GRUPOS COOPERATIVOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA PARA A EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Milcíades Costa Chaves
Universidade Católica de Brasília
Orientador: Vilmondes Rocha
RESUMO
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada em uma escola particular do Gama - DF na disciplina de
Matemática, com alunos do 1º ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, com o objetivo de verificar se
a metodologia de Grupos Cooperativos é uma ferramenta útil para a motivação das aulas e para a socialização dos
alunos. Durante um bimestre letivo, as aulas foram desenvolvidas de acordo com a Metodologia dos Grupos
Cooperativos, e ao final foi realizada uma pesquisa qualitativa para a verificação dos objetivos propostos. Como
referencial metodológico optou-se pelo Grupo Focal. Os resultados da pesquisa mostraram a eficácia da metodologia
nos aspectos da motivação e socialização dos alunos.
Palavras-chave: grupos cooperativos, ensino.
1. INTRODUÇÃO
Embora tenha aumentado o número de matriculas na Educação de Jovens e Adultos no BrasilEJA, nos últimos anos a taxa de evasão foi bastante elevada. Esse fato tem origem em fatores
como o uso do material didático inapropriado para a faixa etária, nos conteúdos explorados
erroneamente e principalmente pela metodologia de ensino aliada ao horário de aula que não leva
em conta a rotina de quem trabalha e estuda, uma realidade presente na maioria das turmas de
alunos da Educação de Jovens e Adultos.
Cada vez menos os alunos têm experimentado relações do tipo cooperativas em sala de aula,
realidade ainda mais distante na Educação de Jovens e Adultos, pois a grande maioria dos
estudantes dessa modalidade de ensino geralmente tem de compartilhar o horário corrido de
trabalho e os estudos. Ainda que a aprendizagem só ocorra a nível individual, as trocas sociais
são de extrema importância para o desenvolvimento dela, pois a aprendizagem cooperativa
permite que o processo de assimilação do conteúdo aconteça de forma mais motivadora. Em
1
conjunto com a interação dos alunos, o professor pode criar um contexto social mais próximo da
realidade dos alunos, aumentando a efetividade do aprendizado.
A metodologia de Grupos Cooperativos pode ser uma metodologia capaz de suprir as carências
em sala de aula no que diz respeito a socialização e troca de experiências entre os alunos,
motivando e melhorando a qualidade e assimilação do conteúdo de Matemática.
O ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos, pela relevância da disciplina na
formação dos alunos, deve ter atenção especial no que diz respeito a formalização do conteúdo e
na metodologia de ensino aplicada em sala de aula. Além dos saberes disciplinares, o professor
pode propor práticas educativas que aproveitem a sua bagagem cultural e a experiência
acumulada do aluno. A Matemática deve responder as necessidades dos alunos, fazendo uma
relação entre o que está aprendendo e o uso que fará disso posteriormente. Diante desse fato,é
justificável e importante a aplicação de uma metodologia de ensino que possa trazer mais
motivação em sala de aula, além de atingir os objetivos educacionais requeridos pela sociedade
contemporânea.
O presente trabalho é fruto de uma pesquisa que teve como objetivo principal verificar se a
utilização da metodologia dos Grupos Cooperativos no Ensino de Jovens e Adultos é um
instrumento de motivação para as aulas de Matemática.
Além disso, procurou-se verificar se a aplicação da Metodologia dos Grupos Cooperativos
promove o desenvolvimento social e afetivo das relações intergrupo e também verificar a
percepção dos alunos em relação à Metodologia dos Grupos Cooperativos.
2. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Modalidade de ensino amparada por lei, a Educação de Jovens e Adultos é voltada
principalmente para as pessoas que não tiveram acesso ao ensino regular na idade apropriada.
