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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 1
Poderia haver uma ética não religiosa baseada numa concepção
racional da dignidade da pessoa humana. Mas é difícil
fundamentar valores universais válidos para todos os povos
e que todos se sintam obrigados a praticá-los, sem recorrer a Deus.
Pío XI não aceitou as tentativas de separar a moral da religião (nazismo)
Pío XII: “Quando temerariamente se nega Deus,
todo o princípio de moralidade fica a oscilar e perece,
a voz da natureza cala-se ou pelo menos debilita-se
paulatinamente” (Summi pontificatus 21).
João XXIII: “A base dos preceitos morais é
Deus. Se se nega a ideia de Deus, tais preceitos
necessariamente se desintegram por completo”
(Mater et magistra 208).
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 2
O homem distingue-se dos outros animais porque pensa, é
social e deve viver eticamente. Sendo um ser inteligente e livre,
deve orientar os seus actos de modo racional, com pleno uso da
sua inteligência e da sua liberdade responsável.
Quando se considera que as normas morais estão impostas por
agentes externos (família, sociedade, Estado, Religião, etc.) e tiram assim a liberdade, então ou se nega a ciência moral, ou se
propõe uma doutrina ética que faz depender o juízo moral das
circunstâncias, do fim que se tem ao actuar, das consequências que advêm da acção, dos costumes de cada sociedade
ou das valorações sociais de cada época histórica.
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 3
Existe uma íntima relação entre Ética e Antropologia: a
conduta que se proponha e exija ao homem depende do
conceito que se tenha dele.
Antropologia cristã:
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O homem reflecte no seu próprio ser a “imagem” de
Deus (criação). Tem de actuar em conformidade com
esta dignidade.
Novidade da graça baptismal: faz-nos filhos de Deus
no Filho, participantes da natureza divina, identifica-nos com Cristo. Por isso devemos actuar como
Cristo actuou, seguir os seus passos.
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 4
Outras características da antropologia cristã:
a
Unidade da pessoa: o homem é pessoa na unidade de
corpo e espírito. “A sua união constitui uma única natureza” (CCE 365).
b
A natureza humana foi ferida pelo pecado original.
“Ignorar que o homem possui uma natureza ferida,
inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio
da educação, da política, da acção social e dos costumes“
(CCE 407).
c
O homem foi redimido e elevado à vida divina. A
adopção filial torna o homem “capaz de actuar rectamente e de praticar o bem. (...) O discípulo alcança a
perfeição da caridade, a santidade. A vida moral, amadurecida na graça, culmina em vida eterna” (CCE 1709).
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 5
Noções mestras da Moral Fundamental
A liberdade: sem ela as acções não seriam ”morais”, pois
não se poderiam imputar à pessoa.
A consciência: ao modo como a razão elabora juízos
teóricos sobre se algo é verdadeiro ou errado, de modo
semelhante, a consciência emite “juízos práticos” acerca da
bondade ou malícia de um acto.
A norma moral: o cristão deve orientar a sua conduta em
ordem a cumprir as normas morais que Deus ditou à humanidade (desde o Decálogo até ao mandamento novo do
amor).
A Moral tem que harmonizar libertade-consciência-norma.
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 6
Para julgar da bondade ou malícia dos actos humanos há-de
considerar-se, simultaneamente, um triplo critério:
1. A objectividade da acção que se realiza ou se omite;
2. O fim que persegue o sujeito ao actuar;
3. As condições em que se leva a cabo a acção ou as
circunstâncias em que se encontra o sujeito.
O objecto, o fim e as circunstâncias
constituem-se em “fontes” da moralidade
dos actos humanos.
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FUNDAMENTO DA MORALIDADE, 7
“Em qualquer campo da vida pessoal, familiar, social e política, a
moral, que se baseia na verdade e
que através dela se abre à autêntica
liberdade, oferece um serviço original insubstituível e de enorme valor,
não só para a pessoa e para o seu
crescimento no bem, mas também para
a sociedade e seu verdadeiro desenvolvimento” (Veritatis splendor 101).
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O fundamento da moralidade