UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO “A VEZ DO MESTRE” JOGO DA MEMÓRIA: COMO SE TRABALHAR NA PSICOMOTRICIDADE CRISTINA OLIVEIRA COSTA ORIENTADORA: MARIA POPPE RIO DE JANEIRO 2003 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO “A VEZ DO MESTRE” JOGO DA MEMÓRIA: COMO SE TRABALHAR NA PSICOMOTRICIDADE TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇAO DE GRAU DE ESPECIALISTA PSICOMOTRICIDADE. EM 3 AGRADECIMENTOS A PROFESSORA FÁTIMA POR OFERECER A OPORTUNIDADE DE VIVENCIAR E CONHECER A PSICOMOTRICIDADE PRÁTICA NA 4 DEDICATÓRIA A LAEZIA, MINHA MÃE, QUE COM MUITO EMPENHOU CARINHO NA SE MINHA FORMAÇÃO AO JAIR, AMIGO E NAMORADO, PELA AMIZADE E RESPEITO E DEDICAÇÃO NA EXECUÇÃO DESTE TRABALHO 5 RESUMO A Psicomotricidade é uma ciência que trabalha terapeuticamente na educação e reeducação de indivíduos em qualquer faixa etária. E faz uso de vários recursos lúdicos, e o jogo da memória é um destes, que possibilita a prática psicomotora e permite uma expansão de trabalho enquanto recurso, já que acrescenta o exercício da memorização, simultaneamente a atenção, discriminação visual, coordenação viso-motora ou motora-fina, ritmo, seqüência lógica, raciocínio, etc. 6 SUMÁRIO INTRODUÇAO 7 CAPÍTULO I 8 A PSICOMOTRICIDADE 8 CAPÍTULO II 22 O JOGO DA MEMÓRIA 22 CAPÍTULO III 33 A IMPORTÂNCIA DO JOGO DA MEMÓRIA NA PSICOMOTRICIDADE 33 CONCLUSÃO 37 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 38 ÍNDICE 41 7 INTRODUÇÃO O jogo da memória é conhecido por todos desde longas datas. É passado de geração para geração, sofreu adaptações e é encontrado com facilidade no mercado. Vários personagens conhecidos marcaram presença impressos duplamente nos cartões. Um sucesso garantido! E a psicomotricidade faz-se valer deste jogo apresentando sua proposta na educação e na reeducação psicomotora. Este trabalho se propõe a falar da importância do jogo da memória como um recurso necessário para o desenvolvimento psicomotor, sendo aplicado a todas as idades e possibilitando trabalhar a percepção, o esquema corporal, a lateralidade, a postura, o tônus, o ritmo, a orientação espaço-temporal, a discriminação visual, coordenação dinâmica global, coordenação viso-motora ou motora-fina, a concentração, a atenção, o raciocínio, a seqüência lógica e principalmente – como o próprio nome do jogo se intitula – a memória e seu desenvolvimento. Não há finalidade de esgotar o tema em si, e nem levar o leitor a crer que o jogo da memória é uma única forma de trabalho psicomotor melhor que outros jogos, pelo contrário, é mostrar que os jogos fazem parte do lúdico e do processo de desenvolvimento do ser humano, e que entre vários jogos existentes, o jogo da memória pode ser usado tanto como finalidade educativa, quanto como finalidade psicomotora. 8 CAPÍTULO 1 A PSICOMOTRICIDADE 1.1 CONCEITO: Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas relações com o corpo, a psicomotricidade é uma ciência – encruzilhada ou, mais exatamente, uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas: biologia, psicologia, sociologia e lingüística, etc. Chazaud (1978) diferencia-a da motricidade, apesar de ambas serem conceitos científicos, pois esta última está relacionada à função motriz. Mas, além disso, a psicomotricidade é uma terapia, que leva o indivíduo a vivenciar o corpo no espaço e no tempo, desenvolver uma consciência de si mesmo como ser íntegro, sensível, espiritual, social, capaz de sentir, de se expressar, de compartilhar e comunicar-se com os demais. E Chazaud afirma que: “A psicomotricidade é, inicialmente, uma determinada organização funcional da conduta e da ação; correlatamente, é um certo tipo de prática da reabilitação gestual. (...) Consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas: enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do ser-em-situação e da coexistência com outrem.” (1978, p.11-12) Costallat (1974) diz que “a psicomotricidade educa o movimento, ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções intelectuais.” E Schinca coloca que: “A psicomotricidade (...) a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolve-se a consciência de si mesmo como ser íntegro: sensível, material e espiritual, capaz de sentir, expressar e, o mais importante, capaz de compartilhar e comunicar-se com os demais.” (1991, p. 13) 9 Em sua prática, a psicomotricidade empenha-se em superar uma oposição: o homem é o seu corpo e não o homem e seu corpo. O homem é, antes de tudo um ser falante e, ao denominar-se, ele fala de seu corpo: eis o que o caracteriza. Em contrapartida, seu corpo fala por ele, até a sua revelia, por vezes. 1.2 OBJETIVO: A proposta psicomotora se dirige a todas as idades, sendo seu uso mais freqüente para a infância devido a grande demanda e necessidade de atender aos problemas causados pela maneira inadequada que se processa o ensinoaprendizagem, e ainda, para portadores de necessidades especiais, especificamente deficientes mentais. De Fontaine citado por Lorezon (1995, p.14) diz que “a psicomotricidade pode ser explicada a cada tipo de clientela desde a estimulação precoce até a geriátrica.” Segundo Lorenzon: “A psicomotricidade é trabalhada a nível preventivo e a nível corretivoterapêutico. Esses dois aspectos caminham juntos e se acham envolvidos com os problemas de instabilidade, inibição, angustia, (...) do esquema corporal, etc. O sucesso da intervenção baseia-se na confiança da criança e na honestidade da relação criada.” (1995, p.13) A Psicomotricidade empenha-se no desenvolvimento das faculdades sensoriais e mentais da criança de forma que busque o equilíbrio, partindo da tomada de consciência e controle do próprio corpo – base indispensável em que a Psicomotricidade se afirma – favorecendo a aquisição e o desenvolvimento da capacidade de percepção temporo-espacial e da simbolização. 1.3 AREAS TRABALHADAS NA PSICOMOTRICIDADE Para este trabalho serão mencionadas apenas as áreas psicomotoras relativas ao uso do jogo da memória. Neste caso são: percepção, esquema corporal, lateralidade, postura, tônus, ritmo, orientação espaço-temporal, discriminação visual, coordenação dinâmica global ou geral, coordenação viso-motora ou motora-fina, seqüência lógica, raciocínio e atenção. 