INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DO IFSUL CAMPUS PASSO FUNDO Juliana Favretto1 - IFSul Campus Passo Fundo Ionara Soveral Scalabrin2 - IFSul Campus Passo Fundo Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão do Ensino Superior Agência Financiadora: IFSul – Bolsa de Iniciação Científica Resumo O Campus Passo Fundo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul), foi implantado em 2007, dentro da política de expansão dos Institutos Federais, com o objetivo de oferecer à população cursos de formação voltada ao desenvolvimento regional na perspectiva da construção da cidadania. Por tratar-se de uma política pública, entendemos imprescindível o acompanhamento dos seus impactos e da sua efetividade, o que motivou o desenvolvimento de um projeto de pesquisa que objetivou investigar o perfil, as percepções acerca da formação recebida e a inserção dos profissionais egressos do IFSul Campus Passo Fundo no mundo do trabalho, bem como oferecer subsídios que contribuam com a avaliação institucional. Apresentamos neste texto os resultados da pesquisa, realizada com os egressos de todos os cursos da instituição, que concluíram seus estudos entre 2010 e 2013. A pesquisa foi realizada através do método quantitativo, com levantamento de dados primários a partir da aplicação de um questionário aos alunos egressos. Os questionários foram enviados via e-mail, redes sociais e correio a todos os alunos dos Cursos Técnicos Subsequentes em Informática, Edificações e Mecânica e do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet. As variáveis para análise foram divididas em três grupos: características de identificação pessoal; formação acadêmica; e, situação profissional. O referencial teórico e documental utilizado foram os estudos de Fernando Bitencourt e Eliezer Pacheco, assim como algumas legislações que regem a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Com base nos questionários que retornaram pode-se verificar que os cursos têm melhorado significativamente a vida profissional dos egressos, contribuindo com suas atividades profissionais, bem como, oportunizando um aumento salarial. Palavras-chave: Educação profissional. Institutos Federais. Mundo do trabalho. 1 Mestra em Educação pela Universidade de Passo Fundo-UPF. Técnica em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo. Coordenadora do Projeto de Pesquisa Inserção Profissional dos Egressos do Campus Passo Fundo do IFSul. E-mail: [email protected]. 2 Doutoranda em Educação da Universidade de Passo Fundo-UPF. Pedagoga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo. Colaboradora do Projeto de Pesquisa Inserção Profissional dos Egressos do Campus Passo Fundo do IFSul. E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 10039 Introdução Até 2002 existiam 140 unidades de Escolas Técnicas Federais no Brasil, distribuídos em 120 municípios. A partir do plano de expansão do Ministério da Educação, chegou-se em 2014 a 562 campi distribuídos em 512 municípios de todo o Brasil, configurando um acentuado processo de interiorização da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (Rede Federal) e a consequente ampliação da oferta de cursos nas mais diversas áreas de formação. O Campus Passo Fundo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sulrio-grandense (IFSul), implantado em 2007, é fruto dessa política de expansão dos Institutos Federais. O Campus trouxe à região cursos nas áreas de Construção Civil, Informática e Mecânica com o objetivo de oferecer à população uma formação voltada ao desenvolvimento regional na perspectiva da construção da cidadania. Com vistas à qualificação das instituições da Rede Federal, os estudos de acompanhamento da situação de alunos egressos constituem-se importantes instrumentos de autoavaliação da instituição e dos impactos e efetividade da própria política pública de expansão. O próprio Ministério da Educação (MEC) através do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)3, dentro do plano de avaliação institucional, verifica as políticas de atendimento aos estudantes. Desta forma, as instituições passam a ser avaliadas também