2
Analisando–se o contexto histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, essa modalidade
de ensino apresentou diversas transformações intimamente ligadas às transformações
econômicas, sociais e políticas do país. Inicialmente a alfabetização de jovens e adultos era
voltada para os colonizadores e tinha como meta instrumentalizar a população ensinando–a a ler
e a escrever, para que os índios fossem catequizados e que os trabalhadores pudessem cumprir as
ordens do Estado. Porém o modelo de ensino aplicado pelos Jesuítas foi interrompido pela
expulsão dos mesmos, no século XVIII.1
Somente após a Revolução de 1930, com mudanças drásticas na economia e política nacionais
houve o início da consolidação do sistema público para a educação elementar no país.
Com a constituição de 1934 o surgimento do Plano Nacional de Ensino garante que a educação
de adultos seria de papel do Estado, tendo como características básicas a oferta do ensino
primário integral, gratuito e de freqüência obrigatória, para adultos.
A criação do FNEP (Fundo Nacional de Ensino Primário), do INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas) e o lançamento da CEAA (Campanha de Educação de Adolescentes e
Adultos) , fizeram parte de iniciativas políticas e pedagógicas que marcaram a década de 40,
fazendo com que a Educação de Jovens e Adultos fosse um tema de relevância nacional. Não
podemos deixar de lado também um fato importante, que foi o reconhecimento de órgãos
internacionais como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura), que reconheceram e estimularam tais projetos.
O 1o Congresso Nacional de Educação de Adultos ocorreu em 1947 e em 1949 o Seminário
Interamericano de Educação de Adultos, acontecimento de extrema importância para a educação
de adultos.
As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela repressão dos movimentos educacionais
vinculados a idéia de fortalecimento da cultura popular, em virtude do golpe militar de 1964. Em
1
VIEIRA, Maria Clarisse. Fundamentos históricos, políticos e sociais da educação de jovens e adultos – Volume I: aspectos históricos da
educação de jovens e adultos no Brasil. Universidade de Brasília, Brasília, 2004.
3
1967 foi criado o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) que propunha
instrumentalizar o cidadão e torná-lo capaz de exercer sua cidadania, porém não chegou a atingir
tal objetivo, pois sua metodologia só conseguia alfabetizar de maneira funcional, não oferecendo
uma formação mais abrangente e que realmente capacitasse o cidadão. Contudo foi no período do
regime militar que a educação de adultos adquiriu pela primeira vez na sua história um estatuto
legal, sob a Lei no 5.692/71 intitulado de Ensino Supletivo. Em diversas partes do país, foram
criados Centros de Estudos Supletivos, com o objetivo de atender às necessidades de uma
sociedade em processo de modernização, escolarizando um grande número de pessoas, por um
baixo preço operacional, voltada para um mercado competitivo. Esse sistema de ensino supletivo
não cobrava dos alunos freqüência obrigatória e o modelo de avaliação consistia de duas fases: a
interna com os módulos de ensino e a externa feita por sistemas educacionais. O modelo de
ensino supletivo apresentou falhas principalmente pela grande evasão decorrente principalmente
da não obrigatoriedade de freqüência, a não socialização dos alunos devido ao atendimento
individual e o fato mais importante: a procura pela formação rápida, limitava o aluno apenas à
busca pelo diploma, sem a conscientização da necessidade do aprendizado.
Com o fim da ditadura militar e a retomada do processo de democratização do país, fatos
importantes marcaram a educação de adultos, como a extinção do MOBRAL e o surgimento da
Fundação EDUCAR. A nova constituição de 1988 também deu importância ao EJA , tornando –
a uma garantia constitucional, obrigatória e gratuita, para os que não tivessem acesso na idade
apropriada.
No início dos anos 90, o governo Collor , em nome do enxugamento da máquina administrativa,
afasta a União das atividades do EJA e transfere essa responsabilidade aos Estados e Municípios,
o que não ocorreu no governo Lula, que voltou a tratar o EJA como prioridade do Governo
Federal, criando algumas secretarias importantes como a Secretaria Extraordinária de Erradicação
do Analfabetismo.
