PIBID: COMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA NA ESCOLA SÓLON DE LUCENA Mônica Maria Quintino Baraúna UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS Dra. Vilma Terezinha de Araújo Lima UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS Profa. Carla Corrêa da Silva SEDUC Prof. Leandro Felix de Castro SEDUC Resumo: A partir da experiência no Programa Institucional de bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na Escola Estadual Sólon de Lucena localizada na Cidade de Manaus AM, o artigo relata as mudanças que vem ocorrendo no processo ensino aprendizagem da instituição. À medida que descreverá as percepções e observações realizadas na Escola pesquisada, enfatizando as características gerais e a dinâmica no cotidiano escolar, levando em conta o espaço físico e os elementos que a integram em dois momentos. Na primeira parte relatando os conflitos que já vinham ocorrendo entre professor e aluno, falta de infraestrutura, recursos, evasão, uso de drogas etc. No segundo momento temos as alterações feitas na Coordenação Pedagógica, novo Gestor, pavimentos da escola são monitorados, alunos mais presentes, educadores e pais participativos, reformas na estrutura física. A metodologia utilizada baseia-se em revisão bibliográfica, observações, percepções, anotações, registro de imagens, participação de reuniões, manifestações, escolha do livro didático, depoimentos, documentos, construção do um novo Projeto Político Pedagógico e etc. O objetivo desse artigo foi reconhecer e entender o espaço escolar com um olhar além da sala de aula, expandindo a nossa visão sobre o todo. E a partir daí podemos buscar novas perspectivas sobre a organização e reorganização do ambiente. Analisando o processo histórico da escola que foi fundada em 25 de novembro de 1909, além disso, foi uma referência na educação de Manaus, e atualmente perpassa por um período de transição no qual enfrenta conflitos pertinentes na busca de soluções para os problemas vivenciados. Ensinando que através dessa experiência como atuar no campo de trabalho fazendo uma reflexão do ensino dentro e fora das salas de aula. Palavras chave: PIBID; Experiências; ensino; aprendizagem. INTRODUÇÃO: Este artigo tem como finalidade principal socializar a experiência vivenciada pela primeira autora bolsista do Pibid na Escola Estadual Sólon de Lucena. O processo histórico enfatiza que a escola foi uma referência de ensino na cidade de Manaus, e atualmente caminha para ser um modelo de educação com qualidade, e para isso professores, gestor e coordenação pedagógica unem-se em prol de mudanças e melhorias que assegurem o conforto e a qualidade do ensino aprendizagem. As primeiras observações detectaram situações problemáticas envolvendo a questão de drogas, a gestão, evasão, condições da estrutura física, falta de recursos, a relação professor-aluno e etc. refletidas na qualidade do ensino. O que proporcionou manifestações como greve de alunos reivindicando melhorias na infraestrutura e de professores reivindicando reformas nas condições de ensino e reajuste salarial. Nesse sentido Libâneo comenta: Embora haja uma grande diversidade de opiniões entre educadores, administradores, e pais sobre os critérios de qualidade das escolas, os profissionais de cada escola precisam estabelecer um consenso mínimo sobre o padrão de qualidade. (LIBÂNEO, 2013, p.60) No segundo momento vimos à intervenção dos professores para organizar a escola, a partir daí buscar novas perspectivas para uma educação inovadora, inclusiva, igualitária e de qualidade. Sendo assim, foram designados colaboradores para organizar esse ambiente, porém, quase nada foi modificado. Educadores articulavam-se de todas as formas conseguindo organizar uma nova coordenação pedagógica apresentando um novo Gestor que durante o discurso relatou almejar o Sólon como “referência de qualidade de ensino”, e para isso conta com a participação dos demais colegas professores na construção e planejamento da instituição de ensino. A metodologia que fundamenta este artigo foi de caráter exploratório-descritivo. Com abordagem qualitativa e documental apoiando-se na revisão bibliográfica, observações, anotações, depoimentos, registro de imagens, participação de reuniões e escolha do livro didático, construção do novo Projeto Político Pedagógico etc. A pesquisa foi realizada no período de março a outubro de 2014, proporcionando maior entendimento do problema. HISTÓRICOS DA ESCOLA E SISTEMA DE GESTÃO A Escola Estadual “Sólon de Lucena” foi fundada em 