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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A INDISCIPLINA ESCOLAR DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO
FUNDAMENTAL COMO CONSEQÜÊNCIA DA FALTA DE
LIMITES NA EDUCAÇÃO FAMILIAR
POR: JANE LUIZ DE JESUS
Orientador: Ms. Prof. Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A INDISCIPLINA ESCOLAR DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO
FUNDAMENTAL COMO CONSEQÜÊNCIA DA FALTA DE
LIMITES NA EDUCAÇÃO FAMILIAR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato-Sensu” em Orientação
Educacional.
Por: Jane Luiz de Jesus
3
AGRADECIMENTOS
Aos
que
colaboraram
direta ou indiretamente na
caminhada para elaboração deste trabalho acadêmico,
em especial familiares, amigos e todo o corpo docente
do Projeto ”A Vez do Mestre”.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho acadêmico aos meus pais que
tanto se empenharam a me proporcionar
uma
educação que possibilitasse encontrar os meus
próprios caminhos.
5
EPÍGRAFE
Educar ...
“É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a
melhor forma para nos levar a ter filhos cidadãos,
responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres,
em
vez
de
criaturas
egocêntricas,
anti-sociais,
hedonistas ao extremo, sem capacidade de luta, sem
tolerância à frustração e, em conseqüência , sem
capacidade de adiar satisfação.”
(ZAGURY, 2001, p.48)
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RESUMO
A presente pesquisa tem como objeto de estudo a omissão familiar
no estabelecimento de limites levando a indisciplina escolar, como forma de
reconhecer a importância da família, como parceira da escola na solução de
problemas disciplinares através da valorização dos limites no ato de educar,
o que foi abordado baseado em pesquisa bibliográfica, utilizando-se para
isso principalmente os autores Hamilton Werneck, Içami Tiba e Tânia
Zagury, que deram suporte a análise da indisciplina observada nos alunos
de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da rede municipal de Nova Iguaçu.
A pesquisa aponta para a formação de adultos conscientes de seu direitos e
deveres, da responsabilidade de seus atos e de seu papel social. Limites
estes que devem ser bem dosados e coerentes, que não impeçam uma
educação incentivadora do diálogo, da participação, da criatividade e da
pesquisa, atitudes estas que na escola requer um ensino contextualizado,
que desperte o interesse do aluno diminuindo a indisciplina. Êxito maior, na
educação das crianças, será alcançado à medida que pais e escola agirem
em parceria deixando de transferir responsabilidades. Educar com limites,
utiliza a autoridade que conduz ao respeito ao próximo, mas que não deve
ser confundida com o autoritarismo, onde o mais importante, seja na escola
ou na família, é a educação pelo afeto, que gera a confiança, respeito e
responsabilidade.
Palavras-chave: Limites. Educação e Cidadania. Indisciplina. Educação
Familiar. Convívio Social.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
1. O QUE MUDOU NA RELAÇÃO PAIS X FILHOS X ESCOLA?
11
2. A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES NA EDUCAÇÃO FAMILIAR
17
3. ESCOLA E INDISCIPLINA, O QUE FAZER?
27
4. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE UMA EDUCAÇÃO COM LIMITES
34
CONCLUSÃO
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
ANEXOS
47
ÍNDICE
51
FOLHA DE AVALIAÇÃO
52
8
INTRODUÇÃO
O tema indisciplina em sala de aula é algo que sempre está presente
nas discussões sobre a falta de sucesso na tarefa de educar. Sabe-se que
vários fatores possibilitam a indisciplina e que um profissional, bem
preparado, pode tirar proveito dela trabalhando com a participação dos
alunos de forma a aliar “o que trabalhar” ao “como trabalhar”.
Porém não se pode negar que a família está se omitindo cada vez
mais da tarefa de educar, de impor limites, de preparar as crianças para seu
papel de cidadão na sociedade. Com isso a escola está arcando sozinha
com um papel que não cabe somente a ela. Muitos fatores sociais levaram
a esta situação, e o estudo sobre esses casos dará um embasamento maior
aos profissionais da área para agir frente a essas situações.
Cada vez mais torna-se urgente a análise dessa questão.
Primeiramente para esclarecer o real papel da escola na sociedade, onde
esta não pode deixar de cumprir o seu fazer pedagógico para ocupar um
espaço deixado pelos pais. E em segundo plano de mostrar a importância
da família na educação das crianças, onde serão formados os primeiros
modelos. Assim uma parceria entre escola e família, poderá resultar na
formação de cidadãos aptos a seu papel social.
Mesmo nos tempos atuais vários professores consideram aluno
indisciplinado como aquele que não se manifesta, que colabora com o
silêncio da turma facilitando o seu trabalho. Mas esta visão não condiz com
uma sociedade
democrática onde todos devem saber se posicionar
trocando idéias para um ideal comum.
De acordo com Benchaya (2001, p.142)
Educar não é somente ensinar a ler, resolver um problema, a dar
forma a um pensamento. É principalmente , construir com a
criança , satisfazendo as necessidades do seu desenvolvimento,
provendo a plena realização de suas potencialidades... É possível
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ser democrático e ter autoridade ao mesmo tempo ... porque
acreditamos que o ser em formação ainda não tem determinados
conhecimentos e capacidades que o habilitam a gerir sozinhos a
sua vida.
Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, limites significa: 1) Linha de demarcação; 2) Parte ou
ponto extremo, enquanto disciplina é definida como: 1) Regime de ordem
imposta ou mesmo consentida; 2) Ordem que convém ao bom
funcionamento de uma organização; 3) Relações de subordinação do aluno
ao mestre; 4) Submissão a um regulamento.
No âmbito educacional
disciplina e limite não devem ser utilizados como castração ou impedimento
que interrompam a criatividade, pelo contrário, elas serão úteis para a boa
convivência no meio social, onde a interação contribuirá para a construção
do conhecimento.
Refletir sobre o tema implica em não agir de forma simplista jogando a
responsabilidade dos problemas atuais de indisciplina encontrados nas
escolas para situação sócio econômica, para os pais ou para os professores,
e sim uma ação conjunta entre família e escola visando a formação de
cidadãos aptos a atuarem de forma participativa e crítica na sociedade em
que vivem, substituindo o individualismo pelo bem comum.
Portanto a presente pesquisa tem como objeto de estudo o problema
da omissão familiar no estabelecimento de limites levando a indisciplina
escolar, onde seu objetivo geral é reconhecer a importância da família,
como parceira da escola, na solução de problemas disciplinares através da
demarcação de limites, utilizando como procedimento metodológico a
pesquisa bibliográfica, que deu suporte ao estudo feito com delimitação nos
alunos de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da rede municipal de Nova
Iguaçu.
Para a constatação de que os limites familiares são extremamente
importantes para o bom convívio social da criança vários caminhos foram
tomados nesta pesquisa. No capítulo 1 foi observado “O que mudou na
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relação pais x filhos x escola”, onde estabelece as transformações sociais
que levaram à mudança de postura no relacionamento de pais, alunos e
professores, com grande contribuição de Hamilton Werneck esclarecendo
sobre os primeiros modelos de escolas que existiram no Brasil, suas
características e finalidades.
Já no capítulo 2 “A importância dos limites na educação familiar”, foi
analisado as atitudes familiares que levam a falta de limites na educação das
crianças, onde Zagury (2001, p.115) contribui com várias orientações, como
a que diz: “Se queremos que nossos filhos nos respeitem e respeitem o
outro, temos que começar, nós próprios, respeitando-os, porque o exemplo
continua sendo a melhor maneira de educar.”
O capítulo 3 interroga sobre “Escola e indisciplina, o que fazer?”,
definindo os procedimentos utilizados na escola para suprir a falta de limites
familiares, onde Tiba (1996, p.123) declara que “Aulas ínsípidas, com o
arcaico método pelo qual “um fala enquanto o outro escuta”, rivalizam com
ofertas muito prazerosas da sociedade. Rivalizam e são derrotadas.”
E para finalizar o capítulo 4 aborda sobre “A contribuição social de
uma educação com limites”, que descreve a inter-relação entre educação
com limites e a formação de cidadãos conscientes de sua ação social, onde
novamente Zagury(2001, p.48) contribui com várias idéias afirmando que
educar “É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma
para nos levar a ter filhos cidadãos, responsáveis, e conscientes de seus
direitos e deveres...”
Portanto a pesquisa segue o caminho de constatação de que uma
educação com limites bem dosados e coerentes, seja ela familiar e/ou
escolar, contribui para a formação de adultos conscientes de seus direitos e
deveres, o que não impede que sua formação seja baseada na participação,
liberdade de expressão, criatividade e afeto.
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1. O QUE MUDOU NA RELAÇÃO PAIS X FILHOS X
ESCOLA?
Nem sempre o problema da indisciplina esteve presente nos meios
familiares ou nas escolas, ou melhor, quando ocorria era sufocada por uma
grande dose de repressão ou autoritarismo, onde o ideal eram filhos e
alunos que não questionassem. Atualmente, o reflexo de tanta opressão
resultou numa falta de limites onde se confunde autoritarismo com
autoridade, esquecendo-se que para ocorrer a democracia deve-se valorizar
o diálogo e o respeito ao próximo. Com isso pais e escola a cada dia
buscam meios de se contornar a indisciplina crescente entre crianças e
jovens, respondendo as suas indagações sobre o que mudou na educação.