em suas políticas de acompanhamento de egressos e nos programas de educação continuada oferecidos a eles. Contudo, pouco se sabe em termos quantitativos e qualitativos sobre a inserção dos egressos no mundo do trabalho formal e informal, bem como sobre os desdobramentos da expansão da Rede Federal no processo de desenvolvimento regional e local. Frente a essa problemática, realizou-se uma pesquisa com o objetivo de investigar a efetividade da formação dos egressos do IFSul Campus Passo Fundo no tocante ao seu perfil, percepção do curso realizado e inserção profissional, e, ainda, oferecer subsídios aos cursos para o redimensionamento de ações acadêmicas e institucionais. O presente texto intenciona socializar os resultados da pesquisa realizada com os alunos egressos dos Cursos Técnicos Subsequentes em Informática, Edificações e Mecânica e 3 Aprovado pela Portaria nº 300 do MEC, de 30 de janeiro de 2006. 10040 do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet, do IFSul Campus Passo Fundo, concluintes de 2010 a 2013. A pesquisa, de cunho quantitativo, apanhou dados primários a partir da aplicação de um questionário enviado aos alunos egressos por e-mail, redes sociais e correio. As variáveis para análise foram divididas em três grupos: características de identificação pessoal; formação acadêmica; e, situação profissional. O referencial teórico e documental utilizado foram os estudos de Fernando Bitencourt e Eliezer Pacheco, assim como algumas legislações que regem a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Apresentaremos algumas considerações preliminares sobre desenvolvimento local e regional e, em seguida, iniciaremos a socialização dos resultados da pesquisa com a primeira parte, que visou mapear o perfil dos alunos egressos em relação ao gênero, à idade, ao estado civil, ao local de residência e ao local onde residia durante o curso. Na sequência, apresentaremos a segunda parte, que buscou identificar a percepção dos egressos em relação ao curso, sendo solicitados a avaliar a formação recebida, se é adequada ao mundo do trabalho e se o curso alterou a sua vida profissional, ainda, foram questionados quanto à trajetória acadêmica e as perspectivas de educação continuada. Por fim, exporemos a terceira parte, que intencionou verificar a situação profissional, em que áreas de trabalho se inserem, a satisfação com relação à contribuição do curso para seu desempenho profissional, nível de exigência do trabalho em relação à formação e remuneração. Desenvolvimento local e regional, uma finalidade da Rede Federal A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica foi instituída pela Lei n. 11.892/2008. A denominação de Rede Federal afirma objetivos e estrutura de organização e de funcionamento semelhantes entre as instituições que a compõem. A legislação (BRASIL, 2008, Art. 6) dedica atenção especial no que se refere às contribuições dos institutos federais ao desenvolvimento local e regional, explicitando as finalidades e características, que incluem I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; 10041 II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais; IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; O documento das Concepções e Diretrizes da Rede Federal (BRASIL, 2010, p. 20) dispõe que a atuação dos Institutos Federais deve ser no sentido de contribuir com o “desenvolvimento local e regional na perspectiva da construção da cidadania, sem perder a dimensão do universal”. Os Institutos Federais devem buscar um “diálogo vivo e próximo [...] com a realidade local e regional”, assim como voltar “um olhar mais criterioso em busca de soluções para a realidade de exclusão que ainda neste século castiga a sociedade brasileira no que se refere ao direito aos bens sociais e, em especial, à educação”. Dada a relevância que recebe o desenvolvimento local e regional, julgamos importante conceituá-lo, mesmo que brevemente, para que se possa esclarecer as finalidades dos Institutos Federais, referentes a esse quesito. Partimos do pressuposto que definir o conceito de “desenvolvimento” não é algo simples, pois não existe consenso nem no mundo