"Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus." (1Pedro 2:18,19) Por que a Bíblia não condena a escravidão? Por que Pedro não disse aos senhores que libertassem os escravos? Por que ensinou aos escravos a submissão? Parte da resposta pode residir no objetivo principal de Pedro. Ele queria primeiramente dar aos leitores uma perspectiva cristã - como viver numa sociedade imperfeita, na qual pessoas justas eram perseguidas. Pedro não aprovava o sistema, mas reconhecia a realidade. É importante compreender a escravidão do século I. As pessoas a consideravam fato natural, posição na sociedade, a classe inferior. Os escravos constituíam a coluna dorsal da força de trabalho romana - representando em algumas regiões mais da metade da população. Por ironia, alguns deles tinham melhor situação que certas pessoas livres. Muitas vezes, "profissionais" como professores, médicos e funcionários públicos eram, rigorosamente falando, escravos. Por essas e outras razões, a escravidão era em geral considerada moralmente neutra. Ficamos indignados com relatos sobre o tráfico de escravos nas Américas, no século XIX. Ele destruía famílias e roubava às pessoas a liberdade e a dignidade. Muitos da época de Pedro também sentiam repugnância pela crueldade de alguns proprietários de escravos, embora fossem uma minoria. Embora o Novo Testamento não condene especificamente a instituição da escravidão, claramente ensinou que a violência e a opressão eram erradas. A sociedade dava aos proprietários o direito legal de espancar e até mesmo matar os escravos por pequenas infrações. Em contraposição, o Novo Testamento revogou a autorização que tinham os senhores de maltratar os escravos. Os senhores injustos prestariam contas de seus atos a Deus (ver Ef 6:9; Cl 4:1). Com sua tônica liberdade espiritual, o Novo Testamento plantou a semente que mais tarde convenceu a sociedade do século XIX sobre o caráter opressivo do tráfico de escravos. As pessoas passaram a ver que Jesus valoriza cada indivíduo - ele morreu pelo senhor e pelo escravo, pelo tirano e pelo oprimido, pelo rico e pelo pobre. Ver também Efésios 6:5-8; Tito 2:9,10 e a carta a Filemon.