4
3. GRUPOS COOPERATIVOS
A Metodologia dos Grupos Cooperativos está baseada na prática de aprendizagem onde
pequenos grupos de estudantes, trabalhando em equipe, estudam conjuntamente e ajudam uns aos
outros.
O termo “estudar e aprender em cooperação” começou a ser difundido e trabalhado de forma
mais intensa entre os séculos XVIII e XIX, principalmente por estudiosos dos Estados Unidos,
Alemanha e Inglaterra.
Podemos definir a metodologia dos Grupos Cooperativos, de acordo com Niquini (1999), como
um modelo didático de ensino-aprendizagem, onde o princípio fundamental é a interação entre os
alunos, tendo como elementos essenciais: a interdependência positiva, a interação promocional
face a face e o ensino aprendizagem no uso de competências interpessoais e de pequenos grupos.
A interdependência positiva é a percepção dos alunos de que quando estão trabalhando em grupo,
há uma vinculação entre um e outro de tal maneira que não haverá sucesso no trabalho se não
houver um trabalho coordenado com os esforços dos outros. A interação face a face pode ser
vista como um encorajamento, uma troca recíproca para se chegar aos objetivos do grupo.
Trabalhando em grupo os alunos unem-se uns aos outros, encontrando apoio, coragem e
conseguindo construir mais com menos fadiga, pois os esforços individuais articulados em um
grupo cooperativo tornam-se fortes.
Para conhecermos melhor como é baseada a Aprendizagem Cooperativa, podemos fazer uma
comparação com os Grupos Tradicionais:
•
Na Aprendizagem Cooperativa há a interdependência positiva entre os
componentes do grupo, uma vez que há a preocupação com o rendimento de todos
do grupo, não só individual. Nos Grupos Tradicionais, cada membro do grupo se
preocupa apenas com o seu rendimento.
5
•
Na Aprendizagem Cooperativa, a responsabilidade da liderança é repartida entre
todos do grupo, enquanto no Grupo Tradicional, sempre se escolhe um líder.
•
Nos Grupos Cooperativos, a meta não é apenas conseguir um excelente nível de
aprendizagem, mas também é primordial montar um ambiente agradável de
relação positiva entre os alunos. No Grupo Tradicional, o primordial são os
resultados, sem a atenção devida ao clima de interação.
•
Na Aprendizagem Cooperativa, o professor atua como observador e motivador,
mostrando as possíveis dificuldades e intervindo para que o trabalho se realize da
maneira proposta, enquanto que no Grupo Tradicional, não se observa como o
grupo trabalha.
•
Os Grupos Cooperativos prezam pela heterogeneidade, quanto às características
pessoais e habilidades. A formação de um Grupo Tradicional ocorre de maneira
ocasional, não principiando a heterogeneidade.
Uma das principais condições para que haja de fato um ambiente cooperativo em sala de aula, é
também a interação entre professor e aluno. Ao invés de ser fonte de idéias e soluções, o
professor intervém para estimular as competências cooperativas, oferecendo apenas uma pequena
assistência, de maneira que a aprendizagem possa ocorrer de forma construtiva.
Além desses fatos, temos de considerar três aspectos importantes para que ocorra a cooperação
em sala.São eles:
•
A sistematização da sala, onde os estudantes devem estar colocados juntos e em
pequenos grupos, de modo que possam se ver e falar entre si.
6
•
As expectativas dos alunos em relação às tarefas devem ser trabalhadas de tal
forma que os membros do grupo se ajudem e se encorajem, sendo disponíveis uns
para os outros se tornando responsáveis pela mútua aprendizagem.
•
A percepção da importância do objetivo, na qual os estudantes percebem o foco da
aprendizagem como importante e têm a expectativa de atingi-lo com a ajuda e
assistência dos outros colegas.
3.1 A formação dos grupos
Para que haja um bom rendimento na metodologia dos Grupos Cooperativos, a formação dos
grupos é um elemento chave. Os grupos formados devem ter a maior heterogeneidade possível no
que diz respeito às habilidades e competências, na etnia, sexo ou classe social.