10 1.3.1 PERCEPÇÃO A percepção está ligada à atenção, a consciência e a memória. Os estímulos que chegam até nós provocam uma sensação que possibilita a atenção e a discriminação. Primeiramente, sentimos através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato, gustação e sensações cinestésicas. Em seguida, percebemos e realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E por fim, discriminamos e reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. Segundo Frostig (in Mendes, 1987), percepção é a ponte de relação entre o indivíduo e o seu meio exterior. Perceber é efetuar a captação de informações sobre objetos e eventos exteriores, além da capacidade de reconhecer os estímulos, a discriminação, a seleção e a identificação, correlacionando com as experiências anteriores. É através da percepção que o indivíduo acompanha a cada instante as suas ações, seu desempenho e possibilita se adaptar às situações que se estabelecem entre o organismo e o ambiente. Segundo Merleau-Ponty (1971, p.25): “A percepção não é uma ciência do mundo, não é mesmo um ato, uma tomada de posição deliberada, é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam e ela está pressuposta por ela.” O estímulo da percepção permite à criança registrar suas impressões, classifica-las e associa-las com outras. E ainda ajuda a adquirir consciência de tudo que está sob o domínio de seus sentidos, formar seu juízo e atuar segundo a conclusão deste, realizando inconscientemente comparações e associações. 1.3.2 ESQUEMA CORPORAL O esquema corporal é um elemento básico e indispensável para a formação da personalidade da criança, sendo seu núcleo central, pois reflete no equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade. Wallon (s.d.) diz que o esquema corporal “é 11 a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.” A criança nasce com uma bagagem de sensações e percepções proprioceptivas, conforme o amadurecimento do sistema nervoso, gradualmente as diversas sensações que surgem vão se organizando. Lorenzon (1995, p.13) diz que “a maneira de viver o seu corpo dá origem à elaboração e à evolução da imagem do corpo.” O corpo, portanto, é sua maneira de ser. É através dele que estabelece contato com o outro, com o mundo externo, engajando-se e compreendendo o que se passa a sua volta. De Meur & Staes afirmam que: “A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua própria pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.” (1991, p.9) A base para a organização do esquema corporal é a percepção. O corpo deve ser entendido não somente como algo biológico e orgânico que possibilita a visão, a audição, o movimento, mas é também um lugar que permite expressar emoções e estados interiores. Segundo Vayer: “Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas de suas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoal.” (1984, p. 30) Para uma criança agir através de seus aspectos psicológicos, psicomotores, emocionais, cognitivos e sociais, precisa ter um corpo “organizado”. Esta organização é o ponto de partida para que descubra suas diversas possibilidades de ação, a base está na percepção e no controle de seu corpo. Segundo Wallon, citado por Coste: 12 “O conhecimento que ela toma de sua imagem no espelho apenas é para a criança, sem dúvida, um procedimento mais ou menos episódico entre aqueles que lhe servem para se fazer gradualmente introduzir (...) no número das coisas e das pessoas de que ela soube fixar progressivamente os traços e as identidades.” (1981, P.39) A percepção se torna o ponto de partida para o desenvolvimento do esquema corporal, e principalmente, de uma boa integração. O esquema corporal se organiza pela experienciação do corpo da criança. É uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo. Segundo Guillarme: “... O esquema corporal revela-se gradativamente à criança, da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e uma coloração cada vez mais nítida.” (1983, p. 39) A percepção se torna o ponto de partida para o desenvolvimento do esquema corporal, e principalmente, uma boa integração. Um esquema corporal bem integrado implica: • A percepção e o controle do próprio corpo; • Um equilíbrio postural econômico; • Uma lateralidade bem definida; • A independência dos segmentos em relação ao tronco e uns em relação aos outros; • O controle e o equilíbrio das pulsões ou inibições associadas ao esquema corporal e ao controle da respiração. 13 1.3.3 LATERALIDADE A lateralidade é a propensão que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo que o outro em três níveis: mão, pé e olho. O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e mais rapidez. É o que executa ação principal. O outro lado auxilia esta ação e é igualmente importante, pois os dois funcionam de forma complementar. As formas conhecidas de lateralidade são: • Lateralidade homogênea: quando uma pessoa apresenta dominância nos três níveis. • Lateralidade cruzada: quando a pessoa usa um dos níveis em oposição aos demais. • Ambidestra: quando possui dominância espontânea nos dois lados do corpo. Para as crianças, é muito difícil a noção de lateralidade. Podem independentizar zonas parciais do corpo, mas não têm consciência de que este se divide em duas partes simétricas, direita e esquerda. A lateralidade deve surgir naturalmente, da própria criança, e não ser imposta. É uma etapa que vai se concretizando a partir de uma boa noção do próprio esquema corporal. Segundo Brandão: “Para que uma criança se torne hábil, capaz de executar com velocidade todas as suas atividades, é necessária uma especialização entre a mão esquerda e a direita, isto é, que ela tenha desenvolvido definitivamente a sua lateralidade.” (1984, p. 417) E Chazaud (1978, p.60) define a lateralização a partir da confrontação do tônus, da extensibilidade, sincinesias, diadococinesias e do equilíbrio. Coste afirma que: 14 “(...) a lateralização participa em todos os níveis do desenvolvimento da criança. (...) que ela só se instalará definitiva e eficazmente na medida em que tiver passado por todas as etapas do seu próprio desenvolvimento: a coordenação óculo-motora, que realiza o ajustamento entre a motricidade mais delicada e a percepção visual, é sem dúvida uma das mais decisivas, porquanto constitui simultaneamente a organização de percepção de diferentes ordens (táteis e visuais) e o instrumento de uma ação sobre o mundo coordenado e diversificado, envolvendo tanto a estrutura espacial como a coordenação motora.” (1981, p.66) Com efeito, a lateralidade processa-se através da espacialização da criança ou, melhor dito, acompanha cada um de seus passos. 