PRÉ-VESTIBULAR SOCIAL
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA GLÓRIA
Professora: Michele Castro
Disciplina: História da África
O comércio de escravos e a escravidão na África
A escravidão é um fenômeno que existe desde tempos imemoriais em inúmeras
sociedades pela história. Um indivíduo poderia ser escravizado através de derrotas em guerras
ou por dívidas. Caracteriza-se por escravidão a privação do livre arbítrio, a restrição da
liberdade de trânsito e a perda da soberania sobre o próprio corpo. A escravidão existiu na
África bem antes das incursões portuguesas naquele continente.
Nas sociedades tribais africanas, como afirma Marina de Melo e Souza, poderíamos
encontrar estrangeiros capturados vivendo como escravos havendo a possibilidade destes
serem trocados por bens preciosos para a tribo. A escravização de mulheres era preferível, já
que estas detinham as técnicas de agricultura e poderiam aumentar a família procriando. Nas
sociedades que viviam como uma confederação de tribos era mais comum a presença de
escravos.
Quanto ao status social dos escravos, eles poderiam formar grupos sociais isolados,
entretanto o mais comum seria que o escravo se integrasse aos poucos a família local.
Dependendo da função que os escravos exercessem, poderiam conquistar prestígio, riquezas e
até possuir outros escravos. Esta situação podia ser mais frequente nos Estados africanos
islamizados, onde os escravos poderiam exercer as mais variadas funções, desde camponeses
trabalhando na agricultura, até funções prestigiosas como conselheiros reais.
A escravidão estava mais presente nas capitais que no interior. O escravo mesmo
podendo se integrar a família continuava sendo um produto valioso no comércio do Saara
podendo ser exportados para regiões da península arábica ou até para o sul da África.
O povo português foi o primeiro a fazer contato comercial com o Oeste da África,
utilizando-se da prerrogativa da cristianização de outros povos, com o objetivo de conquistar
novas rotas de comércio para os produtos do Oriente, além da busca por metais preciosos. Foi
sob a justificativa da evangelização que se legitimou a comercialização dos nativos africanos.
Com respeito a esta afirmação, fez parte do pensamento português no século XVII que
seu reino seria herdeiro da graça divina, já que era um reino fundado no cristianismo, o que
justificaria as expansões marítimas, colonialista e evangelizadora de Portugal.
Caso que exemplifica o papel do cristianismo nas ações portuguesas no continente
africano foi do reino do Congo cristão, onde o rei local e alguns dos seus filhos foram batizados
no cristianismo. Após a partida dos portugueses os costumes pagãos foram retomados, mas,
no entanto, após a sucessão dinástica foi novamente adotado uma aliança com o reino
português e iniciaram-se o comércio de diversos produtos, entre eles os escravos.
O fornecimento de escravos aos impérios europeus durou de 1520 até 1870. Foram
várias as regiões da África que forneceram escravos para as Américas. Os primeiros foram
cooptados para trabalhar nas minas de prata na America espanhola, depois para as plantações
de açúcar e algodão. O trabalho escravo tornou-se a base da construção da América, os
africanos se tornaram, depois do ouro, a maior fonte de riqueza da Europa ibérica. O Golfo de
Benin foi um dos maiores fornecedores de escravos para o comercio do Atlântico, como
trabalhado por Pierre Verger.
Nas regiões africanas controladas pelos portugueses, os escravos eram trocados por
bebida, normalmente, ou por produtos que proporcionassem prestígio. O comércio de
escravos na África era um negócio entre aquele continente e os comerciantes portugueses em
locais predeterminados na costa do Atlântico, de acordo com regras estabelecidas pelo lado
africano. O fluxo de tráfico de escravos para o Brasil provinha principalmente da Costa da Mina
e de Angola além dos povos abundos, do tronco linguístico banto; os yorubás.
Foram várias as etnias de origem africana que contribuíram com a comercialização de
escravos para a América. Os acãs comandavam a comercialização do ouro, os axantes
iniciaram um império confederado cobrando tributos de seus vizinhos, os Daomé se tornaram
o império mais forte do século XVIII entre outros.
As relações comerciais entre o Golfo de Benin e os comerciantes da Bahia geraram
comunidades mestiças no entorno dos portos africanos. Houve uma estreita relação entre o
império luso-brasileiro e os africanos.
Em Angola existiam inbangalans, saqueadores de várias origens que se agregam ao
grupo através de ritos de iniciação, suas aldeias chamavam-se quilombos. Aos poucos os
portugueses foram penetrando neste grupo impulsionando novas guerras em direção ao
interior da África com finalidade de conseguir prata.
Finalizando, de acordo com a tese da professora Marina de Mello e Souza, procuramos
demonstrar que os portugueses foram paulatinamente se apropriando das estruturas sociais já
existentes de forma a consolidar seu empreendimento de comércio de escravos, visto que
Portugal aproveitou-se das possibilidades comerciais já existentes no continente africano.
Também percebemos que alguns grupos se fortaleceram com alianças luso-africanas e ao
participar do empreendimento comercial do trafico negreiro.
Referências Bibliográficas:
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 1. ed. São Paulo: Ática, 2006.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benin e a Bahia de
Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. São Paulo: Corrupio, [1968] 1987.
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Aula 5 – O comércio de escravos e a escravidão na África