25 de Novembro de 1909 pela Lei Municipal nº 578 com o nome de Escola de Comércio de Manaus, na época, pertencendo ao Município. E já foi uma referência de ensino em Manaus, entre 1921 e 1922 passou por dificuldades financeiras até receber recursos do Governador da Paraíba o Dr. Sólon Barbosa de Lucena, que foi homenageado através do reconhecimento desse apoio a escola passou a se chamar “Escola Estadual Sólon de Lucena”. É uma das edificações mais antigas assim como: Clube Atlético, Escola Estadual Marechal Hermes, Escola Municipal de Educação do Amazonas, entre outros. Foi incorporado ao Estado com a Lei nº 293 de 30 de Junho de 1954, e passou a ser denominada de “Escola Técnica de Comércio Sólon de Lucena”. A Lei nº 314 de Dezembro de 1953, autorizou o poder executivo municipal a concordar com a transformação de Escola em Estabelecimento Estadual. Em 1996 foi implantado na Escola o Centro de Excelência Profissional de acordo com a resolução nº 76/77 do Conselho Estadual de Educação do Amazonas, artigo três, aprovado em 29 de Agosto de 1997. O 1º MOMENTO DA EXPERIÊNCIA VIVÊNCIADA NA ESCOLA No início do estágio vivenciamos vários problemas que a escola enfrentava seja com relação à Gestão, a falta de recursos para atender a necessidade dos Professores e alunos. Na sala de professores era comum reuniões para discutir o rendimento de aprendizagem dos discentes. Por causa da ausência deles durante os tempos de aula, as notas abaixo da média que não podiam ser lançadas no sistema de Diário Eletrônico, obrigando o professor realizar recuperação paralela até o aluno atingir a média. Os educadores também cobravam um relatório feito pela APMC (Associação dos Pais, Mestres e Comunidade) esta associação não cumpriu com os pedidos que haviam solicitado onde estavam inclusos a verba para a reforma da escola. Não havendo solução iniciaram as manifestações e greves reivindicando melhorias e reformas no ensino público, no reajuste salarial dos próprios professores incluindo o vale transporte e alimentação. Assim Kimura enfatiza: Quer dizer, trata-se da importância tanto do material de consumo como do material permanente. Políticas públicas, que buscam suprir essas necessidades e realizam investimentos em educação, não podem ser desprezadas, tanto por constituir um fator educacional gastos de recursos públicos. (KIMURA, 2008, p. 20) Os alunos enfrentavam as piores situações como o bulling, doenças infectocontagiosas, drogas, a evasão e entre outros. Porém, o suicídio de um dos alunos que cursava o 3º ano foi que impactou todos os colegas. A partir dessas vivencias no cotidiano escolar passei a frequentar todos os dias a escola, surgindo uma necessidade de contribuir para a melhoria desse espaço como um todo. Dessa forma, Cavalcanti argumenta: A consideração da vivência no ensino, na verdade, não deve restringir ao início do processo, de nada serve o conhecimento propiciado pelo ensino se não tiver resultados na vivência prática. E é nesse ponto que se deve destacar a ligação da aprendizagem dos conceitos e da formação de atitudes, de valores e de convicções para a vida cotidiana. (CAVALCANTI, 1998, p. 149) Com base nas restrições apontadas, a escola passa a ganhar uma grande importância em nossas vidas não só como profissional mais também enquanto cidadãos formadores de opinião. Os obstáculos que bloqueiam a qualidade de ensino no Brasil são reflexos da política tradicional marcada pela ordenação e racionalização das instâncias técnicas e administrativas que o sistema deixou uma identidade na nossa educação. Pontuschka, (2000, p.92) “Cabe afirmar, todavia, que o momento atual é de transição, marcado pela crise do modelo anterior e pela incerteza quanto aos novos paradigmas de formação docente”. Cabe ainda lembrar Kimura, (2011, p. 35) ao citar: “Um conjunto de situações, por articularem-se à maneira como a sociedade atual apresenta suas contradições, acaba vitimando a criança e o jovem que, sendo alunos, desenvolvem também na escola suas relações conflituosas”. Os programas que visam a parceria entre a universidade e o ensino regular aproximam o acadêmico com a comunidade escolar, fortalecendo o ensino aprendizagem quebrando barreiras e construindo uma nova caminhada. Conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e interações que constituem o seu dia a dia, aprendendo as forças que a impulsionam ou que a retêm, identificando as estruturas de poder e os modos de organização do trabalho escolar e compreendendo o papel e a atuação de cada sujeito nesse complexo interacional