1.3.4 POSTURA O termo postura refere-se à posição do corpo em geral, independentemente da pessoa estar em pé, sentada ou deitada, imóvel ou em movimento, com as partes do corpo alinhadas ou não. Sempre que se executa uma ação motora há uma postura corporal correspondente associada a ela, onde freqüentemente a postura básica na posição em pé é modificada a fim de favorecer a realização do ato motor. Na execução de habilidades motoras finas é preciso que diversos graus de liberdade do corpo sejam fixados a fim de se obter a estabilidade necessária. A determinação da posição do corpo no espaço é um evento que depende de diversas variáveis, que são as forças físicas, controle e as características psicológicas do indivíduo. A postura é entendida como um fenômeno complexo, que não depende do fortalecimento ou alongamento dos músculos, há uma vasta rede de conexões neurais, interagindo constantemente. A posição e o equilíbrio da estrutura corporal 15 estão assentados nas seguintes bases: a inferior, que são os pés e as pernas, e a superior, que é a pelve. Na postura estão implicados fatores anátomo-funcionais, psico-emotivos e sócio-ambientais, sendo assim, posição é a resultante de um fenômeno articulatório entre distintas partes do corpo relacionadas ao espaço. 1.3.5 TONUS O tônus muscular está presente em todas as funções motrizes do organismo como o equilíbrio, a coordenação, o movimento, etc. Para Le Boulch (1984, p.55) “o tônus muscular é o alicerce das atividades práticas”. O tônus muscular é o estado de tensão ativa e involuntária do músculo, uma semicontração permanente que influi não só na postura como na coordenação de movimentos amplos (saltos) como também de movimentos finos (atividades manuais). Bueno (1998) cita a função tônica como a função fundamental da abordagem psicomotora do sujeito humano, em virtude de diversos aspectos que abrange: • Fenômeno nervoso muito complexo, que é a trama de todos os fenômenos, sem desaparecer na inação. • Investe-se em todos os níveis da personalidade psicomotora e participa de todas as funções motrizes (equilíbrio, coordenação, etc), sendo um veículo de expressão das emoções; • Suporte essencial da comunicação da linguagem corporal; • Critério de definição da personalidade do sujeito, pois varia segundo a inibição e a extroversão que a caracterizem. 16 Chazaud (1978, p.22) relaciona a função motora ao movimento propriamente dito, ou seja, ao que está ligado à contração do músculo e ao estado de tensão variável, assegurando, assim, a firmeza dos músculos esqueléticos em repouso. Wallon (1998, p.222) vai além quando conclui que as variações do tônus estão ligadas às modificações da sensibilidade afetiva, ou seja, entre o tônus e a afetividade coexiste uma reciprocidade de ação imediata. A par da imagem do corpo (o esquema corporal), a função tonica constitui um conceito da base da psicomotricidade. A tomada de consciência da boa postura, corresponde a uma adequada estruturação do esquema corporal, e obtém-se com base na sensação, percepção e domínio muscular. 1.3.6 RITMO O ritmo é a força criadora que está presente em todas as atividades humanas e se manifesta em todos os fenômenos da natureza. A palavra ritmo vem do grego “rythmós”, que significa movimento regrado e medido. Para Defontaine (apud Oliveira, 1997, p.92): “O ritmo não é movimento, mas o movimento é meio de expressão do ritmo.” (v. 4, p. 206) Nas atividades humanas ele é inerente tanto nas atividades intelectuais como nas físicas, caracterizando-se por uma sucessão de movimentos diferentes. Existem diferentes espécies de ritmo: os externos, que organizam a sucessão dos eventos naturais (ritmo das estações, dos dias, das horas) e do conjunto de fenômenos que lhe correspondem (claridade, escuridão, calor, frio, germinação e floração, migração dos animais, etc.) e os internos, seu ciclo vitais. Para Coste (1981, p.62): “O ritmo é o fator de estruturação temporal que sustenta a adaptação ao tempo”. 17 Acredita-se que o ritmo é algo interno que se estabelece pessoal e individualmente no movimento natural, na dança, na poesia e na música de cada indivíduo. O indivíduo que consegue desenvolver um ritmo próprio aumenta seu poder de concentração, atenção, uma maior flexibilidade de movimentos e facilita sua capacidade de aprendizagem. Indo mais a fundo e aprimorando o ritmo próprio do indivíduo, pode-se desenvolver sua própria individualidade. 1.3.7 ORIENTAÇAO ESPAÇO-TEMPORAL É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que vivemos, em que estabelecemos relações com as coisas, em que fazemos observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e diferenças entre elas. Através de um trabalho mental, selecionamos, comparamos os diferentes objetos, extraímos, agrupamos, classificamos seus fatores comuns e chegamos aos conceitos destes objetos e às categorizações. Isto se dá graças à interpretação de grande número de dados sensoriais que não possuem relação direta com o espaço, mas que leva a construção mental deste. O corpo coordena-se, movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado, e que também está em função do tempo, em relação a um sistema de referência. É por esta razão que é conhecida como orientação espaço-temporal. Não se pode conceber a idéia de espaço sem abordar a noção de tempo. Eles são indissociáveis. Segundo Piaget: “O tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate dos deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho e objetivo final é também espacial...” (s/d, p.11-12) 18 As noções de corpo, espaço e tempo têm que estar intimamente ligadas, pois o corpo coordena-se, movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado, em função do tempo, em relação a um sistema de referência. Orientação espaço-temporal é a capacidade de avaliar tempo-espaço, interagindo-a real e convencionalmente numa sucessão e em grandeza espacial. Ela permite ao indivíduo não só se movimentar e se reconhecer no espaço, mas também relacionar e dar seqüência aos seus gestos, localizar as partes de seu corpo e situá-las no espaço, coordenar sua atividade e organizar sua vida cotidiana. 