MÉTODO DE MONTESSORI PARA ORIENTAR E MOTIVAR ADULTOS MOMA Projecto n. 527800-LLP-1-2012-1-IT-GRUNDTVIG-GMP “O modelo de educação de Montessori é mais do que um método, é uma forma de vida”. Ninguém consegue crescer no lugar da criança, ninguém pode desenvolver e experienciar as suas necessidades de adulto. O modelo de educação de Montessori é uma forma de educação diferente da tradicional, dado que é algo natural, porque segue a criança/adulto e não o seu currículo. O sistema do modelo de educação de Montessori baseia-se no entendimento do ser humano, observando-o, sendo uma experiência em si mesmo. “A observação é a chave e a liberdade o seu cadeado”. Damos liberdade aquele que necessita da mesma, desde quer ele/ela estejam preparados para a receber, observamos e avaliamos a sua reacção, agindo em conformidade com a mesma. Esta é uma intervenção individual que não é a mesma para todas crianças e/ou adultos. Temos em conta as qualidades únicas de cada pessoa. Montessori é uma abordagem que deve ser baseada em estudos científicos. Neste sentido, o nosso projecto MOMA – o método de Montessori tem como objectivo orientar e motivar adultos tendo como ponto de partida uma pesquisa que irá analisar as razões sociais e culturais para as barreiras existentes em termos de educação em grupos de adultos que vivem em situação de dificuldades sociais e as relações entre a falta de competências sociais e a participação dos grupos vulneráveis a qualquer forma de educação de adultos. Esta análise tem em conta a especificidade dos diferentes grupos, bem como as suas particularidades: minorias, emigrantes, comunidades ciganas, adultos com deficiência, adultos que vivem em situações de pobreza ou de dificuldades familiares, pessoas com transtornos mentais e idosos que vivem em situação de privação. Devemos fazer um bom levantamento das práticas e experiências de aplicação sob diferentes formas da metodologia social. No final de Abril, realizamos uma análise profunda dos métodos experimentais e das alternativas educacionais através de entrevistas de áudio e vídeo, dando exemplos de boas práticas que nós identificamos na nossa pesquisa nacional com base na opinião de especialistas e profissionais. Cada entidade parceira Vamos falar de “mentes absorventes” Entervistas com Peritos envolvida no projecto identificou as práticas mais eficazes e interessantes. Estas práticas têm sido exemplificadas através de entrevistas em vídeo, tendo por base uma análise em profundidade do grupo. Temos 14 entrevistas de áudio e vídeo a nível corporativo, envolvendo diversos investigadores que aplicaram o método de Montessori, dirigentes de diversas instituições e organizações que facultam educação para adultos, comissão do trabalho social e os especialistas da protecção das crianças, dirigentes de escolas, professores e formadores de professores que aplicam o modelo de Montessori. Um dos exemplos é Hella Klein da Alemanha, educadora numa escola primária, de 86 anos, que trabalhou no passado com crianças e jovens. Ela também fornece seminários para os futuros professores que apliquem o modelo de Montessori. Sete anos antes, o seu marido sofria de Alzheimer. Hella começou a lidar com esta doença, visitou com regularidade centros de cuidado diário para pessoas com Alzheimer na vizinhança. Ela decidiu desenvolver o método de Montessori trabalhando com pessoas que têm esta doença, trazendo mais luz para a sua vida. Ela ainda desenvolve trabalhos na área e em 2011, publicou o livro intitulado “Dez sobre Dez”, sobre os seus métodos e a sua experiência. Página 1 MÉTODO DE MONTESSORI PARA ORIENTAR E MOTIVAR ADULTOS MOMA Projecto n. 527800-LLP-1-2012-1-IT-GRUNDTVIG-GMP Actualmente, Hella Klein está oficialmente autorizada pela sociedade de Montessori da Alemanha para treinar voluntários que trabalhem com pessoas com este tipo de doença. Ela fornece um curso básico sobre o método de Montessori e uma formação sobre este método com um foco especial nos doentes de Alzheimer. O seu princípio assenta sobre o facto de não se praticar o método, é necessário vivencia-lo, onde as pessoas são o centro, e ela encontra-se disponível para elas. No início observou as potencialidades e fraquezas dos indivíduos. Os pontos fortes do método de Montessori no âmbito dos pacientes com Alzheimer: as pessoas começam a comunicar, a participar e a fazer parte de algo, são parte do grupo e sentem que são levadas a sério e redescobrem a dignidade. O método de Montessori aplicado a pessoas com este tipo de doença, deve ser desenvolvido e aplicado de forma mais ampla. No momento, no método está concentrado nas mãos de uma pessoa, mas Hella está a divulgar este método através de conferências de educação para os formadores, espera-se que os mesmos continuem a seguir com a ideia. A associação de Montessori na Alemanha “legalizou” o este método. Na opinião de Tessa, a abordagem de Montessori é o método bastante sustentável, no trabalho com crianças e jovens socialmente desfavorecidos que passam por dificuldades nas escolas. Muitos destes jovens são imigrantes e tem dificuldades na aprendizagem no âmbito da matemática e língua Alemã. Laura Mayer, uma investigadora