1. Introdução A grande preocupação de empresas manufatureiras para que seja garantida a continuidade e fluidez dos processos produtivos, constantemente se volta ao planejamento e controle da produção. Este está aliado à estratégia da empresa, garantindo que não falte matéria prima para produzir o planejado de acordo com o estipulado pelo setor estratégico da empresa, isto é, de acordo com prioridades competitivas anteriormente acordadas, tais como: custo, qualidade, flexibilidade e tempo. Para que tais aspectos sejam alcançados no planejamento e controle da produção está inserido um setor também de grande importância para a garantia de fornecimento de matéria prima, o planejamento da cadeia de suprimentos. Garantir a qualidade do fornecimento com a seleção prévia de fornecedores pode tornar as empresas mais competitivas ante aos concorrentes. Diante disso, a problemática que norteou toda pesquisa foi: de que forma pode ser realizado o controle da flexibilidade dos fornecedores? O presente artigo expõe um estudo de caso em uma empresa multinacional do setor de automação de acessos, localizada na cidade de Bologna - Itália. Sempre em destaque no mercado internacional do setor no qual está inserida, a empresa preza essencialmente pela qualidade. Assim são selecionados os melhores fornecedores para cada componente de seus produtos, possuindo cerca de 400 fornecedores fazendo com que o planejamento e controle dos mesmos sejam penosos. Com isso, elaborar métodos para que seja avaliada a qualidade e confiabilidade dos fornecedores se mostra necessário. A partir dessa percepção, o chefe do departamento propôs a elaboração do método. Como objetivos gerais do artigo, pode-se citar a análise da criação de um método para a resolução do problema, implementação, análise dos dados para que assim fosse realizada a exposição de um feedback aos fornecedores e, assim, entender o porquê e tentar solucionar os frequentes atrasos que ocorriam por parte dos mesmos. O estudo também objetiva a implementação do método utilizado como ferramenta de melhoria contínua para a eficácia do setor de planejamento e controle da produção. 2. Referencial teórico 2.1. Gestão da Cadeia de Suprimentos e vantagens competitivas Tomando como premissa inicial de que o envolvimento entre fornecedor e cliente é a ligação da fonte de matéria-prima até ponto de venda do produto finalizado, temos a base do SCM - Supply Chain Management, ou Gestão da Cadeia de Suprimentos. Segundo Lummus e Vokurka (1999), SCM é composto pelos processos de aquisição de matéria-prima, manufatura e montagem, armazenagem, controle de estoques, controle de entrada e saída de materiais, entrega do produto acabado ao varejista ou consumidor final e o retorno de informações para alimentação dos ERPs – Sistemas de Planejamento de Recursos Empresariais. Ballou (2006) expressa que o SCM busca alcançar a integração entre a oferta e a demanda das empresas que constroem uma cadeia de suprimentos. Com o objetivo de integrar a oferta e a demanda faz-se parte do processo de Gestão da Cadeia de Suprimentos a coordenação e colaboração entre os parceiros envolvidos na cadeia, sendo eles fornecedores, intermediários, operadores logísticos e clientes. Diante das necessidades de vantagens competitivas dois autores, Christopher e Towill (2002), dizem que o SCM deve ir de encontro com a integração do eficiente e eficaz, sendo competente para criar e alcançar as vantagens necessárias para vencer o mercado. Sendo preciso reduzir custos e melhorar a eficiências de todos os processos, além de possuir uma boa gestão de riscos, para prever os possíveis riscos ou falhas dentro da cadeia de suprimentos. Dentro das interpretações já apresentadas também pode-se concluir que para uma gestão da cadeia de suprimentos eficiente é preciso de um dispêndio forte de tempo para os setores de importância estratégica, como as questões de competição global, terceirização de processos (que não tenham grande impacto na produção) e a redução de tempo nas diversas etapas da cadeia. E principalmente a gestão entre as partes interessadas do processo, estabelecendo relações estreitas e duradouras com principais parceiros, fornecedores e clientes (ANDERSEN; SKJOETT-LARSEN, 2009). Segundo os autores Neumann e Ribeiro (2004), a busca por vantagens competitivas deve ser feita a partir da união entre a cadeia de compradores e fornecedores, gerando maior compreensão das necessidades de ambas as partes, como a maximização do valor agregado, a economia dos custos e a padronização da qualidade. Diante dos pensamentos desses autores é possível concluir sobre a importância de fornecedores melhores qualificados e confiáveis, assim os processos de seleção de fornecedores devem ser adotados como elementos chaves do processo de Gestão da Cadeia de Suprimentos. 