1.3.8 DISCRIMINAÇÃO VISUAL A criança, ao nascer, não percebe muito bem a luminosidade, somente quando há uma luz muito forte, então as informações visuais que chegam ao córtex são distorcidas. Com o amadurecimento do sistema nervoso, seu aparelho visual vai amadurecendo e a criança vai conseguindo distinguir os objetos e as pessoas. A percepção visual vai se tornando mais apurada, segundo Valett, é definida como: “A acuidade visual é a capacidade de ver e diferenciar objetos apresentados no seu campo visual com significado e precisão. O que a pessoa vê é o resultado de um processo psicofïsico que integra forças gravitacionais, ideação conceitual, orientação perceptivo-espacial e funções da linguagem.” (1989, p.145) A partir do momento em que a criança tem condições de discriminar as diversas letras, integrar os símbolos, desenvolver a memória visual, ela atinge a etapa de organização visual. 1.3.9 COORDENAÇÃO DINÂMICA GLOBAL OU GERAL Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo. Este equilíbrio está subordinado às sensações proprioceptivas cinestésicas e labirínticas. Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal, vai se 19 adaptando e procurando um equilíbrio cada vez melhor. Quanto maior o equilíbrio, mais econômico será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão as suas ações. Segundo Velasco: “A maturação motora e neurológica da criança é que concretiza esta conduta motora de base. Para vencê-la haverá um refinamento das sensações e percepções: visual, auditiva, cinestésica, tátil e principalmente proprioceptiva. Comprovadamente ela ocorre devido a grande solicitação motora e muscular que as atividades infantis requerem.” (1996, p.29) A coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação de movimentos. 1.3.10 COORDENAÇÃO VISO-MOTORA OU MOTORA-FINA OU ÓCULOMANUAL A coordenação motora-fina é a habilidade de coordenar a visão com uma parte do corpo (mão) ou com todo o corpo, e constitui um aspecto particular da coordenação global. A visão dirige o movimento e a mão quando o executa. É através do ato de preensão que uma criança vai descobrindo pouco a pouco os objetos de seu meio ambiente. Segundo Velasco: “A coordenação motora-fina começa a ser elaborada quando a criança interage com objetos pequenos, jogos de encaixe, sobreposição, quebracabeça, etc. Essas atividades exigem dela movimentos de preensão e pinça que são a base para essa coordenação. É um treino que ela estará fazendo para a escrita.” (1996, p. 31) A coordenação óculo-manual se efetua com precisão sobre a base de um domínio visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados, facilitando, assim, uma maior harmonia do movimento. Esta coordenação é essencial para a escrita. Brandão (1984, p.5) analisa a mão como um dos instrumentos mais úteis para 20 a descoberta do mundo, afirmando que ela é um instrumento de ação a serviço da inteligência. 1.3.11 SEQUÊNCIA LÓGICA As nossas atividades cotidianas requerem uma sucessão de movimentos. Para uma criança conseguir colocar em ordem cronológica suas ações do dia-a-dia precisa ter noção de antes e depois, da ordem em que seus gestos podem ser realizados. Como exemplo, escovar os dentes antes de dormir, primeiro se realiza uma tarefa depois a outra e etc. Uma criança pequena tem condições de perceber a ordem e a seqüência de acontecimentos, mas só aos 5 anos adquire a noção de seqüência lógica. Segundo Kephart (1986), seqüência é: “... a disposição dos acontecimentos em uma escala temporal, de modo que as relações de tempo e a ordem dos acontecimentos evidenciem-se.” Uma pessoa precisa adquirir, primeiramente, a noção de escala temporal para, em seguida, assimilar as noções de seqüência, e finalmente, a lógica. 1.3.12 RACIOCÍNIO Segundo a hipótese de Piaget sobre inteligência procede a ação, pode-se notar que o percurso do desenvolvimento infantil vai do fazer para o pensar, ou seja, da ação para o pensamento. Assim, para chegar a estabelecer relações entre os objetos, manipulando tais relações em pensamento, durante certo período desse processo construtivo torna-se imprescindível que a criança seja estimulada a atuar sobre eles: comparando-os de diversas maneiras, até dominar gradualmente as possibilidades de comparação; aprendendo a observar e a justificar esse fazer, e finalmente, podendo pensar as relações sem necessidade de manipulações efetivas. Piaget diz que: “(...) a fecundidade do raciocínio está ligada à capacidade ilimitada que temos de construir novas relações, sendo duas relações dadas sempre suficientes para encontrar uma 3a, por multiplicação, e assim por diante.” (s.d., p.184) 21 As pessoas só pensam quando defrontam com um problema. Apesar disso, dar um problema para a criança não começará nela o pensamento, a não ser que a criança deseje resolver o problema ou seja estimulada. 1.3.13 ATENÇÃO O desempenho bem sucedido de habilidades motoras requer a capacidade de selecionar e prestar atenção a sinais ou informações significativos oriundos de uma grande variedade de sinais. Baseia-se no progressivo controle da posição dos olhos, da cabeça, e da correta coordenação do sistema nervoso ocular. Quanto mais estivermos atentos, mais rapidamente percebemos. É à custa da atenção que se discriminam os elementos em que se podem decompor os “todos” percebidos. E também é importante a atenção para associação de idéias, memorização e etc. A atenção é limitada e oscilante, variando quanto à intensidade segundo condições individuais: idade, capacidade de concentração, experiência anterior, educação em geral e conforme o próprio objeto que exige esforço maior ou menor, etc. Para Garret (apud Bonato, 1986, p. 30) : “A atenção é um comportamento ativo, um processo de troca mútua com o ambiente.” A atenção precede a percepção porque é capacidade que o indivíduo tem para selecionar somente as informações significativas, das oriundas de uma grande variedade de sinais. A atenção está relacionada com a percepção, já citada neste capítulo, pois perceber ou não o que chega aos nossos sentidos, depende de estarmos ou não atentos ao que se passa em volta de nós. Quanto mais atentos estamos a alguma coisa, mais percebemos a respeito dela. É impossível dar atenção a duas coisas ao mesmo tempo. Quanto mais atentamos para um objeto, menos percebemos em relação aos outros que nos cercam. Perceber depende da atenção. 