FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Biomedicina Ana Carolina Souza da Silva PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ARINOS-MG, BRASIL, 2012 Paracatu 2012 Ana Carolina Souza da Silva PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ARINOS-MG, BRASIL, 2012 Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, como pré-requisito a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina, da Faculdade Tecsoma. Orientador Temático(a): MSc. Hélica Silva Macedo Orientador Metodológico: Geraldo B. B. Oliveira Co-orientador: MSc. Cláudia Peres da Silva Paracatu 2012 S586p Silva, Ana Carolina Souza da Prevalência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos-MG, Brasil, 2012. / Ana Carolina Souza da Silva. Paracatu, 2012. 50f. Orientadora: Hélica Silva Macedo Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Gradação em Biomedicina. 1. Alimentos. 2. Manipuladores de Alimentos. Enteroparasitoses 3. Creches públicas. I. Macedo, Hélica Silva. II. Faculdade Tecsoma. III. Título. Ana Carolina Souza da Silva CDU: 613.2.03 Ana Carolina Souza da Silva PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ARINOS-MG, BRASIL, 2012 Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, como pré-requisito a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina, da Faculdade Tecsoma. ____________________________________ MSc. Cláudia Peres Silva (Coordenadora) ____________________________________ MSc. Hélica Silva Macedo (Orientador Temático) ___________________________________ Geraldo B. B. Oliveira (Orientador Metodológico) __________________________________________ Josimar Dornelas Moreira (Professor convidado) Paracatu, Julho de 2012 A todos os profissionais manipuladores de alimentos que se dedicam a alimentar as crianças para que tenham o direito de crescer de forma saudável e alimentar o futuro deste país. AGRADECIMENTOS A Deus por ter me iluminado a chegar até este momento de alcance de mais um sonho. A minha querida mãe Maria do Socorro e pai Antonio Augusto por serem exemplo de humildade, perseverança e fé. Agradeço pela dedicação e compreensão a cada momento, por abraçarem meu sonho como seus, privando-se muitas vezes de si mesmos. Aos meus irmãos Thiago e Danilo pelo apoio e auxílio durante todo meu caminho. Agradeço aos mestres que se dedicaram e compartilharam seu conhecimento nos tornando não somente discípulos, mas contribuíram para tornarmos verdadeiros profissionais. Aos colegas que nos momentos alegres quanto turbulentos estiveram com as mãos estendidas e palavras amigas que nos confortavam, enfim agradeço a todos aqueles que com um simples gesto me fizeram chegar à realização de mais um projeto. RESUMO A maioria das infecções via alimentar ocorre por manipulação inadequada do alimento. Identificar manipuladores de alimentos de creches públicas portadores de agentes patogênicos que podem ser propagadores de contaminação ao alimento é de fundamental importância para prevenção da transmissão de doenças às crianças assistidas pelas creches. O presente estudo, de caráter exploratório e abordagem quatiqualitativa, teve como objetivo investigar a presença de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos (MG). A pesquisa foi desenvolvida no período de fevereiro a abril de 2012, a partir da aplicação de método coproparasitológico de sedimentação espontânea. Foram examinados 15 manipuladores de alimentos de quatro creches da rede pública municipal, sendo estes (100%) do sexo feminino com a média de idade de 39,86 anos. Dentre os aspectos epidemiológicos avaliados o ensino médio completo se destacou entre 53,33% da população. Quanto às moradias, 73,33% possuíam domicílio próprio, 100% afirmaram possuir sistema de abastecimento de água tratada e somente 53,33% possuíam rede de esgoto em seu domicílio. A taxa geral de prevalência para parasitas e comensais intestinais foi de 11 pessoas (73,33%). O parasita intestinal com maior taxa de prevalência foi Entamoeba histolytica em (33,33%) das pessoas, seguido de (20%) de helmintos da Família Ancylostomidae. Ascaris lumbricoides foi detectado em (13,33%) das pessoas e a espécie comensal intestinal encontrada foi Entamoeba coli com (26,67%) de pessoas infectadas. Associações entre parasitas e comensais intestinais e poliparasitismo foram encontradas em (27,27%) das pessoas. Observou-se no estudo grande prevalência de parasitas e comensais intestinais entre os indivíduos que não possuíam abastecimento de rede de esgoto em seu domicílio. Neste perfil, o percentual de protozoários encontrado foi em 3 pessoas (37, 5%) positivas para Entamoeba histolytica e (25%) para Entamoeba coli. Dentre os helmintos (25%) estavam positivas para Ascaris lumbricoides e (25%) para Família Ancylostomidae; associação poliparasitária ocorreu em (37,5%) das pessoas. A avaliação dos aspectos higiênicos das profissionais manipuladoras de alimento apontou que (100%) das funcionárias usavam somente água e sabão na lavagem das mãos, e estas não utilizavam de forma correta tal procedimento, (66,67%) afirmaram desconhecer esta técnica. Todas as profissionais afirmavam realizar outras funções de limpeza na instituição, o uso de EPI’s na rotina de trabalho não era utilizado de forma adequada ou mal aceito pelas profissionais. Conclui-se que há uma alta prevalência de parasitas nas amostras analisadas neste estudo. A presença de enteroparasitas nas profissionais manipuladoras de alimento de creches públicas do município de Arinos (MG) indicam as condições sócio-econômicas, ambientais e sanitárias que estes profissionais estão expostos. O aprimoramento em educação sanitária e o acompanhamento médicolaboratorial são necessários como formas de prevenção a infecções por DTA’s e contaminação das crianças assistidas pelas creches. Palavras chave: Manipuladores de alimento, Enteroparasitas, Creches públicas. R: 450 palavras ABSTRACT Most food infections are caused by mishandling the food. Indentifying food handlers from public nurseries carrying pathogenic agents possibly causing food contamination is crucial for preventing its transmission to the children assisted by the nurseries. This exploratory study, with a quantitative and qualitative approach, aims at investigating the presence of intestinal parasites in food handlers from public nurseries in the municipality of Arinos (MG). The research was conducted from February to April, 2012, by applying the coproparasitological spontaneous sedimentation method. Fifteen food handlers from four public municipal nurseries were examined, all of them women, with average age at 39.86 years. Among the epidemiological aspects assessed, schooling level percentage was the highest for those who completed middle level schooling (ensino médio), with 53.33% the population. As the housing, (73.33%) people owned their homes. Regarding housing, 100% stated that they have treated water supply and only (53.33%) have sewage system at home. The overall rate of prevalence of parasites and intestinal commensals was 73.33% (11 people). The intestinal parasite with the highest prevalence rate was Entamoeba histolytica, which was found in (33.33%) people, followed by in (20%) the Helminth species from the Ancylostomidae Family. Ascaris lumbricoides was detected in (13.33%) people and the commensal intestinal species found was Entamoeba coli, (26.67%) of infected individuals. Associations between intestinal parasites and commensals and multiple parasitic infections were found in (27.27%) people. It was observed in the study a high prevalence of intestinal parasites and commensals among individuals who had no sewage supply at home. The proportion of protozoa found was 3 people (37.5%) tested positive for Entamoeba histolytica and ( 25%) for Entamoeba coli; among helminth (25%) for Ascaris lumbricoides and (25%) for the Ancylostomidae Family; and (37.5%) in multiple parasitic infections and people. The evaluation of the hygienic aspects of the professional food handlers pointed out that 100% of the employees were using only water and soap for hand washing, and they did not perform correctly this procedure; (66.67%) reported being not aware of this technique. All professionals claimed to perform other cleanup functions in the institution, and the use of EPI in the work routine was not proper or not accepted by the professionals. It is concluded that there is a high prevalence of parasites in the samples analyzed in this study. The presence of intestinal parasites in food professional handlers of public nurseries in the municipality of Arinos (MG) indicate the socio-economic, environmental and health conditions to which these professionals are exposed. Improvement of health education and medical and laboratory monitoring are required as forms of preventing DTA infections and contamination of the children that attend the nurseries. Key words: Food handlers, intestinal parasites, public nurseries LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Distribuição dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos-MG, 2012, quanto ao sexo. (n=15) .................................. 