DESCRIÇÃO DO PROJETO PILOTO
CAMPO BELO, CAMPINAS 2009
O projeto piloto FIB no Bairro Jardim Campo Belo, na região de Viracopos em
Campinas, foi desenhado para iniciar discussões de diagnósticos locais e incentivar a
participação da comunidade na formulação de políticas públicas e ações sociais, visando
o bem estar de todos. Começou após a Conferência FIB na Universidade de Campinas
(Unicamp) em novembro de 2008, devido ao entusiasmo e apoio do Pró-Reitor de
Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, Dr. Mohamed Habib, e o interesse
contínuo dos membros de um grupo de estudos sobre FIB na Unicamp – estudantes,
funcionários, professores, pesquisadores, e membros da sociedade civil - que se
reuniram quinzenalmente desde dezembro 2008.
A comunidade do Campo Belo foi escolhida pela indicação de uma professora
do Centro de Ensino de Línguas (CEL) da Unicamp, Salette Aquino, que realiza
trabalhos sociais no bairro. O projeto FIB foi iniciado e conduzido pelo Instituto Visão
Futuro, uma ONG em Porangaba, SP, em parceiria com a Unicamp. As ações do
projeto FIB cumpriram a missão pretendida pela extensão da universidade, unindo as
atividades acadêmicas regulares com a extensão e os trabalhos comunitários,
promovendo no processo a troca mútua de conhecimento e experiências entre os
acadêmicos e a comunidade alvo. “As próprias dimensões abordadas pelo FIB
transcendem o campo da economia e se direcionam a muitas outras disciplinas. É um
campo multidisciplinar de estudos”, aponta Salette.
Os objetivos do projeto foram:
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Incentivar o protagonismo da população na busca contínua do progresso
integral e comunitário
Analisar coletivamente o diagnóstico obtido a partir da Ficha de Coleta de
Dados do FIB
Proporcionar ações e soluções práticas para as demandas e necessidades
apontadas pela comunidade
Inspirar um grupo de crianças do bairro com valores positivos e capacitá-las
como “Agentes de Alegria” na motivação dos adultos
Mobilizar o potencial de liderança, comunicação e cidadania dos jovens do
bairro e capacitá-los para ministrar a Ficha de Coleta de Dados
Recuperar o senso coletivo e o estímulo do envolvimento comunitário no
bairro
Formar lideranças comunitárias e “empoderar” os moradores do bairro a
ser agentes de mudança
AÇÕES do PROJETO
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Oito encontros com 25 crianças num programa de: contação de histórias e
atividades para compartilhar valores tais como generosidade, compaixão,
tolerância, serviço e gratidão; exercícios físicos e mentais para bem-estar
pessoal, saúde preventiva, controle emocional, e saúde mental; e
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capacitação em teatro e palhaço, para agir como “mobilizadores culturais”
junto aos adultos nas reuniões do FIB
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Capacitação de 33 jovens na sede do Instituto Visão Futuro, o Parque
Ecológico Visão Futuro, em: como ministrar Fichas de Coleta de Dados;
treinamento para falar em público; exercícios de teatro e vivências para
superar a timidez e aumentar a auto-confiança; discussões sobre cidadania e
responsabilidade social
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Revisão e aperfeiçoamento da Ficha de Coleta de Dados internacional do
FIB pelos professores do departamento de estatística de Unicamp, incluindo
Professor Paulo Roberto M. Guimarães
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Aplicação da Ficha de Coleta de Dados FIB pelos jovens e estudantes da
UNICAMP para 439 pessoas no bairro (numa população de 50.000
habitantes, que garantisse 95% confiabilidade com somente 5% de margem
de erro)
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Tabulação dos dados da pesquisa e apresentação dos resultados para os
moradores do Campo Belo, com 4 subseqüentes reuniões para discutir
ações práticas baseadas nas necessidades reveladas pela pesquisa, e
formação de um Comitê FIB para trabalhar articuladamente com a
Prefeitura, empresas locais e com a comunidade como um todo
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Três reuniões dos membros do Comitê FIB com o prefeito de Campinas,
Dr. Hélio de Oliveira Santos, e vários secretários da prefeitura, incluindo o
Sr. Sinval Roberto Dorigon, Secretário Municipal de Comércio, Indústria,
Serviços e Turismo (SMCIST), para planejar a implementação da primeira
estratégia FIB na comunidade, a construção de uma espaço verde de lazer,
sendo que, ao tomar conhecimento dos resultados da pesquisa, o prefeito
pediu à sua equipe que iniciasse os estudos para a construção de um parque
de lazer no Jardim Campo Belo.