2.2. Seleção de Fornecedores e Terceirização Para Bruno (2009), a seleção de fornecedores vem assumindo grande importância estratégica para as grandes empresas que buscam competitividade de mercado. E de acordo com Thorelli (1986), o fator crítico para a manutenção das parcerias entre organização e fornecedores é a confiança entre as partes para que a continuidade da satisfação se mantenha. Anderson e Narus (1990), mencionam que após o estabelecimento da confiança, elas compreendem que as ações conjuntas resultam em melhores índices de produção. Este nível de confiança gera oportunidades para que as relações entre diferentes empresas dentro da cadeia de suprimentos criem atitudes e postura para resolução mútua dos problemas. A influência positiva da confiança entre fornecedores e contratantes possibilita melhor seleção e a manutenção dos fornecedores a longo prazo (CARNEY, 1998). Por fim Bruno (2009), refere-se a seleção de fornecedores como papel estratégico para as grandes organizações, pois essas exercem função fundamental na criação de valor agregado. Ainda sobre a seleção de fornecedores, surge a opção pela terceirização de processos que não são impactantes na produção, ou seja, processos secundários. Isso significa transferir a responsabilidade do processo para terceiros (IMHOFF E MORTARI, 2005). Segundo Martins (2001) a terceirização é a possiblidade de contratar terceiros para realização das atividades em que o processo não seja o objetivo fim da empresa, ou seja, repassar a responsabilidade das atividade-meio, aquelas que não adicionam valor produto final, para empresas especializadas no processo. "... a terceirização se investe de uma ação mais caracterizada como sendo uma técnica moderna de administração e que se baseia num processo de gestão que leva a mudanças estruturais da empresa, à mudança cultural, procedimentos, sistemas e controles, capitalizando para toda malha gerencial, com o objetivo único quando adotada: atingir melhores resultados, concentrando todos os esforços e energia da empresa em sua atividade principal." GIOSA (1995, p.11) Diante desses da conclusão desses autores pode-se complementar que as vantagens da terceirização de processos da produção podem gerar para a empresa, racionalização dos recursos, racionalização de profissionais no quadro empregados da empresa, redução de controles, focalização na atividade fim da empresa, ganhos em recursos, diminuição de desperdícios e perdas, especialização por segmento (pois as atividades meio serão exercidas por especialistas no processo), valorização dos recursos humanos interno e também o desenvolvimento econômico. 3. Metodologia Com o objetivo principal de avaliação de desempenho dos fornecedores, o artigo presente traz uma metodologia de natureza exploratória, descritiva e com análise dos dados quantitativos por meio de um estudo de caso. O grau de controle das variáveis pesquisadas é mutável e de difícil administração. Segundo Miguel (2007) “O estudo de caso é um estudo de natureza empírica que investiga um determinado fenômeno, geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real de vida, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são claramente definidas”, seguindo essa diretriz o fenômeno abordado em nossa situação era os atrasos dos fornecedores. 