1.1. Escola X Alunos
Em sua formação as escolas brasileiras seguiram dois tipos de
modelos disciplinares: os quartéis e os conventos.
Desde a colonização as escolas religiosas atuavam no Brasil
seguindo a mesma disciplina dos conventos na sua ação escolar. “Nestas
escolas o silêncio que levava à meditação era uma exigência fundamental.
A sacralidade do ambiente escolar que lembrava os claustros era
imprescindível.” (WERNECK, 1998, p.69)
Já as escolas públicas seguiam o regime militar, pois não possuíam
pessoal especializado em suas unidades. Ocorriam que em sua rotina
diária constava ordens unidas no início e final do recreio, formas (filas),
comandos dos professores em relação aos seus alunos semelhantes aos
utilizados nos quartéis.
Com estes dois tipos de orientação, tudo que se fizesse ao contrário
nas escolas poderia ser compreendido como anárquico. Desta forma a
grande maioria que não estava voltada para esses fins educacionais se via
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forçada a seguir algo fora de seus objetivos (vida militar ou religiosa),
levando com isso a população civil e leiga
ao individualismo ou ação
mediante a comando (obediência cega) em conseqüência de uma educação
com pouca opção de escolha.
Atualmente
muitas
coisas
mudaram
existe
maior
formação
pedagógica nas escolas públicas, até mesmo as escolas religiosas
(confessionárias) passaram por mudanças decorrentes nas congregações, e
com isso as opções de escolha aumentaram pelo menos no que se refere ao
grupo que pode optar por uma escola privada.
Mesmo com tantas
mudanças o medo ao novo faz com que muitas escolas continuem seguindo
os modelos antigos disciplinares considerando ter
um resultado mais
imediato, esquecendo-se que este mecanicismo só contribui para a
manutenção de uma sociedade acostumada a seguir comandos e não
argumentar para se buscar soluções.
“Quanto mais severo tenha sido o regime político e mais
coercitivo o sistema social, o período da abertura será marcado
fortemente pela repugnância à opressão, como meio de libertação
desejado ansiosamente por todos ...” (WERNECK, 1998, p.73)
Devido a sociedade brasileira ter passado um longo período de
repressão, passou a haver a repulsa por qualquer resposta negativa que
limitasse o livre arbítrio, sendo assim passou a ser confundido os termos
opressão e pressão como uma coisa só.
Segundo Werneck (1998) a
opressão inibe o desenvolvimento da personalidade; leva a submissão;
nega o diálogo; elimina no aluno a busca pessoal e o desejo de descobrir
coisas novas; impede que o aluno seja ativo no seu aprendizado. Com isso
os verbos mais usados por este educador são: exigir, punir, impedir e
cercear. Já a pressão, termo apoiado até mesmo por Paulo Freire, instiga o
educando
até
que ele atinja os objetivos propostos levando-o ao
crescimento. Um professor que aja assim está de acordo com a Educação
Libertadora proposta pela Igreja, e na sua ação diária os verbos mais
utilizados são: instigar e desafiar.
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É possível ser democrático e ter autoridade ao mesmo tempo.
Quando se fala em autoridade logo se chega a idéia de poder. O que é o
poder? Poder “... é a capacidade que tem um indivíduo de obrigar outra
pessoa a executar determinado ato.” (BENCHAYA, 2001, p.142)
E na
questão da educação dos filhos ou alunos, é natural que exista alguém que
exerça este poder sobre eles na orientação do que seja melhor visto que
ainda não está preparado para fazer tais escolhas.
Porém com todo o histórico social brasileiro onde a democracia foi
conquistada com grandes sacrifícios, a idéia de autoridade passou a ser
confundida com autoritarismo e com isto a educação das crianças caiu em
outro extremo: o da permissividade.
Segundo Zagury (2001, p.31) “... autoritário é aquele que exerce o
poder utilizando como referencial apenas o seu ponto de vista ... nunca
levando em conta o que o outro deseja ou pensa.” Porém quem age com
autoridade, sabe ouvir e respeitar o outro, e mesmo que tenha que ser
impositivo em algum momento será sempre com o intuito de proteger ou
orientar.
É essencial à educação saber estabelecer limites e
valorizar a disciplina. E para isso é necessária a presença de
uma autoridade saudável. O segredo que difere autoritarismo do
comportamento de autoridade adotado para que a outra pessoa
(no caso, filhos ou alunos) torne-se mais educada ou disciplinada
está no respeito à auto-estima. (TIBA, 1996, p.18)
Estabelecer o que é uma atitude disciplinada, é algo complexo, que
não depende de critérios de uma só pessoa, envolve também o contexto
onde a ação ocorre. De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa, de
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, disciplina é: 1) Regime de ordem
imposta ou mesmo consentida; 2) Ordem que convém ao bom
funcionamento de uma organização; 3) Relações de subordinação do aluno
ao mestre; 4) Submissão a um regulamento. De um modo geral, segundo
Tiba (1996) , “ ... disciplina é o conjunto de regras éticas para atingir um
objetivo.”
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Como todos esses termos (disciplina, autoridade ...) passaram a ser
rejeitados pela sociedade, temerosa de ser cerceada de sua liberdade,
levando atitudes extremistas, a escola passou a se deparar com várias
mudanças em seu ambiente, a falta de limites por parte dos alunos foi um
dos fatores que passaram a dificultar o dia-a-dia escolar.
Muitas mudanças ocorreram nas últimas décadas, a relação
professor/aluno se alterou de forma radical.
Na década de 50, a hierarquia era rígida onde o mestre
tinha poder absoluto. Com o chamado movimento da Escola
Nova, no final dos anos 60 e início dos 70, o aluno passou a ser
mais participativo, diminuindo o poder do professor. Portanto com
esta abertura, nem todos os professores souberam lidar com a
democracia em sala de aula. (ZAGURY, 2000, p.16)
Atualmente o grande desafio das escolas é educar sem ser
autoritário; é praticar a democracia sem chegar a permissividade; é aliar
esforços aos pais na educação das crianças que estarão ciente de seus
limites para atuação social, aptas a exercer sua cidadania com uma visão
crítica da realidade.
1.2. Pais X Filhos
Muitas
alterações
também
ocorreram
no
ambiente
familiar
influenciada por mudanças sociais. É certo que em grande parte teve um
resultado positivo na medida que aproximou mais os pais dos filhos
enfatizando o diálogo, porém de outro lado se perdeu o limite do que é
autoridade chegando à permissividade .
Antigamente, os pais eram autoritários ; hoje, são os
filhos. Antigamente, os professores eram os heróis dos alunos;
hoje são vítimas deles. Os jovens não sabem ser contrariados.
Nunca na história assistimos a crianças e jovens dominando tanto
os adultos. Os filhos se comportam como reis cujos desejos têm
de ser imediatamente atendidos.” (CURY, 2003, p. 52)
Mais uma vez o reflexo de um longo período de nossa história
baseada num regime autoritário influencia um campo social, ou seja, a
15
família. Após um longo período lidando com o autoritarismo , que refletia na
ordem da casa (regime patriarcal), uma reação em cadeia aconteceu,
aqueles que passaram por grandes exigências sem direito ao diálogo,
projetaram no filho sua realização, ou seja, orientando a educação dos filhos
de forma imediatamente oposta, do autoritarismo se chegou a libertinagem,
permissividade e falta de limites.
Os pais de hoje trabalham mais e passam menos tempo com os
filhos. A mãe, que antes ficava em casa e transmitia valores morais, agora
trabalha fora e, em 27% dos casos, é arrimo de família. Quando chegam do
trabalho, ambos estão cheios de culpa pela ausência e, para minimizar esse
sentimento, tornam-se muito permissivos, deixando de estabelecer limites e
de ensinar o que é certo e errado. (ZAGURY, 2000)
Os pais por deixarem de ser o único provedor do lar com o crescente
ingresso das mulheres no mercado de trabalho, passaram a exercer mais a
sua função de marido do que de chefe do lar; resultando numa atitude mais
compreensiva e participativa das tarefas diárias o que levou a um convívio
maior com seus filhos em substituição a figura autoritária e distante. (TIBA,
1996)
No passado os pais pareciam possuir maior segurança em suas
ações, pois as informações sobre educação eram mais escassas.
Atualmente muito “psicologismo” existe com orientações em forma de
manual quanto o que é certo ou errado na educação dos filhos, levando os
pais a temerem que suas ações e reações possam levar os filhos a um
trauma, com isso a imposição de limites se diluiu cada vez mais resultando
na falta de autoridade dos pais. (ZAGURY, 2001)
Os costumes de nossos filhos não dependem só do que
eles aprendem dentro de casa. A educação escapou ao controle
da família porque, desde pequena, a criança já recebe influências
da escola, dos amigos, da televisão e da Internet.” (TIBA, 1996, p.
79)
16
Outro fator que influenciou a mudança na relação pais e filhos , que
não deixa de ter seu lado positivo, é que atualmente a criança recebe uma
quantidade de estímulos muito maior o que a torna mais articulada, com
maior facilidade de argumentar frente a uma contrariedade ou apenas
opinando sobre um assunto.