onde ações, relações, conteúdos são construídos, negados, reconstruídos ou modificados. (ANDRÉ, 2012, p.41) A relação professor aluno nem sempre é harmoniosa, os discentes sempre acham um jeito de chamar a atenção da docente atrapalhando a aula. Agindo muitas vezes como como se fossem crianças com tamanhos mais elevados. O que acaba ocorrendo nas salas de aula não só do Sólon, mais nos espaços escolares como um todo é que o Educador acaba assumindo o papel de “Pai e Mãe” desses alunos. Dessa forma, Tardif (2012, p.67) enfatiza: “Se é verdade que se pode manter fisicamente alunos dentro das salas de aula, não se pode obrigá-los a aprender, porque o aprendizado necessita de sua colaboração e participação”. Deve ser levado em conta que o Professor apresenta dificuldades em sala de aula pelos motivos acima mencionados e para tentar dominar o seu meio, age a grosso modo com uma fala mais elevada e rígida que muita das vezes acaba sendo mal interpretado, criticado na questão da metodologia, sendo o próprio reflexo da sua formação docente. A partir de Vasconcellos (2005, p.14) “podemos entender o porquê das reações dos profissionais da educação”. Atualmente muitos estudiosos procuram a compreensão e o entendimento acerca do desenvolvimento do ensino da Geografia no Brasil, onde antes era uma disciplina meramente tradicional com foco patriótico, em que o aluno somente memorizava. Percebe-se que não há diferença dessa codificação ela é meramente repetitiva e muitas vezes oculta no sentido de formar cidadãos críticos. Não tão distantes das demais dificuldades encontradas nas outras escolas do Brasil as de aula do 1º ano Ensino Médio da disciplina de Geografia também apresentam suas particularidades. O Docente de Geografia prepara sua aula expositiva com materiais didáticos adequados a cada conteúdo, porém este não consegue muitas das vezes obter um resultado satisfatório do desempenho de seu planejamento. Os Discentes estão sempre muito dispersos da realidade do Professor e este por sua vez acaba passando minutos a mais para tentar controlar a Turma. Tem 40 minutos para ministrar sua Aula de Geografia, 20 minutos ele leva para organizar o retroprojetor, arrumar as carteiras, colocar os alunos bagunceiros e que respondem grosseiramente para a Professora. Segundo Tardif et al (2012, p.55) “são realidades primeiramente cognitivas ou discursivas, com as quais os docentes devem agir e lidar para atingir seus fins”. Dessa forma, podemos dizer que os problemas nas salas de aula se remetem há uma realidade sobre as quais estamos expostos. Porém, o planejamento organizacional do trabalho é importante para fazer a diferença. Outro fator importante é a questão da metodologia na sala de aula os Docentes em geral necessitam de outros recursos da Escola. O Professor de Geografia precisa motivar mais seus alunos, trabalhar com técnicas que não sejam muito repetitivas a realidade deles. Estamos no “ápice das tecnologias”, os Professores precisam desses instrumentos para se adequar aquela realidade. Tem que ser artista, os adolescentes desviam mais as suas atenções nos celulares, smartphones, tabletes e alguns até levam violões. É o que se observa nas salas são alunos envolvidos com algo diferente, e isso acaba prendendo a atenção deles deixando que o ensino geográfico se torne uma disciplina difícil e muitas vezes cansativa. O livro didático é o instrumento mais utilizado pelo professor e as atividades são muito relacionadas a ele, porém nem todos os alunos tem acesso prejudicando no acompanhamento dos conteúdos. Kimura, (2011, p.25) “Muito embora a linha de abordagem geográfica já não seja a mesma dos tempos do governo militar, boa parte desses livros ainda continua seguindo a trilha didática percorrida nos 1970”. Além disso, os alunos gostam de ficar muito próximos a porta e foi perguntado a uma delas: “O que vocês fazem tanto próximos da porta” Elas responderam: “vendendo drogas Professora”, porém, não tínhamos como comprovar se realmente estavam comprando drogas sendo abordado na segunda parte. Contudo, a educação que vimos nas salas de aulas ganharam uma nova configuração porque o que antes não tínhamos acesso, atualmente podemos utilizar para várias funções inclusive para pesquisa. Com a globalização pode-se observar nas aulas de Geografia os adolescentes utilizam muito as redes sociais como o facebook, wifi, whatsapp, os alunos também se interessam por músicas e outras culturas de diferentes países. Tardif, (2012, p. 89) Neste sentido, a democratização escolar, com sua lógica