4. Caracterização da empresa Com cinquenta anos de história, possuindo 1400 funcionários contratados no grupo, 16 células produtivas, posse de 30 empresas, presente em 24 países e distribuição em outros 80 países, a empresa estudada tem como foco dos seus esforços o desenvolvimento de tecnologia óleodinâmica utilizada nas famílias de produtos: automação de acessos, estacionamento e controle de acesso. Desde sua fundação o grupo vem se tornando símbolo de qualidade, segurança e confiabilidade, buscando satisfação do cliente e inovação em seus produtos. Portanto, a empresa é uma montadora, ou seja, não produz os componentes de seus produtos sendo assim, a empresa escolheu por horizontalizar sua produção uma vez que a elaboração de cada componente tiraria o foco do seu core business, tornando sua lista de fornecedores muito extensa, aproximando-se da faixa de 400. Para que seja realizado um contrato inicial de fornecimento, os pretendentes parceiros passam por uma seleção rigorosa dos componentes disponibilizados, visando à qualidade de toda linha de montagem. Essa seleção é feita por um setor específico onde são realizados múltiplos testes. Dada a quantidade de fornecedores, nota-se a dificuldade de planejamento e controle dos mesmos, fazendo-se necessária a metodologia criada para avaliar o seu desempenho. 5. Método O método foi criado seguindo a recomendação de um orientador de nível estratégico em consequência de atrasos frequentes e graves que criavam gargalos ou até mesmo longas interrupções nas linhas de montagem. Para tanto, buscando aprofundar a ideia a respeito da problemática para que então sejam discutidas as variáveis que interferiram no cálculo da eficácia dos fornecedores e para enxergar o método na prática, o presente estudo de caso foi abordado. 5.1. Coleta de dados Inicialmente, das empresas fornecedoras foram selecionadas as cinquenta com a maior importância em relação ao faturamento da empresa, isto é as que o custo do material fornecido tem o maior impacto para o orçamento. De cada empresa foram extraídos os pedidos feitos na terceira semana dos meses de outubro de 2013 à março de 2014. A terceira semana foi escolhida pelo fato de que a primeira semana tem atrasos que sobraram do mês anterior, tal fato ainda pode ter continuidade na segunda semana. Além disso, o MRP do SAP é gerado na primeira semana. Assim sendo, a terceira semana foi escolhida para obter maior confiabilidade dos dados de cada fornecedor. A quarta semana de cada mês também não foi utilizada, pois no mês de dezembro e fevereiro a ultima semana ou não existe ou é menor. O planejamento da empresa é enviado aos fornecedores na primeira hora do primeiro dia útil de cada semana. Neste plano consta o programa de pedidos e quantidades das próximas quatro semanas, podendo-se variar tais quantidades com uma semana de antecedência. Constam também, no planejamento as prováveis quantidades para os próximos três meses. Tal programação é feita para garantir que os fornecedores serão capazes de entregar as quantidades exigidas na data solicitada. Quando a previsão sofre alguma mudança, consequentemente, o código de compra do produto pedido muda e não entra no algoritmo. 5.2. Análise dos dados A partir da relação feita com os pedidos de cada mês de cada fornecedor, elaborou-se um critério para que fosse avaliado o percentual de atraso. Para a contagem desses atrasos foi utilizado o seguinte algoritmo: apenas os produtos pedidos que constem o código de produto planejado entram no percentual que é o objetivo do algoritmo, ou seja, quando um produto sofre modificação no planejamento, seu código muda e ele deixa de fazer parte do percentual, pois não é um atraso por parte da empresa, mas sim mudança por parte do planejamento. Com esta diferença entre os códigos dos pedidos, estes são classificados então como CPP, que significa código de produto do planejamento e CPE, que significa código de produto extra, ou seja, além do planejamento enviado anteriormente. Esse foi calculado com base no número de códigos gerados no total por cada um dos fornecedores, isto é, o percentual de atrasos significa o número de componentes em atraso dividido pelo número total que essa empresa fornece a esta, como mostrado na fórmula abaixo: (1) Fórmula 1 - Cálculo do percentual de atraso 6. Resultados e discussões Considerando essas circunstâncias para a coleta dos dados, estes foram organizados da seguinte forma: Foram calculados os percentuais de atraso de cada mês dos seis meses em estudo para cada um dos provedores de suprimento, e a partir destes, foi então feita a média dos atrasos. Como conseguinte, foi elaborada uma tabela que continha os códigos de cada um dos 50 fornecedores, seu nome, o impacto sobre o faturamento (em Euros), e foi ainda calculada a média destes percentuais, ou