22 CAPITULO 2 O JOGO DA MEMÓRIA 2.1 MEMÓRIA A memória é conhecida desde a antiguidade. Os gregos idolatravam a deusa da memória, mãe das nove musas do conhecimento, chamada “Mnemósime”, daí a origem de palavras como mnêmico, mnemotécnica, etc. Uma tabula em mármore, descoberta em Paros no século XVII, datando aproximadamente 264 anos antes de nossa era, destaca a invenção da 1a técnica de memória, atribuída a Simônides de Ceos, poeta do século V a.C. Segundo os escritos dos autores romanos Cícero e Quintiliano, Simônides foi o único sobrevivente do desmoronamento da sala de um banquete e teve de lembrar-se do lugar dos convivas para poder identifica-los. Como as imagens estavam bem vivas na sua mente, pode identificar todos que participaram do banquete, e daí surgiu o “método dos locais”, que consiste em memorizar objetos em forma de imagens e em dispor mentalmente essas imagens em locais. As “imagens” foram à base da concepção mais popular de memória até o Renascimento. Para Platão e Aristóteles, os dois famosos discípulos de Sócrates, a “memória” significava apenas a retenção de impressões mentais, e esses filósofos a comparavam a um tablete de cera onde caracteres eram escritos ou impressos. Já Cícero, autor romano, dizia que a memória era uma espécie de depósito onde os assuntos eram arrumados em escaninhos. Aristóteles, através de seu livro “Da memória e da reminiscência”, o único livro sobre memória que se conservou até os dias atuais, fala sobre teorias próximas a noção contemporânea, de que a reminiscência é uma espécie de pesquisa que apenas se produz nos seres que possuem a faculdade deliberativa, sendo esta, uma espécie de silogismo. No entanto, Aristóteles errou em situar a memória no coração. 23 A idéia de uma parte especial de o cérebro ser dedicada à memória foi defendida por Avicen ou Ibin Sina, um médico árabe que morreu em 1037. Abertos Magno, século treze, colocou-a na parte posterior do cérebro, enquanto os frenologistas da Idade Média a colocaram na parte frontal. Gassendi (nascido em 1592) comparou a memória a um pedaço de papel ou de pano, capaz de receber numerosas dobras, estas sendo mais freqüentemente usadas tendem a se repetir espontaneamente. No século XIX, Hermann Ebbinghaus (1850-1909) foi o primeiro psicólogo a aplicar métodos experimentais no estudo da memória. William James publicou em 1890, seu livro intitulado The principles of psychology, onde propõe a memória como dois sistemas, denominada memória primaria e memória secundaria. A primeira para itens perdidos e nunca trazidos de volta à consciência, enquanto que a segunda corresponde a dados que nunca são perdidos, podem ficar ausentes da consciência, sendo possível recorda-los. Atualmente, a teoria sobre a memória se expandiu, são numerosos os estudiosos acerca do tema e múltiplos os seus conceitos. A memória é um componente essencial ao processamento de informações. Sylany, no Dicionário de Psicologia Larousse, diz que “todos os seres vivos, mesmo os animais mais inferiores, possuem uma memória (...)”. No ser humano, é um fenômeno psíquico, e também um complexo conjunto de funções psíquicas. São estas funções que permitem a continuidade da vida, pois não somente conservam a experiência passada, como a atualizam no momento presente. Para Dorot & Parot, memória é a “capacidade de adquirir, conservar e restituir informações”. Moore & Fine consideram a memória como: “Função do aparato mental através da qual impressões outrora recebidas ou aprendidas são retiradas e reproduzidas. O termo também é aplicado a capacidade de lembrar e ao conteúdo do que é lembrado (lembrança). Os processos envolvidos nela são muito complexos, envolvendo a percepção, a identificação ou o reconhecimento, a codificação, o acesso a 24 ela e a ativação ou leitura. As lembranças podem ser de curta ou longa duração, são reforçadas pelas emoções, pela sustentação da atenção e pela repetição, e podem ser evocadas pelos diversos sentidos e por associações verbais”. Memória é a capacidade de reter e recuperar informação, um processo que produz alterações no nosso comportamento, permitindo que o indivíduo se situe no presente, considerando o passado e o futuro. Ela fornece as bases para todos os nossos conhecimentos, habilidades, sonhos, planos e anseios. Memória é, portanto, um aspecto central da existência humana. Assim, o conhecimento de sua natureza e bases biológicas, é essencial para se entender a psique humana e desenvolver terapias relacionadas às doenças cognitivas. A memória apresenta funções, que são as seguintes: • Função de fixação ou retenção: consiste em armazenar, reter ou fixar, sob a forma de imagens, idéias, sentimentos, uma experiência qualquer que tenha sido vivida. A afetividade é uma das mais poderosas condições da fixação das lembranças. Outra condição importante na fixação das lembranças é a atenção voluntária, isto é, o esforço de concentração consciente sobre um dado objeto. • Função de evocação ou reprodução: evocar é esforçar-se voluntária e conscientemente por reproduzir lembranças. Na evocação há um esforço de rememorização com escolha das lembranças que melhor descrevem a experiência passada. • Função de reconhecimento ou de localização: consiste em situar ou reintegrar a lembrança nas suas relações de espaço e de tempo. Há um reconhecimento automático, que é sentar-se à mesa e pegar naturalmente os talheres, e um reconhecimento complexo, neste caso, sendo consciente, consiste num esforço de inteligência em localizar uma lembrança, como exemplo: quando o vi pela primeira vez, lembrei-me da cidade onde, ambos, nascemos. 