de integração de todos no aparato escolar, constitui uma das modalidades da realização do indivíduo na modernidade avançada. O 2º MOMENTO DA EXPERIÊNCIA VIVÊNCIADA NA ESCOLA Neste contexto vamos descrever as modificações que vem ocorrendo na comunidade escolar, e como os educadores estão fazendo para organizar e reorganizar o ambiente como um todo. O estágio no espaço escolar é uma das principais ferramentas que desenvolve a experiência curricular durante a formação docente e o ensino superior. O Programa Institucional de bolsas de Iniciação à Docência nos oportuniza além da prática, a construção de procedimentos e habilidades que vão facilitar ao aluno fazer a leitura da importância do conhecimento de mundo. Após momentos de muita tensão, foi eleito uma nova Coordenação Pedagógica incluindo o Gestor, que no discurso deixou bem claro sobre sua responsabilidade e determinação para com o Sólon. Apresentou propostas e uma delas faz referência à volta dessa escola com modelo de qualidade de ensino. Os educadores relataram o que almejam dessa nova Gestão escolar além da participação nos assuntos pertinentes a melhoria do ambiente. No momento da posse foi assinada uma ata constando tudo o que foi tratado. Em contrapartida, nem tudo que esta relatado na ata será compartilhado com o corpo docente, a situações que o Sistema de Gestão escolar decide contrariando as expectativas dos educadores. A construção do novo Projeto Político Pedagógico levou um horário inteiro e continua em desenvolvimento, pois o consenso é democrático e todos os professores divergem nas opiniões. Embora a previsão dele estar pronto entre janeiro e fevereiro de 2015 conforme a ultima reunião que ocorreu no inicio de outubro de 2014. Na reunião com os pais, e foi muito impactante porque muitos deles não sabiam o que de fato estava acontecendo no Sólon, com os seus filhos. Os problemas relacionados à drogas, evasão, notas, falta de recursos e etc. Alguns pais seguiam seus filhos e descobriram que a maioria deles desviava do caminho da escola para outros lugares mais próximos. O que transcrevemos acima implica em dois fatores muitos desses alunos tem pais separados, e eles são de várias repartições da cidade. Durante a pesquisa constatamos a diversidade de jovens que integram e movimentam a dinâmica do cotidiano escolar em três turnos manhã, tarde e noite. Na entrega dos boletins os familiares não aceitam a reprovação dos filhos pelo número de faltas e a notas abaixo do nível do planejamento. Questionando professores especialmente das áreas exatas como química, matemática e física, a língua portuguesa também ocasionou uma certa preocupação. Durante a entrega os filhos demonstrar ser as vítimas e os educadores passam a ser os vilões. Como no caso do professor de química que explicou aos pais sobre a ausência dos filhos e ainda tem aqueles que não fazem exercício, trabalhos, colam nas provas enfim as mães quase batem no educador. Os professores são orientados pelo sistema de educação da obrigatoriedade da recuperação paralela, ou seja, o educando realiza a atividade para garantir a sua vaga para o 2º ano. Ora, um dos fatores que vimos dessa diferença na qualidade de ensino esta relacionada há uma aprovação relâmpago, adiantando os educandos para outras séries não bem preparadas isso reflete nos resultados das pesquisas em educação em diferentes modalidades como reprovado. Após a reunião um dos pais procurou a professora de Geografia e afirmou ter descoberto que seu filho comercializava e era usuário de drogas. Para ele foi impactante, pois trabalha em fábrica e não tem tempo suficiente para acompanhar o filho. Mas, desconfiou por causa da falta de vontade de ir a aula, dormia o dia inteiro, os olhos ficavam o tempo todo vermelho e quando saia a mochila voltava sempre maior. Um momento de muita tristeza para nós enquanto profissionais e futuros pais mais é a realidade que existe nas escolas públicas. REFERÊNCIAS: CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campina, SP: Papirus, 2008. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática - 6 ed.rev.e ampl. – São Paulo: Heccus Editora KIMURA, Shoko. Escola e ensino de Geografia. In.: Geografia no ensino básico:questões e propostas. São Paulo: Contexto, 2008.p.7-44. PONTUSCHKA, Nídia Nacib e OLIVEIRA, Ariovaldo U. (Orgs). Geografia em Perspectiva. São Paulo: Contexto. 2002. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. A escola como organização do trabalho docente. In.:O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.p.55-80.