Modelagem e Simulação de Sistemas. Enrique Ortega Laboratório de Engenharia Ecológica e Informática Aplicada Faculdade de Engenharia de Alimentos Unicamp, março 2006. Revisão: junho 2007 www.unicamp.br/fea/ortega Modelagem e simulação Para fazer a simulação de sistemas é necessário conhecer: a. As leis da Termodinâmica; b. Os balanços de massa e energia; c. O conceito de sistema fechado e aberto; d. A tipologia das fontes de energia, e. As funções que descrevem as interações entre os elementos de um sistema. Para representar um sistema usaremos o diagrama de fluxos de energia. Nesse diagrama usam-se símbolos gráficos (ícones) para mostrar os componentes e as interações do sistema. Existem símbolos para: fontes externas, linhas de escoamento de energia e/ou massa, interações de forças e estoques de energia. “Ecossistemas e Políticas Públicas”: http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco “Modelagem e simulação de Ecossistemas”: http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/ecosim Fonte externa ilimitada Símbolos com conexões Fluxo de Energia Fonte externa renovável limitada Sumidouro de Energia Sistema ou subsistema Fonte externa não renovável limitada Estoque interno Produtor preço Transação Interruptor Interação Consumidor Existem várias técnicas de modelagem: a estatística, a fenomenológica, a determinística, e outras. A determinística consiste em propor um tipo de comportamento entre forças, interações e produtos para um sistema, ela exige testar o desempenho do modelo e achar os valores corretos para os coeficientes utilizados. Porque simular? Geralmente interessa prever o desempenho de um sistema, observando como mudam os estoques internos com o tempo (Q versus T). DQ = J*DT - K*Q*DT Q T O modelo permite visualizar o impacto de: alteração na composição das forças externas alteração nos fluxos internos formação de novos arranjos internos. O modelo de um sistema permite ações de controle para melhorar o desempenho, e atingir certos padrões de qualidade. Para fazer a simulação de um sistema pode usar-se qualquer linguagem de programação ou planilhas eletrônicas ou aplicativos específicos (MatLab, Matemática, Stella, iThink, Simile, EmSim). Leis da Termodinâmica Primeira lei: “A energia não se cria e não desaparece, ela apenas muda de forma" E = constante = soma de energias Segunda lei: "A energia potencial se converte em trabalho (W) e energia degradada (Q)" E=W+Q Princípios dos sistemas abertos (quarta e quinta leis da termodinâmica) : "Os sistemas criam laços auto-catalíticos e se auto-organizam." Os sistemas abertos evoluem e sua evolução depende da energia externa disponível, da organização interna e do aproveitamento dos resíduos do sistema. “Os sistemas interagem para criar redes de fluxo de energia”. As redes permitem aumentar a circulação de materiais e a captura de energia potencial disponível. Princípios dos sistemas abertos Os conceitos desenvolvidos pela Termodinâmica para a energia se aplicam também para a massa: M = constante no sistema = soma de massas M disponível = M transformada + M dispersada Os sistemas pulsam, eles se desenvolvem em ciclos de produção, consumo, reciclagem. Os ciclos aumentam de intensidade e duração quando o sistema cresce. O sistema cresce quando amplia suas fronteiras para incorporar mais estoques. Do ponto de vista do sistema terrestre vive-se um momento de intenso consumo de estoques e esse crescimento é visto como um processo contínuo, autônomo e infinito, sendo que é apenas parte de um ciclo. Após o crescimento ocorre um declínio. Exemplo 1. Fluxo constante de energia (J) e uma saída (kQ) Temos um sistema que recebe o fluxo J, possui um estoque Q e apresenta uma vazão de saída proporcional ao volume do estoque Q. Como será o gráfico Q x T? O fluxo constante J, expressado em energia ou massa por unidade de tempo permite durante o incremento de tempo DT (segundos) aumentar em DQ o estoque interno Q (Joules ou kg). Diferença no estoque no intervalo DT = entrada ocorrida em DT- saída ocorrida em DT Entrada de energia no intervalo de tempo DT: DQ (in) = J * DT -> (J/s).