acadêmico e nem no campo da economia, acerca do mesmo. O termo desenvolvimento abarcou, para alguns, as ideias relacionadas ao “progresso”, o que fez com que fosse desacreditado por alguns intelectuais. Pelos economistas clássicos, foi associado ao “crescimento econômico”, contrapondo-se à associação feita pelos economistas críticos que entendem o crescimento econômico do ponto de vista quantitativo. Para estes, o termo desenvolvimento abarca “mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, nas instituições e nas estruturas produtivas” (BITENCOURT, 2009, p. 26). Nesta lógica, não se pode “restringir o desenvolvimento à melhoria de indicadores econômicos”, relegando ou até ignorando “outros aspectos mais importantes, como a integridade e as condições de vida do ser humano. Na verdade, o que se deseja é o crescimento do homem e do meio onde ele vive: a sociedade” (BITENCOURT, 2009, p. 26). Podemos compreender o desenvolvimento como um processo de melhoria nas condições de vida de uma população, o que implica na ampliação das oportunidades educacionais, profissionais e de inserção no mundo produtivo. 10042 Frente às demandas pelo desenvolvimento local e regional, a educação exerce papel fundamental e a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica torna-se “estratégica não apenas como elemento contribuinte para o desenvolvimento econômico e tecnológico nacional, mas também como fator para fortalecimento do processo de inserção cidadã de milhões de brasileiros” (PACHECO, 2011, p. 17). Feitas estas considerações iniciais, passamos à apresentação dos resultados da pesquisa com egressos do IFSul Campus Passo Fundo. Resultado da Pesquisa com os egressos Compõem o universo da pesquisa, os alunos egressos de 2010 a 2013 de todos os cursos oferecidos pelo IFSul Campus Passo Fundo: Cursos Técnicos Subsequentes em Informática (TI), Edificações (TE) e Mecânica (TM) e do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet (TSPI). A investigação foi efetivada por meio de pesquisa quantitativa, com o levantamento de dados primários a partir da aplicação de um questionário de pesquisa enviado aos alunos egressos via e-mail, redes sociais e correio. A partir da devolução dos questionários foi elaborado o banco de dados com as respostas dos entrevistados. Na sequência, se iniciou o processo de tabulação, análises estatísticas e criação de tabelas com os resultados, que revelaram muitas informações significativas, as quais serão apresentadas na sequência. As variáveis para a análise foram divididas em três grupos, a saber: a) grupo 1 - características de identificação pessoal (sexo, idade, estado civil, local de residência, local de residia durante o curso); b) grupo 2 - formação acadêmica (como avalia a formação recebida, a formação esta adequada ao mercado, o curso alterou sua vida profissional, estuda atualmente, área/curso, modalidade); c) grupo 3 - situação profissional (trabalha na área que se formou, nível de relação com a formação e atuação profissional, nível de exigência do trabalho em relação a formação, remuneração). Foram enviados um total de 260 questionários. A análise foi feita com base nos 125 questionários que retornaram preenchidos, representando 48% do total. 10043 O curso TSPI teve o maior percentual de retorno de questionários respondidos (68%), seguido do curso TE (59%) e TI (52%). O curso TM foi o que apresentou menor percentual de retorno, ficando com 35%, conforme a Tabela 01. Tabela 01: Percentual de retorno dos questionários respondidos. Questionários/Curso TI TSPI TM TE TOTAL Encaminhados 62 25 110 63 260 Total retorno 32 17 39 37 125 52% 68% 35% 59% 48% Percentual Retorno Fonte: As autoras. A seguir, apresentaremos os resultados da pesquisa em três grupos de variáveis: características de identificação pessoal; formação acadêmica e situação profissional. Características Pessoais Referente às características de identificação pessoal foram coletadas algumas informações para melhor identificar quem seria este público egresso. No que se refere ao gênero, os dados indicam a predominância de egressos do sexo masculino, totalizando 83% dos entrevistados, revelando uma antiga tendência dos cursos das áreas de Mecânica, Construção Civil e Informática serem mais procurados por pessoas do sexo masculino, conforme Gráfico 01. Gráfico 01: Gênero dos alunos egressos. Fonte: As autoras. Quanto ao estado civil, o Gráfico 02 demonstra que 62% dos egressos são solteiros, 37% casados e apenas 1% separado. Aliando estas informações às do Gráfico 03, poderia se inferir que se deve a pouca idade do público egresso, predominantemente jovens menores de 25 anos de idade. 