seja, a porcentagem referente à cada mês dividido por seis meses. Na tabela a seguir foram reportados os dados de apenas 45 dos 50 fornecedores, pois, os cinco restantes não se mostraram interessados na análise e não tiveram confiança nos dados fornecidos pela empresa. Tabela 1 - Ranking de fornecedores FORNENÚM. FATURAMENTO % Out. % Nov. % Dez. CEDOR CÓDIGOS % Jan. % Fev. % Mar. MÉDIA DE RANATRASOS KING A 181.485,15 19 31,58 47,37 47,37 42,11 42,11 36,84 41,23 45 B 276.836,94 12 25,00 41,67 41,67 33,33 16,67 50,00 34,72 44 C 564.090,21 52 38,46 36,54 28,85 28,85 26,92 25,00 30,77 43 D 611.245,06 65 26,15 23,08 24,62 16,92 12,31 18,46 20,26 42 E 43.499,40 13 15,40 15,40 16,70 23,10 25,00 23,10 19,78 41 F 264.333,46 25 0 12,00 40,00 12,00 16,00 16,00 19,20 40 G 121.919,34 6 0 0 0 0 16,67 16,67 16,67 39 H 206.769,12 17 5,16 17,65 11,76 17,65 29,41 11,76 15,57 38 I 116.354,11 12 25,00 8,33 25,00 16,67 16,67 0 15,28 37 J 182.900,95 22 13,64 18,18 27,27 18,18 9,09 4,55 15,15 36 K 96.508,80 7 0 28,57 0 28,57 14,29 14,29 14,29 35 L 312.758,31 50 14,00 14,00 12,00 FORNENÚM. FATURAMENTO % Out. % Nov. % Dez. CEDOR CÓDIGOS M 396.683,83 143 11,19 11,19 10,49 N 882.855,23 48 O 72.621,50 P 364.230,46 Q R 8,00 22,00 % Jan. % Fev. 20,98 11,89 6,00 12,67 34 MÉDIA DE RAN% Mar. ATRASOS KING 5,59 11,89 33 20,83 8,33 12,50 6,25 8,33 6,25 10,42 32 64 7,81 9,38 9,38 9,38 10,94 14,06 10,16 31 71 16,90 9,86 7,04 8,45 8,45 7,04 9,62 30 249.029,00 9 11,11 0 0 11,11 22,22 11,11 9,26 29 83.775,10 40 12,50 10,00 7,50 7,50 5,00 10,00 8,75 28 S 45.629,80 23 26,09 17,39 0 4,35 4,35 0 8,70 27 T 321.678,98 42 14,29 16,67 4,76 4,76 4,76 4,76 8,33 26 U 474.151,06 72 6,94 6,94 8,33 15,28 9,72 1,39 8,10 25 V 343.820,71 18 0,00 0 11,11 5,56 16,67 11,11 7,41 24 X 111.889,99 48 6,25 6,25 6,25 10,42 4,17 8,33 6,94 23 Y 93.359,29 24 4,17 8,33 4,17 8,33 4,17 8,33 6,25 22 Z 130.002,60 36 5,56 8,33 0 2,78 8,33 11,11 6,02 21 AA 128.826,00 4 0 0 0 0 16,67 0 5,56 20 AB 204.032,96 65 6,15 4,62 3,08 6,15 9,23 3,08 5,39 19 AC 187.887,70 28 10,71 7,14 0 3,57 3,57 7,14 5,36 18 AD 245.559,93 16 0 12,50 0 6,25 0 12,50 5,21 17 AE 142.646,35 61 0 1,64 3,28 11,48 4,92 8,20 4,92 16 AF 95.001,18 13 7,69 0 0 7,69 6,67 6,67 4,79 15 AG 365.752,80 281 4,63 2,49 2,49 4,27 3,56 6,05 3,92 14 AH 206.252,88 39 7,69 2,56 5,13 2,56 2,56 2,56 3,84 13 AI 81.585,94 34 14,71 0 0 2,94 2,94 0 3,43 12 AJ 138.532,24 31 0 3,23 3,23 0 0 12,90 3,23 11 AK 79.193,33 8 0 0 0 12,50 0 0 3,13 10 AL 98.691,41 12 8,30 8,30 0 0 0 0 2,77 9 AM 303.105,76 153 4,58 0 0 0 5,23 6,05 2,64 8 AN 234.393,35 165 1,82 1,82 0,61 3,03 1,82 6,06 2,53 7 AO 330.545,08 83 3,61 4,88 3,75 2,41 0 0 2,44 6 AP 551.828,29 174 2,30 2,87 1,72 1,72 0 2,87 1,91 5 AQ 275.023,21 63 3,17 3,17 1,59 1,59 1,59 0 1,85 4 AR 228.299,09 239 0,42 1,26 2,54 6,28 0,42 0 1,82 3 AS 300.945,83 120 2,50 1,67 0,83 0 2,50 0 1,25 2 AT 128.231,92 58 0 0 3,45 0,58 1 0,00 0 0 Fonte: Autores do artigo Na tabela acima os nomes e códigos referentes aos fornecedores foram removidos por questões éticas e sigilosas, não influenciando no resultado final da pesquisa. Como se pode notar nos dados mostrados acima, existe grande diferença entre os fornecedores em estudo, e consequentemente, entre suas médias. Assim, a partir destas, aqueles foram classificados segundo um ranking, seguindo a regra do menor percentual para o maior. O fornecedor que obteve o maior valor, também obteve maior posição no ranking, em contraposição, o que obteve menor valor, ocupou posições inferiores. A partir da tabela completa contendo as 50 médias, foi observado que a empresa mais eficaz e que recebeu posição 1 no ranking teve menos que 1% desta taxa, enquanto que a última, ou seja, a menos eficaz, recebeu a posição de número 50, chegou à faixa de 50% de atraso. Para uma multinacional, observar que, de todos os seus pedidos de matéria prima realizados para uma determinada empresa, metade é entregue com atraso em relação ao planejado, causa espanto e incompreensão a cerca de um valor de falha tão significativo dentro de uma empresa de grande porte como esta. A partir disso, surgiu a inquietação em relação ao motivo dos atrasos e a empresa foi em busca de respostas contatando os fornecedores para esclarecer a causa do problema. Para atingir os objetivos principais na criação da metodologia e responder