O que se observa segundo Zagury (2001), é que o relacionamento
entre pais e filhos ganhou mais autenticidade na medida que houve maior
aproximação através do diálogo, mas com isso outros problemas surgiram,
pois no afã de atender a todas as exigéncias da Psicologia e da Pedagogia,
os pais perderam o rumo de sua autoridade e da delimitação de limites para
seus filhos.
... ao ouvir falar em limites, muita gente interpreta como uma
licença para exercer uma postura autoritária, de controle total ou
até de violência ... Realmente é difícil saber quando acaba a
autoridade e quando começa o autoritarismo. (ZAGURY, 2001,
p.31)
Para contornar esta situação atual os pais deverão reassumir sua
autoridade e responsabilidade da educação de seus filhos, visto que
apresentá-los aos limites é prepará-los para a vida onde nem sempre eles
poderão Ter ou fazer tudo o que querem. E para isso não será necessário
ser autoritário nem ao menos antidemocrático, apenas dosar afeto com
firmeza, justiça e segurança em suas ações.
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2 . A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES NA EDUCAÇÃO
FAMILIAR
Atualmente vemos cada vez mais os pais inseguros na sua tarefa de
educar, sem saber que caminhos tomar e como agir frente a inúmeras
situações. Hoje ele não age de acordo com suas convicções, diante de
tantas orientações psicológicas, quase sempre contraditórias entre si, as
dúvidas parecem aumentar cada vez mais.
Imobilizados pela insegurança na tomada de decisões, os pais se
omitem na tarefa de educar e por ser menos trabalhoso optam em dizer o
“SIM” em qualquer situação para seus filhos.
Parece-me claro que esta insegurança dos pais na relação
com os filhos tem trazido problemas para todos: para os filhos,
porque não percebem segurança naqueles dos quais dependem; e
para os pais, por conduzirem-se à escravidão auto-imposta que
torna difícil o cotidiano e a convivência com os “senhores” criados
por sua própria fraqueza. (BENCHAYA, 2001, p.145)
Toda essa situação vivida em casa acaba emergindo na escola que é
o convívio social mais próximo após a família. Na escola é facilmente
detectado a relação familiar, onde a criança reflete suas experiências de
casa, já que age em sua fase inicial na maioria das vezes por imitação.
2.1. Falta de limites Resultantes do Relacionamento Pais x
Filhos
Na educação de seus filhos os pais devem saber atuar quando estes
rompem os limites, sempre explicando o porquê da punição. As crianças
precisam de regras para aprender a conviver em sociedade tendo noção
que suas ações geram conseqüências. Ameaças, punições e castigos
podem ser deseducadores a partir do momento que não tenham, lógica,
coerência ou significado para a criança. (VERGÉS, 2004)
18
Segundo Cury (2003) jamais se deve punir quando estiver irado, a
punição física deve sempre ser evitada mas quando acontecer, de forma
simbólica, deverá ser seguida de explicação. A melhor forma é fazer a
criança repensar suas atitudes, colocando-se no lugar dos outros, fazendo-a
praticar a arte de pensar, negociando até mesmo a punição para a atitude
tomada. “A pior maneira de preparar os jornais para a vida é colocá-los
numa estufa e impedi-los de errar e sofrer.” (CURY, 2003, p.92)
Com tanta insegurança e indefinição quanto a melhor maneira de
educar os filhos, para Rego (1996) existem três tipos de pais: autoritários,
permissivos e democráticos.
Os pais autoritários são pouco afetuosos e comunicativos, bastante
rígidos, controladores e exigentes, com padrões rigorosos de conduta. Para
eles os filhos devem obedecer às normas preestabelecidas, mesmo que não
as compreendam,
e quando transgridem, são ameaçados e recebem
castigos físicos, com isso as crianças costumam ser obedientes,
organizadas, mas também tímidas, com pouca autonomia e baixa autoestima.
Pais permissivos são aqueles que valorizam o diálogo, o afeto,
interessando-se muito pela opinião da criança, mas como tem grande
dificuldade em exercer qualquer controle sobre ela, cedem a todos os seus
caprichos, ou seja, não estabelecem limites e não costumam exigir
responsabilidades dos filhos. Com isso as crianças, embora alegres e
dispostas, são em geral impulsivas e imaturas, não conseguindo assumir
obrigações.
Já os pais democráticos sãos mais equilibrados, demonstrando alto
nível de comunicação e afeto, o que estimula os filhos a dar opiniões.
Apesar de flexíveis, conseguem fixar limites e regras de forma clara, o que
contribui para seus filhos terem maior auto-controle, auto-estima, iniciativa e
sociabilidade.
19
Todas essas características podem ser agravadas pela omissão dos
pais, surgindo mais um tipo de pais, ou seja, os pais omissos. Esse tipo de
pai aparece em distintas classes sociais, se por um lado fala-se tanto das
crianças que tudo recebem e que são criadas pelas babás, tornando-se um
“reizinho”, por outro lado tem as crianças que nada possuem, que lutam com
todos os tipos de dificuldades e que crescem sem receber um olhar
carinhoso e sem até mesmo ter um referencial da pessoa responsável pela
sua educação a qual lhes passem os valores da vida. Estas crianças são
as que chegam nas escolas públicas e não conseguem se adaptar, pois lhes
faltam modelos e com isso a indisciplina. Segundo Zagury (2001, p. 163)
“Ninguém pode dar o que não tem ...”.
Muitas vezes os pais pensando que estão protegendo o seu filho,
evitando frustrações à medida que ele não se depara com o “NÃO”, está
deixando seu filho cada vez mais vulnerável para a vida em sociedade, onde
nem sempre ele poderá fazer o que quer e nem sempre terá seus pais por
perto para protegê-los. A vida é feita de tentativas, erros e acertos, somente
assim haverá o aprendizado e se a criança age errado e recebe aplausos
esta atitude será reforçada e repetida como certa. “A força dos pais está em
transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, adequado ou
não, entre o que é essencial e supérfluo, e assim por diante.” (TIBA, 1996,
p.16)
Educar dá trabalho, esta tarefa é árdua, exige compromisso e
disposição dos pais, porém os resultados são compensadores. Não adianta
os pais estabelecerem regras que não serão cumpridas, que ele esquecerá
ou que até mesmo será o primeiro a não seguir. Para isso os pais devem
acompanhar de perto se o combinado está sendo levado em consideração.
E por mais contraditório que isto possa parecer , os filhos interpretam isso
como uma forma de atenção recebida dos pais.
Provavelmente os pais que agem assim, agem na melhor das
intenções, interpretando suas ações como ato de muito amor. Porém,
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segundo Zagury (2001) uma criança criada sem limite acha que o mundo é
seu escravo, que existe para atender suas vontades, tornando-se um tirano,
um verdadeiro “Reizinho Mandão”.
Para o que for positivo é muito bom que seja destacado
como
aprovação para a criança de seu desempenho, mas o que for uma atitude
errada tem que haver a reprovação para não estimular as atitudes negativas,
porém deve-se
recriminar a ação e não a pessoa evitando definir como
característica pessoal.
Pais que só dizem “SIM”, superprotegem não desenvolvendo o senso
de responsabilidade , levando a criança a uma visão distorcida do mundo.
Desta forma pais e filhos sempre confundem o que é desejo e necessidade.
Necessidade é algo inevitável, algo que, se não atendido, pode
levar o indivíduo a ter problemas sérios no seu desenvolvimento,
seja físico, intelectual ou emocional. Desejo é a vontade de
possuir algo, de realizar algo, que pode ou não ser importante
para o desenvolvimento.
Está mais vinculado ao prazer.
(ZAGURY, 2001, p.87)
Para ficar mais fácil, segundo Zagury (1991, p.92) os pais devem
sempre pensar
Se atender a um desejo irá favorecer o bom desenvolvimento da
criança, a aceitação de seus limites, o respeito pelo outro e pela
sociedade como um todo.
Estes são ótimos critérios para
definirmos o que “pode” e o que “não pode “, o que é desejo e o
que é necessidade.
A criança precisa de amor, de afeto e de atenção, mas isso não
significa atender a todas as suas vontades. Se antes os pais eram distantes
e autoritários não permitindo a aproximação dos filhos numa atitude dita
como de respeito, hoje esse distanciamento às vezes permanece justificada
pela ausência de tempo em decorrência do trabalho. Portanto os filhos
sedentos de troca de afeto e experiências espera pela chegada dos pais em
casa e quando estes chegam ficam na correria das tarefas domésticas ou se
prendem a uma televisão ou jornal.
Neste momento se deixa a criança
21
fazer tudo o que quer, sem interagir para não incomodar ou para agradar o
filho substituindo a culpa pela sua ausência de um dia.
Os filhos sentem-se amados pelo interesse que os pais
demonstram mesmo não estando com eles o dia inteiro. E
seguros quando os pais tomam atitudes repreensivas ou
aprovativas, porque nelas encontram referências. (TIBA, 1996,
p.81)
Quando uma criança requer a atenção dos pais, ela pede
companheirismo, quer reafirmar que é amada. A medida que os pais sabem
dispor de seu tempo para dar atenção a seus filhos isto desenvolverá na
criança segurança que lhe fará compreender com naturalidade os momentos
de ausência dos pais. Como diz Tiba (1996, p.198) “O carinho faz a ordem
chegar ao coração.”