10044 Gráfico 02: Estado civil dos alunos egressos. Fonte: As autoras. Sobre a idade na conclusão do curso, observou-se que mais da metade (53%) concluiu o curso até completar 25 anos de idade, Seguido de 21% dos egressos com idade entre 26 e 30 anos. Cabe ressaltar que embora a predominância seja de pessoas mais jovens se somarmos as 5 maiores faixa etárias (a partir de 36 anos de idade) chegaremos a 26% dos egressos, o que é um número significativo do qual se pode inferir que pessoas com mais idade estão ingressando e/ou retornando aos bancos escolares, como se pode observar no Gráfico 03. Gráfico 03: Idade dos alunos egressos na conclusão do curso. Fonte: As autoras. Analisando a idade na conclusão de cada curso em separado, fica evidente que o curso TSPI apresentou o maior número de egressos com menos de 25 anos, e que este índice vai diminuindo conforme a faixa etária vai aumentando, não ultrapassando os 40 anos de idade, ou seja, o público desse curso é predominantemente mais jovem. O mesmo evento acontece com o curso TM e TI, que segue a mesma diminuição no índice, salvo pequenas oscilações. Em contrapartida, outro dado que se destaca no Gráfico 04 é o curso TE apresentar índice de egressos em todas as faixa etárias, inclusive sendo o único curso que teve aumento do índice a 10045 partir dos 40 anos de idade. O dado levanta a hipótese de que trabalhadores que já atuam no setor de Construção Civil estejam procurando aperfeiçoamento profissional. Gráfico 04: Idade dos alunos egressos na conclusão de cada um dos cursos. Fonte: As autoras. Quando questionados sobre a cidade que residiam durante o curso e a cidade que residem atualmente, conforme apresentado nos gráficos 05 e 06, evidenciou-se que está presente uma proximidade territorial da cidade atual de atuação profissional e a cidade na qual realizou o curso. Percentualmente os índices ficaram idênticos, sendo que 69% dos egressos residem e residiam na mesma cidade da Instituição, ou seja, em Passo Fundo 4, e 31% em outras cidades. Referente a estas cidades cabe ressaltar que, salvo algumas exceções, são cidades limítrofes ou próximas à cidade do Campus. Gráfico 05: Cidade onde os alunos egressos residiam durante o curso. Fonte: As autoras. 4 O município de Passo Fundo, pertencente à região da produção, foi criado em 28/01/1857, desmembrando-se do município de Cruz Alta. O território municipal limita-se ao norte com os municípios de Coxilha e Pontão; ao sul com o s municípios de Ernestina e Marau; a leste com o município de Mato Castelhano e a Oeste com o município de Carazinho. Disponível em: <www.pmpf.rs.gov.br>. Acesso em: 10 jun. 2014. 10046 Gráfico 06: Cidade onde os alunos egressos residem. Fonte: As autoras. O fato dos egressos residirem e atuarem profissionalmente na região do Campus pode ser um indicativo da efetividade do previsto no art. 6, da lei n. 11.892/2008, quando determina que uma das finalidades dos Institutos Federais é “ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades”, e acrescenta, “formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional”. A oferta de cursos pelo Campus abrangendo áreas específicas, valorizando demandas regionais é um fator que pode contribuir para que os egressos atuem profissionalmente na região ou na cidade de sua residência. Formação acadêmica A avaliação dos estudantes em relação à formação recebida é muito satisfatória, considerando que a soma das notas 8, 9 e 10 representa 97% das notas atribuídas pelos alunos egressos. Gráfico 07: Avaliação dos alunos egressos quanto à formação recebida. Fonte: As autoras. 