Italiana, desenvolveu um projecto que se intitula “kidsINNscience”, que experimentou um método inovador no âmbito da ciência para pessoas que sejam oriundas de outro contexto. A iniciativa foi bem recebida, tendo uma participação activa conferindo responsabilidade pelas crianças. A observação demonstrou diferenças de género nas atitudes durante a experiência e na formulação de hipóteses. Asinitas Onlus, investigador de origem italiana aplicou a abordagem de Montessori no ensino de alfabetização para adultos estrangeiros na experiência DOMUS /MIGUELIN/GROWING LANGUAGE. O objectivo do projecto era que os emigrantes aprendessem a língua italiana, no sentido de utilizarem a mesma como ferramenta de comunicação, adquisição de capacidades, construção de relacionamentos, relato de experiências vivenciadas e progressão social. A experiência foi implementada numa associação sem fins lucrativos para a promoção de actividades interdisciplinares, educação e hospitalidade para adultos e crianças estrangeiras que actuam quer em Roma quer em Milão. Em conclusão, o investigador refere que os estrangeiros vão aprender o poder da alfabetização, adquirindo a capacidade de comunicar através da linguagem da sociedade na qual vivem, aprendendo a escrever, ler e até mesmo a fazer parte da mesma. Marius Vulpe, dirigente da penitenciária de Lasi refere – “é muito difícil reintegrar um homem condenado, dado que o estatuto de presidiário normalmente tem um custo. Não parece existir grande dificuldade de reintegração dos presos que são apoiados pela sua família. No entanto, temos problemas com pessoas com educação precária que não beneficiam do apoio social, estes recebem ajuda apenas no interior da penitenciária, quando conseguem a sua liberdade não recebem ajuda das autoridades, Estado ou ONG (organizações sem fins lucrativos). Este é o momento em que os excondenados falham a sua integração na sociedade. Dentro da prisão eles têm uma escola que se intitula a segunda oportunidade dos condenados, mas na sua maioria os condenados desligam-se da escola pois tem o pensamento de que a escola tradicional não oferece nenhuma possibilidade de desenvolvimento próprio. Desta forma, é importante estimular o seu interesse através de oficinas que tem como objectivo desenvolver as suas capacidades naturais e de teor prático. Elena Matei, chefe do serviço social para adultos, faz parte da direcção geral de assistência social e protecção de crianças, Iasi-Roménia, refere um exemplo de uma boa prática, Página 2 MÉTODO DE MONTESSORI PARA ORIENTAR E MOTIVAR ADULTOS MOMA Projecto n. 527800-LLP-1-2012-1-IT-GRUNDTVIG-GMP dando a conhecer o desenvolvimento de uma parceria público-privada através da qual ela formou o serviço de protecção ao emprego intitulado “Revis Bakery”. Durante este serviço, muitas pessoas com deficiência fizeram parte de classes que foram sendo organizadas no centro de assistência de Hirlau. Qual o objectivo da actividade? Pretendiam criar um ambiente educacional e supervisionado no horário de trabalho que tinha como objectivo estimular a sua integração numa vida normal, onde poderiam desenvolver as suas capacidades. O desejo prendia-se com a necessidade de modificar o estatuto da pessoa com deficiência desde uma pessoa socialmente assistida ao de um funcionário. A padaria foi equipada com ferramentas especiais, padeiros e especialistas que normalmente ensinam adultos institucionalizados, para que um dia possam transformar-se eles mesmos em padeiros. Também incluíram no programa pessoas com deficiência mental. Para os mesmos foram criados 3 serviços: um serviço de avalização, outro serviço de preparação pré-vocacional, um serviço para protecção no emprego e emprego assistido. Apoiar as pessoas no seu processo de integração social significa ajudar ele/ela na procura de emprego, ocupação e manutenção do mesmo. Eu acredito que, em primeiro lugar, devemos criar diferentes formas de emprego protegido, programas especiais de aprendizagem e programas para a aquisição de competências socioprofissionais. Olhando para nós mesmos como um centro referencial para adultos, devemos desenvolver algumas formas de educação para os membros pertencentes às pessoas com deficiência, de forma a criar um clima de protecção. É de extrema importância que a pessoa com deficiência desenvolva as capacidades que são necessárias para que se dê a transição de um local de trabalho supervisionado para um ambiente de trabalho aberto, social e livre. Uma entrevista à Dra. Soraya Fernandes, directora de um Pré-escolar seguidor do Método de Montessori em Loulé, Portugal refere: “Montessori acreditava que preparar o ambiente se encontra directamente relacionado com o desenvolvimento da criança. A sala de aula apresenta-se como uma área especificamente criada apenas para as crianças. Através de actividades livres as crianças desenvolvem uma motivação intrínseca para aprender. A independência e responsabilidade são desenvolvidos durante as actividades na área da vida prática, como vestir a roupa, escolher a hora do lanche, sentar à mesa, cuidar da sua própria planta no jardim, ajudar a vestir os mais pequenos ou colocar a pasta na escova de dentes, entre outros. A