Uma situação que a criança percebe com facilidade e que a leva a
falta de limites, é quando os pais não estão de comum acordo quanto a
educação de seus filhos, isto faz com que tanto o pai quanto a mãe se
enfraqueçam diante das ordens dadas e não cumpridas, já que o filho
seguirá àquele que deu a ordem mais viável aos seus interesses.
Segundo Tiba (1996) uma criança deve respeitar os pais devido
serem seus provedores, além de terem mais experiência, e fisicamente por
serem maior e mais forte que ela, ou seja, até que se torne adulta a última
palavra será a dos pais. Provavelmente “a lei do mais forte” com o passar
do tempo poderá se alterar, onde o filho chegue a ser fisicamente mais forte
que o pai, mas neste momento o respeito prevalecerá.
De acordo com Zagury (2001, p.115 )
Se queremos que nossos filhos nos respeitem e respeitem o outro,
temos que começar, nós próprios, respeitando-os, porque o
exemplo continua sendo a melhor maneira de educar. Se nós
formos desregrados, sem limites e indisciplinados, como
poderemos querer que nossos filhos sejam diferentes?
22
Por isso é tão importante os pais observarem também suas atitudes,
visto que as crianças os terão como modelo, e o exemplo fala mais alto que
as palavras.
2.2. Outros Fatores Que Levam À Indisciplina
Muitas vezes determinados comportamentos de uma criança são
considerados como atos de indisciplina, porém outros fatores contribuem
para estas atitudes independente de uma educação pautada nos limites.
Nestas situações geralmente as crianças podem ter algum distúrbio
de várias ordens como: psiquiátrico; neurológico; mental; de personalidade;
neurótico etc. Uma criança que passa por esses distúrbios não dependerá
somente da ação dos pais na educação com limites, mas também de um
tratamento adequado com profissional especializado. Suas reações são
incontroláveis devido sua agitação psicomotora, transformando totalmente a
pessoa podendo chegar às agressões físicas
Na presença de distúrbios psiquiátricos, os comportamentos
provêm de um a psicose (maníaco-depressiva, esquizofrenia ...) e
independem do meio. O psicótico elabora qualquer estímulo
recebido conforme sua patologia e reage de maneira inadequada.
(TIBA, 1996, p. 138)
Uma criança com este distúrbio pode apresentar ansiedade, reações
fóbicas, compulsão e obsessões, afastamento, esquizofrenia, autismo,
regressão, comportamento primitivo, divagação e fantasia, e agressão.
Dentre os distúrbios neurológicos estão a Epilepsia que cacteriza-se
por estados ou acessos convulsivos que tendem a ser episóticos e
recorrentes, devido a um transtorno funcional num grupo de células
nervosas do cérebro. Crianças com essas disfunções e a DCM (disfunção
cerebral mínima) são agitadas, apressadas, briguentas , inquietas,
inteligentes (terminando as tarefas antes dos outros), e às vezes possuem
sono agitado.
23
Um dos distúrbios psiconeurológicos, muito utilizado atualmente para
justificar toda espécie de falta de limite apresentada por uma criança, é o
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), uma disfunção
neurológica caracterizada através da imaturidade do comportamento
neurológico, fisiológico, perceptual e motor, através de agitação extrema,
impulsividade, dispersão e incapacidade de fixar a atenção na execução de
um determinado objetivo (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1994).
Os portadores de deficiência mental apresentam menor
capacidade de entender as regras e de suportar frustrações, além
de controlar menos as reações primitivas da agressividade e da
impulsividade ... Broncas, castigos ou expectativas excessivas só
servem para deixá-los tensos ... deve-se levar em consideração o
fato de que a maioria deles é bastante dócil. (TIBA, 1996, p. 139)
Quanto ao distúrbio de personalidade, a disfunção mais grave é a
personalidade psicopática onde a pessoa não respeita o outro nem as regras
sociais, buscando somente a satisfação de seus desejos, sem estabelecer
critérios de valores, podendo mentir e roubar, tornando-se um delinqüente
grave.
Já uma pessoa que possua distúrbios neuróticos projeta seu
problemático mundo interior sobre o outro, sem que este o saiba, sendo
estas reações provenientes de traumas pessoais.
Somado a todos esses distúrbios encontra-se também as etapas do
desenvolvimento, ou seja, a entrada na adolescência que acarretam várias
oscilações emocionais e físicas no indivíduo, devido a modificações
hormonais e psicossociais.
Segundo Tiba (1996) as etapas se dividem em: Confusão Pubertária
(amadurecimento do organismo e surgimento do pensamento abstrato);
Onipotência Pubertária (mais evidente nos rapazes que passam a ser mais
contestadores devido a maior presença de testosterona; já as moças
sentem-se rejeitadas: grande valor à amizade); Estirão (ganho de altura e
peso; observa-se timidez); Menarca (primeira menstruação nas meninas);
24
Mutação (mudança de voz nos menino); Onipotência Juvenil (arrogância e
impulsividade; ao final chaga-se ao amdurecimento psicológico).
Todas essas alterações observadas na adolescência podem ser
superadas, de forma que não atinjam a noção de limites na educação, se os
pais tiverem sensibilidade a essas reações, procurando se aproximar cada
vez mais de seu filho através do diálogo.
Segundo Zagury (2001) uma criança que não aprende a ter limites
cresce com a falta de percepção do outro o que a leva a exarcebar o seu
egocentrismo. Dentre as conseqüências estão: desinteresse pelos estudos;
falta de concentração; pouca resistência às dificuldades; falta de
persistência; desrespeito pelo outro.
Com freqüência essas crianças são confundidas com as que têm a
síndrome da hiperatividade verdadeira, porque, de fato, iniciam um
processo que pode assemelhar-se a esse distúrbio neurológico.
Na verdade, tudo na atitude da criança pode levar a esse
diagnóstico, muito embora, no caso em questão, seja muito mais
provável tratar-se da hiperatividade situacional. Quer dizer, de
tanto poder fazer tudo, de tanto ampliar seu espaço e sem
aprender a reconhecer o outro como um ser humano com
necessidades e direitos tal como ela, essa criança tende a
desenvolver características de irritabilidade,
instabilidade
emocional, redução da capacidade de concentração e atenção,
derivadas, como vimos, da falta de limite, da incapacidade
crescente de tolerar frustrações e contrariedades. (ZAGURY,
2001, p.43)
Portanto se nenhuma disfunção física ou psicológica for detectada,
por profissional habilitado, cabe aos pais revisar suas atitudes para
encontrar por onde se perdeu sua autoridade como educadores
2.3. Algumas Dicas Para Não Se Perder Na Educação Dos
Filhos
De acordo com Zagury (2001), dar limites é: ensinar que os direitos
são iguais para todos; ensinar que existe outras pessoas no mundo fazendo
a criança entender que seu direito acaba quando começa o do outro; dizer
“SIM” quando possível e “NÃO” quando necessário; só dizer “NÃO” quando
25
houver um motivo concreto; mostrar que nem tudo pode ser feito; fazer a
criança ver o mundo numa postura social e não individual; ensinar a tolerar
frustrações; desenvolver a capacidade de adiar satisfação; ensinar seu filho
a lidar com a contrariedade; saber discernir o que é necessidade e desejo;
compreender que direito à privacidade não significa falta de cuidado; ensinar
que cada direito corresponde a um dever; dar o exemplo.
Por outro lado Zagury (2001) também diz que dar limite não é: bater
nos filhos (o que Tiba e Cury admitem como último recurso, de forma
moderada e seguida de explicação); fazer somente o que os pais querem;
ser autoritário; deixar de explicar os “porquê”; gritar para ser atendido; deixar
de atender as necessidades reais; invadir a privacidade; provocar traumas
emocionais decorrentes da conjunção de falta de amor, injustiça e
humilhações.
Sempre que se fala em violência física, pensa-se em grandes surras,
mas tudo pode começar de uma leve palmadinha. Porém este ato de
covardia só faz a criança recuar por medo, impedindo-a de refletir sobre os
seus erros o que a levará a considerar a agressividade como algo normal em
substituição ao diálogo. “Mas a verdadeira aprendizagem só ocorre quando
a criança compreende por que errou e, especialmente, quando sente que
pode refazer o caminho e acertar.” (ZAGURY, 2001, p. 66)
O que não se deve perder de vista é que a criança está sendo
educada para viver em sociedade e não somente entre os pais, portanto
algumas regras se fazem necessárias para o êxito na tarefa de educar os
filhos, como: Fazer a criança assumir as conseqüência de seus atos,
premiando as atitudes positivas com carinho, atenção ou estímulo, refletindo
sobre os erros, não esquecendo que todo estímulo como o castigo deve ser
proporcional ao ato; Cumprir e fazer cumprir as regras de forma clara e
firme, desta forma a criança estará aprendendo sobre responsabilidade; Ter
sempre em mente que coerência, segurança, justiça e igualdade são
imprescindíveis ao estabelecer limites aos filhos, não transferindo às vezes
26
os problemas do dia-a-dia nas pessoas erradas; Ter cuidado com o que
você diz e como diz, tratando sempre do assunto atual, não se prendendo a
atitudes passadas: Definir normas passíveis de serem cumpridas e válidas
para todos os filhos, quando houver, de acordo com as possibilidades da
idade; Valorizar sempre o diálogo como a melhor maneira de se resolver os
conflitos.