a muitos “porquês” com relação à ineficácia da entrega de matéria prima, a empresa em estudo criou a folha de avaliação respectiva a cada fornecedor em análise para que fosse enviado a eles e se tornar de conhecimento de cada um a situação em que se encontra. Nesta folha continha informações importantes para o entendimento da situação atual. Figura 1 - Folha de avaliação dos fornecedores Fonte: Autores do artigo A partir desta avaliação a empresa pode investigar as causas do atraso de determinado mês e então reportar o motivo seguido de uma justificativa e sugestão de melhoria para que a parceria funcione da melhor maneira possível para ambos os lados. Após o envio destas obteve-se, em grande maioria, uma resposta. Alguns buscaram profundamente o porquê e tentaram resolver, enquanto outros não deram a devida importância. Observou-se também a existência de um pequeno grupo que não admitiu o erro e desconfiou dos dados apresentados, ainda que tenha sido explicado como foram extraídos e analisados. No primeiro grupo foram detectadas, em maioria, falhas como logística mal planejada ou mudanças internas que interferiram na gestão do fornecimento no período de análise. No segundo, a avaliação foi respondida, mas não foram observadas grandes mudanças nos meses seguintes enquanto, como mencionado anteriormente, o último grupo não respondeu a avaliação e nem realizou qualquer análise da situação. Mesmo não contendo um número exato, constatou-se a ocorrência de diminuição em proporção geral de atraso, gerando melhoras nos processos e consequentemente benefícios para ambos os lados. Ainda que a mais prejudicada com o atraso seja a empresa em questão, a repetição e persistência de atrasos gera constrangimento entre os dois, fornecedor e cliente. Dado o sucesso da metodologia utilizada e a resposta positiva da maioria dos fornecedores, a empresa decidiu aplica-la periodicamente nos mesmos meses nos quais foram analisados para a presente pesquisa visando obter maior controle dos atrasos e melhorar a relação entre eles. Foi oferecido um treinamento para todos os funcionários da área de planejamento para que, na falta de um deles, o controle não fosse interrompido e ainda para que isso pudesse gerar novas ideias ao pessoal do setor. O método foi passado para todos os setores da fábrica para que fosse estudada alguma maneira de implantação de algum de seus recursos para diferentes finalidades. 7. Considerações finais O trabalho expõe a necessidade de maior controle na seleção e administração dos fornecedores, analisando a flexibilidade e confiabilidade ao se tratar de prazos com mudanças constantes. Para tanto, o método criado se mostra eficaz e de grande valia para as parcerias firmadas entre as empresas, fazendo com que nenhuma delas saia prejudicada e haja um progresso e constante averiguação do processo para melhor relacionamento entre elas. O estudo de caso deixou claro que é possível obter uma melhora significativa quando as empresas unem forças em prol de um bem comum. A empresa em estudo partiu de um problema grave que pode gerar pausa em toda a instalação, mostrando o desempenho de suas parceiras e revelou que para que houvesse sucesso na criação da metodologia é necessária a colaboração de todas as partes envolvidas. O trabalho comprovou que é possível resolver grandes e graves problemas a partir de metodologias simples, minunciosamente elaboradas com intuito de melhorar a eficácia do fornecimento de matérias primas no tempo previamente estipulado em planejamento. A utilização do método desenvolvido pela equipe da multinacional pode trazer grande evolução à outras empresas na maneira de lidar com os fornecedores. Com a adoção do método a empresa poderá firmar parcerias mais rígidas em regime contratual, obter melhor relacionamento com os fornecedores e ainda fazer com que as duas empresas cresçam em conjunto e melhorem a eficácia de cada uma em particular. REFERÊNCIAS ANDERSEN, Mette; SKJOETT-LARSEN, Tage. Corporate social responsibility in global supply chains. Supply Chain Management: An International Journal, v. 14, n. 2, p. 75-86, 2009. ANDERSON, James C.; NARUS, James A. A model of distributor firm and manufacturer firm working partnerships. Journal of Marketing, p. 42-58, 1990. 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