28 Gráfico 2. Ocorrência de enteroparasitoses em exames coproparasitológicos de cantineiras de creches públicas do município de Arinos-MG, 2012. (n=15) ..... 31 Gráfico 3. Distribuição de parasitas e comensais intestinais em amostras positivas de cantineiras de creches públicas do município de Arinos-MG, 2012. (n=15) ............................................................................................................... 32 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Distribuição das idades dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) ....................................... 29 Tabela 2. Distribuição da escolaridade dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) ......................... 29 Tabela 3. Distribuição dos aspetos epidemiológicos em manipuladores de alimentos das creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) .. 30 Tabela 4. Resultados observados nos exames coproparasitológicos em amostras de manipuladores de alimentos das instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15).......................................................33 Tabela 5. Distribuição de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15).................................... ........................................................................... 33 Tabela 6. Distribuição de protozoários e helmintos em amostras fecais de manipuladores de alimentos de creches públicas, segundo o não abastecimento de rede esgoto em seus domicílios, município de Arinos - MG, 2012. (n=8).................................................. ..................................................... 36 Tabela 7. Distribuição de aspectos correspondentes à higienização dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15)................................................................................................... ... 37 Tabela 8. Relação entre o uso de EPI's pelos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos–MG, 2012. (n=15)............................................................................. .................................. 39 LISTA DE SIGLAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BPF – Boas Práticas de Fabricação CCN – Centro Cultural Nathália CEMEI – Centro Municipal de Educação Infantil CNS – Conselho Nacional de Saúde CVS – Conselho de Vigilância Sanitária DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MG – Minas Gerais OMS – Organização Mundial de Saúde PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar POP – Procedimento Operacional Padrão SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 1.1 Justificativa ............................................................................................... 15 1.2 Objetivos ................................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo Geral..........................................................................................17 1.2.2 Objetivo Específicos...............................................................................17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 18 2.1 DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos ..................................... 18 2.2 Segurança Alimentar................................................................................ 18 2.3 Saúde do Manipulador de Alimentos....................................................... 19 2.4 Classificação e Patogênese de Enteroparasitas.................................... 20 2.4.1 Protozoarios segundo Neves (1998).................................................. .. 21 2.4.2 Helmintos segundo Neves (1998)..........................................................21 2.5 Diagnóstico e Tratamento......................................................................... 23 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 24 3.1 Delimitação da Área de Estudo .............................................................. 24 3.1.1 Caracterização do Município ................................................................ 24 3.1.2 Caracterização das Creches ................................................................ 24 3.1.3 Delimitação do Público Alvo ................................................................ 25 3.2 Coletas de amostras ................................................................................ 25 3.3 Análise Laboratorial ................................................................................ 26 3.4 Aspectos Éticos ....................................................................................... 27 3.5 Orientações aos Profissionais Manipuladores de Alimentos............... 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 28 5 CONSIDERAÇÃOES FINAIS ...................................................................... 40 6 SUGESTÕES ................................................................................................ 42 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 43 APÊNDICES .................................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO Uma alimentação saudável e rica em nutrientes é de fundamental importância para uma boa qualidade de vida das pessoas, em especial as crianças. Deixar de ingerir alimentos que são essenciais para o bom funcionamento do organismo é cada vez mais comum devido a falta de conhecimento ou importância dada à alimentação. No entanto, além da importância de se alimentar bem, as pessoas devem estar atentas às práticas de higiene dos alimentos, pois, quando não são feitas corretamente podem levar o indivíduo a contrair doenças por meio de organismos patogênicos. (ROSSI, 2011). No processo de industrialização as creches surgiram como um combate à pobreza, exclusão social, desnutrição e mortalidade infantil, atendendo também às necessidades das mulheres. O censo escolar de 2003 revelou que no Brasil, 7% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam creches, com um aumento de cerca de 200% no número de matrículas nos últimos anos. (OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008). O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi desenvolvido em 1954 no Brasil com objetivo de suprir as necessidades nutricionais dos alunos, ofertando às crianças refeições adequadas e seguras, para alimentações diárias, porém, a legislação brasileira não prevê normas específicas para cozinhas de creches ou outras instituições de ensino, sendo utilizadas as mesmas normas das cozinhas industriais. Partindo do princípio de que cozinhas de creches assemelham-se mais às cozinhas domésticas do que às cozinhas industriais, isso dificulta a aplicação das normas vigentes, apesar de não serem especificamente adequadas às cozinhas das creches. (OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008). Considerando o manipulador de alimento a pessoa que entre em contado direto com os mesmos, na legislação vigente, segundo a Portaria CVS-6/99 da Vigilância Sanitária, o trabalhador para se encontrar apto ao exercício não deve ser portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas ou parasitárias, deste modo devem ser realizados exames médicos admissionais acompanhados por análises laboratoriais periódicas. Ressalta-se 14 ainda que tais funcionários não devem apresentar gastroenterites agudas ou crônicas (diarreia ou disenteria) ou qualquer tipo de lesão. (SILVA et al., 2005). Doenças veiculadas por alimentos têm cada vez mais merecida atenção dos países, devido à sua alta taxa de ocorrência e gravidade. Os agentes biológicos (vírus, bactérias, e parasitas), representam a principal causa de contaminação alimentar. Agentes patogênicos emergentes têm se somado a agentes biológicos convencionais atualmente como veiculadores de doenças alimentares. (CARNEIRO, 2007). Deste modo somando as altas taxas de parasitismo e os maus hábitos higiênicos, os manipuladores de alimentos são os potenciais agentes veiculadores de enteroparasitas através da contaminação alimentar de entidades de creches públicas, onde a população infantil atendida é considerada de risco ao parasitismo. 1.1 Justificativa Regô citado por Colombo, Oliveira e Silva (2009) ressalta que, a Organização Mundial da Saúde indica que 60% das enfermidades provocadas por agentes microbiológicos são de origem alimentar, sendo que a contaminação está relacionada à manipulação e preparo dos mesmos. O enteroparasitismo representa doenças mais comumente encontradas, atingindo mais de um terço da população mundial. (CAPUANO, 2008). Os indivíduos assintomáticos que entram em contato direto e permanente com o alimento, podem se tornar fonte de contaminação e disseminação de enteroparasitas. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). Guilherme e Resende citados por Silva, Éder (2009), Silva, Reginaldo (2009) e Silva, Luciana (2009) afirmam que as mãos contaminadas são via de transmissão de parasitas intestinais, fato este favorecido pela ausência de frequência higiênica adequada do manipulador de alimentos. Neste o homem é o principal reservatório e vetor no processo de contaminação dos alimentos por microrganismos patogênicos, tais como os parasitas. O parasitismo na infância tem grande interesse médico, devido à alta taxa de ocorrência. Segundo Silva e outros (2005), a predisposição das crianças a complicações patológicas subsequentes a exposição a organismos 15 infecciosos como exemplo os enteroparasitas, é cada vez mais comum, fato este devido, uma imunidade na maioria dos casos ainda “imatura” na faixa etária em estudo. Identificar e estabelecer quais parasitas são encontrados nas possíveis fontes de contaminação alimentar, como em manipuladores de alimentos, nas entidades de educação infantil, como por exemplo, em Creches públicas do município de Arinos-MG, onde a maioria das crianças permanece a maior parte do dia, é de fundamental importância para que possam ser implantadas técnicas apropriadas de limpeza e desinfecção, como formas de prevenir a contaminação do alimento e consequentes surtos endêmicos em crianças. 16 1. 2 OBJETIVOS 1. 2. 1 Objetivo Geral Avaliar a prevalência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos em instituições públicas de educação infantil, creches, do município de Arinos – MG, CEMEI Crispim Santana, CEMEI Mariane Fonseca Almeida, CCN – Centro Cultural Natália, Centro Educacional Infantil Nardel Soares, 2012. 1. 2. 2 Objetivos Específicos Realizar exame coproparasitológico de investigação nos manipuladores de alimentos; Identificar qual parasito tem maior prevalência, e suas possíveis fontes de contaminação; Averiguar as condições socioeconômicas e higiênico-sanitárias dos manipuladores; Proporcionar técnicas higienização e importância do uso de EPI’s, orientando sobre a importância da prevenção a contaminação do alimento aos profissionais manipuladores de alimento. 17 2 REFERENCAL TEÓRICO 2. 1 DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos “Entende-se por alimento todos os produtos que possam suprir as necessidades nutricionais do ser humano e garantir sua sobrevivência.” (GERMANO, 2003, p. 9). Germano (2003) destaca que diversos autores têm se dedicado ao estudo relativo das doenças transmitidas por alimentos ou DTA’s que, cada vez mais vêm provocando surtos por contaminação alimentar. A (OMS) Organização Mundial da Saúde informa que mais de 60% das DTA’s são transmitidas por agentes etiológicos encontrados no alimento, tais como, bactérias, vírus, fungos e parasitas, devido principalmente à prática inadequada de manipulação, falta de higiene durante a preparação e matéria prima contaminada. (SILVA JUNIOR, 1995). Carneiro (2007) ressalta que a maioria das doenças de transmissão alimentar está ligada aos precários hábitos de higiene pessoal e doméstica dos manipuladores. Este fator somado à falta de política de educação sanitária e ambiental do Brasil contribui para as altas taxas de parasitismo e seu potencial risco de contaminação à população. 2. 2 Segurança Alimentar A legislação vigente prevê a normatização sob aspectos que envolvem a elaboração e industrialização dos alimentos de sua origem até distribuição. Na esfera Federal, constam nas portarias nº 368/1997 e nº 326/1997 do Ministério da Agricultura e do Ministério da Saúde respectivamente, referentes aos aspectos ligados aos manipuladores e a manipulação de alimentos incluindo higiene pessoal e cuidados sanitários. A legislação menciona a responsabilidade dos estabelecimentos em propiciar instrução e capacitação adequada na manipulação alimentar, higiênico-sanitária e pessoal, adotando a prevenção para evitar a contaminação do alimento. (GERMANO, 2003). Partindo do proposto que se define a Promoção da Saúde segundo a Conferência da Alma – Ata 1978, a atenção primária mediante ações promotoras de saúde desenvolve educação visando à prevenção e controle de 18 problemas de saúde, através de uma adequada alimentação que possa suprir nutricionalmente o indivíduo, e rede de saneamento básico tal como água que garantem condições de vida que conduzem a saúde. (SILVA JUNIOR, 1995). As boas práticas de fabricação são formadas por um conjunto de normas empregadas em produtos, processos e serviços, visando à certificação da qualidade e da segurança alimentar. A qualidade da matéria-prima, as condições higiênicas do ambiente de trabalho, as técnicas de manipulação dos alimentos e saúde dos funcionários, são fatores importantes considerados na produção de alimentos seguros pelas Boas Práticas de Fabricação. (COLOMBO; OLIVAIRA; SILVA, 2009). Silva Junior (1995) ressalva que: O Manual de Boas Práticas integrado aos princípios do Sistema APPCC define informações de situações chamadas pontos críticos, [...]. Os perigos biológicos, químicos e físicos estariam contaminando os alimentos durante a preparação, e sobrevivendo após a cocção e desinfecção [...]. (SILVA JUNIOR, 1995, p. 246). O Manual de Boas Práticas conceitua normas de Procedimento Padrão para atingir uma qualidade de produto e/ou serviço na área de alimento através de itens como controle de saúde dos funcionários, matéria prima, água e higiene adequada do manipulador treinado. (GERMANO, 2003). 2. 3 Saúde do Manipulador de Alimentos O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criado em 1995, faz o repasse de recursos financeiros dirigidos para alimentação escolar de alunos de Educação Infantil e Ensino fundamental (creches e pré-escolas) públicas e filantrópicas, para suprir parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos cadastrados no Ministério da Educação. (BRASIL apud COLOMBO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Consideram-se manipulador de alimentos todas as pessoas que podem entrar em contato com o produto comestível em qualquer etapa da cadeia alimentar, desde a fonte até o consumidor. (GERMANO, 2003, p.14). 19 O profissional para exercer as funções de sua competência deve este apresentar-se saudável e em pleno vigor físico. Os regulares cuidados médicolaboratoriais são previstos por Normas de Segurança e Medicina do Trabalho, em âmbito federal, através de exames admissional, revisional e demissional, Lei nº 6514 de 1977. O profissional ao manipular alimentos deve realizar exames médicos periódicos a fim de prevenir a saúde do trabalhador e minimizar os riscos de acidentes de trabalho, causados por parasitoses ou infecções subsequentes, garantindo aos funcionários condições ótimas para o desenvolvimento de suas funções. (SILVA JUNIOR, 1995). Alguns dos exames laboratoriais solicitados de importância é a análise coproparasitológica de fezes que tem como objetivo evidenciar e identificar os parasitas que vivem no tubo digestivo ou aqueles que as fezes constituem como veículo de disseminação para o meio externo. (NEVES, 1998). Estes parasitas podem levar o indivíduo a ocasiões de diarreias e espoliações orgânicas fraqueza tontura desmaio e falta de rendimento. 2. 4 Classificação e Patogênese de Enteroparasitas Parasitismo é a associação entre seres vivos, onde existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação. Deste modo, o parasita é o agressor, e o hospedeiro é o que alberga o parasita, como exemplos têm os endoparasitas que vivem dentro do corpo do hospedeiro. (NEVES, 1998, p. 347). Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas estejam acometidas por algum tipo de parasita intestinal no continente Americano, com cerca de 10 mil óbitos por ano devido somente ao parasitismo por helmintos intestinais. (MACEDE, 2005). O parasitismo intestinal representa um significativo problema de saúde pública, devido ao extenso número de pessoas afetadas às várias alterações orgânicas que podem provocar. (HARPHM apud CARNEIRO, 2007). Estudos realizados coproparasitológicos no ano demonstraram que 1998 o através perfil de de inquéritos enteroparasitas encontrados com maior frequência em manipuladores de alimentos de escolas são, protozoários como Giardia lamblia, Entamoeba coli e Entamoeba histolytica. A maior porcentagem de infecção helmíntica é por ancilostomídeos, 20 Ascaris lumbricoides, Hymenolepis nana e Strongyloides stercoralis. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). 2. 4. 