A sua segurança como pai está baseada e fundamentada
na justeza dos critérios com que julgou e tomou sua decisão.
Portanto, não tenha medo de choro ou de cara feia. Baseie
sempre suas resoluções em reflexões adultas e equilibradas. Só
assim você se sentirá seguro. (ZAGURY, 2001, p.93)
Com determinação os pais conseguirão obter respostas positivas
nesta árdua tarefa de educar, e seguindo estas orientações provavelmente
sua autoridade não estará abalada ao disciplinar. Ao agir com discernimento
eles encontrarão o equilíbrio necessário em suas ações, não esquecendo
nunca que serão o espelho para seus filhos. Segundo Zagury (2001) o mais
importante é que os pais eduquem atendendo aos principais direitos de seus
filhos que são: o amor, a segurança, o respeito, a igualdade de tratamento, a
justiça e a disponibilidade de tempo dos pais.
27
3. ESCOLA E INDISCIPLINA, O QUE FAZER?
Objeto de preocupação da maioria dos professores, a indisciplina é
apontada como a maior responsável pelo fracasso escolar e com isso vem a
afirmação que este fato é decorrente da falta de limites na educação familiar.
Indicar o problema e passar a responsabilidade para alguém é algo fácil e
cômodo, o maior problema está em encontrar a solução para a questão
apresentada.
O comportamento aprendido no meio familiar certamente irá refletir no
âmbito escolar , a maneira que a criança aprendeu a lidar com os limites irá
influenciar na sua capacidade de se adaptar, fazer amigos e aprender na
escola. (VERGÉS, 2004)
Muitas coisas mudaram, muitas até tendo o seu lado positivo como a
capacidade de argumentar dos alunos, porém a ausência da família na
orientação
disciplinar
acabou
transferindo
para
a
escola
esta
responsabilidade que não cabe somente a ela. Como diz Tiba (1996, p. 18)
“Filhos precisam de pais para ser educados; alunos, de professores para ser
ensinados.”
3.1. O Aluno
As dificuldades encontradas no meio escolar , que demonstram falta
de limites, são inúmeras: brigas, desrespeito ao próximo, tumulto em sala
de aula, agressividade ao falar, egoísmo, dentre outras. Isto não significa
que uma aluno para ser disciplinado tenha que ser passivo e não questionar
frente aos conflitos, porém um mínimo de ordem se faz necessário para se
alcançar um objetivo. Segundo Vergés (2004, p.47) “... aquele aluno que
não tem limites, não respeita a opinião e os sentimentos pode ser
considerado indisciplinado.”
28
Por outro lado muitos outros fatores, além dos familiares, podem levar
esta criança a apresentar problemas disciplinares na escola. Além dos
problemas físicos ou psicológicos, como já citados, outro fatores mais
específicos do ambiente escolar também podem interferir nesta situação.
Muitas vezes os problemas disciplinares apresentados pelas crianças
nas fases iniciais são provenientes de distúrbios psiconeurológicos. Mais
facilmente observados em sala de aula, que levam as crianças a ficarem
desinteressadas pelo que acontece nas aulas levando a indisciplina e
conseqüentemente fracasso escolar.
Dentre os distúrbios psiconeurológicos mais observados em sala de
aula estão
a: Agnosia – Incapacidade de interpretar o significado das
sensações recebidas pelo sistema nervoso;
sistema
Apraxia – Perturbações no
expressivo; Discalculia – Incapacidade de elaborar cálculos;
Disgrafia – Deficiência na escrita em função de distúrbios de coordenação;
Dislexia
–
Troca,
omissões
ou
inversões
de
letras; Dispraxia
–
Incoordenação em atividades motoras. (SILVA, 1997)
A Hiperatividade ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) também
incluída entre os distúrbios psiconeurológicos, é um
problema que pode ser mais facilmente detectado em família, e que
influencia também na escola, porém como já foi comentado anteriormente,
necessita-se de uma análise por profissional habilitado para não se rotular
qualquer problema apresentado como TDAH,
achando com isso uma
justificativa mais cômoda para as dificuldades apresentadas.
Uma criança superdotada também poderá apresentar problemas
disciplinares na escola, visto que ela poderá não estar sendo atendida de
acordo com suas necessidades, ou seja, seu campo de interesse está além
do que lhe oferecem em sala de aula prejudicando seu potencial.
Atualmente outro fator se encontra cada vez mais nas escolas, em
qualquer nível social: o usuário de drogas (lícitas ou ilícitas). Nesta situação
29
professores e orientadores devem levar o problema à família, e acompanhar
se esta procurou o devido tratamento.
Seja professor, seja aluno, quem não estiver em condições de
permanecer na aula não pode participar dela ... A simples retirada
do estudante da classe não resolve o problema. Mas o professor
pode (e deve!) encaminhar esse aluno aos seus orientadores.
(TIBA, 1996, p. 148)
3.2. A Escola
É certo que a disciplina e a noção de limites são necessárias para que
a aprendizagem possa fluir, porém nem sempre os problemas apresentados
em sala de aula são de responsabilidade somente do aluno, ou da família
destes, muitas vezes o problema se encontra na própria estrutura escolar.
Para Tiba (1996) estudar é importante porque quanto mais informação
se recebe mais a memória enriquece, possibilitando o aperfeiçoamento do
raciocínio. Para ele os jovens devem ser estimulados a valorizar o estudo,
pois atualmente rico é aquele que adquire conhecimentos e sabe usá-los, e
esta riqueza ninguém consegue tirar deles.
Porém um ensino que se baseia na decoreba, na reprodução de
idéias, em conteúdos distantes da realidade dos alunos, e na passividade,
ou seja, uma educação arcaica não combina com a realidade atual onde a
criança recebe estímulos variáveis como forma de obter conhecimento. Se a
escola não a atrai, se não consegue prender sua atenção (que já é difícil
pelo tanto de energia que possuem próprio da idade), conseqüentemente
sua atitude ser vista como indisciplinada. Segundo Tiba (1996, p.123)
“Aulas ínsípidas, com o arcaico método pelo qual “um fala enquanto o outro
escuta”, rivalizam com ofertas muito prazerosas da sociedade. Rivalizam e
são derrotadas.”
Muitos temem mudar sua ação pedagógica com medo que se perca o
rumo da turma, porém democracia não significa fazer tudo o que quer, uma
aula com objetivo democrático é aquela que privilegie o diálogo e a
30
participação do aluno. E o que é diálogo? Segundo Freire (1979, p.68)
diálogo “É uma relação horizontal de A com B ... Nutre-se de amor, de
humanidade, de esperança, de fé, de confiança.”
Não se pode esquecer também que as condições ambientais podem
interferir também no comportamento dos alunos em sala de aula, onde até
mesmo os professores terão a qualidade de seu trabalho prejudicado
refletindo diretamente no aluno, fato esse muito observado em nossas
escolas públicas contribuindo ainda mais com fatores de diversas ordens
que lá se encontram repercutindo no fracasso escolar.
O ambiente também interfere na disciplina.
Classes muito
barulhentas, nas quais ninguém ouve ninguém; salas muito
quentes, escuras, alagadas ou sem condições de acomodar todos
os estudantes são locais pouco prováveis de conseguir uma boa
disciplina. (TIBA, 1996, p.120)
Além das condições ambientais citadas acima, que só contribuem
para dispersar e irritar qualquer pessoa que precisa do mínimo de
concentração para refletir, encontra-se também nas escolas públicas a fome,
onde muitas crianças chegam para estudar sem ter se alimentado durante o
dia.
Nesta situação, mesmo tendo a sorte de possuir uma família
estruturada de onde recebeu as mínimas noções de limites, a fome fala mais
alto e com isto a atenção dá espaço para a indisciplina como forma de
reivindicação inconsciente de seu direito básico.
O perfil de bom aluno é traçado com base em padrões de conduta
que a criança pobre dificilmente tem condições de apresentar na
situação escolar, embora sejam necessários ao comprimento dos
objetivos da aprendizagem. Reconhecer as desvantagens dessa
criança ... constitui dar um passo na direção de um tipo de
trabalho a ser realizado com ela, tendo em vista prepará-la para
ser melhor sucedida na escola. (MELLO, 1988, p.89)
O que se costuma observar é que quanto maior a confiança
desenvolvida entre professor e aluno, maior será a sua aceitação quanto as
intervenções dos professores nos casos disciplinares, comprovando assim o
valor da afetividade nas relações humanas. A partir do momento que o
professor assume uma atitude acolhedora frente aos alunos iniciando seu
31
trabalho com boas expectativas em relação à turma e isentando-se de
comentários anteriores, além de respeitar o aluno sem intenção de moldá-lo,
sua perspectiva de aceitação pela turma é crescente diminuindo os casos de
indisciplina.
Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o
egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não
pode educar. Não há educação imposta, como não há amor
imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o
respeita. (FREIRE, 1979, p.29)
Muitas vezes, mesmo não sendo coerente, a maior parte do ideal
pedagógico, do compromisso político e da sensibilidade do professor se
perde mediante sua caminhada, onde se depara com salários baixos; falta
de recursos físicos básicos nas escolas; grande jornada de trabalho;
desvalorização da carreira do magistério, dentre outro fatores. Somado a
isso às vezes acontece de ter sua atitude frente a casos indisciplinares ser
reprovada por pais com o aval da direção da escola, em prol de atender a
clientela, o que se faz desmoralizar a autoridade do professor dificultando
seu trabalho em sala de aula .