25 O psicólogo americano Kurt Lewin (citado in Tocquet, s/d, p. 139) pôs em evidência o papel da emoção no trabalho intelectual e na memória. Dividiu seus alunos em dois grupos iguais, mandou que se instalassem em duas salas diferentes, depois felicitou os alunos de um grupo por seu trabalho e censurou os do outro grupo. Em seguida, enunciou certo número de frases sem grande significação e pediu aos alunos que as decorassem. Os alunos do grupo elogiado fizeram apenas 25% de erros de memórias, ao passo que os do grupo repreendido cometeram 52%. Retemos bem aquilo que nos concerne diretamente, mais o agradável que o desagradável, o que está de acordo com nossas convicções, aquilo que se deve lembrar porque é importante. Ao contrário esquecemo-nos com facilidade o que é neutro, mal estruturado, pouco significativo. A fixação das lembranças está ligada, ao mesmo tempo, a pessoa e ao material a ser retido. Favorecem sua retenção a compreensão dos elementos, sua integração no armazenamento das recordações adquiridas e a repetição. Contudo, a memória jamais é verdadeiramente fiel. A lembrança evocada é sempre falsificada, pois corresponde a uma reconstrução da inteligência. A memória não é um automatismo cerebral. É um ato do psiquismo, a expressão de toda pessoa. Rotrou (1995, p. 39) define três formas de memória: • Memória genética ou memória das informações contidas em nossos genes, recebida antes do nascimento: trata-se de nosso patrimônio hereditário. • Memória cultural, que constitui nossos usos e costumes, aquilo a que chamamos de civilização. Refere-se ao conjunto de conhecimentos adquiridos pelos homens. • Memória transacional ou memória das informações adquiridas ao longo de nossa existência individual. O estudo sobre a estrutura da memória, por ser muito polêmica e discutida, surgiram vários modelos para explica-la, como os citados abaixo: • 26 Modelo de Atkinson-Shiffrin (déc. 60): modelo estrutural que sugere três sistemas de armazenamento de informações como armazenamento sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo. Eles argumentam que a memória deve ser considerada em termos de sua estrutura e processos de controle. Estrutura envolve características fixas e permanentes, que nunca mudam, qualquer que seja a tarefa, enquanto processos de controle, referem-se aos processos de memória sob o controle direto do indivíduo, tal como a armazenagem de informações, a recapitulação ou a recuperação da informação. • Modelo de processamento por níveis (1972): este modelo sugere que níveis mais profundos (mais elaborados) de processamento de informações produzem uma retenção mais eficiente que níveis de processamento mais superficiais. A profundidade (elaboração) de processamento de informações é interpretada em termos de significado: inicia-se pelas características físicas dos estímulos (nível mais superficial), passam pelos componentes verbais e acústicos, chegando ao nível semântico (nível mais profundo). À medida que o processamento de informações passa pelos diferentes níveis vai estabelecendo mais e mais ligações com outros elementos da memória; explica-se, assim, a retenção mais eficiente das informações que chegaram ao último nível de processamento. • Modelo de Tulving (1972): o modelo de Tulving enfoca a natureza das informações que são armazenadas e distingue três tipos de memória segundo o conteúdo a ser processado: memória episódica, memória semântica e memória procedimental. • Modelo de processamento paralelo (dias atuais): de acordo com este modelo, a memória bem como outros processos cognitivos são processados em rede (neural), na qual os elementos (neurônios) 27 apresentam múltiplos liames. Assim, a memória resultaria da ativação que ocorre na rede neural. 2.2 O JOGO (O BRINCAR) O jogo existe desde a antiguidade conhecido como jogos olímpicos, sendo que, na Idade Média não era bem visto qualquer que fosse o jogo. Segundo pesquisa de Ariès (1978, p.115), “jogos tradicionais infantis como o pião e jogos de bola, eram atribuídos a pessoas grosseiras e ignorantes.” A Igreja condenava o jogo, era visto como “não-sério”, divulgando uma imagem associada aos jogos de azar. Em Kishimoto (1993, p.33): “Os clérigos reprovavam brincadeiras e jogos, assimilavam isso a jogos de azar, de salão, e à brutalidade dos jogos esportivos. Indecentes e grosseiros.” Esta era a realidade no Brasil Colônia e Império. Crianças ricas não brincavam na rua e nem participavam de jogos; era inadequada para a formação destas crianças, somente as menos favorecidas tinham a liberdade para brincar. Apesar de não existir acesso aos brinquedos. Eles existiam somente em instituições filantrópicas e religiosas como adorno, enfeitando a parte superior dos armários. Segundo Kishimoto (1993, p.86): “Não se cogitava de sua importância para a educação. A função educativa do jogo não fazia parte do ideário da maioria dos mantenedores de instituições infantis.” Já nas primeiras décadas do século vinte, o brinquedo passou a existir nos lares de famílias privilegiadas sob forma industrializada ou artesanal. A importância do jogo e do brincar não era questionada e muito menos se pensava no seu caráter educativo. O jogo, no Brasil, tem relação com brinquedo e brincadeira. A indiferenciação se deve a complexidade do uso da palavra jogo. Como não havia 28 uma preocupação na sua definição, até mesmo pelo fato de ser uma prática rotulada pela sociedade no passado, atualmente, os termos se confunde, e foi acrescentado neles um caráter, além de lúdico e educativo, a capacidade de simbolizar e representar (psicanálise percebe o uso do jogo pelo caminho da representação). Segundo a definição de Beart (apud Kishimoto, 1994, p.7), “o brinquedo é o suporte da brincadeira, quer seja concreto ou ideológico, concebido ou simplesmente utilizado como tal ou mesmo puramente fortuito.” Vigotsky (1988) entende a brincadeira como uma situação imaginária criada pelo contato das crianças com a realidade social. Ele valoriza o fator social e incorpora no elemento jogo infantil, a possibilidade da criança fazer o jogo de papéis, ou seja, a criança cria uma situação imaginária e incorpora elementos do contexto cultural adquirido por meio da interação e da comunicação. Lapierre & Aucouturier (1988, p.41) percebem que a partir do momento em que a criança se engaja na dialética motora com o objeto, ela torna-se atriz. Já Piaget (1975), tendo como princípio básico à noção de equilibração como mecanismo adaptativo da espécie, admite a predominância na brincadeira, de comportamentos de assimilação sobre a acomodação. Portanto, os jogos têm dupla função, consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança. E Wallon acrescenta que: “A criança repete nos seus jogos as impressões que acaba de viver, reproduz e imita. Para as mais novas a imitação é a regra dos jogos, a única que lhes é acessível, enquanto não puderem ultrapassar o modelo concreto, vivo, para atingir a ordem abstrata.” (s.d., p.86) Para alguns, o jogo é visto como forma de dispêndio de energia, ou preparação para o meio adulto, ou imitação da vida e atividades dos adultos, ou ainda como distração. Para Groos (apud Kishimoto, 1996, p.68), “o jogo é uma necessidade biológica, um instinto e, psicologicamente, um ato voluntário.” E Trifu: (apud Kishimoto, 1994, p.11), “o jogo é uma realidade móvel que se metamorfoseia conforme a realidade e a perspectiva do observador e do jogador.” 