1 Protozoários segundo Neves (1998): a) Giardia lamblia: é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. Apresenta duas formas: cistos e trofozoítos. Os cistos maduros são as formas infectantes aos humanos, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou veiculados por moscas e baratas, como também pessoapessoa em locais de aglomeração humana. A maioria dos casos é assintomática, mas pode provocar diarréia aquosa e dores abdominais. b) Entamoeba coli: as amebas acometem homens e animais e têm sua distribuição geográfica amplamente distribuída. A Entamoeba coli é relatada por muitos autores como um comensal do intestino humano, não sendo considerada patogênica ao hospedeiro. c) Entamoeba histolytica: têm as formas de trofozoítos e cistos. Tem como via de transmissão a ingestão de cistos maduros através da água, alimentos contaminados e maus hábitos higiênicos. “O portador assintomático que manipula alimentos é o principal disseminador dessa protozoonose.” A Entamoeba histolytica possui uma importância clínica para o homem, mas na maioria das vezes vive como comensal na luz intestinal humana. A maioria dos casos é assintomática, porém pode ocorrer o desenvolvimento de colites severas e abscessos extra-intestinais. 2. 4. 2 Helmintos segundo Neves (1998) : d) Família Ancylostomatidae: é uma das mais importantes famílias de Nematoda. Possui grande importância no contexto universal, com uma estimativa de 900 milhões de pessoas parasitadas no mundo. (NEVES, 1998). Estes parasitas têm ampla distribuição geográfica. Em seu estágio parasitário ocorrem em mamíferos, inclusive em humanos causando ancilostomatidoses. Possuem vários estágios de vida, seus ovos são depositados no intestino delgado do hospedeiro e são eliminados pelas fezes. A infecção no homem só ocorre quando em seu estágio larval do tipo L3 (filarioide), denominado forma 21 infectante, penetra através da pele, conjuntiva e mucosas, ou por via oral. A patogenia é proporcional ao número de parasitas presentes no intestino delgado. A anemia causada pelo hematofagismo pelos vermes é um dos sinais de ancilostomose. e) Ascaris lumbricoides: helminto encontrado em quase todos os países, com uma alta prevalência e ação patogênica em países subdesenvolvidos. Parasita de humanos que têm como forma infectante ovos infectados com larvas em estágio L3, em alimentos contaminados; poeira e insetos também são capazes de veicular ovos. Uma vez ingeridos pelo hospedeiro, estes ovos eclodem no intestino delgado atravessam a parede intestinal, e caem nos vasos linfáticos e veias e invadem o fígado. A intensidade da patogenia depende do número de larvas e adultos presentes no hospedeiro podendo haver infecções pequenas sem alterações ou com pontos hemorrágicos e de necrose. f) Hymenolepis nana: é o menor e mais comum dos cestódeos que ocorrem no homem; é também encontrado em outros mamíferos e de forma hospedeira intermediária em pulgas e carunchos de cereais. Considerada cosmopolita, é mais frequente em países de clima quente, entretanto como fatores importantes de sua incidência temos a densidade populacional e convívio em ambientes fechados. Possui em seu ciclo as formas de ovos, larvas cisticercoides e verme adulto. Os ovos são eliminados pelas fezes e podem ser ingeridos quando presentes nas mãos e alimentos contaminados ou ingerindo insetos contaminados ocorrendo uma hiperinfecção. Usualmente não ocorrem manifestações clínicas, aparecimento de sintomas está relacionado ao número de vermes albergados. g) Strogyloides stercoralis: este parasita é o menor nematódeo parasita do homem e também de outras espécies animais. Uma peculiaridade interessante é que a única forma adulta encontrada no intestino delgado do homem é a fêmea sendo o macho do ciclo de vida livre. Apresenta em seu ciclo várias fases evolutivas e a fase larval filarioide á a forma infectante através da penetração nas áreas de pele mais fina dos pés e mucosas. As manifestações clínicas são semelhantes a outras verminoses com queixas de dores semelhantes a úlceras. Não há neste tipo de verminose importância na 22 transmissão por contaminação alimentar devido sua via de transmissão através da penetração de larvas pela pele. 2. 5 Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico clínico é de difícil realização não tendo muito vezes resultados expressivos, salvo a ancilostomose que pode cursar com sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais seguidos de anemias. O diagnóstico laboratorial é o método de melhor escolha se mostrando mais específico a parasitemia. O laboratório é essencial para que se estabeleça a espécie de parasita presente no indivíduo, tendo cada parasitose sua peculiaridade. Por esta razão existem vários métodos de identificação da biologia do parasita. (NOLLA; CANTOS, 2005). O método qualitativo de Sedimentação Espontânea ou de Lutz, Hoffmann, Pons e Janer, usado para o diagnóstico de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários, é o mais abrangente e rotineiramente utilizado nos laboratórios de análises para visualização de formas parasitárias. (NEVES, 1998). O tratamento baseia-se não somente no uso de medicamentos antiparasitários tais como Mebendazole, Praziquantel, Teclosan, Albendasole dentre outros, mas requer cuidados específicos na alimentação representada por uma dieta rica e de fácil absorção. (NEVES, 1998). 23 2 METODOLOGIA Foi realizado um estudo de caráter exploratório descritivo de abordagem quantiqualitativa para investigação da presença de enteroparasitas nas amostras fecais dos profissionais manipuladores de alimento que atuam nas creches públicas localizadas na área urbana do Município em estudo. 3. 1 Delimitação da Área de Estudo O Noroeste de Minas é uma das doze microrregiões estabelecidas pelo IBGE (2010), sua divisão basela-se em critérios econômicos e de agrupamentos dos municípios afins de divulgações estatísticas, com uma área territorial de 60.906,30 Km², é composto por 22 municípios dentre estes a cidade de Arinos. 3. 1. 1 Caracterização do Município A pesquisa foi realizada com os manipuladores de alimento das creches públicas do município de Arinos localizado na região Noroeste de Minas Gerais, com uma dimensão territorial de 5.279 km² e população de cerca de 17.674 habitantes, com bioma de cerrado e economia baseada na agropecuária. Possuiu 5 estabelecimentos municipais de saúde da família distribuídos em 7 bairros, uma Unidade Mista de Saúde e um Hospital Municipal, possui cerca de 70% das áreas urbanas do município com rede de saneamento básico e 6.1% dos matriculados se encontram entre os préescolares. (IBGE, 2010). Estes alunos estão distribuídos em quatro instituições de ensino infantil público municipal e duas instituições particulares. 3. 1. 2 Caracterização das Creches O público alvo das análises foram os profissionais que manipulam os alimentos servidos nas 4 creches públicas, CEMEI Crispim Santana, CEMEI Mariane Fonseca Almeida, CCN – Centro Cultural Nathália e Centro Educacional Infantil Nardel Soares, localizadas nas áreas urbanas do município 24 em estudo, totalizando cerca de 15 profissionais cantineiros. A pesquisa foi realizada no período de fevereiro a abril de 2012, após autorização da Secretária Municipal de Educação de Arinos – MG, diretores responsáveis pelas creches e manipuladores de alimento alvo da pesquisa. (APÊNDICE D-). 3. 1. 3 Delimitação do Público Alvo O público alvo foi delimitado segundo critérios de escolha das Creches públicas da área urbana do município excluindo as instituições que estão localizadas na zona rural e nos distritos, como também creches particulares. Após assinatura e consentimento do Termo de Autorização Livre e Esclarecido (APÊNDICE-C-), proposto aos Manipuladores de Alimento, alvo da pesquisa, foram selecionados somente profissionais cantineiros que entram em contato direto com os alimentos e utensílios das cozinhas das creches. Como critério de inclusão dos indivíduos foi o consentimento para realização da pesquisa e a participação com a doação do material fecal e não estarem em uso de medicamentos antiparasitários. 3. 2 Coleta das Amostras Segundo Resende (1997) a coleta dos dados foi realizada após autorização prévia das autoridades responsáveis pelas instituições (APÊNDICE-D-). A análise do perfil socioeconômico e higiênico-sanitário da população estudada foi realizada a partir de duas entrevistas padronizadas contendo número de ordem mantido nas amostras coletadas dos profissionais manipuladores de alimento das creches em estudo. Foi realizada primeiramente uma entrevista estruturada sociodemográfica (APÊNDICE-A-), contendo 12 itens, incluindo: nome, sexo, cargo ocupado na creche, faixa etária, localização residencial, nível de escolaridade, possui domicílio próprio, número de cômodos na residência e número de pessoas que moram no domicílio, possui rede de saneamento, água e esgoto, possui banheiro do domicílio, possui assistência a saúde. A segunda entrevista estruturada consiste em técnicas de higienização da instituição (APÊNDICE-B-), contendo 4 itens: como é feita a higienização das mãos na creche, se há a utilização de 25 EPI’s, como é feita a limpeza dos utensílios, maquinário e alimentos e se há sanitário para funcionários. As entrevistas estruturadas foram aplicadas individualmente a cada manipulador de alimento antes da coleta do material e após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. 3. 