De acordo com a Revista Nova Escola (Fev/2002, p.17) um professor
autoritário é aquele que exige silêncio para ser ouvido; pede tarefas
descontextualizadas; ameaça e pune; quer que a classe aprenda do jeito
que ele sabe ensinar; não tem certeza da importância do que está
ensinando; quer apenas passar conteúdos; vê o aluno como um a mais.
Em contrapartida um professor com autoridade é o que conquista a
participação com atividades pertinentes; mostra os objetivos dos exercícios
sugeridos; escuta e dialoga ; procura adequar os métodos às necessidades
da turma; valoriza o conteúdo de sua disciplina na construção do
conhecimento; adapta dos conteúdos aos objetivos da educação e à
realidade do aluno; vê o aluno como um ser humano.
Segundo Werneck (1998) uma escola para ser transformadora da
sociedade deve começar modificando seus currículos e programas,
reenfocando seus objetivos. Desta forma os alunos estarão se aproximando
32
mais da escola à medida que seu aprendizado seja contextualizado e
voltado para a ação.
Quando o professor prepara com cuidado o modo de transmitir os
conteúdos, o aluno pode aprender por prazer ... o professor deve
ter muita criatividade para tornar sua aula apetitosa. Os temperos
fundamentais são: alegria, bom humor, respeito humano e
disciplina. (TIBA, 1996, p.124)
Esta nova postura do profissional da educação, trazendo mais
dinamismo e atualidades para seu fazer pedagógico permitirá melhor
aproveitamento do seu trabalho despertando maior interesse dos alunos o
que resultará em menores problemas disciplinares, pelo menos no que se
refere a competência escolar. Para Freire (1979, p.32) “A educação deve
ser desinibidora e não restritiva. É necessário darmos oportunidade para
que os educandos sejam eles mesmos.”
Para que aja participação há a necessidade do diálogo, de ação, de
tentativas e erros, aproveitando assim toda a energia própria da idade das
crianças em fase escolar. Desta forma a escola estará contribuindo na
formação de adultos seguros e cientes de seu papel social. Segundo Cury
(2003) “A exposição interrogada transforma a informação em conhecimento,
e o conhecimento, em experiência.
O melhor professor não é o mais
eloqüente, mas o que mais instiga e estimula a inteligência.”
A escola não é um lugar somente para os bons alunos, os
indisciplinados, os inteligentes e os belos, mas também para os rebeldes e
esses também precisam ser acolhidos não transferindo simplesmente toda a
culpa para a família. Segundo Werneck (1998, p.78) “A função da escola é
acolher o estudante e desenvolver estruturas motivadoras da permanência
dele na escola.”
O professor ao ditar regras não estará impedindo a criação, a
construção do conhecimento, somente estará buscando meios para se
alcançar o objetivo do aprendizado, isto será facilitado ao se aliar
33
competência técnica com afetividade. Segundo Tiba (1996, p.126) “Pessoas
livres aprendem mais e melhor.”
A questão da falta de limites pode ser trabalhada através de ações
simples como o incentivo às atividades lúdicas e esportivas. As
brincadeiras na sala de aula, que contêm regras e precisam de
disciplina para ser concluídas, assim como a participação do
aluno em algum tipo de esporte, auxiliam-no em seu processo de
percepção de limites. (BERTO, 2003, p.56)
Aliada aos esforços da escola, em adaptar seu fazer pedagógico ao
momento histórico-social voltando-se mais para os interesses dos alunos e
suas características atuais, deve estar a participação da familiar
acompanhando a vida escolar de seus filhos. Através de reuniões, palestras
e leitura de textos que tratem do tema disciplina e limites, a escola pode aos
poucos se aproximar dos pais unindo forças na superação do problema, mas
nunca esquecendo que sua responsabilidade principal é com o aprendizado
do aluno. Como diz Cury (2003, p. 73) “ Ser um mestre inesquecível é
formar seres humanos que farão diferença no mundo.”
34
4. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE UMA EDUCAÇÃO
COM LIMITES
Uma criança ao nascer traz várias expectativas com ela, ao pais
quase sempre imaginam um futuro para este filho e inúmeras atitudes que
terão que tomar para que se atinja estes objetivos. Cercados de incertezas
e inseguranças vão tateando no ato de educar na intenção de alcançar o
melhor para seu filho.
Quando alguém nasce, isto acontece em uma sociedade
organizada. Esta sociedade é sempre o resultado de milênios de
aprendizagem coletiva. Então, de repente, todo o aprendizado
que a humanidade fez ao longo de seu processo histórico, o novo
ser deverá fazê-lo em poucos anos ... E, desde o princípio do
processo educacional, ele estará tentando impor e afirmar a sua
individualidade. Daí advém um choque: pressão da parte da
sociedade e resistência da parte do indivíduo. (TELES, 1975,
p.13)
Desta forma, o contato com o outro será primordial para o seu
desenvolvimento, influindo inclusive na sua capacidade de amar, refletir,
criticar, compreender e colocar-se no lugar do outro, desenvolvendo assim
sua autoconsciência.
O indivíduo com maior consciência de si, de suas capacidades e
limitações, de suas angústias e fraquezas, de suas inseguranças,
seus medos e solidão (e, também, de sua grandeza); aquele que
compreende o quanto é único e separado, mais se torna capaz de
ir ao encontro do Outro, de compreendê-lo e amá-lo, pois o vê
como a própria extensão de si mesmo. (TELES, 1975, p.16)
Numa sociedade cada vez mais competitiva, onde as oportunidades
aparecem para poucos desembocando numa crescente violência que reflete
no relacionamento familiar e conseqüentemente na escola tornando-se um
ciclo vicioso, torna-se urgente a necessidade de uma educação que valoriza
o indivíduo, o respeito ao próximo e a ética, pois como diz Tiba (1996, p.182)
“... o ser humano é essencialmente relacional.”
4.1. A Contribuição Familiar
35
A sociedade praticamente não ensina, somente sinaliza as regras
a serem obedecidas na esperança de que cada cidadão tenha
preparo suficiente (familiar e escolar) para viver de acordo com
elas. Suas leis estão escritas e as contravenções são punidas
sem as atenuantes escolares e o afetivo clima familiar. (TIBA,
1996, p.178)
Portanto o que geralmente se observa é que os pais esquecem que
seus filhos viverão em sociedade, onde não terão sempre a presença dos
pais para atenderem as suas vontades. Com uma visão excessivamente
psicologizada os pais cada vez mais se omitem da imposição de limites,
receando os traumas acaba desenvolvendo na criança o egoísmo. Como
diz Tiba (1996, p.198) “Para uma boa convivência social ou familiar, deve
haver uma adequação entre atos e desejos. Como vivemos com outras
pessoas, não podemos fazer tudo o que temos vontade. É preciso respeitar
o outro.”
Quando se faz necessária a punição por algum ato da criança, nestes
momentos os pais devem explicar o porquê daquele limite permitindo ao filho
desenvolver a sensibilidade de reconhecer a diferença entre necessidades e
vontades. A partir destas situações, que devem sempre envolver respeito e
afeto, as crianças aprendem a respeitar os sentimentos, as diferenças e a
opinião de outras pessoas que conviverão em sociedade, assumindo a
responsabilidade por suas atitudes.
Os limites fazem parte da formação da criança não só em termos
de quais seriam os comportamentos apropriados ou não em uma
situação, mas também em relação aos valores que, futuramente,
vão nortear suas decisões sobre o que é certo ou errado.
(VERGÈS, 2004, p.13)
Como poderá ser exigido que se alcance uma sociedade justa se a
educação estiver voltada para
o individualismo?
Uma educação que
estimula o filho a não ficar para trás, a não perder, a ser sempre o primeiro e
a não experimentar frustrações, acarretará numa sociedade altamente
competitiva, sem espaço para os valores éticos, perpetuando as
discrepâncias sociais. A intenção de tornar o filho uma pessoa forte e
decidida pode levar a um adulto despreparado para um real (saudável)
36
convívio social, como diz Cury (2003, p.92) “... não é possível ser forte sem
perceber nossas limitações.”
Na vida nem sempre se ganha, os erros e acertos contribuirão para o
aprendizado da criança, preparando-a para a vida onde deverá caminhar
com os próprios pés.
Cury (2003, p. 98) diz que “... a frustração é
importante para o processo de formação da personalidade. Quem não
aprende a lidar com perdas e frustrações nunca irá amadurecer.”
Uma criança acostumada a ouvir somente o “Sim” dos pais, não se
deparando com as conseqüência de suas ações corre o risco de se tornar
um tirano sendo até mesmo cruel com o seu próximo para alcançar o seu
objeto de desejo. Segundo Tiba (1996, p. 50) “Os delinqüentes sociais nada
mais são que os folgados familiares que transformaram o abuso entre as
paredes do lar em abuso externo.”
Ter direito a liberdade não significa desconhecer os limites de sua
ação.