29 Os jogos mantêm uma relação estreita com construção do conhecimento e possui influência como elemento motivador no processo de ensino e aprendizagem. Assim o jogo pode ter tanto uma função lúdica quanto educativa, dependerá da direção que será tomada pelo profissional da educação. Velasco (1996) cita que com o simples prazer, a criança se educa. E define o valor do jogo em três funções: desenvolvimento, socialização e aprendizagem. Piaget (1975), observa ao longo do período infantil, quatro sucessivos sistemas de jogos: exercício (repetição de seqüências de ação e manipulação), simbólico (representação e linguagem), construção (construção do conhecimento) e de regras (transição da atividade individual para a socializada). Segundo Vigotsky (1988), o lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Wallon (s.d., p.70) classifica os jogos em quatro tipos: • Funcionais: são movimentos simples como balançar objetos, levantar e abaixar braços ou pernas, agitar as mãos, etc. • De ficção: são as brincadeiras de faz-de-conta como brincar de comidinha, de boneca, etc. • De aquisição: corresponde ao que a criança consegue aprender pelo que pode ver ou escutar. • De construção: quando a criança já é capaz de reunir, combinar, modificar e criar objetos. Enfim, o jogo, ou o brincar, participa do desenvolvimento infantil e atinge várias áreas da formação da criança, levando esta à ação, à representação, a agir e a 30 imaginar, além de ser culturalmente útil para a sociedade como expressão de ideais comunitários. 2.3 SOBRE O JOGO DA MEMÓRIA A origem do jogo da memória é desconhecida, porém seu uso é muito difundido e atualmente, sofre várias adaptações. O jogo tradicional, que é o mais conhecido,consiste em embaralhar as cartas ou cartões (cards) e arruma-los em fileiras (o número de fileiras varia de acordo com o número de cartões). Todos os cartões devem ser posicionados com as figuras para baixo. Este baralho possui sempre duas figuras iguais e a finalidade é encontrar o par certo. Algumas pessoas elaboram regras próprias, como fazer reconhecimento das figuras e os posicionamentos antes de virarem todas, e também há a chance de jogar mais uma vez seguida se acertar. Este estilo tradicional é comum – há as super memórias que ultrapassam cem cartões – e suas variações são poucas, porém interessantes. No mercado pode-se encontrar à venda jogos que envolvem a mímica, as regras e o exercício da memorização como exemplo, o “Memomímica”, do fabricante Grow. Neste é possível participar quatro indivíduos a partir de 6 anos de idade. Cada um recebe um suporte. O baralho de 56 cartas (sendo 26 pares e 4 repetidas) deve ser embaralhado. Após escolher quem começará, a carta deve ser lida com atenção e a tarefa respectiva deve ser executada sob forma de mímica, as cartas são guardadas no suporte, viradas para os adversários e, quando for a vez de novo, deve executar a tarefa sorteada e as anteriores, respeitando a ordem de seqüência. É permitido olhar somente quando tira a carta respectiva à “olhadela”. Sai do jogo quem erra a seqüência. 31 Outro tipo de jogo envolvendo memória com regras e tão sofisticada quanto este se chama “Memória Esconde-Esconde”, também da Grow, onde os jogadores se alternam levantando os copinhos que cobrem os personagens da Turma da Mônica e recoloca-os no lugar. O jogo da memória pode ser encontrado em tabuleiro, fabricado pela Toyster, da autoria de Mário Seabra, é formado por seis partes, permitindo variações nas partidas. O uso do jogo da memória, além de entreter, é bastante educativo e utilizado basicamente com esta finalidade por professores e outros profissionais da educação. Segundo Margarida Lúcia Cruz, na sua apostila de jogos didáticos, é apresentado para a turma um cartaz com figuras de palavras conhecidas, no máximo cinco, durante uns 30 segundos para serem observadas. Em seguida, pede-se para os alunos escreverem o nome das figuras que viram. Ganha quem acertar todas as figuras. Alguns jogos não têm finalidade de brincar com a memória, mas com o uso constante o participante se torna capaz de localizar gravando a figura ao seu respectivo lugar. Na internet, os jogos on-line são muitos e variados. No site “usina de jogos” é feito contagem de tentativas, com dez pares de figuras sob formas geométricas e nas cores verde,rosa e amarelo. No site jogodamemoria.kit.net, o jogo é sob forma de tabuleiro retangular com quatro teclas cada uma numa cor, e pisca uma de cada vez obedecendo a uma seqüência, semelhante ao gênius, só que com contagem de tempo. Já no site geocities.com apresenta três níveis de dificuldades. Outros jogos on-line ou em cd-rom apresentam as mesmas características: contagem de tempo, graus de dificuldade e variações das posições e figuras. Há ainda cartas em trio, e mudança de lugar para cada alternativa. Nesta a atenção é mais exigida que a própria memorização. Os objetivos dos jogos de memória on-line são: 32 • Ativar a memorização; • Facilitar a identificação de grupos como animais, legumes, frutas, etc; • Levar o indivíduo a fazer a associação de idéias; • Desenvolver o raciocínio e a criatividade; • Ativar a coordenação motora-fina e a óculo-manual. 