A heterogeneidade é um fator que promove o enriquecimento maior do grupo, pois quanto maior
as diferenças entre os membros dos grupos nos diversos aspectos, maior a chance de
desenvolvimento. As diferentes formas de pensar trazem maior riqueza e ao mesmo tempo
melhoram certas competências sociais como: o respeito pelo diferente, a aproximação dos
colegas com certas deficiências e timidez. O acolhimento que é dado a cada membro do grupo de
forma recíproca é um valor essencial e prepara o jovem para a vida em sociedade.
Quanto à sistematização da aula, é de extrema importância a boa utilização do espaço em sala de
aula. Os estudantes se sentam em forma de círculo, de modo que a distância entre os membros do
grupo seja pequena para uma comunicação eficaz. Já em relação aos grupos, a distância deve ser
de tal forma que cada grupo não interfira nos outros grupos.
Os grupos podem ser formados por uma seleção casual ou por rendimento, e de preferência não
devem superar o número de seis.
7
Quanto ao período e de acordo com experiências já feitas em escolas do Brasil, o grupo pode
continuar com os mesmos membros até o período de um bimestre letivo.
3.2 O papel do professor
Na metodologia dos Grupos Cooperativos, a autonomia dos grupos é um dos aspectos mais
importantes a ser considerado, pois ao invés de ser confiada totalmente ao professor, a autoridade
é exercida pelos próprios estudantes. O papel do professor, neste caso, é observar como o grupo
trabalha e resolve os problemas. Somente há interferências do professor, quando é solicitado pelo
grupo e mesmo assim não apresenta a solução, mas sim incentiva os alunos a buscá-la por si
mesmos. Da mesma forma, os problemas relacionais que ocasionalmente aparecerão, devem ser
resolvidos pelo grupo sem a interferência do professor.
Outro fator relevante no desempenho do professor nessa metodologia de ensino é a forma como
ele estabeleceria um clima de cooperação e um modelo de comunicação eficaz, bem como o
planejamento das tarefas apropriadas aos grupos e a coordenação e organização da turma.
Antes de cada atividade em sala, o professor deve apresentar de forma clara, os objetivos e as
competências sociais que serão necessárias.
3.3 Os procedimentos de avaliação
A avaliação do trabalho de grupo deve levar em conta dois aspectos importantes: o modo de
condução do trabalho e a cooperação em grupo. No primeiro aspecto é analisado acima de tudo, o
grau de responsabilidade, individual ou do grupo (pois a falta de empenho de um dos membros
pode influenciar sobre todo o grupo). No segundo aspecto avaliam-se as relações entre os
membros do grupo, analisando itens como a estima recíproca, o encorajamento, a ajuda, a alegria,
a superação, etc.
8
O processo avaliativo em relação aos grupos é importante para que seja observado o crescimento
da turma. É interessante que cada estudante receba um feedback sobre o seu rendimento e sobre o
comportamento cooperativo do grupo.
4. METODOLOGIA
Esse trabalho teve como pressupostos a pesquisa bibliográfica e de campo. Após um estudo sobre
a Educação de Jovens e Adultos, sentiu-se a necessidade de desenvolver uma pesquisa de campo
onde o próprio pesquisador desenvolveu atividades baseadas na Metodologia de grupos
cooperativos com o objetivo de confrontar as informações teóricas e práticas.
Após a realização do trabalho teórico embasado no tema, foi realizado um trabalho de campo
com uma turma de alunos do 1º ano do nível médio do Ensino de Jovens e Adultos nas aulas de
Matemática, durante um bimestre letivo, aplicando-se a metodologia dos Grupos Cooperativos. O
trabalho de campo foi feito em uma escola particular do Gama e a turma possuía 26 alunos com
uma média de idade de 20 anos.