10047 A mesma avaliação positiva pode ser identificada quando analisadas as respostas dos egressos por curso. Nos cursos de TE e TI, 38% dos entrevistados atribuíram nota 8 à formação recebida. O curso TSPI se destacou apresentando um percentual de 53% de notas 9. No curso de TM, o percentual de notas 9 foi de 38%, conforme se observa na Tabela 2. Tabela 02: Avaliação dos alunos egressos quanto à formação recebida por curso (percentual). TE TI TSPI TM Total Seis 0 0 0 3% 0,75% Sete 3% 3% 6% 0 3% Oito 38% 38% 29% 26% 32,75% Nove 35% 34% 53% 38% 40% Dez 24% Fonte: As autoras. 25% 12% 33% 23,5% Sobre a questão da adequação da formação recebida com as necessidades do mundo do trabalho, do total de egressos, 15% atribuíram nota 7, 34% atribuíram notas 8 e 9, 14% atribuíram nota 10 e 3% atribuíram notas 5 e 6, conforme o Gráfico 08. Gráfico 08: Avaliação dos alunos egressos quanto à adequação da formação recebida frente às necessidades do mundo do trabalho. Fonte: As autoras. Separando os dados por curso, observa-se que em todos eles, apesar do pequeno percentual, houve a atribuição de notas 5, 6, e 7, consideradas relativamente baixas, conforme se verifica na Tabela 03. Esse dado se difere um pouco das respostas dadas à questão referente à avaliação dos alunos egressos quanto à formação recebida (Tabela 02). Percebe-se que embora os egressos considerem a formação recebida de qualidade esta pode não estar 10048 plenamente adequada às necessidades do mundo do trabalho. Apesar dos maiores índices estarem em notas maiores como 8, 9 e 10, fica o indicativo para aprofundar a investigação desta questão e identificar as possíveis causas da atribuição de notas inferiores. Tabela 3 Avaliação dos alunos egressos quanto à adequação da formação recebida frente às necessidades do mundo do trabalho por curso (percentual). TE TI TSPI TM 5 0 3% 0 0 6 13% 0 5% 5% 7 19% 22% 8% 8% 8 41% 28% 39% 39% 9 24% 31% 38% 38% 13% 16% 10% 10% 10 Fonte: As autoras. No que se refere à continuidade dos estudos, a maioria, 60%, afirmou que continua estudando, sendo 44% no ensino superior e 11% em cursos de pós-graduação. Dos que não deram continuidade aos estudos, 30% manifestou interesse em voltar a estudar. Somando os que continuaram os estudos aos que pretendem continuar, obtém-se um percentual de 90%, evidenciando a preocupação dos egressos com a constante atualização dos conhecimentos. Uma hipótese que podemos levantar é que o mundo do trabalho, com o aperfeiçoamento da técnica e o uso de mais tecnologia, em todas as áreas do conhecimento, passa a exigir do trabalhador a formação continuada por toda a sua vida produtiva. Tabela 04: Continuidade da formação dos alunos egressos no ensino formal. TE NÃO Não e não tenho interesse neste momento de prosseguir Não, mas tenho interesse neste momento de prosseguir TI TSPI TOTAL % TM 8% 3% 0 10% 6 41% 16% 35% 28% 30 Sim, em formação inicial e continuada 0 0 0 5% 2 Sim, em ensino técnico 0 6% 6% 3% 3 Sim, em ensino superior 41% 59% 12% 49% 44 Sim, em pós-graduação 3% 16% 47% 0 11 TOTAL NÃO SIM 36% TOTAL SIM NÃO RESPONDERAM Fonte: As autoras. 60% 7% 0 0 5% 4% 10049 Situação Profissional A ampla maioria dos alunos egressos trabalhava durante a realização da sua formação acadêmica, totalizando 90%, destes 60% já atuava na sua área de formação. Esse dado é bastante relevante ao considerarmos a faixa etária predominante de até 25 anos, 53%, à época da formatura, seguido de 21% na faixa etária de 26 a 30 anos de idade. O dado revela não somente que a maioria dos alunos é trabalhador, mas que estes se inserem ainda jovens no mundo do trabalho. Após a conclusão do curso, o índice de alunos que trabalham subiu de 90% para 94%. Aumentou também o índice de alunos que trabalha na área do curso, com exceção do TSPI, que apresentou uma pequena redução. Tabela 05: Situação profissional dos alunos egressos durante o curso. Trabalhava durante o curso Sim % Na área do curso Não % Fora da área curso Total RESPONDENTE Total TI 63% 31% 94% 6% 32 TE 43% 51% 95% 5% 37 TM 59% 21% 79% 21% 39 TSPI 94% 6% 100% - 17 30% 90% 10% 125 Total geral 60% Fonte: As autoras. Tabela 06: Situação profissional dos alunos egressos após o curso. Trabalha atualmente Sim % Não % TI Na área do curso 75% Fora da área curso 25% Total 100% - Total RESPONDENTE 32 TE 54% 41% 95% 5% 37 TM 72% 15% 87% 13% 39 TSPI 88% 12% 100% - 17 70% 25% 94% 6% 125 Total geral Fonte: As autoras. Quanto à contribuição dos cursos na vida profissional dos egressos, a maioria, 85%, declara que o curso está contribuindo com sua atividade profissional. De todos os cursos, apenas o TE apresentou este índice menor de 90%. Para 70% dos alunos egressos, o curso melhorou sua vida profissional, sendo que 64% afirmaram que obtiveram um aumento salarial após a conclusão do curso. 