(s) ou (kg/s).(s) O estoque tem um dreno e assumimos que a a vazão de saída é proporcional ao estoque de energia. Então a saída de energia no intervalo de tempo dT é: DQ (out) = K*Q*DT -> (1/s).(J).(s) ou (1/s).(kg).(s) A equação do balanço de energia no intervalo DT é: Acumulação = Entrada - Saída DQ = DQ(in) - DQ(out) DQ = J*DT - K*Q*DT DQ = J*DT - K*Q*DT Q = Q + DQ Se o intervalo de tempo for unitário (DT = 1) a expressão fica como: DQ = J - K*Q Para simular a variação do estoque interno de energia Q no decorrer do tempo T teríamos que escrever em qualquer linguagem de programação o seguinte procedimento: Inicio do programa Definir o tipo o os nomes das variáveis: J, Q, T, DT, K, TMAX e atribuir valores iniciais as variáveis: J=4 Q=10 K=0.05 T=0 DT=1 TMAX=10 Q versus T DQ = J*DT - K*Q*DT K=0.05 80,000 J=4 Q=10 60,000 50,000 K=0.05 T=0 DT=1 TMAX=10 40,000 Q versus T 30,000 20,000 160,000 10,000 140,000 0 10 20 Tempo K=0.0025 120,000 30 40 100,000 Q versus T 80,000 60,000 K=1.0 12,000 40,000 10,000 20,000 0,000 0 10 20 Tempo 30 Estoque interno 0,000 Estoque interno Estoque interno 70,000 8,000 40 6,000 4,000 2,000 0,000 0 10 20 Tempo 30 40 Applets Java miniworld.htm Modelos básicos DQ = J - K*Q*DT Q Energia externa J K*Q Tanque Energia dispersada DQ = - K*Q*DT Q K*Q Dreno Energia dispersada DQ = K1*E – K2*Q Q E K2*Q K1*E Dreno Estoque não renovável DQ = K1*J*Q – K2*Q K1*J*Q Q Energia externa K2*Q X Dreno Fonte ilimitada Laço de retro-alimentação Fonte ilimitada Laço de retro- K1*J*Q alimentação DQ = K1*J*Q – K2*Q*Q K2*Q*Q Q Energia externa X X Dreno DQ = K1*R*Q – K2*Q K1*R*Q Q J Energia externa K2*Q X R Dreno Fonte limitada na origem + Laço de retro-alimentação DQ = K1*E*Q – K2*Q K1*E*Q Fonte limitada Q K2*Q X E Dreno Laço de retroalimentação Fonte limitada DQ = K1*R*Q + K2*E*Q – K3*Q K2*E*Q E X Energia externa R Q J K3*Q X K1*R*Q Fonte limitada na origem Dreno Uso da ferramenta EmSim para resolver o modelo SlowRen Modelo SlowRen Desenvolvimento com recursos renováveis, inicialmente há grandes estoques disponíveis que se esgotam e depois se sustenta com fluxos contínuos. Modelagem e simulação Um balanço para cada nó. As vezes, também nas fontes! DE/DT = + J – k4*E -k*E*Q DQ/DT = + k1*E*Q – k3*Q Estoque de formação rápida Estoque de formação lenta Fonte de energia renovável de fluxo pequeno E -k*E*Q Q – k3*Q J -k4E + k1*E*Q Interação de consumo Diagrama sistêmico -> Modelagem -> Calibração (com dados dos fluxos e dos estoques) -> Simulação k8 Sm Jm k6 M k9 Q E k6 k3 Je k5 k1 Re k2 k4 Equações dos balanços dos estoques e das fontes k8 Sm Jm k6 M DM/DT = + Jm + k6*Q – k8*M –k9*M*Re k9 Je = Re + k0 E*M*Re DQ/DT = + k4*Q*E – k5*Q - k6*Q DE/DT = + k1*M*E – k2*E –k3*E*Q Re = Je / (1 + k0*E*M) Q E k6 k3 k0 Je k5 k1 Re k2 k4 Je = Re + k0 E*M*Re DE/DT = + k1*E*M*Re – k2*B –k3*E*Q Re = Je / (1 + k0*M*E) DQ/DT = + k4*Q*E – k5*Q - k6*Q k8 Sm Jm DM/DT = + Jm + k6*Q – k8*M –k9*M*Re k6 M k9 E Q E Je k3 k0 Se k6 k5 k1 k2 k4 Re Equações dos balanços em torno dos estoques e das fontes SlowRen DE/DT = + J – k4*E -k*E*Q Estoque de formação lenta Fonte de energia externa limitada E DQ/DT = + k1*E*Q – k3*Q -k*E*Q Q S J k4E + k1*E*Q Interação de consumo – k3*Q DE/DT = + J – k4*E -k0*E*Q DQ/DT = + k1*E*Q – k3*Q SlowRen Agora vamos a prática!