Como o objetivo inicial do trabalho é avaliar essa metodologia de ensino de uma forma
qualitativa, a técnica de Grupos Focais, foi a forma de investigação escolhida para a avaliação
dos objetivos da pesquisa, ou seja, a metodologia cooperativa como uma ferramenta motivadora
para as aulas de Matemática no ensino do E.J.A.
O Grupo Focal é uma maneira de avaliação para a coleta de informações qualitativas. É feita por
um moderador, que guia um grupo de aproximadamente 10 pessoas, em uma discussão que tem
por objetivo mostrar experiências, sentimentos, percepções e experiências. Pode-se utilizar a
metodologia dos grupos focais em qualquer fase de um trabalho de investigação e as entrevistas
devem sempre ocorrer após a elucidação do propósito da pesquisa e a identificação de quem
utilizará as informações.
9
5. ANÁLISE DOS DADOS
Como já foi dito, o objeto de investigação do presente trabalho, é verificar se a metodologia dos
Grupos Cooperativos é uma forma de motivar as aulas de Matemática no EJA. Para a análise dos
resultados da pesquisa, realizamos um Grupo Focal com duração de 1 hora com 10 alunos da
turma de 1º ano da Educação de Jovens e Adultos, logo após o final do 1º bimestre letivo de
2007, onde foi aplicada a metodologia dos Grupos Cooperativos.
A entrevista teve como base um roteiro, com a seguinte ordem:
1) identificação dos alunos (quem são e se gostam ou não da disciplina);
2) quanto ao retorno - últimas aulas ( se gostaram ou não e porquê);
3) quanto a metodologia
- aprendizagem e motivação (se aprenderam e se foi
motivador).
4) quanto à interação entre os alunos – (como foi a experiência em grupo. Se houve
reciprocidade, a questão da comunicação, do apoio e do incentivo )
5) considerações finais – os alunos se expõem abertamente.
A transcrição da fala dos alunos mostrou que as aulas onde os alunos trabalharam em grupos,
foram realmente mais motivadoras. Quando foram perguntados se gostaram das últimas aulas, a
maioria respondeu que sim e que em grupo era interessante o fato de que as dúvidas eram
solucionadas entre os próprios alunos, como mostram dois depoimentos:
“Eu gostei porque o dever em grupo fica mais fácil de ... ser... é...
explicado né, dividido. No caso quando tenho algumas duvidas...
como são mais pessoas, fica mais fácil de procurar e achar a
resposta...”
“Eu achei massa também porque alem da gente se enturmar mais
com a galera, além de ser por causa disso foi bom porque a relação
10
da gente assim era melhor em grupo... tipo assim... a gente não
entendia, mais a gente procurava saber perguntando aos outros e era
melhor porque tinha vez que a gente não dava conta, mais cada um do
grupo ensinava um ao outro...”.
Durante as aulas trabalhadas em grupo, o conteúdo estudado envolvia o estudo de funções do 1º e
2º grau, e foram unânimes os depoimentos dos alunos quando foram perguntados a respeito da
assimilação do conteúdo e da motivação,
antes e utilizando a
metodologia dos grupos
cooperativos.
Alguns depoimentos mostram claramente a idéia dos alunos a respeito:
“ O aprendizado foi melhor...deu pra aprender mais do que quando
era sozinho...deu pra aprender muito melhor...”
“Pra mim as vezes acho que foi melhor porque além do professor
explicar...se você chegar, o professor passar a matéria e você tiver
alguma dúvida, né? Se você falar é assim... e seu companheiro falar
não, é assim...e você ver que ele ta certo, você já ta aprendendo em
grupo...então ficou melhor...”
“A matéria dada foi boa... não foi ruim não... deu pra aprender
bastante e aprendi o máximo que foi passado”.
