QUALIDADE DE VIDA: PARA ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA Acreditamos que a escola é o espaço, por excelência, para mediar o processo de formação de cidadãos éticos e ativos na sociedade, bem como o lugar de relações socioafetivas entre educandos e educadores e de socialização e reconstrução do conhecimento construído historicamente. Essas relações devem acontecer a partir de reflexões e ações sobre o mundo que nos cerca, a fim de que os educandos sejam capazes de agir com criticidade, responsabilidade e ética. Zabala (2002) postula que as inovações educativas costumam ser produzidas, entre outras razões, por uma pressão exterior ou pela vontade ou desejo de mudança de um grupo ou de uma instituição. Diante disso, uma escola que pretende inovar e ampliar a sua prática educativa proporciona aos educandos espaços para discutir sobre a sua realidade, a fim de avaliá-la, transformá-la e ressignificá-la. Com esse intuito, propomos aos educandos do quinto ano do Ensino Fundamental a vivência com um projeto de trabalho que discute a sua qualidade de vida e a do cidadão natalense. Nesse trabalho, eles puderam investigar o que é necessário para ter-se qualidade de vida, quais são os direitos validados na Constituição Brasileira quanto à temática e à preservação destes no contexto atual, assim como que ações de reivindicação e defesa da conquista da cidadania em sua plenitude é possível adotar. Contação de histórias na Comunidade Beira Rio Para tanto, podemos “ultrapassar os muros da escola”, como propõe o mestre Paulo Freire (1987), ao discorrer que a escola só tem sentido quando está atrelada à realidade, relacionando as aprendizagens à vida, assegurando a construção de conhecimentos que servirão para interagir no meio social no qual está inserido. Nesse sentido, desenvolvemos um projeto intitulado “Por uma melhor qualidade de vida”, ao longo de quatro anos consecutivos, o qual oportunizou o estudo “in loco” na Escola Municipal Almerinda Bezerra Furtado, Creche Tia Deusa, Lar do Ancião Evangélico, Abrigo Juvino Barreto e na Comunidade Beira Rio, localizados em nossa cidade. Brincadeiras de roda e atividades físicas na Comunidade Beira Rio Nessas instituições, os educandos podem conhecer como é a qualidade de vida de outras pessoas, estabelecer relações com os conhecimentos discutidos em sala de aula sobre os aspectos sócio-históricos e políticos que contribuíram para a atual conjuntura social na qual estamos inseridos e pensar em formas de possibilitar a garantia dos direitos preservados aos cidadãos na Constituição Brasileira. Entrevista com os alunos da Escola Municipal Almerinda Bezerra Furtado A posteriori, os alunos puderam desenvolver ações de cidadania nas instituições e na comunidade ribeirinha, através de momentos de formação com oficinas educativas, mediadas pelas crianças, no tocante aos cuidados com a saúde bucal, higiene pessoal, brincadeiras e jogos educativos, alimentação alternativa, contação de histórias, danças, atividades físicas e direitos e deveres do cidadão. Oficinas de leitura, higiene pessoal e teatro na Escola Municipal Almerinda Bezerra Furtado Essa prática foi orientada através do nosso projeto de Formação Ético-Social, com o objetivo de formar pessoas preparadas para agir e intervir em nossa sociedade com respeito, responsabilidade e compromisso social, a partir de uma postura ética. Parafraseando Freire (2001), queremos uma escola para a vida, preocupada em cumprir com sua função educativa de forma integral. Diante da validação por parte das nossas crianças a respeito dessa experiência, e pelos educadores do 5º acreditamos que a inclusão da realidade no currículo escolar, a partir dos temas transversais, promove a aprendizagem, haja vista que “o aprender a aprender prazeroso” se dá quando o conhecimento ganha um significado para o sujeito, tornando assim relevante investir tempo, disposição e prazer no ato de aprender. Trabalho desenvolvido com os educandos do 5 º ano do Ensino Fundamental Ana Catarina Pinheiro de Castro e Marcilene Paulino da Silva Orientadoras Pedagógicas do Ensino Fundamental I Referências Bibliográficas FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. ______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001. Leitura. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. ______. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.