3 Análise Laboratorial Após autorização foi realizada a coleta de amostras fecais por meio do método de coproscopia parasitária. As análises foram executadas segundo o método qualitativo de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer ou de Sedimentação Espontânea, utilizado para verificação de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos colhidas em uma amostra sem adição de conservantes. (NEVES, 1998). O método de Lutz baseIa-se em coletar aproximadamente 2g de fezes e colocá-las em um frasco de Borrel com cerca de 5ml de água, triturando bem com um bastão de vidro; acrescentar mais 20ml de água; posterior filtrar a suspensão em um cálice cônico de 200ml de capacidade, por intermédio de uma tela de náilon (peneira) e gaze cirúrgica dobrada em quatro; os detritos são lavados com mais 20ml de água, agitando-se constantemente com um bastão de vidro, devendo o líquido da lavagem ser colhido no mesmo cálice; está suspensão de fezes é deixada em repouso durante 2 a 24 horas; completar o volume do cálice com água, realizando três lavagens alternadas durante o período de repouso até que o líquido esteja limpo e o sedimento bom; a colheita do sedimento realizada com uma pipeta introduzida até o fundo do cálice afim de colher uma gota do sedimento; desprezar o sedimento em uma lâmina homogeneizando bem, adicionar uma gota de lugol, homogeneizar, colocar uma lamínula e examinar no aumento de 10x e 40x. (NEVES, 1998). Foram preparadas três lâminas por amostra fecal individual e levadas ao microscópio óptico de luz no aumento de 10x e 40x para observação das formas parasitárias presentes. Respeitando e seguindo todas as normas de biossegurança para procedimento e descarte dos materiais de análise. (MACEDO, 2005). 26 Após processamento dos dados foram produzidas análises de estimativas relativas à prevalência de indivíduos portadores. (NOLLA; CANTOS, 2005). 3. 4 Aspectos Éticos A pesquisa foi realizada segundo a Resolução 196/96 que prevê Diretrizes e Normas que Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos, segundo o Conselho Nacional de Saúde que incorpora os referenciais básicos da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, assegurando os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. (CNS, 1996). 3. 5 Orientações aos profissionais Manipuladores de Alimentos Foram administradas aos manipuladores de alimento das Creches públicas CEMEI Mariane Fonseca Almeida, CEMEI Crispim Santana, CCN Centro Cultural Nathália e Centro Educacional Infantil Nardel Soares, palestras de reciclagem com técnicas de limpeza, lavagem das mãos e a importância do uso de EPI’s, na prevenção a contaminação alimentar, segundo as Boas Práticas de Fabricação. (SILVA JUNIOR, 1995). Outras atividades de orientação também foram desenvolvidas: Orientação aos profissionais de técnica de limpeza de utensílios e de maquinário com uso de sabão neutro e hipoclorito, segundo prevê a ANVISA, para desinfecção de maquinários. Orientação sobre as técnicas de limpeza das mãos e apresentar POP de limpeza da mão através de cartazes aos manipuladores e funcionários, como previsto pelo Conselho Nacional de Saúde. Orientação sobre a importância do uso de EPI’s na presença de contaminações. Realização de dinâmica com os manipuladores da importância do espírito de equipe, companheirismo, cooperação, iniciativa e unidade de função no intuito de demonstrar que a prevenção é a melhor forma de se evitar a intoxicação alimentar. 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os programas de nutrição e alimentação nacionais deveriam integrar-se a programas educativos baseando-se nas análises de risco potencial de contaminação dos alimentos e identificação de pontos críticos de controle, considerados sempre os fatores sócio-culturais. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARICARDOSO, 1997, p. 3). Os inquéritos parasitológicos têm sido utilizados na avaliação de enteroparasitas humanos como um parâmetro no sentido de avaliar as condições sanitárias de populações que vivem em precárias condições sócioeconômocas e de saneamento básico. (NOLLA; CANTOS, 2005). Neste estudo foram aplicados questionários a fim de obter informações sobre as condições sanitárias e hábitos de higiene dos manipuladores de alimento, demonstradas no Gráfico 1: dos 15 funcionários analisados, 15 (100%) são do sexo feminino. Em seu estudo Colombo; Oliveira e Silva (2009), expõem que os profissionais atuantes como manipuladores de alimentos em instituições escolaridade em sua maioria é composto pelo sexo feminino, o que é demonstrado neste estudo. Fonte: Elaborado pelo autor A faixa etária das profissionais variam entre 33 e 59 anos, tendo uma média de idade de 39.86 anos demonstradas na Tabela 1. Relatam Colombo; Oliveira; Silva (2009) em seu estudo que, o percentual de profissionais que 28 exercem a função de manipulação de alimentos de creches e escolas em 80% são de mulheres de faixa etária entre 40 e 50 anos. Tabela 1. Distribuição das idades dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012 (n=15) . Idades n +30 anos 8 +40 anos 4 +50 anos 3 Média: 39, 86 Total: 15 Fonte: Elaborado pelo autor O percentual de escolaridade descrito na Tabela 2, entre os indivíduos foi maior entre os que realizaram o ensino médio completo, totalizando 8 pessoas (53,33%), 6 pessoas (40%) tinham o ensino fundamental completo e apenas 1 cantineira (6,67%) possuía ensino superior completo. O baixo nível de escolaridade demonstrado no estudo correlaciona com os encontrados por Almeida citado por Colombo; Oliveira e Silva (2009), onde foram encontrados maior número de profissionais com baixa escolaridade, estes fato está relacionado à deficiência de informações sobre o risco de contaminação coletiva oriundos de bactérias, vírus e enteroparasitas, sob consequência do seu baixo nível de escolaridade. Indivíduos de menor renda e menor escolaridade são os mais suscetíveis à ocorrência de parasitoses intestinais, este fato esta associado às causas primárias da distribuição de enteroparasitas. (NOLLA; CANTOS, 2005). Tabela 2. Distribuição da escolaridade dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012 (n=15) ESCOLARIDADE nº % Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior 6 8 1 40% 53,33% 6,67% Fonte: Elaborado pelo autor Como demonstrado na Tabela 3 que aborda aspectos epidemiológicos dos manipuladores de alimentos, são verificadas as condições sanitárias de 29 moradia e relato dos sintomas associados à entoparasitoses. Dentre os entrevistados 11 (73,33%) possuem domicílio próprio e 4 (26,67%) são inquilinos ou vivem com familiares. Nolla; Cantos (2005) ressaltam em seu trabalho que o parasitismo está atribuído ao número de pessoas residentes em um domicílio e à menor renda familiar; ao passo que quando a remuneração do indivíduo ainda requer parte destinada à moradia, pouco se investe na saúde da família. Todos os manipuladores de alimento 15 (100%) possuem o sistema de abastecimento de água tratada em seus domicílios. Em relação ao destino adequado dos dejetos, 8 pessoas (53,33%) possuem rede de esgoto em suas casas e 7 (46,67%) não possuem, fato determinante na avaliação sócioeconômica da população e veiculador na contaminação por parasitas. (SILVA JUNIOR, 1995). No momento da realização desta pesquisa, 3 pessoas (20%) relataram sintomas associados a enteroparasitas, como dores abdominais, diarreias e falta de apetite. Segundo Capuano et al., (2000), grande parte das infecções intestinais parasitárias são assintomáticas e, quando cursam com alguma sintomatologia, estas são discretas ou inespecíficas. Tabela 3. Distribuição dos aspetos epidemiológicos em manipuladores de alimentos das creches públicas do município de Arinos – MG, 2012 (n=15). ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS nº % Domicílio Próprio Inquilino 11 4 73,33% 26,67% Abastecimento de água Sim Não 15 0 100% 0 Rede esgoto Sim Não 8 7 53,33% 46,67% Sintomas associados à enteroparasitoses Sim Não 3 12 20% 80% Fonte: Elaborado pelo autor 30 A maior parte das doenças transmitidas por alimentos está ligada às condições da matéria prima, aos maus hábitos dos manipuladores, à higienização e o controle ambiental. (NOLLA; CANTOS, 2005). Nas quatro entidades de creches públicas infantis analisadas foram obtidas 15 (100%) amostras de fezes no total de 15 funcionários atuantes como manipuladores de alimentos, assistentes de cozinha e também na realização do serviço de limpeza das instituições. Nota-se que quando comparado a outros inquéritos parasitológicos, houve uma elevada ocorrência de enteropasitas 11 (73,3%) na população estudada. A frequência de positividade descrita na literatura para manipuladores de alimentos varia de 28,6% a 70,9%. (HENRÍQUEZ; CASTELBLANCO apud CARNEIRO, 2007). O Gráfico 2 demonstra a ocorrência de enteroparasitas nas instituições de estudo. A positividade foi de 11 pessoas (73,33%). Nas Américas foi constatado por vários autores que a frequência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos varia entre 28,6% e 70,9%. No Brasil a positividade encontrada em diferentes categorias de profissionais manipuladores condiz com as altas taxas encontradas neste estudo. (MUNHOZ apud CAPUANO et al., 2000). Fonte: Elaborado pelo autor Os indivíduos que apresentavam positividade nas amostras coletadas são demonstrados no Gráfico 3: 7 pessoas (63,64%) apresentavam parasitas e 31 4 pessoas (36,67%) apresentavam comensais intestinais. Observa-se que houve associação das espécies parasitas e comensais intestinais em 3 indivíduos (27,27%) dentre estes também associações poliparasitárias. Resende; Costa-Cruz e Gennari-Cardoso (1997), demonstram em seu estudo que a associações de parasitas e comensais intestinais é frequentemente encontrada, evidenciando-se infecções por ancilostomídeos e outros helmintos, como também protozoários. Observou Capuano et al., (2000) em seu estudo que 20% dos manipuladores de alimentos eram acometidos por poliparasitismo, envolvendo até 4 espécies de parasitas diferentes. Fonte: Elaborado pelo autor As taxas de prevalência de indivíduos positivos para parasitas e comensais intestinais por creche encontram-se na Tabela 4. A maior prevalência encontrada para indivíduos positivos foi no CEMEI Crispim Santana, representando 4 pessoas (26,67%) de todos os indivíduos. 32 Tabela 4. Resultados observados nos exames coproparasitológicos em amostras de manipuladores de alimentos das instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15). Amostra Cantineiros Positiva examinados Creches públicas Amostra Negativa Amostra% CEMEI Mariane F. Almeida CEMEI Crispim Santana CCN Centro Cultural Nathália Centro Educacional I. Nardel Soares Amostra % 3 4 4 2 66,60% 1 4 100% 0 3 75% 1 33% 0% 33% 4 2 50% 50% 2 Fonte: Elaborado pelo autor Dentre os protozoários (parasitas e comensais), o mais frequente encontrado foi a espécie parasita Entamoeba histolytica em 5 indivíduos (33,33%), seguida pela espécie comensal Entamoeba coli em 4 indivíduos (26,67%). Entre as espécies helmínticas encontradas a taxa de prevalência mais representativa foi a infecção pela família Ancylostomidae: 3 pessoas positivas (20%). Ascaris lumbricoides foi outro helminto encontrado em menor frequência em 2 pessoas (13,33%) (Tabela 5). Tabela 5. Distribuição de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15). Amostra Agente infeccioso positiva % Protozoários Entamoeba coli* 4 26,67% Entamoeba histolytica 5 33,33% Helmintos Família Ancylostomidade Ascaris lumbricoides 3 2 20% 13,33% * Espécie comensal Fonte: Elaborado pelo autor A falta de controle higiênico-sanitária das pessoas que manipulam alimentos constitui uma das principais fontes de disseminação de enteropatógenos. (NOLLA; CANTOS, 2005). 33 Parasitos e/ou comensais intestinais podem ter as mãos como veículo de transmissão, sendo que a quantidade de cistos e ovos eliminados no meio é a principal preocupação com a transmissão. Os protozoários transmitidos com maior frequência são E. histolytica, G. lamblia e Toxoplama gondii. (SOUZA; COSTÊLA; OLIVEIRA apud SILVA, Éder (2009); SILVA, Reginaldo (2009); SILVA, Luciana, (2009). Para os helmintos encontrados com maior frequência temos Echinococcus granulosus, Hymenolepis nana, Trichiuris trichiura e Ascaris lumbricoides (GOURLAT e GUILHERME apud SILVA, Éder (2009); SILVA, Reginaldo (2009); SILVA, Luciana (2009). Os índices de contaminação encontrados por Macedo Junior. et al., (2009), assemelham-se aos encontrados neste estudo com uma alta taxa de ocorrência de amostras positivas para E. histolytica (12,5%), e E. coli (25%). O estudo revelou uma alta ocorrência de E. histolytica. A ocorrência deste parasita deve-se as condições precárias de manipulação de alimentos (destinação incorreta do lixo), possibilitando a manutenção de ciclos de infecção. Embora E. coli não seja considerada um organismo patogênico, é de importante relevância salientar sua ocorrência devido este ser um parâmetro para medir o grau de contaminação fecal exposto pelo indivíduo. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). Silva, Éder (2009); Silva, Reginaldo (2009) e Silva, Luciana (2009) revelam em seu estudo que estatisticamente a infecção por protozoários (20%) foi maior quando comparada as por helmintos (1,7%), o que também ficou evidenciado neste estudo. Quando analisada a contaminação por manipuladores de alimentos em três amostras de escolas púbicas em Uberlândia (MG) por Resende citado por Macedo Junior et al., (2009), foi detectado o percentual de infecção por helmintos de (6%, 5%, 5%) de portadores de ancilostomídeos em cada escola, e (3%, 1%, 2%) de portadores de Ascaris lumbricoides, para 264 amostras analisadas. Esta situação não é muito diferente quando comparadas às 15 pessoas analisadas neste estudo, com uma ocorrência geral de 5 pessoas (33,3%) parasitadas por helmintos, com uma taxa de prevalência de (0,5%) para Ascaris lumbricoides e (0,75%) para ancilostomídeos, por creche. 34 A contaminação dos sanitários assentos, trincos e maçanetas são frequentes em escolas públicas por ovos de helmintos, embora não seja um critério de contaminação por enteroparasitas dos usuários, indica a presença de agentes infecciosos neste local. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARICARDOSO, 1997). Embora o exame clínico seja o primeiro passo para o diagnóstico das enteroparasitoses, o diagnóstico laboratorial é essencial para que se estabeleça a espécie de parasita presente no indivíduo. (RESENDE; COSTACRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). A utilização do método coproparasitológico de Lutz, empregado no presente estudo, foi feita através de uma amostra fecal com a visualização de no mínimo duas lâminas por amostra para melhor visualização de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos. Este é o método de escolha utilizado por muitos laboratórios de análises devido ao seu fácil acesso, baixo custo e ser capaz de evidenciar maior número de formas parasitárias. (NEVES, 1997). No emprego das técnicas de análises coproparasitológicas deve-se considerar que cada parasitose tem sua peculiaridade, dependendo da biologia do helminto ou protozoário pesquisado. Por esta razão não existe um método único capaz de identificar com precisão todas as formas de parasitas. (NOLLA; CANTOS, 2005). Outro fator a ser considerado é a sensibilidade do exame de fezes, que varia consideravelmente dependendo da carga parasitária do indivíduo, dos períodos de eliminação dos parasitas pelas fezes, do método utilizado e da experiência do pesquisador. (CAPUANO et al., 2000). Na Tabela 6 observa-se que os profissionais manipuladores de alimentos que residiam em domicílios onde não havia o abastecimento de rede de saneamento básico através do destino adequado dos dejetos pela rede de esgoto corresponderam a 8 pessoas (53,33%) de todos os indivíduos. Em tais indivíduos, houve uma ocorrência de positividade das amostras coletadas por enteroparasitas das espécies helmínticas representadas pela família Ancylostomidae em 2 pessoas (25%) e o parasita Ascaris lumbricoides em 2 pessoas (25%), já os protozoários Entamoeba histolytica esteve presente em 3 (37,5%) dos indivíduos e 2 pessoas (25%) encontrado Entamoeba coli. Destas amostras a ocorrência de associações com protozoário comensal intestinal Entamoeba coli e também associado ao protozoário Entamoeba 35 histolytica, protozoário que se destacou com maior número de ocorrência no estudo, foram encontrados em 3 indivíduos (37,5%), portadores que não são contemplados com rede esgoto. Tabela 6. Distribuição de protozoários e helmintos em amostras fecais de manipuladores de alimentos de creches públicas, segundo o não abastecimento de rede esgoto em seus domicílios, município de Arinos MG, 2012 (n=8). AGENTE INFECCIOSO nº % Protozoários Entamoeba histolytica 3 37,5% Entamoeba coli* 2 25% Helmintos Ascaris lumbricoides Família Ancylostomidae 2 2 25% 25% Poliparasitismo 3 37,5% * Espécie comensal Fonte: Elaborado pelo autor Em seu estudo Nolla; Cantos (2005) sugerem que, o abastecimento de água encanada ou tratada e o destino adequado dos dejetos ou do lixo não tiveram influência quanto aos índices de parasitas encontrados no estudo. Devidos os indivíduos parasitados ou não, possuírem rede de saneamento em seus domicílios, de forma que esses parâmetros pouco avaliaram as condições de parasitismo. Os fatores que determinaram o parasitismo no estudo foram a higienização inadequada dos alimentos, menor renda familiar e baixo nível de escolaridade. Diante dos dados apresentados neste estudo, pode se notar que a ocorrência de parasitoses esteve em maior ocorrência em indivíduos que não eram beneficiados pelo abastecimento de rede esgoto em seus domicílios o que condiz com Capuano et al., (2000) que afirmam em seu estudo que as diferentes prevalências de enteroparasitas observadas entre estudos relacionam-se provavelmente às condições de saneamento regionais e as condições sócio-econômicas da população estudada. As análises mostraram que a relação da presença de parasitas nas unhas seria propiciada pela falta de rede de esgoto nos domicílios, e esta ocorrência está ligada a hábitos precários de higiene. (VINHA apud MACEDO JUNIOR et al., 2009). 