiais, mesmo fora do espaço escolar; embora ao menos uma vez em cada dia que observamos, fizeram uso do livro didático. Entretanto, detectamos que há dificuldades geradas durante o processo de leitura em sala de aula, como foi observado durante uma atividade onde o professor B entregou para cada aluno uma cópia da poesia A Língua do Nhem, de Cecília Meireles, pedindo para que todos lessem em silencio. Ao término ela fez perguntas aos educandos, como vemos no diálogo abaixo: Prof° B: Aluno 1, o que você entendeu sobre a primeira estrofe da poesia? Aluno 1: Não entendi nada! Prof° B: Você leu direitinho? Aluno 1: Li, mas eu não sei não... Prof° B: Então leia em voz alta para mim, a primeira linha. O educando leu, porém apresentou dificuldade, precisando que o educador explicasse, para que ele pudesse compreender. Este diálogo valida a resposta dada à pergunta 1, onde o professor afirma que alguns alunos de sua sala não lêem fluentemente. A partir disso, questionamos aos educadores as principais dificuldades encontradas em suas aulas: Prof° A: A maior dificuldade é a interpretação, pois os alunos muitas vezes lêem mas não conseguem perceber o que tem no texto. Prof° B: As dificuldades são os alunos que ainda não são totalmente alfabetizados e ás vezes não entendem as leituras. 12 Tendo respostas semelhantes, os educadores afirmam que embora leiam, os educandos não compreendem, Soares (1998) assegura que letrado é o individuo que faz uso do que foi apreendido, em seu cotidiano. E diz ainda que, alfabetizar e letrar são diferentes, porém pode-se alfabetizar letrando. Acreditamos então que, os alunos são levados à alfabetizar-se, porém são pouco incentivados à letrar-se. É necessário que os alunos tenham um objetivo antes da leitura, como por exemplo, a criação de um texto, baseado nas idéias do autor lido, pois assim ele terá um foco para a atividade, podendo interpretar à medida que vai lendo. Sobre os materiais utilizados nas instituições, fizemos o seguinte questionamento: Quais os instrumentos utilizados pelo professor para inserir o aluno no processo de alfabetização e letramento? Prof° A: Eu uso músicas, histórias em quadrinhos, receitas, revistas, jornais, palavras cruzadas, caça palavras, entre outras coisas que façam o aluno ler palavras e textos. Prof° B: Como não temos biblioteca, construí uma caixa onde guardo textos recortados de livros didáticos diversos, que os alunos podem usar nas horas vagas, isso tem me ajudado muito com os alunos que ainda não lêem tão bem. Nesse sentido, Ferreira (1993) insiste em uso de grande variedade de materiais em locais onde haja ações alfabetizadoras. Sendo assim, acreditamos que um ambiente com materiais à disposição dos educandos, para que este por conta exercite sua leitura, facilite no processo de letramento pois, para Kleiman (1998) este caminho possibilita ao educando a construção de sua própria identidade. V. CONSIDERAÇÕES Nossa pesquisa trata de averiguar como ocorre a alfabetização e o letramento, no incentivo à leitura, nas séries iniciais do ensino fundamental, com objetivo maior de analisar a alfabetização na rede publica municipal da cidade de Gravatá, verificando como é feito o processo que leva o aluno à utilização d leitura e da escrita, em seu cotidiano. 13 Diante das análises concluímos que o aluno é incentivado à ler a partir de textos variados, e em outros casos é feita a releitura de textos para que haja uma boa interpretação. Quanto aos tipos de texto, percebemos que são trabalhados diversos gêneros textuais, apesar do material ser escasso. Foram observadas também dificuldades na interpretação, por parte dos alunos, que para os educadores deve-se a não serem totalmente alfabetizados. Com isto, nossa hipótese foi em parte, validada, pois percebemos que os educandos são incentivados à prática da leitura, porém como presumimos, algumas instituições mantém como opção básica o livro didático. Através do objetivo de compreender como ocorre a formação crítica através da alfabetização e do letramento, concluímos diante dos dados que os educandos buscam aprimorar a formação crítica do aluno, buscando meios que facilitem a sua compreensão e reelaboração do que foi lido. Com o objetivo de identificar o que leva o aluno à não compreensão de textos lidos, percebemos que os alunos, muitas vezes, não possuem domínio do texto lido, por não serem totalmente alfabetizados, o que leva ao baixo nível do rendimento escolar. Com o foco de analisar os materiais utilizados pelo professor concluímos que os educadores, embora haja falta de material, tentam levar aos alunos variados instrumentos que despertem o interesse e construa em si uma consciência critica levando-os ao avanço do nível de letramento. Para que a formação crítica dos educandos seja construída através da alfabetização e do letramento, é preciso que os objetivos de cada série do ensino fundamental sejam revistos, para que os educandos cheguem à final desta primeira fase do ensino, alfabetizados, conseguindo interpretar textos relevantes ao seu cotidiano, visando sempre a melhoria da qualidade da educação. REFERENCIAS ARAÚJO, Mairce da Silva. Ambiente Alfabetizador - a sala de aula como um entrelugares de culturas.http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/o-professor-alfabetizador/ 2011. 14 BRASIL. Projeção de metas / Resultados do IDEB das séries iniciais, 2005 a 2011. 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