Desde o início, a ajuda do Diretor da Escola Celeste Palandi de Mello no
Campo Belo, o Prof. Manoel Francisco Amaral, foi essencial para o sucesso do projeto.
O Prof. Manoel selecionou 25 crianças com idades entre 8 e 9 anos para o programa
“Agentes de Alegria,” que começou em maio 2009, incentivou os jovens do Grêmio
Estudantil para que fossem capacitados a ministrar a Ficha de Coleta de Dados, e
disponibilizou a escola para servir de sede das reuniões com a comunidade.
Como disse o presidente da Associação Comercial e Industrial do Entorno do
Aeroporto de Viracopos, Sr. Carmo Luiz Gregório da Silva, “A comunidade tem uma
carência muito grande em alguns aspectos e falta voz ativa para dizer quais são as
necessidades. O projeto está fazendo a gente acreditar novamente no nosso potencial.
Está acontecendo de uma forma muito lúdica e bonita, e faz com que exista uma união
maior entre todos. Moramos numa região com mais de 50 mil habitantes e que tem
muitas necessidades. Agora acredito que temos um maior conhecimento de quais são
elas. A pesquisa ouviu o coração da comunidade e transformou isso em dados
estatísticos”.
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Segundo o Dr. Mohamed Habib, “Os moradores ansiavam por um equipamento
público que tem relação com lazer e meio ambiente. Penso que esse trabalho consistiu
num verdadeiro exercício de cidadania, visto que a Unicamp teve a oportunidade de se
integrar à sociedade por meio do conhecimento e da pesquisa”.
A pesquisa revelou um notável grau de bem-estar subjetivo da população do
Campo Belo. Apesar das deficiências em assistência médica, educação e infra-estrutura
básica, 64% da população se considera feliz e 31% mais ou menos feliz. Isso poderia ser
atribuído a outros fatores, como o grau de solidariedade e o bom relacionamento
humano entre as famílias (somente 8% estão insatisfeitos com o relacionamento com
suas famílias) e o alto índice de fé e práticas religiosas entre as pessoas (77% dizem que
a religião e a espiritualidade são muito importantes nas suas vidas). Explica Dra. Susan
Andrews, uma das coordenadoras do projeto, “Isso está em perfeita sintonia com o
que a ciência hedônica tem provado: de que a vitalidade comunitária e um sentido de
significado na vida estão entre os mais importantes fatores para o bem-estar”.
Acrescenta Paulo Cezar Nunes Junior, mestre pela Unicamp e outro coordenador do
projeto, “Mesmo diante de circunstâncias desfavoráveis, existem valores que permitem
um estado de bem-estar. A felicidade e a qualidade de vida não estão apenas
relacionadas à riqueza material”.
Por outro lado, a pesquisa apontou urgências nas necessidades daquela
população: falta de espaço para as crianças brincarem, falta de programa culturais
(somente 20% se diz satisfeita com as oportunidades para atividades culturais) e há
falta de espaços verdes (85% das pessoas estão preocupadas com a falta de arborização
na área). Através das discussões sobre esses resultados, surgiu a estratégia da primeira
ação coletiva: a construção de uma praça de lazer para crianças, jovens e adultos no
bairro.
O projeto retomará as atividades no início de 2010, com a implementação dos
planos para a construção da praça.
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