36 Quanto ao aspecto que correspondente às práticas de higienização pessoal dos profissionais cantineiros e também limpeza da matéria prima (alimento) e utensílios utilizados na rotina de fabricação das refeições das creches em estudo observou-se na Tabela 7 que, 15 pessoas (100%) relatavam fazer o uso somente de água e sabão na lavagem das mãos, não se utilizando de outros produtos como álcool 70%, álcool em gel ou outros antimicrobianos. Tabela 7. Distribuição de aspectos correspondentes à higienização dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15). nº de Técnicas de higienização profissionais % Não conhecimento do procedimento de limpeza das mãos 10 66,67% Uso de água e sabão 15 100% Uso de álcool 70% ou antimicrobianos 0 0% Limpeza de maquinários e da instituição Água, sabão e água sanitária 15 100% Fonte: Elaborado pelo autor Colombo; Oliveira e Silva (2009) apontam em seu estudo que no que diz respeito à lavagem das mãos, 97% dos profissionais cantineiros relatavam saber lavar as mãos corretamente, mas não conseguiam descrever o procedimento utilizado no dia a dia. Silva Junior, (1995) aponta em seu manual que as mãos podem veicular vários microrganismos importantes, e se estas estiverem sujas, mal lavadas, com cortes ou machucados, portando alergias ou com unhas compridas são veículo fácil de transmissão de microrganismos e parasitas intestinais aos alimentos. A higiene pessoal dos manipuladores de alimentos é um fator importante de contaminação dos produtos. Os microrganismos podem passar para as mãos ou partes expostas do corpo e entrarem em contato direto ou indireto com o alimento. (GERMANO, 2003). O procedimento correto de lavagem das mãos deve ser realizado com água e sabão, habituando a lavar as mãos no mínimo 10 vezes durante o dia de trabalho, enxugar com papel toalha ou ar quente. A anti-sepsia das mãos 37 deve ser feita com sabões anti-sépticos, álcool 70% ou álcool em gel e não fazer anti-sepsia por imersão, secando as mãos ao ar. (SILVA JUNIOR, 1995). A maioria dos profissionais 10 (66,67%) desconhecia o procedimento correto de limpeza das mãos e do antebraço previsto pela ANVISA e CNS, e justificavam a não realização muitas das vezes devido ao prolongado tempo gasto para realização da técnica. Dentre os fatores de contaminação alimentar, os manipuladores são determinantes na contaminação, pois estes estão em contato mais próximo com o alimento, e muitas vezes apresentam atitudes insatisfatórias em relação aos cuidados higiênico-sanitários. (ALMEIDA; NOLLA apud COLOMBO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Ribeiro citado por Colombo; Oliveira e Silva 2009 ressaltam a relevância da lavagem das mãos como principal medida para reduzir a quantidade de microrganismos. A limpeza de utensílios e maquinários, lavagem de roupas, cuidados com hortas, banho das crianças e a limpeza da instituição também eram atividades exercidas pelas profissionais manipuladoras de alimentos, com relatos sobre o uso de sabão líquido ou em pó, água e água sanitária e sabonete no banho das crianças. Colombo; Oliveira e Silva (2009) relatam em seu estudo que 87% das merendeiras que realizavam o preparo das refeições distribuídas em escolas e creches, também realizam outras funções como limpeza de utensílios, de outras salas e lavagem de roupas. Isto é um grave problema, pois a má higienização e a realização de outras funções podem proporcionar a contaminação no preparo dos alimentos. As profissionais relatavam deixar as frutas, verduras e hortaliças de molho em solução de 1 litro de água e 1 colher de (sopa) de água sanitária durante pelo menos 10 minutos para limpeza e desinfecção dos alimentos. A higiene dos alimentos se caracteriza pelos processos nos quais os alimentos se tornam higienicamente adequados para o consumo. O procedimento para a higiene correta dos vegetais e folhosos devem ser lavados em água potável e corrente eliminado 74% das sujidades, em seguida devem ficar imersos de 10 a 15 minutos em solução clorada entre 150 a 200 ppm de cloro ativo ou hipoclorito de sódio próprio para o consumo. (SILVA JUNIOR, 1995). Em relação ao uso de EPI’s foi observada somente a utilização de aventais e toucas pelas profissionais, segundo relatos elas não utilizavam as luvas devido ao incômodo e desconforto durante a manipulação. Como 38 demonstrado na Tabela 8: dentre as cantineiras, 12 pessoas (80%) utilizavam toucas e aventais no momento da pesquisa, 15 pessoas (100%) utilizavam aventais e 3 pessoas (20%) não utilizavam toucas devido a falta do material no estoque. Todas as instituições mostraram possuir um banheiro destinado aos funcionários da creche, separando os utilizados pelas crianças. Colombo; Oliveira e Silva (2009) relatam que 87% das merendeiras utilizam uniformes adequados exclusivos para produção de alimentos e 13% relatavam a não utilização de nenhum tipo de uniforme para preparação dos alimentos, assim demonstrando um ponto crítico para contaminação dos alimentos. A falta de higiene proporciona a contaminação das mãos e levando a contaminação do alimento durante o preparo, uma vez que não há a utilização de luvas no manuseio dos alimentos. Tabela 8. Relação entre o uso de EPI's pelos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15). Uso de EPI's nº % Toucas Aventais Luvas 12 15 0 80% 100% 0 Fonte: Elaborado pelo autor A manipulação dos produtos para preparação dos alimentos em Serviços de Alimentação constitui um importante ponto de controle ou mesmo ponto crítico, porque são varias as etapas, desde o preparo até a distribuição onde pode ocorrer a contaminação. (SILVA JUNIOR, 1995, p. 243). As BPF visam a promoção e a certificação da qualidade e da segurança do alimento. A implantação destas e o treinamento pelos manipuladores de alimentos são um dos meios mais eficazes e econômicos para adequação dos profissionais de forma a garantir prevenção à contaminação cruzada, armazenamento e preparo inadequado por parte do manipulador. (COLOMBO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). A prevenção realizada pelos profissionais manipuladores de alimentos através do conhecimento quanto ao risco de contaminação e potencial patogênico dos microrganismos deixa evidente a importância do uso de EPI’s de modo a garantir uma alimentação saudável às crianças assistidas pelas creches. 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As visitas nas creches públicas foram realizadas nos horários das 10 às 13 horas, horários em que as principais refeições do dia são preparadas pelas manipuladoras de alimentos. Desta maneira foi possível observar de que forma os alimentos eram manuseados e preparados, avaliando os hábitos utilizados pelas profissionais na rotina de trabalho. Notou-se que nenhuma das manipuladoras utilizava de forma correta as técnicas de lavagem das mãos propostas pelas Boas Práticas de Fabricação através do POP de limpeza das mãos, e não faziam o uso de antissépticos. Muitas das vezes as frutas, verduras e vegetais eram somente enxaguados em água abundante, não realizando corretamente sua limpeza com sabão e água clorada. Este fato demonstra um ponto crítico de contaminação alimentar, devido a uma deficiente lavagem de mãos e dos alimentos, não capaz de descontaminá-los de forma eficaz. Outro fator a ser considerado é o manipulador de alimentos realizar outras funções na creche, como as de limpeza da instituição, lavagem de roupas e banho das crianças, o que o torna mais susceptível à contaminação pessoal e consequente do alimento a ser manipulado posteriormente. Nota-se neste estudo que a infecção por protozoários foi consideravelmente mais expressiva que por helmintos, com uma taxa de prevalência de (81,81%) das amostras positivas para Entamoeba histolytica e Entamoeba coli, a partir da utilização do método de Sedimentação espontânea de Lutz para análise. Embora a E. coli seja considerada por muitos autores um comensal intestinal, esta apresenta um mecanismo de transmissão semelhante a E. histolytica, um protozoário patogênico que possui como via de transmissão a ingestão de água e alimentos contaminados além da disseminação devido uma higiene precária. Este fato sugere que as condições higiênicas das profissionais manipuladoras de alimento, público com alto risco de transmissão de enteropatógenos, está relacionada ao risco de contaminação e higiene inadequada e lavagem incorreta das mãos. As taxas de prevalência por helmintos encontradas no estudo foram menores, com (45,45%) dos indivíduos portadores de enteroparasitas. Entre os 40 helmintos, destacou-se a Família Ancylostomidae com (27,27%), cuja ocorrência provavelmente esteja associada aos hábitos de higiene da população mais carente com nível sócio-econômico inferior e baixa escolaridade. Além disso, a infecção observada entre as profissionais pode estar relacionada com a penetração de larvas infectantes por via cutânea, devido a manipulação da terra nas hortas mantidas pelas creches, revelando que os parasitas estão mantendo seu ciclo no solo. Ascaris lumbricoides foi outro helminto que embora encontrado em menor frequência, sua ocorrência é alarmante quando considerado que os manipuladores de alimentos descrevem a não utilização de luvas, uma lavagem inadequada das mãos e a realização de outras atividades de limpeza da instituição. Deve ser ressaltado que a falta de abastecimento em saneamento básico e os maus hábitos higiênicos são fatores limitantes e pontos críticos para transmissão de parasitas e contaminação dos alimentos. Os resultados desta pesquisa levam a concluir que houve um elevado índice de profissionais parasitados, desta forma observa-se a necessidade da realização de acompanhamento médico-laboratorial dos profissionais manipuladores para assegurar a saúde individual do trabalhador e bloquear os processos de disseminação de parasitas. 