O principal foco da metodologia cooperativa também foi desenvolver nos alunos, por meio dos
grupos,
competências como o desenvolvimento social e afetivo nas relações intergrupo,
aproveitando que a escola é um lugar privilegiado para ensinar e aprender , o trabalho em grupo
pôde estimular algumas das mais importantes competências sociais como a troca de opiniões
entre os alunos, a ajuda mútua e a responsabilidade diante do objetivo. Percebemos que a
Aprendizagem Cooperativa faz com que os alunos valorizem uns aos outros, estimulando a
confiança e aumentando a afinidade entre eles e quanto maior forem as atitudes cooperativas no
grupo, mais os alunos tendem a expressar as próprias idéias e os próprios sentimentos.
11
Quando os alunos foram questionados à respeito da interação e da socialização entre eles, a
maioria das respostas mostrou que o maior ganho foi na construção de novas amizades:
“Eu achei bom professor, porque eu fiz muitos amigos... não conversava
com todo mundo da sala, hoje eu converso com todo mundo... Sei o
nome já de todo mundo...”.
“Eu acho interessante né professor, porque a união faz a força... Cada
um interagindo um com o outro, formando novas amizades, pois no meu
grupo só tinha uma pessoa que eu não conhecia o Jean... porque ele era
novato, aí comecei a já conhecer todo mundo... aí tava mais fácil de se
interagir... a amizade é importante...”.
“Quando começou o ano... eu e as meninas... a gente era amiga, aí agora
que a gente pôde sentar junto, fazer tudo junto, aí a amizade ficou
maior... ficou melhor...”.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho mostrou que a utilização da metodologia dos Grupos Cooperativos nas aulas de
Matemática, para a Educação de Jovens e Adultos, pode ser uma ferramenta muito útil,
aumentando a motivação dos alunos e influenciando também de maneira positiva nas relações
pessoais e afetivas , trabalhando e desenvolvendo a comunicação, a auto-estima e o trabalho em
grupo, tão importante na sociedade atual.
Fazendo uma comparação com a aprendizagem individualista, percebemos que a Aprendizagem
Cooperativa auxilia de maneira eficaz na socialização dos alunos, mostrando efeitos positivos nas
relações em grupo. Devemos deixar claro, no entanto, que o sucesso da metodologia de grupos
depende principalmente da maneira como o professor desenvolve o processo, pois o mesmo deve
levar em conta aspectos importantes, como mostrar aos alunos que o foco em cada atividade é
atingir um objetivo em grupo e que tanto a responsabilidade individual, quanto o da coletividade
são importantes e essenciais para os alunos dentro e fora do ambiente escolar. Para que haja, de
12
fato, mudanças significativas em nosso sistema educacional são necessários o apoio de
coordenadores e diretores que reconheçam todas as fases envolvidas no processo de ensinoaprendizagem e que apóiem professores com idéias inovadoras para que metodologias como a
dos Grupos Cooperativos, propiciem maiores transformações .
A intenção do trabalho desenvolvido não foi esgotar todo o assunto, pois ainda que limitadas as
condições da pesquisa, novas pesquisas podem ser feitas para auxiliar o debate sobre o tema e
melhorar a qualidade do ensino no Brasil.
13
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEDEIROS, João Bosco. Redação cientifica: A prática de fichamentos, resumos, resenhas. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2005
NIQUINI, Débora Pinto. O Grupo Cooperativo – Uma Metodologia de Ensino. 2ª ed. Brasília: Universa 1999.
VIEIRA, Maria Clarisse. Fundamentos históricos, políticos e sociais da educação de jovens e adultos – Volume
I: aspectos históricos da educação de jovens e adultos no Brasil. Editora da Universidade de Brasília, Brasília,
2004.
GENTILE, Paola. Educação de Jovens e Adultos, 2007.
Disponível em: <http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/167_nov03/html/encarte> , acesso em 14/03/2007.
DUARTE, Adriana Bogliolo S..Grupo Focal on-line e off-line como técnica de coleta de dados, 2007. Disponível
em: <http:// www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewfile/487/627 >, acesso em: 22/04/2007.
Milcíades Costa Chaves ([email protected])
14
Download

Milcíades Costa Chaves - Universidade Católica de Brasília