Para Tiba (1996)
só se alcança a liberdade quando se tem
responsabilidade, com isso comprova-se que pode haver disciplina com
liberdade. A razão só se desenvolve na criança quando ela começa a lidar
com os limites, preparando-a para viver socialmente, e esse primeiro contato
inicia-se na própria família.
Afinal, vivemos num mundo regulamentado (felizmente, aliás ...) e
quem não segue as leis pode sofrer sanções. Quem não percebe
essa realidade simples pode acabar muito mal na vida –
emocionalmente, profissionalmente-, em tudo. Cabe aos pais ir,
pouco a pouco, levando esses conhecimentos aos filhos. Aos pais
em primeiríssimo lugar, porque é sua responsabilidade – e
responsabilidade não se delega ... (ZAGURY, 2001, p.36)
Desta forma por maior que seja a correria e dificuldades da vida
moderna, os pais não podem esquecer de preparar seus filhos para a vida,
pois quando eles nascem não possuem a noção de valores, cabe aos pais a
formação ética de seus filhos preparando-os
para uma socialização
37
saudável. Como diz Zagury (2001, p. 43) “A criança que não aprende a ter
limites cresce com uma deformação na percepção do outro. Só ela importa,
o seu querer, o seu bem-estar, o seu prazer.”
Nos primeiros anos de vida este egocentrismo é natural, mas aos
poucos deve diminuir através da socialização e orientação recebidas
gradativamente com o avanço da idade, preparando-as para exercer o seu
papel de cidadão na sociedade.
De acordo com Zagury (2001, p. 48) educar
É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma
para nos levar a ter filhos cidadãos, responsáveis e conscientes de
seus direitos e deveres, em vez de criaturas egocêntricas, antisociais, hedonistas ao extremo, sem capacidade de luta, sem
tolerância à frustração e, em conseqüência, sem capacidade de
adiar satisfação.
Não se pode negar a variação de comportamento que existe em cada
fase da criança, e isso a psicologia do desenvolvimento ajuda pais e
professores a saberem lidar com cada tipo de reação permitindo o
crescimento saudável da criança, proporcionando o seu amadurecimento
tanto físico como psicológico, sempre enfocando o seu papel social,
contribuindo assim para a formação de cidadãos cientes de seus direitos e
deveres.
4.2. Contribuição da Escola
Na atualidade onde todos vivem correndo para conseguir sua
subsistência, grande parte das crianças possuem maior oportunidade de
convívio social, com trocas de experiências, no espaço escolar.
Isto
conseqüentemente já traz uma seqüela para a criança se não afetiva, pelo
menos a título de exemplos que irão refletir na sua vida social. Desta forma
uma maneira de se amenizar essas conseqüências sociais, é a escola estar
ciente de seu papel formador de cidadãos atuantes na sociedade.
38
Há uma indiscutível necessidade de se pensar na organização
disciplinar das escolas, tendo em vista o cidadão que se pretende
formar, um educando que será o civil de amanhã e que precisa
conhecer, através de uma disciplina bem orientada, os seus
deveres e direitos de cidadão. Isto será uma condição para que
as novas gerações reflitam uma sociedade mais democrática,
fundada no estado de direito, e portanto, responsável pela sua
sobrevivência social e política. (WERNECK, 1998, p. 71)
Para isso, a escola tem que estar aberta para as mudanças, e a
escola como um todo, não com tentativas isoladas, mudanças estas que
iniciam-se nos currículos e programas que devem voltar-se mais para a
realidade do aluno, instrumentalizando-o para a vida. Outras atitudes, que
iniciarão os alunos na democracia, são as eleições para representantes de
turmas e participação em reuniões que contem com a presença de
professores, coordenadores e direção da escola oportunizando o diálogo
com todos os envolvidos no processo educativo.
Segundo Saviani (1986, p.82):
Não se trata de optar entre relações autoritárias ou democráticas
no interior da sala de aula mas de articular
o trabalho
desenvolvido nas escolas com o processo de democratização da
sociedade.
Não se pode acreditar que uma educação autoritária, e arbitrária,
possa preparar alguém para exercer seu papel social com segurança. Uma
criança que não aprende a dialogar, a trocar idéias e a ouvir opiniões
diversas a suas com possibilidade de argumentar, terá grande dificuldade de
fazer valer seus direitos e de expor seus pensamentos.
...existe Educação e ... educação ... existe uma educação que
“forma”, “molda”, “controla”, “ajusta”, “acomoda”, “prepara peças
para uma engrenagem” e outra que liberta, incita a auto-iniciativa,
o autocontrole, a auto-avaliação, abre os sentidos para a Vida,
para o Mundo, para o Outro e é calcada não no autoritarismo, mas
no respeito. (TELES, 1975, p.17)
Muitos dos professores que hoje atuam no magistério passaram por
uma educação autoritária e sabem como é doloroso romper essas barreiras.
Portanto um professor consciente não poderá repetir as atitudes de tempos
39
atrás que distanciavam cada vez mais professores e alunos, onde o aluno
era visto como depositário de informações.
O cuidado necessário à escola enquanto elemento inserido numa
sociedade e organizada de acordo com uma legislação
abrangente é o de conjugar um tipo de legitimidade do poder e
efetivamente exercê-lo, sem abolir as capacidades criadoras dos
alunos, nem orientá-los para tipos de legitimação inadequados.
(WERNECK, 1998, p. 108)
Uma escola que privilegie o diálogo, a criatividade e a liberdade, não
é sinônimo de uma escola sem limites onde os alunos fazem o que querem
sem saber onde chegar. Pelo contrário, esta escola ao possibilitar o diálogo
irá preparar o aluno ao respeito ao próximo, conseqüentemente à
responsabilidade de suas ações e felizmente a ser um cidadão apto a
contribuir para as melhorias sociais.
4.3. Reflexo Social
O homem é um animal relacional que precisará do outro para se
desenvolver, com isto a cada experiência algo lhe será acrescentado
positiva ou negativamente na sua intenção de alcançar o que almeja.
Porém muitos pais se omitem desta realidade, ao focarem somente o
imediato, onde as crianças ainda são pequenas e seu maior convívio é o
familiar, esquecem que um dia elas darão seus próprios passos num
caminho por ela escolhido.
Na intenção de proteger muitos pais não
preparam seus filhos para o convívio social, onde nem sempre tudo é a seu
favor.
Por outro lado encontra-se também aqueles que negligenciam o
convívio familiar, não permitindo a troca de experiências através do diálogo,
não havendo espaço também para o valor humano e a afetividade.
Conseqüentemente esses dois extremos irão refletir na ação da criança em
sociedade, sendo o primeiro reflexo a própria escola. Para Tiba (1996, p.
108)
“Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhe as vontades. Educar
40
é trabalhoso.
Trata-se de prepará-la para viver saudavelmente em
sociedade ...”
Uma sociedade para ser justa, precisa de pessoas educadas para
valorizar o humano, com ciência de seus direitos e deveres, com formação
ética e de valores, onde o respeito ao próximo seja imperativo.
Para viver em sociedade, o ser humano não necessita apenas de
inteligência.
Precisa viver segundo a ética, participando
ativamente das regras de convivência e encarando o egoísmo, por
exemplo, como uma deficiência funcional social. (TIBA, 1996, p.
111)
Todos esperam por esta nova sociedade, porém acham que isto vai
surgir pronto, esquecendo da sua pequena parcela de contribuição para esta
mudança. E a educação das crianças, é o mesmo que tratar das sementes,
pois elas serão os adultos que agirão nesta sociedade. Portanto jogar a
responsabilidade da educação ética na família ou na escola isoladamente
não resolverá o problema e ainda enfraquecerá a ação de ambas as partes,
o ideal seria a união de forças para o objetivo maior de formação de
cidadãos.
Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do
indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria
tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para
sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados
às instituições de ensino que freqüentam. (TIBA, 1996, p. 111)
Uma educação voltada para a liberdade, não significa uma educação
sem limites de fazer o que quer, mas sim que incentive o conflito e a
discussão,
possibilitando
a
formação
da
consciência
crítica
e
o
desenvolvimento do processo criativo, onde a liberdade resulte em
responsabilidade.
A educação sem limites no meio familiar ou escolar traz um prejuízo
social a nível macro, onde essas crianças egoístas serão as que futuramente
conduzirão a sociedade, e a nível individual, onde esta criança acostumada
41
a dominar tudo a favor de suas vontades, dificilmente encontrará alguém
disposto a ceder a todos os seus caprichos desembocando em conflitos
pessoais.
O ideal é que a Escola esteja engajada com a família nesta
questão da autoridade e limites, auxiliando os pais a encaminhar
os filhos a agirem por decisões calcadas numa ética, num conjunto
de valores nos quais eles verdadeiramente acreditem, ou seja,
baseada no diálogo freireano que consiste em se ouvir o outro,
respeitá-lo e juntos intervirem e transformarem o mundo.
(BENCHAYA, 2001, p. 146)
O que se observa é que atualmente os valores estão cada vez mais
abalados frente a uma sociedade competitiva, e os pais com medo dos
filhos serem derrotados nesta competição desenfreada
passam
a
menosprezar e educação ética, onde as crianças crescem sem a imposição
de limites e sem saber o que é certo ou errado. Esta situação inicialmente
aflora na escola, que não pode assumir sozinha a responsabilidade desta
educação esquecendo-se do aprendizado do aluno, mas posteriormente
refletirá na sociedade.