41 6 SUGESTÕES A falta de controle higiênico dos alimentos pelas pessoas que manipulam os mesmos são as principais fontes de disseminação de enteropatógenos. (NOLLA; CANTOS, 2005). Os resultados dessa pesquisa mostram a necessidade de melhorias na qualidade do saneamento básico, destino adequado dos dejetos e do lixo no ambiente populacional. Atividades de educação em saúde devem ser promovidas com o objetivo de fornecer treinamentos e reciclagens periódicas às instituições e seus profissionais, de modo a instruí-los e aperfeiçoá-los em relação à realização adequada de suas tarefas e distribuição das mesmas de acordo com o seu perfil. Ações para o controle de qualidade dos alimentos tornam-se necessárias através da implantação de diretrizes que regem pontos críticos de contaminação alimentar. Devem ser adotadas práticas de prevenção em relação à contaminação através do uso de uniformes, EPI’s e uma higiene pessoal e do alimento, bem como do ambiente onde se convive, tendo em vista que são formas de evitar a transmissão de parasitas. A implantação das Boas Práticas de Fabricação na rotina de trabalho e determinação dos Pontos Críticos de Controle é fundamental para garantir não somente a qualidade do produto alimentício, mas também para manutenção da saúde das crianças evitando assim a ocorrência das DTA’s. 42 REFERÊNCIAS CARNEIRO, Lílian Carla. Enteroparasitas em manipauladores de alimentos de ecolas públicas em Morrinhos – GO. Vita et Sanitas, Trindade/Go, v. 1, n . 01, 2007. CAPUANO, Divani Maria et al. Enteroparasitas em manipuladores de alimentos do município de Riberão Preto – SP, Brasil, 2000. Revevista Brasileira de Epidemiologia; 11 (4): 687-95, 2008. Conselho Nacional de Saúde/CNS- Resolução 19. 196/96 – Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/res19696.htm> Acesso em: 30 de novembro de 2011. COLOMBO, Micheli; OLIVEIRA, Kelly Mari Pires de; SILVA, Dani Luce Doro da. Conhecimento das Merendeiras de Santa Fé, PR, sobre higiene e Boas Práticas de Fabricação na produção de alimentos. Higiene Alimentar - Vol. 23 - nº 170/171, 2009. GERMANO, Maria Izabel Simões. Treinamento de manipuladores de alimentos: fator de segurança alimentar e promoção da saúde. São Paulo: Livraria Varela, 2003/ Higiene Alimentar, 2003. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/calendario.shtm >. Acesso em: 31 de outubro de 2011. MACEDO, Hélica Silva. Prevalência de Parasitos e Comensais Intestinais em Crianças de Escola da Rede Pública Municipal de Paracatu (MG). RBAC, vol. 37(4): 209-213, 2005. MACEDO JUNIOR , E. M. et al. Como andam as mãos dos manipuladores de alimentos das unidades de alimentação e nutrição do Campus I da UFPB? Biosciência. Jornal. 2009. NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 9º ed. São Paulo: Editora Atheneu, 1998. NOLLA, Alexandre Costa; CANTOS, Geny Aparecida. Relação entre a ocorrência de enteroparasitoses em manipuladores de alimentos e aspectos epidemiológicos em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(2):641-645, março-abril, 2005 OLIVEIRA, Mariana de Novaes; BRASIL, Anne Lise Dias e TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Ciências saúde coletiva. 2008, vol.13, n.3, pp. 10511060. ISSN 1413-8123. 43 RESENDE, Carlos Henrique A. de; COSTA-CRUZ, Juliana Maria, GENNARICARDOSO, Margareth R. Enteroparasitoses em manipuladores de alimentos em escolas públicas de Uberlândia (Minas Gerais), Brasil. Revista Panamerica Saúde Publica/Pan Am J Public Health 2(6), 1997. ROSSI, Ana Paula Leão. Creches públicas de São Paulo oferecem risco de contaminação alimentar. Portal da Educação. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/noticias/38701/creches-publicasde-sao-paulo-oferecem-riscos-de-contaminacao-alimentar> Acesso em: 09 de outubro de 2011. SILVA, Jaqueline Otero et al. Enteroparasitoses e onicomicoses em manipuladores de alimentos do município de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2005; 8(4): 385-92. SILVA JUNIOR. Eneo Alves da. Manual de Controle Higiênico-Sanitária em Serviços de Alimentação. 6ºed. São Paulo: Livraria Varela, 1995. SILVA, Éder José da (2009); SILVA, Regildo Mácio Gonçalves da (2009), SILVA, Luciana Pereira (2009). Investigação de Esteroparasitas e/ou Comensais Intestinais em manipuladores de alimentos de Escolas Publicas. Biosciência. Jornal, Uberlândia, v. 25, n. 4, p. 160-163, 2009. 44 APÊNDICES 45 Apêndice A- Entrevista Estruturada Número de Ordem:____ Entrevista Estruturada Sociodemográfica Nome completo:_________________________________________________ Sexo: M F Cargo que ocupa:________________________________________________ Faixa etária: ______15 a 30 _____30 a 40 ______mais de 40 Localização de residencial/ Bairro:__________________________________ Nível de escolaridade: Nenhum:_______________________________________________ Ensino fundamental: ____________incompleto ______________ completo. Ensino médio: ______________incompleto ______________ completo. Ensino superior: ______________incompleto Possui domicilio próprio: sim______ ______________ completo. não_____ Número de cômodos na residência: _____ 1 a 3_____3 a 6_____ mais de 6. Número de moradores na casa: _____ 1 a 3 _____3 a 6 _____ mais de 6. Possui rede de saneamento: Água:sim____ não_____ Esgoto:sim____ não____ Possui banheiro no domicílio: sim______ Possui assistência a saúde: sim_____ não_____ não_____ ___________________________________ Assinatura do entrevistado 46 Apêndice B- Entrevista Estruturada Número de Ordem:____ Técnicas de higienização da Instituição Como é feita a higienização das mãos na creche? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Utilização EPI’s? _______ sim ______ não _______ às vezes. Como é feita a limpeza dos utensílios, maquinários e alimentos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Há sanitário para funcionários? ________ sim ________ não _________ quantos. ___________________________________ Assinatura do entrevistado 47 APÊNDICE C- Termo de Autorização TERMO DE AUTORIZAÇÃO LIVRE ESCLARECIDO Eu,_____________________________________________________ por meio deste autorizo o acadêmico do 8º período do Curso de Biomedicina, da Instituição Faculdade Tecsoma, a realizar coletas de amostras biológicas, a fim de realizar pesquisas com fundamentos científicos, na realização do projeto, “Incidência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de creches públicas do Município de Arinos – MG, Brasil”, no período de fevereiro a abril de 2012. Cientes de que os referidos nomes dos pesquisados não será divulgado pela pesquisa. ___________________________________ Assinatura do pesquisado Data:_________________, Arinos 2012. ___________________________ Assinatura do acadêmico ________________________ Assinatura do Orientador 48 APÊNDICE D- Oficio s/n Arinos, _____________ de 2012 Assunto: solicitação faz. Prezada Secretária, Meu cordiais comprimentos, ciente do seu relevante trabalho para com a educação do Município de Arinos. Eu, Ana Carolina Souza da Silva acadêmica do 8º período do Curso de Biomedicina da Instituição Faculdade Tecsoma – Paracatu - MG, venho por meio deste solicitar a Sra. Secretária Municipal de Educação autorização para realizar Projeto de pesquisa de Conclusão de Curso com fins científicos, cujo tema “Incidência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de creches públicas do Município de Arinos – MG, Brasil”, no período de fevereiro a abril de 2012. Atenciosamente, Ana Carolina Souza da Silva _________________________ Secretária M. de Educação ____________________ Coordenadora A excelentíssima senhora Secretária de Educação Maria Aparecida Silva Santos. 49