sala de aula de Montessori é uma sala com um ambiente meticulosamente preparado e organizado especialmente para atender às necessidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais das crianças. Um dos aspectos que se prende com a preparação do ambiente está relacionado com as actividades da vida na prática. Através deste tipo de actividades, a criança vai desenvolver e melhorar as suas capacidades sociais. As questões relacionadas com a vida prática são um componente essencial na sala de aula do Montessori. Não só fornecem uma ligação entre a casa e a escola para os alunos como também para estimula para o amor pela aprendizagem ao longo da vida. Em relação as vantagens, foi mencionado o seguinte: uma sala de aula calma, estruturada e focada na criança, desenvolve a concentração e estimula a paixão por aprender. “ As crianças de Montessori demonstram um elevado nível de confiança e independência. Quando fazemos a transição apara o sistema de ensino tradicional verificamos que estas crianças estão acima da média, sendo altamente sociáveis. Não demonstram problemas na sala de aula”. “M. Montessori refere que os professores devem despojar-se da sua perspectiva dogmática sobre o comportamento normal”. Ela alerta os professores que adoptaram o método de Montessori a desistir da necessidade de controlar e devendo aprender a dar apoio às crianças e à comunidade. Ela ensinou os professores a abordar o desenvolvimento da criança com reverência e humildade. A dinâmica e o relacionamento entre os professores que adoptaram a abordagem de Montessori e as crianças depende da atitude com que nos aproximamos delas. Mercy Maclean conduziu numa entrevista com Barbara Isaacs, directora da academia do Centro Internacional de Montessori no Reino Unido, que veio falou sobre o Método de Montessori com crianças/adultos. Estas teorias dão importância às influências positivas da experiencia de vida e da maturidade adquirida, bem como as questões pessoais, mas a sua adequação tem a necessidade de ser analisada criticamente. O stress é uma manifestação comum entre as pessoas que providenciam cuidados no âmbito da demência, podendo constituir uma oposição para aprender. As enfermeiras chegam mesmo a referenciar que como resultado das ideias políticas e das mudanças demográficas, os enfermeiros Página 3 MÉTODO DE MONTESSORI PARA ORIENTAR E MOTIVAR ADULTOS MOMA Projecto n. 527800-LLP-1-2012-1-IT-GRUNDTVIG-GMP tendem a ser cada vez mais envolvidos nos programas de apoio a cuidados. Eles necessitam de estar conscientes dos cuidados no âmbito da demência. As entrevistas foram conduzidas de forma a identificar: os resultados e o valor que foi dado à metodologia adoptada, oportunidades e factores críticos, testando a metodologia adoptada e metodologia de inovação. Um breve guia para as entrevistas foi fornecido pelo parceiro HP-MOS. Todos os outros parceiros também envolveram um grande público de interessados, para as actividades de divulgação, especialmente porque deveriam ser os promotores para divulgar o método a longo prazo (como grupos-alvos a longo prazo, como multiplicadores de difusão e exploração dos resultados do projecto). Cada parceiro providenciou um relatório sintetizado SR que posteriormente irá conduzir uma investigação sobre as melhores práticas analisadas a nível nacional, em particular prática com o objectivo de combater as diferenças em alvos específicos para a educação nos adultos. Também deve incluir exemplos de metodologias baseadas na educação social, tendo como base na experiência numa abordagem cooperativa e participativa. Em conclusão, com base em todas as entrevistas podemos dizer que os princípios práticos do método de Montessori são baseados nas tendências naturais do ser humano para explorar, para se movimentar, para partilhar informação uns com os outros, para ser independente e tomar as suas próprias decisões, criando as suas próprias prioridades, desenvolvendo o seu autocontrolo, esboçando as suas próprias conclusões em relação às experiências, dando largas a sua criatividade e imaginação, aprendendo a trabalhar no duro, repetindo e aperfeiçoando o seu método de trabalho. Maria Montessori – as pessoas têm vagueado pela terra com o pé, e em seguida mostram a área sem pensarem sobre a imensa riqueza que se encontra escondida nas profundezas, por isso as pessoas hoje, fizeram um progresso sobre a civilização sem compreender o tesouro que se encontra escondido no universo psíquico da infância. Maria Montessori – a escola tradicional divide e quebra o trabalho manual do intelectual, liando exclusivamente o intelecto, o intelecto cultural, usando apenas a memorização. Isto significa que M. Montessori é uma distorção, um desequilíbrio de personalidade por ela referiu: “existe uma forte ligação entre os alvos do trabalho manual que ocorrem na vida quotidiana e no espirito da concentração profunda. Embora pareça, à primeira vista, estas duas coisas são opostos, na realidade são profundamente unidos que um encontra-se na origem do outro. A educação é uma mão muito importante, sendo um instrumentos expressivo da inteligência humana: é um órgão da mente”. Página 4 Projecto MOMA – Consórcio Europeu