33 CAPITULO 3 A IMPORTÂNCIA DO JOGO DA MEMÓRIA NA PSICOMOTRICIDADE O campo de atuação da Psicomotricidade é vasto e seus recursos infinitos, podendo ser aplicada na área educacional como forma preventiva; na clínica, associada a patologias e seguindo uma linha reeducativa e reabilitadora em todo o campo de trabalho. Por suas características terapêuticas aliadas a educação e reeducação, a Psicomotricidade utiliza-se de jogos na sua prática. É uma maneira inteligente e criativa de expandir este campo, e ainda proporciona, além de aprendizado e diversão (como vimos no capítulo anterior sobre o seu caráter lúdico e educacional), o desenvolvimento psicomotor. Os jogos, em específico os que exigem uma postura na mesa, refletem um diferencial no cotidiano da prática psicomotora; como o caso do jogo da memória, apesar de aparentar ter um único objetivo – o processo de memorização – pode absorver finalidades da psicomotricidade, como as citadas no primeiro capítulo deste trabalho. Estas estão ligadas direta e indiretamente na execução desta atividade. Algumas são como pré-requisito, como o esquema corporal (base dos processos corporais), e outros se articulando simultaneamente, no caso da lateralidade, postura, coordenação viso-motora, discriminação visual, atenção e o exercício da memória. A psicomotricidade, através do jogo da memória, da mesma forma que outros jogos de mesa, coloca o indivíduo numa posição reflexiva a respeito de sua própria postura; como se sentar à mesa e como situar os braços numa posição que não impeçam a visão. 34 O intervalo de espaço físico necessário entre o jogo e o corpo do indivíduo deve permitir uma visualização sem dificuldade, sem ficar com a cabeça inclinada demais, seja para o lado ou para baixo, e principalmente, ao alcance das mãos. A criança inicia o jogo usando a sua mão dominante (direita ou esquerda, ou as duas quando ainda não há lateralidade determinada), escolhe quais as figuras que irá virar, e ao desvira-las, segue na mesma ordem que virou antes, ou seja, obedece a uma sequência, da esquerda para a direita. Este procedimento precisa ser cumprido cada vez que a criança joga, como um exercício de definição da lateralidade e de sequência lógica. A própria arrumação das figuras enfileiradas sobre a mesa é um exercício de sequência lógica, o que vem antes e depois, o que está encima ou embaixo. Cada vez que a criança descobre uma figura, já grava a ordem onde se encontra. Este exercício também corresponde a uma função da memória, a do reconhecimento ou localização. A criança assimila a imagem nova com a figura retirada numa rodada anterior. Outras funções da memória participam do jogo. A da evocação em que a criança faz um esforço para rememorizar a figura, isto aparece quando a criança sabe que já a viu antes, reconhece, e se esforça para relembra-la. E a de fixação ou retenção, fixa mentalmente os detalhes da figura. Estas funções da memória precisam ser exercitadas, até porque existe uma tendência no ser humano de prestar atenção naquilo que mais o atrai ou se identifica; e o restante, por não ser interessante, passar despercebido. O que torna isto perigoso, pois no dia-a-dia, a distração é a responsável por acidentes no trânsito, atropelamentos e incidentes pequenos, inclusive no lar. A atenção, de certa forma, é tão fundamental quanto ao exercício da função de retenção da memória. 35 O exercício da atenção caminha com o exercício do pensar no trabalho psicomotor. O jogo da memória colabora com um processo construtivo, como Piaget (1978) diz: “da ação ao pensar”. A criança é estimulada a refletir sobre o seu ato, apontando a ela que aquelas cartas já foram levantadas antes e questioná-las sobre a insistência nisso, etc. O pensar é também relacionado com sua postura, coloca a criança numa posição de responsabilidade, já que, se não consegue acertar é porque não sentou de forma que ajudasse a visualizar bem ou os braços estavam sobre a mesa impedindo a visão. A psicomotricidade situa o ser não só no seu eixo corporal como também num eixo mental, o equilíbrio é físico e psíquico. Tudo que a psicomotricidade trabalha corporalmente, tendo efeito imediato ou não, depende do lado emocional do ser. O psicólogo Kurt Lewin, mencionado no segundo capítulo deste trabalho, cita a importância do papel da emoção no trabalho intelectual e na memória, o que reforça o significado do “psi” (no sentido de psíquico). Não há como trabalhar corpo sem mente. Segundo o famoso ditado popular que diz: “mente sã, corpo são”. O estímulo e desejo fazem parte do repertório do lúdico. Jogar é brincar, é prazer. E sem prazer, os resultados positivos não são alcançados. A prática psicomotora é baseada em estímulos. Todo o tempo provocando o indivíduo a um novo desafio. E as crianças gostam de desafios, principalmente, quando acertam algo e são em seguida, estimuladas. No jogo da memória, o fato de acertar convoca a criança a fazer novas associações, retenções, evocações e reconhecimentos. Sua atenção aumenta, o que a leva a concentrar-se. A partir daí, um passo bem largo foi dado. 36 O jogo da memória por si só não abrange o todo da prática psicomotora, mas auxilia a alcançar em alguns objetivos com sucesso a curto ou longo prazo, em conjunto a outras atividades. 37 CONCLUSÃO O uso do jogo da memória na Psicomotricidade traz a possibilidade de trabalhar a memorização e a atenção, o pensar e a sequência lógica, a postura e a concentração, o olhar e a discriminação visual, a percepção e a coordenação visomotora. O jogo proporciona a Psicomotricidade um novo olhar para a prática, ou seja, que esta não deve se limitar a jogos de correr, pular, andar sobre uma perna só, etc. A Psicomotricidade não é sinônimo de Motricidade (como alguns profissionais pensam e terminam por limitar o campo de trabalho). Há também a possibilidade de se trabalhar com o indivíduo sentado à mesa usando as mesmas finalidades psicomotoras que seriam usadas numa atividade mais física. O seu caráter educativo e lúdico pode ser também apresentado como uma forma preventiva e reeducativa, ou seja, apresenta-se como um diferencial das práticas existentes. Isto corresponde a um uso específico, delimitado pelo campo psicomotor. A partir do momento que se instaura uma direção na atividade - até antes vista sob outra forma (lúdica e educacional) - sob uma linha teórica específica, novos rumos são dados e perspectivas diferentes são almejadas. A prática psicomotora vai além que este trabalho apresenta, por isso mostra um recurso a ser utilizado e a sua importância no processo de desenvolvimento psicomotor. Tornando-se, assim, mais um elemento sugestivo para os profissionais que usufruem a psicomotricidade no seu dia-a-dia, refletirem acerca de suas práticas, não se limitando a práticas somente corporais, e expandindo o campo de ação. 38 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARIÈS. História Social da Criança e da Família. 2a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. BANKOFF, A. D. P. 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