A união de esforços se faz necessária cada vez mais na educação
das
crianças.
Pais
e
escola
possuem
funções
distintas
mas
complementares para a formação de cidadãos conscientes de seu papel
social. Consciência essa resultante de uma educação calcada em limites
coerentes e bem dosados, obtidos no equilíbrio entre liberdade e
responsabilidade. Uma educação baseada nos limites, no diálogo e no
amor é o caminho ideal para as crianças se tornarem pessoas produtivas,
respeitosas e éticas, com reflexo direto numa sociedade mais justa.
42
CONCLUSÃO
A indisciplina encontrada nas escolas e também dentro das famílias
precisa de atitudes que resgatem o valor humano, que tanto se faz
necessário para uma sociedade saudável. Não se trata de uma disciplina
que leve ao cerceamento da liberdade, mas sim de limites estabelecidos (e
nunca impostos) que desenvolverão a responsabilidade e o conhecimento
da necessidade das regras de convívio social.
Muitos são os motivos que fizeram os pais chegarem a omissão ou
insegurança no seu papel de formador de valores. Enquanto os pais da
classe média se omitem assoberbados pela correria da sociedade moderna
tentando suprir sua ausência atendendo a todas as vontades dos filhos,
encontra-se também os pais mais desfavorecidos que vitimados pelas
diversas desordens sociais propiciam aos seus filhos o abandono, a carência
afetiva e financeira, a desestrutura familiar dentre outros fatores.
Quanto as crianças provenientes da população carente além da
indisciplina poder resultar da falta de limites e modelos familiares, tem a
questão de muitas das vezes o perfil do bom aluno não corresponder a sua
realidade, onde os professores estigmatizam, não reconhecendo esta
desvantagem inicial para adaptar o seu trabalho na realidade do aluno,
resultando no fracasso escolar.
As escolas não devem ignorar estas diversas realidades, mas
também não podem assumir o problema sozinha, esquecendo do seu
objetivo primordial com a aprendizagem do aluno.
Não adianta
simplesmente empurrar o problema para a família, pois a escola não é lugar
só para os que não dão trabalho ou que aprendem com facilidade. Dentro
da escola é necessário uma unidade de ação, de decisões tomadas em
conjunto, e no caso da indisciplina professores e Orientadores Educacionais
devem estar acompanhando a situação num trabalho em equipe para
alcançar melhores resultados; assim como
o trabalho pedagógico deve
43
estar contextualizado e voltado para novas formas de ensino e
aprendizagem (o que e como ensinar), valorizando o lúdico, a criatividade, o
debate e a pesquisa, o que resultará na percepção de limites através das
brincadeiras e jogos, em menos indisciplina em sala de aula e na formação
da consciência crítica dos alunos.
A melhor maneira da escola contornar essa situação é contar com a
ajuda dos pais, pois apesar de ambas as partes terem funções distintas elas
são complementares, e os pais também se beneficiarão com esta parceria ,
onde suas dúvidas e inquietações poderão ser divididas e esclarecidas nas
reuniões através da troca de experiências com outros pais e orientações da
equipe escolar. Cada vez mais se faz necessário trazer a família para
dentro da escola, não para alterar a autonomia do funcionamento interno da
unidade, mas para sua participação na vida escolar do filho através do
apoio, acompanhamento e incentivo.
Constata-se assim que o problema da omissão familiar na imposição
de limites acarreta a indisciplina escolar, pois o primeiro núcleo social onde a
criança irá conviver será a família, de onde ela estabelecerá os parâmetros
do que é certo ou errado, conhecendo assim os limites necessários para
uma convivência social saudável com espaço para a valorização do outro e
desenvolvimento da responsabilidade. Portanto fica confirmado a hipótese
levantada de que a família assumindo o seu papel de formadora de valores,
ao estabelecer limites coerentes e bem dosados, estará contribuindo na
formação de cidadãos produtivos, participativos, críticos e respeitosos, com
reflexos positivos na escola e na sociedade.
Com tantas orientações e opiniões de vários profissionais que se
interessam pelo tema indisciplina, observa-se que se trata de um assunto
amplo e que várias questões ainda podem ser levantadas deste tema como:
1) A escola pública está preparada para receber crianças com uma história
familiar totalmente desestruturada e que cria uma expectativa disciplinar e
de aprendizagem que dificilmente os alunos provenientes das classes
44
populares podem atender?; 2)
Os atuais currículos e programas estão
preparando os alunos para a vida, ou o acúmulo de informações
desvinculados da realidade
não são os grandes responsáveis pela
indisciplina?; 3) Quais são as alternativas de apoio às escolas públicas para
contornar dificuldades diversas que surgem na sala de aula provenientes de
inúmeros problemas sociais, que resultam em indisciplina e que nem sempre
competem a escola solucionar, prejudicando o seu maior objetivo com a
aprendizagem do aluno?
Resolver esta situação requer compromisso no seu papel de
educador, visto que a falta de limites em sala de aula é um fator que
colabora para o fracasso escolar principalmente nas escolas públicas.
Porém não se pode negar que às vezes a indisciplina do aluno pode ser um
pedido de socorro para algum problema pessoal ou familiar, ou até mesmo
um alerta que a escola não está atendendo a sua realidade e interesse,
necessitando portanto de novos rumos pedagógicos que alie “o que” e
“como” ensinar.
Possivelmente os valores que não foram semeados na família e que
tomam vulto na escola, irão repercutir na socialmente. Sendo assim para se
formar cidadãos conscientes de sua responsabilidade social, atuantes e
com cultura acadêmica aliada ao senso crítico, necessita-se de escolas com
um ambiente democrático e participativo, acreditando que o afeto não exclui
a autoridade do professor no cumprimento do seu dever e permitindo a
liberdade que leve a responsabilidade e valor ao Outro. Em contrapartida as
famílias devem oferecer amor, segurança, respeito e disponibilidade de
tempo aos seus filhos. Assim teremos crianças educadas no amor, voltadas
para o Outro, conhecedoras dos limites que levam aos seus direitos e
deveres e preparadas para uma vida em sociedade saudável e justa.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENCHAYA, Maria de Fátima Canellas. Educação Infantil e Limites. In:
ROMAN, Eurilda Dias e STEYER, Vivian Edite (Orgs.). A criança de 0 a 6
anos e a Educação Infantil: Um Retrato Multifacetado. Canoas: Ulbra,
2001. p.142 -146.
BERTO, Verônica de Matos. Vantagens da (in)disciplina em sala de aula.
In: CARVALHO, Vilson Sérgio de (Org.). Pedagogia Levada a Sério. Rio de
Janeiro: Wak, 2003.
CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
GENTILE, Paola. A indisciplina como aliada. Nova Escola, São Paulo, p.16
–19, jan./fev. 2002.
GOLDSTEIN , S. & GOLDSTEIN, S. Hiperatividade: Como desenvolver a
capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1994.
MELLO, Guiomar Namo de. Magistério de 1º grau: da competência técnica
ao compromisso político. São Paulo: Cortez, 1988.
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perspectiva vygotskiana. In: AQUINO, J.R.G. (Org.). Indisciplina na escola:
alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus. 1996. p.83 – 101.
SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1986.
46
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TELES, Maria Luiza Silveira. Uma Introdução a Psicologia da Educação.
Petrópolis: Vozes, 1975.
TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
VERGÉS, Maritza Rolim de Moura e SANA, Marli Aparecida. Limites e
Indisciplina na Educação Infantil. Campinas: Átomo, 2004.
WERNECK,
Hamilton.
Ensinamos demais, aprendemos de menos.
Petrópolis: Vozes, 1998.
ZAGURY, Tania. É preciso dizer não. Nova Escola, São Paulo, p.15 – 17,
mar. 2000.
ZAGURY, Tania. Limites sem trauma. São Paulo: Record, 2001.
47
ANEXOS
48
49
50
51
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
08
1. O QUE MUDOU NA RELAÇÃO PAIS X FILHOS X ESCOLA?
11
1.1.
Escola x Alunos
11
1.2.
Pais x Filhos
14
2. A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES NA EDUCAÇÃO FAMILIAR
2.1.
17
Falta de Limites Resultantes do Relacionamento
Pais x Filhos
17
2.2.
Outros Fatores que Levam à Indisciplina
22
2.3.
Algumas dicas para não se Perder na Educação
Dos Filhos
3. ESCOLA E INDISCIPLINA, O QUE FAZER?
24
27
3.1.
O Aluno
27
3.2.
A Escola
29
4. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE UMA EDUCAÇÃO COM
LIMITES
34
4.1.
A Contribuição Familiar
34
4.2.
Contribuição da Escola
37
4.3.
Reflexo Social
39
CONCLUSÃO
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
ANEXOS
47
ÍNDICE
51
FOLHA DE AVALIAÇÃO
52
52
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
CURSO: ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Título do Livro:
A Indisciplina de 1ª a 4ª série do Ensino
Fundamental como conseqüência da falta de limites na educação
familiar
Autora: Jane Luiz de Jesus
Nome do Orientador: Ms. Prof. Nilson Guedes de Freitas
Assinatura do Avaliador: ___________________________
Conceito: ______________
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