10050 Novamente, o curso que apresentou o menor índice nestes dois últimos quesitos foi o TE, indicando a pertinência de aprofundar o estudo e cruzar outros dados que possam ajudar na compreensão do fato. O curso TSPI foi o que apresentou os melhores índices positivos nos três quesitos apresentados no Quadro 07. Tabela 07: Contribuições do curso na vida profissional dos egressos. TE % O curso está contribuindo com a sua atividade profissional? O curso melhorou sua vida profissional? Houve um aumento salarial? TI % TM % TSPI% Total % Sim 70% 91% 90% 94% 85% Não 30% 9% 10% 6% 15% Sim 62% 75% 72% 76% 70% Não 22% 25% 13% 24% 20% Não responderam 16% - 15% - 10% Sim 54% 66% 69% 71% 64% Não 24% 31% 15% 24% 23% Não responderam 22% 3% 15% 6% 13% Fonte: As autoras. Considerações Finais A dinamicidade dos processos produtivos e as transformações sociais, econômicas e tecnológicas que se impõe, desafiam as instituições voltadas à educação profissional a buscarem estratégias de avaliação dos seus cursos, dos currículos desenvolvidos, das necessidades do mundo do trabalho e das peculiaridades locais e regionais. A criação do Campus Passo Fundo, do IFSul, ampliou as oportunidades de acesso a um ensino público de qualidade e contribuiu para desenvolvimento local e regional. A leitura e interpretação dos dados da pesquisa permite-nos algumas conclusões preliminares: (i) o perfil dos alunos egressos do IFSul Campus Passo Fundo se caracteriza por grande maioria do sexo masculino, solteiros, jovens, que residiam durante o curso e ainda residem e trabalham em Passo Fundo ou nas cidades próximas; (ii) no que se refere à avaliação da formação acadêmica pelo egresso, observa-se um grande índice de satisfação, tanto em relação à formação recebida como quanto à adequação da formação recebida em relação às exigências do mundo do trabalho; e (iii) a grande maioria dos alunos egressos manifestou preocupação com a continuidade da formação, sendo que mais da metade encontra-se matriculado em alguma modalidade de educação formal. 10051 De um modo geral, os resultados da pesquisa indicam que a formação recebida por aqueles e aquelas que concluíram os seus cursos influenciou positivamente para uma melhor inserção no mundo produtivo e do trabalho. Portanto, para os que obtiveram êxito na qualificação profissional, infere-se que o IFSul Campus Passo Fundo cumpriu com a sua missão, ao mesmo tempo que nos faz lembrar dos que ingressaram na instituição e, por diversas razões, não concluíram os seus cursos. Fica evidente que muito ainda precisa ser feito no sentido de assegurar o direito à educação e à profissionalização de grande parcela da população brasileira, constituindo esse um desafio que o IFSul Campus Passo Fundo continuará se dedicando a superar. REFERÊNCIAS BITENCOURT, Fernando Dilamar. A educação profissional e técnica de nível médio e o desenvolvimento local/regional: um estudo sobre a inserção da Escola Agrotécnica Federal de Sombrio na microrregião do extremo sul catarinense. 2009. 142 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Brasília, 2009. BRASIL. Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Brasília, DF, 2008. BRASIL. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Um novo modelo em educação profissional e tecnológica: concepções e diretrizes. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12503&Itemid= 841>. Acesso em: 11 jun. 2015. PACHECO. Eliezer. Os Institutos Federais: Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica. São Paulo: Moderna, 2011. cap. 2, p. 13-32.